Zerando tudo

Bom dia senhoras e senhores!

Hoje o nosso proseio é rápido, mas essencial.

Pois já estamos em agosto de 2018.

Com a pressão que tenho colocado em cima do japonês (até porque quase todos os dias apareço lá na oficina, nem que seja para tomar daquela cachacinha), ele já está nos finalmentes da parte elétrica. Ou seja, está quase na hora de instalar aquele painel que eu reformei.

Só que eu tinha minhas dúvidas se ele realmente estaria funcionando perfeitamente. Quer dizer, as lâmpadas e a placa de circuito impresso eu tinha (quase) certeza que sim. Mas como desmontei ele inteirinho eu gostaria de testá-lo antes de aparafusá-lo no lugar. Foi daí que o japonês sugeriu:

– Ué? Então leva ele lá no Barbosa.

– Cuméquié?

Daí ele me explicou que aqui na cidade de São José dos Campos tem uma oficina chamada Barbosa Velocímetro e Instrumento de Precisão (royalties, please), inclusive autorizada do Inmetro, que faz conserto, manutenção, regulagem e aferição de velocímetros, tacógrafos e outros quetais.

Levei o painel lá e fiquei de buscar dentro de dois dias.

Quando voltei, dentro do prazo, estava prontinho. Já estava colocando debaixo do braço e saindo quando, sei lá de onde, surgiu uma ideia, vinda de parte alguma, mais como um raio atravessando meu cérebro.

– Dá pra zerar?

– Oi?

– Zerar o hodômetro. Dá pra fazer isso? É demorado?

– Não, não é demorado não. Mas isso pode te dar um problemão, hein?

– Fique tranquilo. O carro está desmontado, com mais dez anos de documentação para regularizar, mudei a cor dele e ainda troquei o motor. Um velocímetro zerado vai ser o menor de meus problemas!

O sujeito deu uma gostosa gargalhada e foi lá para o cantinho dele na oficina para zerar o bichinho. Enquanto isso eu pensava comigo: por que não? Afinal de contas o Titanic de fato está zerado: suspensão nova, freios novos, parte elétrica reconstruída e com o motor retificado. E praticamente não rodou sequer um quilômetro por conta própria (sempre foi guinchado, lembram?). Então nada mais justo que quando ele estiver pronto para rodar começarmos do zero, inclusive com o velocímetro!

Ah, e nessa brincadeira morri com quatrocentos contos…

Acabando o fechamento

Agora que as portas estão funcionando perfeitamente ainda temos a questão do porta-malas. Já estamos em julho de 2018 e o trabalho maior não foi nem a limpeza da máquina da fechadura, mas o tanto de Bombril que tive que utilizar para limpar cada cantinho das peças cromadas…

Na realidade a fechadura do tampão traseiro é bem mais simples do que as das portas…

É composta basicamente por esse fecho com lingueta aí debaixo, que quando está sem a chave fica com os pinos de fora para travamento.

Mas, como podemos ver a seguir, ao colocarmos a chave os pinos se retraem, permitindo girar o tambor e abrir o porta-malas.

Essa lingueta atravessa um suporte com rosca, o qual vai ser fixado na própria lataria do veículo.

   

E eis o conjunto montado!

Basta colocá-lo no lugar e rosqueá-lo com a respectiva porca, deixando a lingueta pronta para encaixar na fechadura, como mostra a foto seguinte e as outras duas da parte interna do porta-malas.

   

E, por fim, aparafusar a fechadura no devido lugar, tomando o cuidado de que a lingueta encaixe perfeitamente em sua posição para poder abrir e fechar a máquina.

   

Agora essa fechadura também está pronta e apta a funcionar!

E eu digo “apta a funcionar” somente porque ainda não coloquei o tampão traseiro propriamente dito, que é onde vai o engate para o travamento da fechadura. Isso vou deixar para colocar quando levar o Titanic para casa, quando também já aproveitarei e colocarei o capô.

Aliás, um pouquinho de cultura inútil para vocês: ainda que já esteja consagrada a palavra capô em termos automobilísticos, constando com esse formato até mesmo nos dicionários da vida, sabiam que, ao menos até por volta da década de setenta, essa peça era chamada de “capuz”? É como consta, inclusive, no próprio Manual do Proprietário do Opala 1978 (também disponível aí do lado, na sessão Enfiado no Porta-Luvas). Vejam só:

Enfim, ainda ficou um perrengue para trás: acontece que fui fazer uma catança no meio das peças guardadas para montagem do carro para localizar as chaves das portas. Encontrei umas quinze. Uma boa parte do tambor de partida (ou “cilindro de ignição”, se preferirem) e outras tantas esparsas sabe-se lá Deus de onde.

Testei todas.

Ficamos assim: a porta direita não tem chave, uma chave para a porta esquerda, uma chave para partida e uma única chave para o tampão traseiro e a tampa de combustível – se bem que desconfio que até com a unha dá pra abrir essa tampa…

Já consultei um chaveiro das antigas (todos os profissionais que arranjo para mexer com o Titanic obrigatoriamente tem que ser “das antigas”) e para unificar todas deve ficar nuns R$150,00. Isso mesmo. Cento e cinquenta contos. Mas como isso não é prioridade por enquanto vai ficando assim mesmo…

Fechando uma etapa

Sim, é hora de fechar mais uma etapa neste nosso Projeto.

No caso, as portas! 😀

Como vocês devem se lembrar, nossas últimas atividades foram em dezembro de 2017. Pois bem. Após um conturbado início de ano (pra variar…) agora já estamos no final de junho de 2018. O chicote já foi distribuído de ponta a ponta e as laterais, setas, faróis e lanternas já estão no lugar.

E já que o negócio do japonês é cuidar da parte elétrica e ultimamente eu tenho tido mais tempo livre do que gostaria, o negócio é aportar lá na oficina dele e começar a montar o que eu puder, certo?

Então decidi começar pelas portas.

Só para não deslembrar elas estavam assim:

   

E agora estão assim:

   

Bão, o primeiro passo a ser dado é o seguinte: “como é mesmo que monta essa bagaça”???

Antes de mais nada resolvi dar uma consultada nos alfarrábios da vida e fui conferir o que temos lá no Catálogo de Peças e Acessórios da Chevrolet (o link de acesso tá aí do lado, na sessão Jogado no Assoalho). Capítulo 12: pára-brisa – portas – controles.

Ok. O esquema é até interessante, mas por si só não me responde como o que vai onde. Por isso me precavi e lá atrás, quando desmontei as portas, tive o cuidado de registrar o antes e o depois, só para não correr o risco de me perder…

Comecemos pela limpeza das peças para que fique tudo razoavelmente apresentável, certo? A que estava em estado mais lastimável era a fechadura, entre óleo, graxa e sujeira acumulada.

Mas nada que não se resolva com um bom banho de gasolina acompanhado de um pincel (trincha) para cutucar todos os cantinhos que puder. A bichinha já ficou com outra aparência…

Mas como eu sou eu e Murphy parece ser um sujeito que tem dedicado sua vida para me infernizar, alguma coisa tinha que acontecer, certo? Ou melhor, errado. Pois bem. Temos duas fechaduras e ambas deveriam estar funcionando perfeitamente. Só que após a limpeza, ao testar todos os cliques e claques e vais e vens que elas teriam que fazer, percebi que uma não estava funcionando direitinho. Comparando uma e outra para descobrir o que poderia estar errado, acabei descobrindo. Acontece que ambas têm uma mola (se bem me lembro para dar o retorno da lingueta) que deveriam estar na mesma situação dessa aí embaixo.

E como é que estava a mola da outra fechadura?

Merda.

E a fechadura sem a mola não tinha como dar o retorno.

Fui fuçar no monte de tralhas que tenho guardado na garagem – que nem é tanto assim, mas sempre acabo me surpreendendo por ter guardado alguma coisa que já deveria ter jogado fora e que no final das contas acaba me servindo – e acabei por encontrar uma mola mais ou menos parecida…

Paciência. Não é bem a mesma, mas a pressão dela está boa e dá para encaixar no lugar. É o que tem pra hoje e vai ter que servir. Aperta daqui, torce dali, enfia acolá, arranja um novo pino pra prender, fecha o conjunto, testa tudo. Perfeito!

Muito bem. Continuando a “operação limpeza” as vítimas seguintes foram os batentes. Esqueci de registrar como estava o “antes”, mas garanto-lhes que estava bem ruinzinho, pois antes mesmo de limpá-los ainda tive que raspar toda a tinta que os recobria, pois algum esperto proprietário anterior resolveu que não era necessário tirá-los para pintar o carro. Ficaram assim:

Detalhe importante: ainda que não pareça, essas arruelas não são arruelas comuns, pois elas têm ranhuras e ressaltos que servem para travar os batentes no lugar, já que eles possuem uma certa regulagem para poder acertar o ponto certo de fechamento das portas. Como nesse momento não haveria nenhum problema maior em já deixá-los no lugar, já aproveitei e aparafusei-os no canto deles.

   

Um trabalho um pouco maior, que foi além da limpeza, foi com a chapa que serve para travar a maçaneta externa da porta. Mesmo que sua maior parte fique escondidinha, ainda assim uma parte fica exposta – que é justamente a que usamos para poder tirar a maçaneta. Então o negócio seria também jogar uma tinta nela.

      

(Por gentileza, ignorem as latas de cerveja ao fundo, pois eu só as mantenho ali para… bem… para… quer dizer… Ah, sim! “Fins medicinais”. Isso mesmo. Para fins medicinais, ok?)

Com tudo limpo e (em tese) funcionando, agora começa a operação para colocar cada peça no seu devido lugar. Então comecei a montagem com tudo aquilo que fosse possível de encaixar antes mesmo de fixar, a começar pela alavanca que liga e controla a vareta que vem da fechadura com o liame – mais conhecido como “o pininho da porta”…

Percebam que essas travas existem para que não se corra o risco de que escapem à toa.

E após estarem no lugar devem estar firmes.

E depois é só já conectá-lo com o outro balancim da própria fechadura.

Uma fez afixado no seu devido lugar, o pininho da porta, desculpem, o liame já voltou a ter uma função ativa!

É lógico que vocês não vão fazer como o cabaço aqui que, encantado com a fechadura já instalada, simplesmente fechou a porta para ver se travava. Só que sem as maçanetas interna e externa como mesmo que eu iria abrir a porta? Então. Besta quadrada que sou…

Bom, para garantir que eu não cometa novamente a mesma gafe, melhor já colocar a maçaneta interna de uma vez, conforme dá para se ver pela foto a seguir. Detalhe: aquele protetor de borracha que fica ali bem na altura da metade da vareta foi colado com Super Bonder mesmo.

Agora é a vez da maçaneta externa – que recebeu um acabamento em Bombril para voltar a ter o brilho de outrora!

A lingueta que vocês viram na foto anterior vai ter que encaixar perfeitamente no respectivo buraco da fechadura, que, se tudo estiver no gabarito, vai estar na mesma posição dessa foto a seguir.

E para travar a maçaneta externa? Como fazer? Lembram-se daquela chapa que eu pintei. Então. Basta simplesmente encaixá-la na maçaneta por dentro, como se fosse uma gaveta.

   

E, finalmente, eis a porta como estava antes e como ficou agora:

   

Ou seja, as portas do Titanic voltaram a funcionar perfeitamente!

   

E para provar que é verdade verdadeira, vejam só isso:

Esse clique-claque de porta de geladeira antiga é simplesmente maravilhoso, não é mesmo? E, de fato, como vocês viram no finalzinho do filme, o mardito japonês continua usando o porta-malas do Opala como depósito mundial de qualquer coisa que tenha que jogar em qualquer lugar…

Ao menos o garrafão de cachaça continua ali… E é da boa! 🙂

A estrada até agora

Muito bem, já estamos em dezembro de 2017.

Acontece que os serviços no Titanic foram feitos, as fotos foram tiradas, alguns vídeos foram editados, mas cadê de atualizações por aqui no blog? Neca de pitibiribas!*

Então vamos dar uma rápida recapitulada no que foi feito até agora, desde que o Titanic aportou na autoelétrica do Japonês em meados de abril deste ano, ok?

Como podem ver, reinstalei os para-lamas dianteiros depois de uma trabalheira do cão para reconstruir as roscas fixas que em sua maioria estavam enferrujadas, pintadas, entupidas e zicadas.

Com os para-lamas no lugar foi possível instalar o conjunto de seta, lanterna e faróis propriamente ditos – logo depois de um breve trabalho de “recuperação” do que foi possível recuperar.

Nesse meio tempo o Japonês já tinha reconstruído parte do chicote, refeito um tanto das ligações, tendo passado o bichinho de cabo a rabo no carro. De quebra já deixou instalado, também, o motor do limpador do para-brisa.

Com o chicote no devido lugar as lanternas traseiras também já puderam ser acomodadas, bem como a singela tampa do tanque de combustível bem ali no meio (que a bem da verdade não dependia em nada da parte elétrica, mas é que eu precisava falar dela…).

Aliás, vamos combinar que o Japonês é foda. É bão. Mas é foda. Durante todo o tempo que o Titanic esteve “internado” lá na autoelétrica, pouco a pouco ele foi se tornando um repositório de qualquer coisa que precisasse ser jogado nalgum canto – só que nesse caso o “canto” era ele. O carro. Jornais velhos, pedaços de fio, lâmpadas queimadas, caixas vazias, sacos plásticos, peças avulsas, mais pedaços de fios, ferramentas, latas de cerveja, caixas de ovos, catálogos velhos, um garrafão de cachaça, correspondências, boletos, contas – enfim, não havia limite para o que poderia ser encontrado por ali. E olhe que estamos falando do porta-malas de um Opala, hein? Quando do final dessa etapa certamente que eu levarei um dia inteiro – um dia inteiro! – para tirar tudo que estiver por ali e guardar o que precisar ser guardado e jogar fora o que precisar ser jogado. Menos o garrafão de cachaça, pois sempre dou uma passadinha por lá para “fins de degustação”… 😀

Mesmo com tantas idas e vindas, ao menos as portas parecem que continuam alinhadas.

Se bem que vou ter que dar uma boa olhada nesse vão aí…

Do outro lado o alinhamento também está ok – só não parou no lugar porque está sem as maçanetas.

Esta foto da porta é especificamente para que eu tenha a referência de furos, formatos e medidas do que terei que caçar lá em casa para poder montar novamente suas fechaduras e trincos.

Que é exatamente a mesma justificativa para esta foto do batente.

E aqui, além da questão dos trincos, também terei que preparar as máquinas dos vidros laterais, tanto dianteiro quanto traseiro, bem como o quebra-vento. E o meu pobre painel recuperado ali no assoalho, empoeirando… Ai, ai…

E, ainda que não dê para perceber por essa foto, mas a “barrigada” do carro já está toda ali. Me refiro àquele emaranhado inominável de fios e cores que passam por baixo do painel e que invariavelmente dão desgosto para qualquer opaleiro de primeira viagem que resolva enfiar a cabeça ali debaixo para conferir como está…

Muito bem, então está combinado! O próximo passo será a limpeza e recuperação das peças, bem como a montagem dos trincos das portas Ou seja, preparem-se, porque lá vem mais um passo a passo neste nosso cantinho virtual, cada vez mais deixando o nosso caríssimo Titanic menos distante de voltar às ruas!

E enquanto isso vou procurar continuar recheando o blog aqui com novidades do arco da velha, ok?

Semana que vem tem mais!

Ou ao menos quando eu puder…

* Se você, incauto opaleiro, não entendeu lhufas o que eu quis dizer com essa expressão (e talvez nem com essa palavra aí atrás), então você é ainda muito mais jovem que este ancião que vos tecla, de modo que sugiro que vá conferir o seu exato significado lá no Alfarrábio, do amigo e copoanheiro Bicarato, um dos poucos blogs que ainda sobrevivem às redes sociais de hoje em dia. Fica a dica: perca-se lendo os comentários! 😉

Contando farol – parte 3 de 3

Muito bem, crianças: agora é pra valer: mãos à obra!

Não que antes não fosse…

Mas vamos contextualizar um pouco essa história: depois de limpar e pintar os canecos dos faróis, bem como juntar todas as peças que orbitam para sua montagem (em especial uma caixa com parafusos das mais diversas espécies e todos misturados), lá fui eu pra autoelétrica do japonês – também conhecido como Osvaldo – para montar a bagaça toda.

Mais pela lógica que pelo conhecimento, pouco a pouco fui instalando daqui, conectando dali, montando acolá e quando menos esperava o farol esquerdo já estava montado!

Foi bom para eu perceber alguns “erros” que cometi, bem como para determinar uma ordem certa para montar todo o conjunto. Só que nessa brincadeira arrebentei uma das molas que prende a parte de baixo do caneco (cujo nome correto é “Suporte da Célula Óptica do Farol”).

– Japonês! Dá uma olhada… Você não teria uma destas por aí?

– Iiiich… Isso aí você só vai encontrar lá no Centro!

Merda. Não estava nos meus planos ter que me deslocar pro Centro da cidade. Não que seja longe – uns quinze minutinhos no máximo. Só que o que me enche o pacová é o trânsito chato nas ruas estreitas e a dificuldade de estacionar na região em que estão as casas de parafusos e ferragens. Resolvi dar uma olhada em algumas casas de ferragens próximas de onde moro e, já na primeira, o discurso foi o mesmo: só lá no Centro.

Mas o sujeito pensou bem e acabou me dizendo que ele até tinha uma mola ali, com uma pressão compatível com a que eu queria – só que era bem maior. Ou seja, eu precisaria cortar. Também pensei um pouco e resolvi arriscar. Afinal, o “não” eu já tinha… Ainda assim morri com cincão pela mola cujo tamanho dava umas dez da que eu precisava.

Novamente em casa e com muito jeitinho, prendendo a danada na morsa (ou torno de bancada, se preferirem), usando um alicate de bico fino mais uma faca e depois uma chave de fenda grossa para espaçar a mola e ao final serrando na altura que eu precisava – pois ela era por demais resistente para tentar simplesmente usar um alicate de corte – eis que a “cirurgia” deu certo! E, sim, por ser mais larga que a original ela ficou menorzinha no meio, mas o que realmente importa é o seu comprimento total para dar o encaixe e a pressão correta.

Muito bem! De volta à oficina agora vamos começar com um passo a passo que é para que vocês não possam dizer que eu não sou um cara legal e que não ensinei direitinho como é que se monta o jogo de farol do Opala! Nossa primeira imagem é o buraco onde vai o todo o conjunto, ainda sem nada instalado.

A primeira peça a colocar, caso já não esteja fixada, é essa moldura da lataria – cujo nome correto é “reforço” (nomezinho besta). Vão por mim. Colocar ela por último dá um trabalho do cão, pois você fica sem espaço para manusear os parafusos que a prendem. Experiência própria.

Aliás, para que não se enganem: ela é presa apenas com quatro parafusinhos de rosca soberba e cabeça larga. Dois vão em cima, como dá pra se ver no lado esquerdo já instalado.

E outros dois vão embaixo! Caso os parafusos originais tenham desaparecido recomendo veementemente a utilização de arruelas, ok?

Nessa imagem a seguir reparem bem na parte de baixo, onde existe um quadradinho com um risquinho do lado, pois é ali que a mola vai ser encaixada. Os outros dois furos, ao meio dia e às três da tarde, são por onde fixaremos os reguladores.

Esses reguladores não deixam de ser, na sua essência, um simples parafuso com porca. Será necessário desrosqueá-los, pois, na imagem, a parte da esquerda, que é o parafuso, vai presa no caneco, enquanto que a parte da direita, que é a porca, vai POR TRÁS daqueles furos que vimos ainda agorinha.

Vejamos o caneco. Nele existem dois quadradinhos para encaixar os parafusos dos reguladores, bem como um rasguinho para o encaixe da mola. O negócio é já deixar tudo encaixado e firme – em especial a mola.

O próximo passo é o pior de todos, pois você tem que primeiramente com uma mão encaixar a mola e, com muito jeitinho, com a outra mão fazer os parafusos dos reguladores passarem pelos buracos, enquanto que com a outra mão você rosqueia esses parafusos na parte de trás de lataria, sem deixar, é claro, de segurar a parte da frente com a outra mão. Não, não, não – não é necessário chamar ninguém, dá pra fazer sozinho, sim. Mas é um inferno enfiar os dedos pelo vãozinho para conseguir encaixar cada coisa no seu lugar, principalmente se tiverem mãos grandes como as minhas. Sugestão? Chame alguém com mãos pequenas para ajudar nessa parte – um adolescente, uma criança, sei lá. Só não chame a Patroa. Elas nunca mais nos deixariam esquecer que SE NÃO FOSSE POR ELAS não teríamos conseguido…

Enfim uma vez que a mola esteja no lugar e os reguladores estejam firmes, essa é a primeira aparência do farol. E, sim, no meu caso ele está meio de esgueio, mas é por conta do caneco alienígena que comprei, que provavelmente deve ser de um modelo de algum outro ano e o encaixe variou de posição. Mas, como já disse antes, o que eu quero é a parte elétrica funcionando, os ajustes eu faço depois.

Pelo outro lado da lataria essa é a aparência que teremos: os dois reguladores segurando o caneco e a mola muito bem encaixadinha ali embaixo.

E enquanto digito este texto acaba de me ocorrer o óbvio: COMO EU SOU CABAÇO!!!

Porra, eu não teria tido tanto trabalho se tivesse montado direto o caneco e DEPOIS colocado o farol, fixando ele com o aro, como tem que ser! Aliás, quando a gente troca o farol não há necessidade nenhuma de mexer com o suporte ou os reguladores ou a mola ou porcaria nenhuma.

PUTA QUE O LAMERDA, QUE RAIVA!!!

Bão, agora já foi. Melhor pra vocês, que não vão cometer o mesmo erro que o idiota aqui…

Arre! Agora vamos colocar a moldura. Aliás a foto anterior é só um detalhe da mola QUE DEU UM TRABALHO DO SENHOR CARALHO PRA COLOCAR, PORQUE EU SOU UMA BESTA!!!

Calma.

Tá passando.

Onde estávamos? Ah, sim: a moldura.

Sabem o reforço que colocamos logo no início? Reparem bem na parte debaixo dele, pois ali tem um sobressalto que vai funcionar como um encaixe para a moldura.

É nele que vai ficar apoiada a parte inferior da moldura, a qual tem um pininho que vai se amoldar bem nesse encaixe.

Agora reparem na parte de cima, onde existem duas abas com dois buracos bem largos: um na própria lataria do veículo e outro no reforço. É ali que vamos fixar a parte de cima da moldura.

Porra, tá difícil de esquecer…

Por que é que eu faço essas coisas, hein? Custava eu ter desmontado tudo antes? Custava PERGUNTAR pra alguém como fazer. Mas não! O bonitão aqui, taurino, teimoso e turrão tinha que se meter a fazer tudo sozinho! Bem feito. Besta quadrada.

Nossa, como eu suei! Como eu ralei os dedos naquele aperto entre o caneco e a lataria!

E NÃO PRECISAVA DE NADA DISSO!!!

Cacete.

Para.

Respira.

Ah, e essa imagem seguinte é o da presilha que vai prender a moldura, tá bom?

Caso alguém tenha dúvida de como usar a presilha, eis uma fotinha tirada antes de acabar de rosqueá-la. E fica a dica: caso a presilha seja novinha em folha (como a que usei) dê uma rosqueada com o parafuso ANTES de colocá-la no lugar, pra alargar um pouquinho a passagem e ficar mais fácil de ajustá-la.

E agora, uma vez que já está tudo firme e no seu devido lugar, a aparência do Titanic já começou a mudar radicalmente!

E me levou a constatar um outro detalhe. Bem, saibam que mais tarde, quando estiver tudo pronto, eu ainda vou levar o Titanic de volta lá no Seo Zé (não o meu pai, o funileiro) para que ele possa ajustar melhor algumas partes, passar uma tinta aqui ou ali porque riscou, essas coisas. Mas acho que vou aproveitar e pedir para que ele passe, sei lá, um preto fosco em toda a parte interna da frente do carro. Acho que vai ornar mais…

Enfim, apesar dos percalços (e da minha própria idiotice), os faróis estão devidamente instalados. Cada vez mais o Titanic menos parece um carro em reforma e vai voltando à sua aparência original. Agora vamos ver se eu dou um gás no japonês para que possamos terminar logo essa fase. Ao menos enquanto eu ainda tenha uns caraminguás pra poder continuar tocando adiante o nosso Projeto!

Cara… Eu tenho certeza que ainda vou ter pesadelos à noite a cada vez que eu me lembrar da minha cabacice…

Contando farol – parte 2 de 3

Domingo pela manhã, acordo cedo como sempre (maldito relógio biológico!), junto toda aquela minha peçaiada do farol, pois quero “brincar um pouco” com isso antes do compromisso do dia – batizado de meu sobrinho-neto e almoço com a família.

Quando da desmontagem do carro, quem retirou os faróis foi meu pai (na época do início da “funilaria grossa”, Segunda Fase desta nossa aventura), de modo que eu não tenho a menor ideia de como seria montá-los novamente. Como material de referência eu tenho de sobra, fui consultar o Catálogo de Peças e Acessórios da Chevrolet para ter alguma vaga noção de como seria montar essa bagaça.

Fodeu.

Saporra não vai ajudar muita coisa não. Deixa eu dar uma fuçada na Internet pra ver se encontro alguma coisa mais concreta…

É… Já melhorou um bocadinho. Mas ainda não sei a ordem da montagem, nem onde encaixar essa mola e os breguetezinhos que vão encaixados do lado do farol para regulagem. Mas já tá miorando. Vamos fuçar mais um pouquinho.

Hmmm… Agora sim. Algumas partes eu consigo montar aqui, mas o restante vai ser diretamente no carro mesmo.

Bom, mesmo essa “montagem local” precisa de alguns cuidados. O farol do Opala é do tipo selado (Sealead Beam), ou seja, dentro dele já vem o pacote completo: tanto o farol baixo quanto o farol alto. A montagem dele em seu suporte não é difícil nem complicada, uma vez que somente existe UMA posição que dá para encaixá-lo.

Então. Aquelas arestas ali devem estar nestes sulcos aqui:

Uma vez encaixado na posição correta, basta sobrepor o aro e fixar o conjunto com pequenos parafusos de rosca soberba.

Na hora da montagem final temos ainda essa cobertura e mais o reforço que vão fazer parte do conjunto completo.

Ainda não tenho nem ideia de como vai acabar essa montagem do farol. Mas isso fica pra amanhã, pois agora tenho um batizado pra ir!

Contando farol – parte 1 de 3

Já há dias (semanas?) eu havia comprado um conjunto de lixas d’água e uma latinha de spray preto fosco para dar um trato naquele “piniquinho” que abriga o farol. Do par que estava instalado, um deles estava muito detonado, bastante carcomido de ferrugem, de modo que fuçando daqui e dali acabei descobrindo um caboclo que tinha um pra vender – e que, mesmo assim, também já não estava lá 100%. Ainda assim estava melhor que o meu. E morri com quarenta contos.

Mas valeu por conhecer o sujeito, que, inclusive, está restaurando um SS amarelo – 76, se não me engano. Gente finíssima!

Como finalmente encontrei um tempinho pra mim neste último sábado, resolvi que era chegada a hora. O primeiro passo, como sempre, seria limpar, lavar e desobstruir anos de acúmulo de sujeira – tanto enquanto as peças estavam instaladas, como também depois, quando ficaram guardadas. E dá-lhe escova, bucha, muita água e sabão! E depois toca tudo pro sol, que estava de rachar coquinho, que é pra secar bem seco…

Aliás, vamos combinar: o que o poder do Bombril não faz, hein? Pela foto pode até não parecer, mas os aros ficaram brilhando como novos!

O passo seguinte, com as peças já limpas e devidamente lixadas seria o da pintura. Como já tive alguma experiência com isso – ainda que fosse na minha longínqua adolescência – foi legal matar a saudade. Tudo bem que na época eu desmontava e pintava bicicletas com pistola e compressor, raramente usando de latas de spray. Mas descobri que a gente nunca perde o jeitinho não… Como sei do desastre que sou para sujar as mãos e do desastre maior ainda que é o trabalho para limpá-las, nada como uma boa luva cirúrgica para proteção. O fato de ter deixado as peças no sol também ajudou, pois com elas estando quentes a fixação da tinta se dá de uma maneira mais rápida e melhor.

Enfim, o resultado final, penduradas na escada para secar. A do fundo é a original, que está praticamente intacta; já na que está em primeiro plano é possível perceber os furos de corrosão, mas que ainda assim não afetarão sua instalação.

Bem, como nas instruções do spray (sim, eu sou um dos 7 sujeitos no Estado de São Paulo que realmente lê as instruções dos produtos) estava escrito que levaria 15 minutos para secar, uma hora para poder manusear e 24 horas para de fato fixar, fica pra amanhã a montagem…

Até porque saporra dessas luvas deixaram minhas mãos completamente encharcadas de suor!