Nossa Grande Família ( II ) – Andrade

No último episódio (heh… bonito isso…) havíamos parado em meus avós paternos. Essa foto aí de cima foi uma montagem inspirada num desenho que minha tia Pedrina mandou fazer e executada graças às habilidades de minha amiga Fernanda Vinhas. Mesmo estando juntos na foto, mais de trinta anos os separam, pois a foto original dela é muito mais recente que a dele. Mas vamos continuar mais ou menos do mesmo ponto da narrativa anterior.

Como já havia dito, ANTONIO DE ANDRADE, meu avô, nasceu em Santa Rita de Jacutinga em 06/03/1909, mesmo local onde, por volta de 1936, casou-se com SEBASTIANNA, a qual nasceu à 01:00h na Fazenda Canta Gallo, em Santa Rita de Jacutinga, MG, em 13/04/1920 (ainda que tenha sido registrada com a data de 20/04/1920) e faleceu em São José dos Campos, SP, aos 80 anos de idade – também encontrada como “Sebastiana dos Santos,” assim como SEBASTIANA DOS SANTOS MAIA – que é o nome o qual vou adotar como de solteira. Após o casamento passou a assinar Sebastiana dos Santos Andrade. Isso sem nem contar o apelido de “Inhosa”…

Sebastiana era filha de ALCINDO DE PAULA MAIA e de LAURA DE CASAES SANTOS, neta paterna de FAUSTO DE MAGALHÃES MAIA e JOSEPHINA AUGUSTA DE PAULA, neta materna de ANTONIO CARLOS DA SILVA SANTOS e OLÍVIA AUGUSTA DE CASAES.

Ainda que Antonio se tratasse de homem forte, acostumado com a vida do campo, Antonio faleceu cedo, com apenas 61 anos de idade. Era eleitor em Igaratá, SP, e lavrador, quando no campo. Não o conheci, pois eu contava apenas com um ano e pouco na época de sua passagem.

Apesar de Antonio e sua mulher Sebastiana terem nascido em Santa Rita de Jacutinga, após o casamento mudaram-se para a cidade de Ipiabas, próximo ao (ou no) Rio de Janeiro. Foram para lá em busca de trabalho. Após algum ele tempo montou um salão de barbeiro próximo à estação de trem, o que lhe garantia o sustento, bem como o dinheiro para umas cachacinhas de vez em quando (ou seja, tá no sangue…).

Tudo indica que, mesmo em Ipiabas, Antonio já tinha o firme propósito de mudar-se com a família para São José dos Campos, SP, para onde seu irmão já havia se transferido anteriormente. Mas, antes disso, juntamente com a prole, voltou para Santa Rita de Jacutinga, onde permaneceu por mais três anos antes da mudança definitiva para o Estado de São Paulo.

Vieram para São José dos Campos de trem, no final da década de 40, após o irmão de Antonio já ter vindo e se certificado de que haveria trabalho para ele. Ao chegar dedicaram-se à cultura da terra: feijão, milho, arroz – sendo que este, ao contrário do que costumamos ver hoje em dia, era plantado nas encostas dos morros, por meio de sementes. Já em território joseense moraram em diversos locais, sempre plantando e criando um “gadinho” – tendo passado pelas terras do Sá Flor, dali para as terras de João Vítor, depois para as de Júlio Cândido, Benedito Prianti, e por fim de Ditinho Cerqueira.

Mas nem só da terra viviam. Antonio empregou-se na fazenda de Jorge Tinoco, marido de D. Elza, onde fazia serviços diversos, principalmente de marcenaria. Esse Jorge Tinoco ainda era vivo até pouco antes do ano 2000. A respeito de sua habilidade como marceneiro, esta foi utilizada até mesmo quando do falecimento da avó de sua esposa. Era uma velhinha que morava com a família, mas já sem a plenitude de suas faculdades mentais. Tanto o é, que quando lhe dava na telha fazia suas necessidades onde quer que fosse, sem preocupar-se com a intimidade. Ia para o terreiro, abaixava-se, quando muito, e ali mesmo se aliviava… Pois bem, quando esta faleceu – em casa mesmo, pois naquela época e local não haviam hospitais ou similares, no máximo havia o farmacêutico, o qual fazia o papel de médico e tudo o mais – foi Antonio, com suas habilidades de marceneiro, quem fez o caixão para seu enterro.

Mas, apesar da vida sofrida, eram animados. Para se ter uma ideia, de certa feita, num baile de arrasta-pé na casa de um amigo, os convidados chegaram a conclusão de que a sala estava muito pequena para dançar. Como a casa era feita de pau-a-pique decidiram simplesmente derrubar a parede! Toca a empurrar daqui, bater dali, até que alguém surgiu com um machado. Assim, às machadadas, a parede foi dando lugar a um verdadeiro salão para dança. Mas a que custo! Numa dessas machadadas voou uma lasca de bambu que foi para exatamente num dos olhos de Antonio. Apesar do acidente, o baile simplesmente continuou. Já seu Antonio nunca mais voltou a enxergar direito daquele olho…

Antonio faleceu às 10h20min de 30/09/1970, em São José dos Campos, SP. Foi declarado como causa mortis: anoxia, edema cerebral, acidente vascular cerebral isquêmico. Foi sepultado no Cemitério de Santana, em São José dos Campos, SP, na quadra 11, jazigo 2103.

Já Sebastiana somente veio a falecer em 10/10/2000, às 07h05min, também em São José dos Campos, SP. Como causa mortis: hipoxemia, insuficiênica respiratória, acidente vascular cerebral. Também está sepultada no Cemitério de Santana, juntamente com Antonio.

Antonio e Sebastiana tiveram, ao todo, doze filhos, sendo alguns nascidos em Santa Rita de Jacutinga, MG, outros em Ipiabas, RJ, e os demais em São José dos Campos, SP:

8.1. JOSÉ BENTO DE ANDRADE, o filho mais velho, vulgo meu pai, nascido em Santa Rita de Jacutinga em 27/04/1937, que casou-se em 23/04/1960, em São José dos Campos, SP, com BERNARDETE NUNES, paulistana (apenas por acidente, mais tarde eu explico), nascida em 10/09/1943. Tiveram três filhos (conforme Capítulo IX).

8.2. FÉ ANDRADE, nasceu em 09/01/1938 e faleceu cedo, em 14/07/1987, com apenas 47 anos de idade. Casou-se em 18/07/1957 com IVAN RAMOS PRIANTI, nascido em 30/10/1934, e moravam em Igaratá, SP. Tiveram sete filhos, sendo cinco homens e duas mulheres.

8.3. ROBERTO DE ANDRADE, nascido em 10/10/1940. Conhecido por todos como “Alemão”, e sempre com sua barba característica (a qual tirou umas poucas vezes na vida), um solteiro por convicção, e um ébrio por opção. Único dos filhos que, no decorrer de toda sua vida, não perdeu contato com a lida na “roça”. Foi ele quem manteve, enquanto foi possível, o sítio que a família possuía lá pros lados do Bom Sucesso, em São José dos Campos, SP. Não teve filhos.

8.4. ESPERANÇA DOS SANTOS ANDRADE, nascida em 27/09/1942, em Ipiabas, RJ. Casou-se com o divertido e gozador OLAVO ALVES DE SOUZA, natural de Passa Vinte, MG, nascido em 04/04/1940, filho de Emerenciano Antonio de Souza e Mariana Alves Aquino de Souza, neto (pelo pai) de Joaquim Saturnino de Souza, e, pela mãe, neto de Álvaro Marcelino de Aquino e Ana. Tiveram nove filhos, cinco homens e quatro mulheres.

Quando Esperança tinha seus 18 anos, decidiu fugir de casa com Olavo para se casarem. Ela jamais se arrependeu disso, exceto pelo fato que seus pais ficaram sentidos por um bom tempo. Mas tudo passa e não demorou muito para toda a família voltar às boas.

Olavo faleceu em Tremembé, SP, no dia de seu próprio aniversário, em 04/04/2015, quando completaria 75 anos, vítima de um acidente de automóvel ocorrido em 28/01/2015. O acidente se deu ao ele perder a direção do veículo, travar o pé no acelerador e avançar em alta velocidade até bater. Provavelmente ali mesmo ele já estava sendo vítima de algum tipo de ataque…

8.5. CARIDADE DE ANDRADE, que veio a completar a trilogia das três irmãs “Fé, Esperança e Caridade”, nasceu em 09/04/1945 em Ipiabas, RJ, e, com cerca de 20 anos, casou-se com ARI RAMOS ARANTES, natural de Igaratá, filho de José de Souza Ramos e Joaquina Laudelina Arantes, tendo nascido em 25/10/1938 e falecido com apenas 44 anos, num acidente em 01/07/1983. De minhas lembranças da infância, essa era uma das tias com quem sempre mantínhamos contato, sendo que volta e meia estávamos nós na cidade vizinha de Jacareí, onde eu e minhas primas nos divertíamos nas correrias e estripulias próprias de nossa idade. Foram os pais de seis filhas.

8.6. LUIZA, que nasceu após a Caridade, provavelmente por volta de 1947, segundo suas irmãs mais velhas viveu por apenas 21 dias, tendo falecido de “tosse comprida” (o nome popular para a doença conhecida como coqueluche).

8.7. FELISBERTO DE ANDRADE, o “Tio Dinho”, nasceu em 14/07/1949, tendo se casado em 1969 com MARIA APARECIDA MACHADO, nascida em Igaratá, SP, em 12/08/1954, filha de Pedro Antonio [Firmino] Machado e de Lourdes Maria Machado, neta paterna de Antonio Firmino Pires e de Benvinda de Jesus. A exemplo de sua irmã, Esperança, também fugiu para casar, pois Pedro Firmino, pai da moçoila, estava se mudando e Felisberto receou que não voltaria a ver sua então namorada Maria. Como ele emprestou o cavalo de seu cunhado, Olavo, para levar a cabo seu intento, Antonio, meu avô, teve certeza de que também havia o “dedo” do Olavo nessa história – motivo pelo qual deixou de falar com ele por um bom tempo depois disso. Parece que era bravo esse seu Antonio… Felisberto e Maria tiveram dois filhos.

8.8. JORGE ANDRADE nasceu em 10/12/1952 e casou-se com ELZA MARIA DAS GRAÇAS, nascida em 06/02/1952 – mas separaram-se. Dos tempos difíceis do início de seu casamento, na década de 70, quando inclusive chegou a trabalhar com meu pai nas oficinas da Transportadora Rennó, passou a uma situação bastante confortável, quando começou a investir no comércio, especificamente no ramo de padarias. Também foi um dos proprietários do Barcelona, uma casa noturna (danceteria) de São José dos Campos. Bon vivant até o fim, faleceu na madrugada de 01/01/2007, aos 54 anos. Com Elza teve uma filha e, mais tarde, com SAMARA DELMIRIO, nascida em 20/09/1978, teve mais um filho.

8.9. GERALDO DE ANDRADE, nascido em 26/02/1957, vulgo “Gêra”. Portador de um retardo em grau leve, o que nunca o atrapalhou em absoluto na convivência em sociedade, mas que lhe determinou uma vida de solteiro. Sistemático e cuidadoso tinha em vida uma coleção de CDs e LPs de fazer inveja a muita gente. Faleceu em 17/10/2014, em São José dos Campos, SP, após um longo período acamado e já não reconhecendo as pessoas ao seu redor. Sem filhos.

8.10. MARIA MADALENA DE ANDRADE, nascida em 27/03/1959, casou-se em 14/09/1979 com JOSUÉ RAYMUNDO PEREIRA, nascido em 25/03/1946. Durante muito tempo foram os proprietários de uma padaria próxima à praia, em Ubatuba, no litoral norte paulista, onde moravam. Sua casa à época era um verdadeiro refúgio para todos os parentes que resolviam ir até o litoral, sendo como coração de mãe: sempre cabendo mais um, não importava quantos já estivessem por lá. Tiveram três filhos: um homem e duas mulheres.

8.11. PEDRINA DE FÁTIMA ANDRADE, nascida em 29/06/1961, casou-se em 12/05/1984 com ÂNGELO MENDES FERREIRA, de 18/07/1947. A “Pêdra”, como também é chamada, sempre ajudou seu marido no bar, bem como na própria casa, onde possuem algumas “criações”, pomar e até mesmo um pesqueiro. Nos dias de hoje, juntamente com o filho, possuem no local o restaurante “Toka do Sujinho”.

Dia desses andava meio estressada com tanta correria e pela bagunça que seus filhos estavam fazendo. A Laura, sua irmã mais nova e que estava com ela na ocasião, e resumindo bem a responsabilidade que é ser uma mulher casada, trabalhadora, com filhos pra criar e casa pra cuidar, saiu-se com essa: “Pêdra, você lembra quando a gente era pequena, levantava às cinco da manhã, para encher o cocho das vacas, atravessava a represa pra cortar lenha e voltava com o barco abarrotado, faltando apenas uns dois dedos da borda pra entrar água e ainda sem saber nadar?”

“Lembro”, respondeu Pedrina. “Por quê?”

“A gente era feliz e não sabia…”

Pedrina e Ângelo tiveram quatro filhos, sendo um homem e três mulheres – e as duas mais novas, gêmeas.

8.12. MARIA LAURA DE ANDRADE é minha tia caçula, mais nova, inclusive, que meu irmão mais velho. Nasceu em 15/11/1962, e em 17/10/1981 casou-se com LUCÍLIO JOSÉ DOS SANTOS, de 19/02/1953. Separaram-se alguns anos depois.

Quando pequena, com cerca de dois anos, quem cuidava da pequerrucha normalmente era a Esperança ou a Caridade, das quais morria de ciúme. Tanto o é, que quando o tio Ari, ainda rapazola, começou a namorar a tia Caridade, ela ficava escondida pelos cantos e, de quando em quando enfiava sua cabecinha loira pela porta e dizia um sonoro “fiaputa!”, pondo-se a correr, para logo em seguida voltar e repetir a dose…

Sua recordação mais antiga não é uma das mais agradáveis: lembra-se de quando tinha cerca de quatro anos e seu irmão Jorge a colocou na cangalha de um burro, próximo do gado que estavam tocando. Pois não é que o burro disparou com a Laura em cima, encaixada na cangalha e bem no meio da vacaria! E quem disse que alguém conseguia segurar o animal? A muito custo pegaram o bicho, dando graças a Deus por ela não ter caído e sido pisoteada pelo gado.

Teve três filhos: uma mulher e dois homens, todos casados.

OBSERVAÇÃO: Toda a descendência de Antonio e Sebastiana, contando com 137 indivíduos entre seus filhos, netos, bisnetos e trinetos, encontra-se publicada no Livro da Família Andrade.

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