Este é Ferdinand Ellerman, Los Angeles, 1915, ou seja, muito antes dos elevadores de automóveis terem sido inventados…
Mês: julho 2013
Um dia ensolarado!
Já tá dando gosto de ver!
Como já foi possível perceber, agora acima de seu suporte, devidamente encavaletado, a lata principal também está recebendo toda a atenção necessária…
Tivemos uma conversa muito agradável, eu e o Seo Zé, falamos um pouco de tudo e, nesse meio tempo, surgiu um curioso na oficina. “Putz, que Opalão, hein? Sou doido pra ter um desse! Quem sabe no dia em que eu me aposentar…” E assim esse ilustre desconhecido, acompanhado de sua filhinha de uns quatro, talvez cinco, aninhos, ficou por ali uns quinze minutinhos proseando. Saiu logo em seguida (a patroa estava esperando numa loja ali perto) e desejou-me sorte na reforma.
“É sempre assim.” – retomou o Seo Zé – “Aparecem pelo menos uns três ou quatro por dia aqui pra xeretar. Como é tudo aberto, não tem como passar na rua e não ver o Opala. Até proposta pra reformar outro já me fizeram! Mas não pego não! Ah, não! Esse aqui só peguei porque já estava todinho desmontado. Mas pegar um pra desmontar inteirinho? Ah, não vale a pena não!”
Ri um bocado e expliquei-lhe que muito provavelmente os opaleiros de plantão, vendo um funileiro a quem foi confiado um Opala para uma reforma desse nível, somente podem concluir que o caboclo é bão. Muito bão. Pois opaleiro que é opaleiro não deixa seu tesouro nas mãos de qualquer um não! Desta feita foi ele quem riu a valer…
Bem, mostrou-me todo o detalhamento – e trabalho – que estava tendo com a traseira, procurando deixar o mais fiel possível à curva da própria lata, a dor de cabeça que foi o capô e mesmo os paralamas que também precisaram de uma reforma depois da reforma. Falou, conversou, mostrou, pigarreou e soltou: “Então, acho que vou ter que lhe cobrar um pouco mais caro, pois apareceu muita coisinha e isso leva tempo. Desse jeito eu acabo enjeitando outros serviços mais rápidos – o que eu nem poderia fazer!”.
“Quanto?” – limitei-me a perguntar.
“Ah, eu ia até cobrar mais, só que acho que uns mil reais tá de bom tamanho.” Pra não ficar nenhuma dúvida (e isso sempre é imprescindível), repeti-lhe todo nosso acordo original e arrematei perguntando-lhe se, mantido todo o combinado, ele estaria me cobrando mais mil reais de mão de obra.
“Isso mesmo.”
Justo. Não regateei, não reclamei, não resmunguei. Eu já esperava algo assim e, por já esperar, já estava preparado – tanto “emocionalmente” quanto financeiramente. E não é que, ao que me parece, ele também ficou muito feliz com minha reação? Isso porque ele foi rodeando, rodeando, rodeando, proseando, até que, meio sem jeito, chegou no assunto. E eu concordei. Na prática acho que serviu pra dar mais gás ainda para o zelo e capricho que ele já vem demonstrando no próprio trabalho.
Segundo ele mais um mês e já devemos partir para a pintura propriamente dita. E eu cá com meus botões, pensando qual efetivamente a cor e, talvez, o tom da cor, que devo pintá-lo….
O coração até bate mais forte de vê-lo assim, saindo das trevas!
Lindo, liso, plano e perfeito!
O capô nem parece o mesmo. Mal sobrou muito da tinta original…