Tá.
Nem tão grande assim…
Mas é que fomos para Itu! 😉
É que já faz um tempinho que a Dona Patroa vinha cobrando pra gente sair, sei lá, vamos passear, vamos viajar, vamos para algum lugar, vamos para QUALQUER lugar, mas vê se VAMOS!
E eu, apesar de tudo, sou meio bicho do mato. ADORO ficar em casa. Mas ela tinha razão – eu já estou devendo isso a ela e não é de hoje. Que melhor momento para passeios senão agora, enquanto a criançada ainda é pequena o suficiente para querer sair conosco. Aliás, enquanto ainda cabem dentro do carro…
E toca a decidir para onde ir.
Ela resolveu Resolvemos que iríamos para Itu, pois ela não conhecia aquela cidade e fica do lado de Cabreúva, onde mora um tio dela. Assim, é lógico, levaríamos o pai dela também para que reencontrasse o irmão mais novo para um proseio – até porque meu sogro ficou viúvo há pouco mais de dois meses e é bom mantê-lo na ativa.
Para evitar o excesso do feriadão decidimos ir no sábado para, talvez, voltarmos no domingo (acabamos voltando no sábado mesmo). Como na véspera eu tinha feito um churrasquinho familiar (ou seja, só para a tchurminha de casa) ela aproveitou uma boa parte das linguiças que eu assei e preparou um bentô – lanche para viagem. Junte-se a isso alguns onigiris (bolinhos de arroz), sucos e bolachas e tudo estava pronto.
Ah, e sim. A Dona Patroa é japonesa. Sansei, na realidade. Mas, ainda assim, japonesa.
Meu cunhado, que é caminhoneiro, fez questão de nos emprestar seu GPS. Passamos cedo em sua casa e pegamos o aparelhinho. Nossa sobrinha disse que já havia programado direitinho o aparelho e bastava ligar no acendedor de cigarros para manter a carga e tudo certo.
Ops!
Acendedor de cigarros?
E quem disse que o do Poseidon estava funcionando?…
Decidimos levar assim mesmo.
Todos dentro, Dona Patroa na frente e meu sogro atrás junto com a criançada (santo carro espaçoso, Batman!), tanque cheio, hodômetro zerado e vambora!
Realmente esse tal de GPS é um bichinho (gadget) muito legal! Apesar da vontade, não tenho um porque simplesmente não o utilizaria no dia a dia. Nossa rotina é muito tranquila e, usualmente, sem viagens. Fixei o aparelhinho no vidro e a criançada ficou se atropelando no vão dos bancos para vê-lo em funcionamento.
Adoraram!
Enquanto funcionou…
Cerca de meia hora após nossa saída o maledeto soltou um bipe do tamanho de uma semana – que me fez pular do banco. E morreu. Totalmente sem bateria. Paciência, iríamos pelos mapas, mesmo.
Aliás, ainda bem que nunca resolvi participar de nenhum rallye de regularidade tendo a Dona Patroa como navegadora. Preciso mesmo dizer o porquê?…
O que importa é que, apesar dos desvios, das dúvidas quanto às entradas, das voltas e reviravoltas, chegamos. Aliás, alguém por aí se lembra daquela cena dos Incríveis em que o casal fica discutindo qual entrada deve pegar enquanto o acesso está cada vez mais próximo? E, na última hora, independentemente de qual tivesso sido a escolha, a discussão continua? Pois é. Igualzinho.
Aliás do aliás, antes mesmo disso, tenho que registrar um pequenino perrengue com o Poseidon…
Para quem se lembra do painel dos modelos 89/90, bem à esquerda temos o marcador de combustível e, logo do seu lado, o de temperatura. No mundo ideal quanto mais para cima estiver o ponteiro da esquerda e para baixo o da direita, melhor. Ou seja, o máximo de combustível e o mínimo de temperatura.
Mas não estava bem assim…
Depois de uns trinta quilômetros rodados, dei uma conferida na temperatura. Quase na metade. Pensei comigo mesmo: “comigo mesmo, esse mardito ponteiro não passa do assoalho, que é que está havendo afinal de contas?”. Talvez um pequeno vazamento para a água ter baixado? Dentro do motor? Não! Nem quero pensar nisso! Rompimento do selo? O negócio seria monitorar…
Apesar de um início quase que só de subidas (fomos pela Dom Pedro), a estrada possui muitas retas e longas descidas. E dá-lhe banguela! Meu pensamento: deixando o motor no mínimo giro e com o resfriamento natural a tendência da temperatura seria baixar. Deu certo. Assim, a cada vez que a temperatura ameaçava subir, bastava uma curta banguela e já se notava a diferença.
Ufa!
É lógico que somente depois que vi que o problema (em tese) estava resolvido, daí então comentei o “perigo” com a Dona Patroa… Eu, definitivamente, não valho nada…
Enfim, depois de uma calma viagem – com um ou dois pontos de chuva – de MUITOS pedágios (cada qual com seu preço), chegamos em Cabreúva, distante apenas meia hora de Itu. Paramos num posto, logo na entrada da cidade, não só para uma banheirada básica, como também para o famoso lanchinho…
Para não correr nenhum risco, dali mesmo a Dona Patroa ligou para o tio, que veio nos buscar. Ou melhor, indicar o caminho. Afinal de contas, chega de se perder na estrada!
Conversamos, proseamos, tomamos café, falamos mal da vida alheia, atualizei a árvore genalógica – afinal de contas é um de meus outros hobbies: a genealogia – e, após, fomos passear um pouco pelas redondezas do Distrito de Jacaré, mais exatamente onde eles têm uma banca de jornais. É lógico que a criançada se enfurnou nos gibis (outro de meus hobbies), afinal de contas, tal pai, tais filhos…
Depois de mais um pouco de proseio já estava na hora de prosseguir viagem. Aliás, esse negócio de “proseio” foi um sarro. Meu sogro praticamente só fala japonês, assim como o irmão dele. E meu sogro está bem surdinho, assim como o irmão dele. Desse modo, ficaram ali os dois irmãos, um de 78 e outro de 76 anos, conversando em japonês – sabe-se lá Deus sobre o quê – e duvido que um estivesse respondendo as perguntas do outro…
Enfim, só pra garantir, com o motor já totalmente frio, completei a água do radiador. Não foi muita coisa não, mas, creio eu, o suficiente para fazer a diferença. Nessa foto aí de baixo está este que vos tecla, o irmão de meu sogro (por incrível que pareça, é mais novo), meu sogro e sua cunhada.
Pois bem, dali fomos para Itu.
Cidade muito bonita e lamento sinceramente não ter me planejado melhor. Seria bastante interessante poder passear com calma em seu centro histórico e conhecer os quinze quintilhões de lojinhas que por lá pairam. Coincidentemente, em conjunto com os 400 anos da cidade (comemorados agora em 2010), estavam realizando o Primeiro Festival Nipo-Brasileiro da cidade.
Heh…
Juntou a fome com a vontade de comer.
Meu sogro gostou bastante das apresentações e, em especial, da comida…
Depois de enrolar um pouco (e comer mais um pouco ainda), continuamos o tour pelas redondezas. É lógico que não poderia faltar a famosa foto com o famoso orelhão de Itu. Com direito aos dois filhotes mais velhos logo abaixo.
Após comprar algumas lembrancinhas (turista é turista, não tem jeito), toca todo mundo de volta pra casa.
A preocupação da Dona Patroa agora era outra: combustível. Afinal de contas, tenho um passado que me condena. Dei uma olhada no hodômetro. Pouco mais de 190 quilômetros. Sossegado. Dá e sobra pra voltar. Em condições normais, no dia a dia, a autonomia do Poseidon era tranquilamente cerca de 430 quilômetros. Desde que não nos perdêssemos, estaria tudo bem.
Graças a Deus, meu velho e inseparável amigo, Murphy – ao menos desta vez – resolveu passar o feriado em algum outro lugar…
Assim, com tudo em paz, nossa viagem foi se findando sob um entardecer maravilhoso. E, melhor, ainda, dentro de um bom e velho Opalão.
Realmente o entardecer estava fantástico. Pena que não conseguimos uma foto melhor – mas bem que a Dona Patroa tentou!
No final das contas, já tendo caído a noitinha e com quase todo mundo dormindo (inclusive eu antes da parada para o café), ouvindo uma aconchegante música de viagem (sim, estou falando de AC/DC), cerca de 400 quilômetros depois aportamos em casa.
Doída a perna deste índio velho, mas nada que não fosse automaticamente anestesiado pela felicidade da petizada com a viagem.
Acho que o passeio pode ser resumido na frase de meu caçulinha, quando paramos para tomar o lanche, e ele – do nada – simplesmente me saiu com essa:
– Mamãe, eu sou muito feliz!
Nós também, meu filho.
Nós também…