Sexta-fotos XXXI

Fugindo um pouco dos belos espécimes que usualmente são mostrados aqui, essa sequência de hoje serve pra mostrar que, como qualquer outro carro, nossos Opalas também estão sujeitos às intempéries do trânsito.

Detalhe: as últimas cinco fotos não são de um Opala, mas de um Corsa (ao menos é um Chevrolet). Foi o estrago que consegui – sozinho! – fazer no carro da Dona Patroa em fins de 2005…

Refaroletando

Aproveitei que finalmente consegui chegar um pouco mais cedo em casa (apenas oito e meia da noite) e resolvi dar uma olhada naquele farol supostamente queimado.

Como tenho as peças do 79 todas bem guardadas na garagem, decidi que iria cometer um novo ato de antropofagia e trocar os faróis.

Primeiro passo: pela parte externa soltar a moldura quadrada de plástico. São apenas dois parafusos e um encaixe com ressalto na parte de baixo. Só tem um parafuso. Bem, depois eu acho um outro para colocar no lugar.

Segundo passo: soltar a moldura de metal redonda que efetivamente prende o farol. São três parafusos. Só tem dois. Ou seja, mais outro para procurar.

Terceiro passo: segure o farol pela parte de fora e, pela parte de dentro, desconecte o conector (redundante isso, não?). Basta puxar.

Pronto! O farol saiu na mão!

– Ué? – poderia perguntar alguém – Mas não era só a lâmpada do farol baixo que estava queimada?

Sim, intrépido leitor. Mas no Opala a lâmpada do farol baixo, do farol alto e o próprio conjunto do farol são uma coisa só! Ou troca tudo ou não troca nada. Dêem uma olhada no esqueminha aí embaixo, encontrado no Manual do Opala de 78 sob o título “Substituição da célula óptica” (bonito, não?), que dá pra ter uma boa ideia disso tudo que estou dizendo.

Aliás, a essa altura do campeonato surgiu na garagem meu filhote mais velho – nove anos – e resolveu “me ajudar”. E, olhem, ajudou mesmo! Nem que seja para procurar algum parafuso, pegar uma ferramenta ou meramente para segurar a lâmpada. Basta ter paciência no trato (afinal ele ainda é uma criança) que o caboclinho fica todo orgulhoso depois…

Bem, fui até a caixa onde estavam guardadas as peças de lanternas, setas e faróis. Tinham TRÊS faróis. Não entendi. Não me lembrava de nenhum terceiro farol… Paciência. Peguei o mais acessível, conectei no carro, liguei a chave e… nada.

Merda.

Isso já tá ficando recorrente.

Baixo, nada. Alto, nada. Só o da direita continuava funcionando.

Será que o conector estaria com algum mau contato? Mas, se fosse assim, nem o alto do anterior funcionaria. Coloquei de volta o velho. Baixo, nada. Alto, ok.

Hmmm…

De volta à caixa, peguei um outro farol.

Conectei.

Testei.

Baixo, ok. Alto, ok.

ÊBA!!!!

De tão feliz fui no embalo: liga de novo, desliga de novo, aperta, desaperta, baixo, alto, baixo, alto, clique, claque, clique, claque…

Bão, melhor parar antes que eu queime de novo essa merda…

Depois dessa foi só fechar tudo de novo – com os parafusos que faltavam, diligentemente encontrados pelo filhote na famosa “caixinha de parafusos velhos” existente em toda e qualquer garagem.

Só lamentei que, pelo avançado da hora, não deu tempo de dar uma partida no 79. Já tava tudo mais ou menos no esquema. Mas cansaço tem limite – e eu já estava bem próximo do meu…

Carburador ou panela de pressão?

Bem, como eu havia dito ontem, ainda restou um perrengue de grosso calibre: o carburador.

Dentre outras coisas o Titanic II carro estava com a aceleração oscilando, sem “retomada” – fora o maldito barulhinho de panela de pressão.

Daí, depois da novela dos tuchos, assim como quem não quer nada, o mecânico me vira e completa:

– Ah, sim. Já ia esquecendo. Também tive que trocar o corpo do carburador…

– CUMASSIM, BIAL????

– Vem cá que eu vou te mostrar como estava seu carburador.

E lá foi o marmitão que vos escreve até o fundo da oficina, pensando como cargas d’água eu iria fazer pra pagar essa brincadeira. Chegando lá, ele mostrou o carburador (as fotos a seguir eu tirei depois). Num primeiro momento não vi nada demais.


O carburador visto de cima.

O mecânico falou para que eu desse uma olhada e chegasse às minhas próprias conclusões. Manuseei aquele peso morto (ainda pensando em como pagar um novo daquele – e se seria mesmo necessário). Virei o danado para tentar achar alguma “desconformidade”.


Meio de ladinho, tudo normal.

Tudo bem que não sou nenhum expert em mecânica – sou um mero fuçador e palpiteiro. Mas ainda não tinha conseguido enxergar nada demais. E o caboclo ali do meu lado, com um sorriso divertido no canto da boca…


O primeiro sinal: um arredondamento…

Quando acabei de virar a peça é que comecei a perceber. Aquele negócio não tinha que ser “bojudo” daquele jeito. Até onde sabia (e me lembrava) o corpo do carburador deveria ser reto. Já comecei a ficar com uma interrogação na testa.


O trincado no carburador.

Foi então que percebi. O maldito estava TRINCADO! Rachado, partido, arrebentado, podem escolher as palavras que quiserem. Mas não muda o fato de que o perrengue realmente era pior do que eu imaginava.


A trinca de um ângulo mais visível.

Só aí caiu a ficha. Não sei como, o carburador gerou uma pressão interna tamanha que acabou fazendo com que suas paredes estufassem de uma maneira tal que o metal da peça não aguentou e trincou! Era dali que vinha o “apitinho” de panela de pressão que eu tanto ouvia! Isso explicava também o sensível aumento de consumo (um litro a mais por quilômetro nos últimos tempos) e a falta de capacidade para retomadas, quando de uma aceleração brusca…

Que putz! Cê já viu algo assim antes?

– É a primeira vez. E olha que eu já sou mecânico há mais de vinte anos!

Enfim. Além dos tuchos, minha carteira teve que morrer com um carburador também. Fora a mão-de-obra. Pelo menos o carro deve ficar bom. Só não pude retirá-lo neste sábado porque ainda faltavam algumas outras regulagens.

Mas segunda-feira, logo cedo, eu o pego!