A Pesquisa Genealógica
A consciência de família e de tradição é a raiz da cidadania e da autoestima. O conhecimento da origem da família, sua ligação a uma cultura, a uma religião, é parte fundamental da estrutura de identidade do “Eu” e requisito fundamental também para a autenticidade e maturidade da personalidade de cada um.
O entendimento desse papel fundamental da genealogia é, no entanto, dificultado pela tendência da maioria das pessoas em achar que somente a família que se liga à nobreza europeia seria merecedora de estudo. Isso subverte a pesquisa, porque leva o indivíduo a procurar primeiro o seu sobrenome entre as famílias nobres, a copiar brasões e enlear-se num sonho de fidalguia, mesmo sem conhecer sequer o nome completo de seu próprio avô.
O estudo da origem da família deve ser despido de qualquer ideia pré-concebida, do excesso de imaginação, até mesmo das fantasias romãnticas. Deve ater-se aos documentos, pois existem vários ramos diferentes e distintos, ainda que se trate do mesmo sobrenome, e um sobrenome nobre pode aparecer em quem não é.
Entretanto não há que descuidar-se da história propriamente dita. Uma vez que confirmados os parentescos, seja na atualidade ou com relação aos antepassados, enriquece – e muito – os estudos trazer à baila as histórias de família, os causos, as viagens, as dificuldades e até mesmo as doenças enfrentadas, dando assim cor e personalidade à árvore genealógica.
Algumas obras que se tornaram clássicas no Brasil podem ajudar bastante nas pesquisas, tais como, em Minas Gerais, Velhos Troncos Mineiros do Cônego Raimundo Otávio da Trindade, e As Três Ilhoas, de José Guimarães, já em São Paulo temos, dentre outras obras expressivas, a Genealogia Paulistana, de Silva Leme.
Enfim, é direito de todos ter a sua história, saber quem é e poder transmitir à posteridade a memória de seus antepassados. Pessoa alguma é uma célula isolada. Todos somos elos de uma cadeia que vem de longe, passa por nós e se projeta sobre o futuro. Inserir-se nela é sobreviver ao tempo e ao esquecimento. E é exatamente a genealogia, como fio condutor de nosso estar no mundo, que nos pode ajudar nessa empreitada.
Primeiros passos
Genealogia não é um trabalho rápido, com caminho direto para chegar ao ancestral mais antigo. Perde tempo quem escreve a um arquivo solicitando pesquisa de documentos sobre um sobrenome, sem dispor de dados preliminares consistentes. O interessado em conhecer a história da sua família deve ir primeiro às fontes mais próximas dele, que são os seus parentes mais velhos, e levantar as tradições familiares, descobrir onde as últimas gerações da família viveram, com que outras famílias a sua se uniu, e o mais que seus pais, tios e avós possam informar.
Com dados coletados no seio da própria família, e depois de visitar arquivos públicos, pesquisar cartórios em locais ligados à história de sua família, terá uma árvore genealógica indicando alguns ramos, a qual orientará o aprofundamento do estudo.
Somente depois de conseguir algumas cópias, reunir algumas certidões de casamento e batismo, de pesquisar em sites da Internet e trocar informações com pessoas de mesmo sobrenome, verificando coincidências geográficas entre locais de procedência, é que um esboço básico da genealogia da família ganha forma. Só a partir desse esboço é possível viajar a locais para investigação mais detalhada, ou consultar arquivos públicos, ou até mesmo contratar um pesquisador – e para isso será necessário ter essas informações mínimas.
Tipos de documentos e onde encontrá-los
A pesquisa genealógica é antes de tudo uma busca paciente de documentação. Um dos mais importantes documentos para a genealogia é o registro de casamento. Esse registro foi responsabilidade exclusiva da Igreja Católica, enquanto a religião foi oficial, do Estado. No Brasil essa foi a situação até o século XIX. Após a proclamação da República passou a existir também o registro civil. Porém, mesmo o registro feito pela Igreja não é assim tão antigo, pois somente após a realização do Concílio Tridentino, que terminou por volta de 1563, os vigários ficaram obrigados a ter livros de registro em suas paróquias. Os arquivos da Igreja Católica, os mais ricos do Brasil, em geral estão nas Cúrias Diocesanas e Arquidiocesanas, ou nas próprias Ordens Religiosas.
Em todas as repartições e cartórios existe a seção de arquivo. No entanto, com o passar dos anos, os documentos são enviados, obedecidos alguns critérios, para os Arquivos Municipais e Estaduais, e para o Arquivo Nacional. Existem também arquivos na Marinha, no Exército, e em outras repartições que retêm por muito tempo os seus acervos, antes de encaminhá-los ao Arquivo Nacional.
Exemplos de Fontes de Pesquisa
DOCUMENTOS MUNICIPAIS (Arquivos Municipais)
– Livros de Foros;
– Livros de cobranças de impostos (Quintos, Décimas, Profissões, Rendas de alugueis, etc);
– Livro de Registro de Cartas Régias recebidas;
– Processos de querelas (Juiz da Câmara, Juiz de Fora, etc).
DOCUMENTOS DAS IGREJAS CRISTÃS (Arquivos das cúrias ou nas igrejas matrizes)
Paroquiais:
– Livros de batizados;
– Livro dos Casados;
– Livro dos Crismados;
– Livro de óbitos;
– Dízimos.
Cartóriais Eclesiásticos Católicos (arquivos das cúrias das Dioceses):
– Dispensas matrimoniais (decisão sobre parentesco, pureza de sangue, etc.);
– Processos de Inventários;
– Livro de relatórios das visitações;
– Cópias de Processos enviados ao Santo Ofício;
– Testamentos (Confiados à Igreja);
– Processos de habilitação De Genere dos candidatos a sacerdote da Diocese;
– Registro paroquial de terras;
– Foros devidos à Diocese.
Monásticos Católicos (Mosteiros):
– Documentos do Cartório da Ordem (p. ex.: Cartório jesuítico);
– Livros de matrícula de Irmandades e de ordens militares religiosas (Santiago, Ordem de Cristo, etc);
– Livros de Foros pagos aos conventos e mosteiros, traslados de escrituras de cessão de direitos entre foreiros, etc;
– Cartas (do Superior, do Provincial, etc);
– Livros de atas de votos, registros de ordenações sacerdotais, etc);
– Relatórios.
DOCUMENTOS CARTORIAIS (Arquivos Estaduais)
– Livros de Procuração;
– Livros de escrituras de dívidas;
– Livros de escrituras de terras;
– Escrituras de compra e venda de escravos, minerações, etc;
– Testamentos.
SANTAS CASAS DE MISERICÓRDIA (Arquivo da Santa Casa)
Do Arquivo da Mesa:
– Livro dos Termos de Irmãos;
– Livro dos Segredos;
– Livros dos balanços;
– Livros de óbitos dos irmãos.
Da “Igreja da Misericórdia” respectiva:
– Livros de casamento das moças tuteladas da Santa Casa;
– Batizados;
– Óbitos.
LIVROS DO GOVERNO DA CAPITANIA, DA PROVÍNCIA OU VILA (Arquivos Estaduais e Municipais)
– Cartas da Secretaria do Governo da Província ou Capitania;
– Ordens Régias recebidas;
– Cartas Régias recebidas;
– Registros de Ordens e Condecorações;
– Concessões de Cargos e Patentes;
– Concessões de terras (Sesmarias);
– Livros de Impostos e taxas cobrados a ordem do governo central;
– Cartas do Governador;
– Devassas (Inquéritos).
DOCUMENTOS DO JUDICIÁRIO (Arquivos Estaduais)
– Inventários do Juizado de Órfãos;
– Processos cíveis das Comarcas.
LIVROS DO GOVERNO CENTRAL (Arquivo Nacional)
– Registros e Cópias de documentos da Secretaria do Governo, dos Ministérios, dos Conselhos;
– Registros da Nobreza;
– Registros de Patentes e Provisões;
– Registros de Ordens do Mérito (Ordem da Rosa, Ordem de Cristo, etc);
– Documentos da Marinha;
– Documentos Militares e Guarda Nacional;
– Autorizações de comércio, navegação, etc. (Juntas de Comércio e outros órgãos);
– Passaportes;
– Registros de estrangeiros;
– Documentos da Alfândega (Manifesto dos navios, etc).
DOCUMENTOS PARTICULARES (Nas respectivas instituições e empresas)
– Atas de Academias de Ciências e Letras;
– Gazetas e periódicos em geral;
– Registros de hospedagem;
– Registros de passageiros;
– Seguros de cargas de comerciantes;
– Arquivos das casas nobres;
– Arquivos bancários (O do Banco de Amsterdã, referente ao século XVII, é importante para Brasileiros e Portugueses).
Universidades:
– Atas de posse;
– Corpo Docente;
– Matrículas de alunos;
– Memórias escritas por ex-alunos.
Arquivos dos Mórmons
São riquíssimos os arquivos da Igreja de Jesus Cristo dos Santos dos Últimos Dias, cuja sede e principal templo está situada em Salt Lake City, em Utah, no oeste dos Estados Unidos. Os documentos por ela microfilmados – e que incluem documentos brasileiros – estão já em parte arrolados no site da Igreja (http://www.familysearch.org).
A hierarquia da Igreja se constitui das “estacas” (dioceses); “alas” (paróquias); distritos; “ramos” (paróquias distritais); e missões. Chegaram em Utah há 150 anos, num êxodo de 2.092 quilômetros, fugindo dos assassinos que mataram o fundador e primeiro chefe da Igreja Joseph Smith, em Illinois.
A teologia mórmon reconhece a Bíblia, à qual associa o Livro Mórmon. Sua pregação é basicamente a mesma das igrejas cristãs: a honestidade, a castidade, a caridade e a prática das virtudes.
Entre os preceitos, está um que explica o interesse particular que os Mórmons têm pela pesquisa genealógica. Um de seus rituais sagrados é a “ordenança para os mortos” que significa o batismo de ancestrais. É necessário que se conheçam os dados relativos a cada antepassado morto da família dos fiéis, a fim de que aquele ente falecido possa ser batizado – representado por um parente vivo –, e ser salvo. É bastante compreensível esse preceito dos Mórmons porque os católicos romanos também têm a crença na “comunhão dos santos”, no sentido de orar pelos mortos. Além desse preceito de fé, os mórmons têm no casamento um sacramento para a eternidade: a morte não separa o casal nem modifica a estrutura familiar.
Os mórmons transferiram para os seus arquivos os dados microfilmados dos arquivos ao redor do mundo, inclusive do Brasil. Fizeram isso numa base de troca: salvaram essa documentação que, sem a ajuda deles, estaria já em parte perdida, assim como se perdeu no passado grande parte dos documentos históricos brasileiros. Por onde passaram deixaram um novo conceito de responsabilidade com a documentação histórica, além de fornecer a duplicata dos microfilmes aos arquivos. Seus dados foram colhidos em arquivos de dioceses, cartórios, cemitérios, e incluem até listas de passageiros de navios. Os microfilmes estão guardados em uma abrigo à prova de ataque nuclear em uma montanha de granito em Salt Lake City.
Nomes e abreviaturas
A leitura da documentação antiga é uma tarefa um tanto difícil para o iniciante, mas que vai, após algum esforço, tornando-se cada vez mais fácil. Existem umas poucas regras que facilitam muito a leitura dos documentos mais difíceis. É imprescindível também conhecer de antemão as formas de abreviatura comuns em cada época. Sofrem abreviatura não somente palavras comuns muito repetidas nos textos oficiais, como também os nomes mais comuns das pessoas. Existem livros inteiramente dedicados a este problema.
Alguns nomes e sobrenomes passaram a existir a partir de abreviaturas como por exemplo “Roiz”, abreviatura de Rodrigues; Brites, abreviatura de Beatriz; Alves, provável abreviatura de Alvarez, etc.
Tradição familiar
Não substitui os documentos, mas é importante para orientar a pesquisa no sentido de qual tipo e onde buscar documentos. Nomes de cidades, nomes de fazendas, histórias de imigração ou emigração, fatos políticos em que esteve envolvida a família, ficam como lendas deixadas pelas gerações mais antigas para as gerações mais novas. Essas lendas podem revelar pistas valiosas para a pesquisa.
Pesquisa no Brasil e no estrangeiro
Distribuição muito parecida à que tem a documentação no Brasil ocorre nos demais países, mas é comum nos países desenvolvidos existirem Sociedades de Genealogia que têm índice geral de documentos. Em Portugal existem os Arquivos dos Conselhos Municipais, os Arquivos Distritais, e o Arquivo Nacional conhecido por Torre do Tombo. Quanto à documentação que interessa à pesquisa de linhagens africanas, tem peculiaridades quanto a tipos de documento, locais de pesquisa, e uma metodologia que precisa ser divulgada por aqueles que acumularam experiência nessa área.
As bibliotecas municipais, estaduais e as Bibliotecas Nacionais tanto no Brasil como no exterior têm, em geral, não apenas livros mas também arquivos de documentos históricos.
Cálculo de Datas
A determinação de um período para busca de um documento é de importância crucial em genealogia. Por exemplo: entre que datas procurar um registro de casamento?
Existem várias combinações de dados que poderão indicar períodos óbvios de busca de documentos nos arquivos, como a vinculação a algum fato político do qual se sabe que o indivíduo pesquisado participou. Alguém que tenha participado de uma guerra, será obviamente pesquisado no período dessa guerra, ampliado para cobrir a idade mínima e máxima da vida militar. Porém, quando nada existe que permita essa definição segura de um período de busca, há que recorrer a certas conjecturas.
Para calcular um período de busca são importantes fatores de época como período médio de vida, idade normal para ingresso nas escolas, para o casamento, o período de fertilidade do casal, e outros eventualmente aplicáveis. Por exemplo:
1. Nascimento, deduzido da data conhecida do casamento de mulher: no caso de primeiro casamento, a data do nascimento deve estar entre -15 e -20 anos; um segundo casamento entre -20 a -35. O nascimento de um homem, entre -20 a -25 da data conhecida do primeiro casamento; ou -25 a -50 do segundo casamento.
2. Período de fertilidade. O período de fertilidade de um homem, na época era relativamente longo. Porém, na mulher, devido a problemas de saúde decorrentes de muitas gestações e partos (10 a 15) e à precariedade da medicina na época, o período de fertilidade, dentro do casamento, calculamos que ficasse reduzido a cerca de 20 anos, mesmo que ela se casasse muito jovem.
4. A expectativa de vida (não a duração média) era tão incerta em todos os países que este é um fator praticamente inaplicável nos cálculos de longevidade para determinação de óbito, a partir de datas de nascimento, ou de casamento. Em Portugal, por exemplo, entre os séculos XVII e XVIII, uma boa parte da população atingia os 60 anos, mas a média, puxada para baixo devido a alta mortalidade infantil, não passaria dos 40 anos.
5. Patentes militares. Estas eram conferidas conforme a três variáveis, o que torna difícil sua utilização na procura de períodos relativos a nascimentos, casamentos e óbitos. Variavam quanto à idade, quanto à fortuna e quanto ao prestígio do titular. Porém, de um modo geral, um Sargento-mor era mais rico, mais velho, e mais influente que um homem que ostentasse a patente de Capitão, e este seria pelo menos mais velho que um Alferes. As idades prováveis seriam 45 a 50, 30 a 40, e 20 a 30 anos, respectivamente.
Obras já publicadas
O primeiro passo na pesquisa genealógica com certeza mais aconselhável é buscar encontrar alguma obra que tenha referências à sua família, ou possivelmente, uma obra já existente sobre a sua família. Há um grande número de obras de genealogia já publicadas no Brasil.
– ABREVIATURAS / MANUSCRITOS DOS SÉCULOS XVI AO XIX, de Maria Helena Ochi Flechor, 2 ed., Editora Unesp/ Secr. Cultura de S. Paulo/ Arquivo do E. de S. Paulo, 1991.
– AS TRÊS ILHOAS, de José Guimarães. Vol. 1, Ed. de Roberto Vasconcellos Martins, Ouro Fino, 1990. Famílias Alves, Vilela, Figueiredo, Reis, Andrade, Junqueira e Resende.
– GENEALOGIA PAULISTANA, de Luiz Gonzaga da Silva Leme. 9 vols. Ed. Duprat, São Paulo, 1903-1905. Esse livro tem as famílias – Vol. 1 e 2: Pires, e Leme; vol. 3: Raposo, Goes, Prado, Penteado, Pedroso, Barros, Borges de Cerqueira, Arruda-Botelho, Campos, Taques-Pompeu, Horta, Almeida-Castanho, Tenório, Quadros, Lara; Vol. 5 e 6: Cunha-Gago, Alvarenga, Toledo-Piza, Godoy, Cubas, Furquins, Bicudo, Carrasco, Chassin; Vols. 7, 8 e 9: Moraes, Bayao, Freitas, Fernandes, Povoador(?), Martins Bonilha, Cordeiro-Paiva, Arzam, Costa-Cabral, Garcia-Velho, Siqueira-Mendonça (pronuncia Mendonssa), Dias, Domingues, Maciel, Preto, Rodrigues, Lopes, Jorge-Velho, Saavedra, Gaya, Furtado, Oliveira, Vaz-Guedes, Rendon, Arias Aguirres e Sodre, Dutra-Machado, Pires de Ávila, Dias-Chaves, Moniz de Gusmão.
– MEMÓRIAS E TRADIÇÕES DA FAMÍLIA JUNQUEIRA, de Frederico de Barros Brotero, 2a. Ed., São Paulo, s.d.
– MEMORIAL GENEALÓGICO – NOGUEIRAS DO BRASIL, de José Jorge Nogueira Júnior, Vol. I, Ed. do Autor, Sao Paulo, 1962.
– TÁVORA E CUNHA NA PENÍNSULA IBÉRICA E NA ANTIGA AMÉRICA PORTUGUESA – ROTEIROS GENEALÓGICOS, de Manuel Pinheiro Távora, . Rev. do Inst. do Ceara, 85, p. 11–96, Fortaleza, 1971.
– UM COMERCIANTE DO SÉCULO XVIII: DOMINGOS RODRIGUES COBRA, PROCURADOR DO CONDE DE ASSUMAR (no apêndice: diário completo da viagem do Conde de Assumar de Lisboa às Minas do Ouro), de Maria José Távora e Rubem Queiroz Cobra, Editora Athalaia, Brasília, 1999, 240 p.
– VELHOS TRONCOS MINEIROS, de Raymundo Otávio da Trindade. 3 vols., Emp. Gráfica Revista dos Tribunais, Sao Paulo, 1955. Versa sobre 162 famílias, na maior parte das vezes continuando as famílias da GENEALOGIA PAULISTANA, porem Raymundo Trindade sempre indica as dioceses de procedência em Portugal.
Historiografia local
Enquanto produz a história da família, o pesquisador ficará inevitavelmente envolvido com a historiografia local. Fatos da história municipal, estadual e nacional irão adquirir um significado particular, quando encontrar um antepassado neles envolvido. Ao encontrar vinculações dessa natureza, o pesquisador poderá trazer uma valiosa contribuição para o estudo da História.
Existem publicados inúmeros livros de historiografia local, os quais têm grande interesse para a genealogia. Alguns chegam a ter um ou mais capítulos com a genealogia de alguma importante família local. São obras sobre a fundação e história de vilas que datam da colonização portuguesa. Essas obras se contam aos milhares em nossas bibliotecas.
Uma obra de grande interesse é também a Enciclopédia dos Municipios Brasileiros, editada pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística -IBGE (Rio de Janeiro, 1957, 36 volumes). No texto referente a cada município tem pelo menos uma síntese histórica da localidade, incluindo as famílias fundadoras e aquelas econômica e/ou politicamente influentes, bem como o nome antigo da sede municipal e de seus distritos.
Abaixo, alguns exemplos de livros de historiografia local e outros que podem ser considerados importantes para conhecimento da vida social e econômica em diferentes épocas da história do país:
– Barros Leal, Vinicius, Historia de Baturité – Época Colonial. Secretaria de Cultura e Desporto, Fortaleza, 1981.
– Biblioteca Nacional, Arquivo da Casa dos Contos. Anais da Biblioteca Nacional, LXV, 248-252, Rio de Janeiro, 1945. (IMPORTANTE)
– Boxer, Charles Ralf, A Idade de Ouro do Brasil (Dores de Crescimento de uma Sociedade Colonial). Cia. Ed. Nacional, S. Paulo, 1963.
– Brazil, Lael Vital, Vital Brazil Mineiro da Campanha – uma genealogia brasileira, 1996
– Casals, Aires de, Corografia brasílica. Fac-simile da edicação de 1817, II vols., Imprensa Nacional, Rio deJaneiro.
– Coelho, Lucinda Coutinho de Mello, Dados sobre a Cafeicultura em Bananal (Século XIX). Anais do II Cong. de Historia de S. Paulo, Ass. Nac. Prof. Hist., S. Paulo, 1975.
– Lefort, José do Patrocínio, Cidade da Campanha. Belo Horizonte, 1972.
– Lisanti, Luís, Negócios Coloniais. Vol. II, Ministerio da Fazenda, Brasília, 1973. (IMPORTANTE)
– Mello, Geraldo Cardoso de, Os Almeidas e os Nogueiras do Bananal. Inst. Genealógico Bras., S Paulo, 1942.
– Monat, H., Caxambu. Ed. do autor, Rio de Janeiro, 1894.
– Mourao, Mário, Poços de Caldas – Síntese Histórica e Social. Ed. do Autor, 2a. Ed., 576 p., Minas Gerais, 1952
– Negrão, Francisco (1871-1937), Genealogia Paranaense. 7 Vol. Ed. Gov. Est. Paraná e outros, Curitiba, 1926-61.
– Nogueira Júnior, José Jorge, Memorial Genealógico – Nogueiras do Brasil. Vol. I, Ed. do Autor, São Paulo, 1962.
– Novaes, Maria Stella de, História do Espirito Santo. Fundo Editorial do Espirito Santo, Vitoria, s.d.
– Novinsky, Anita, Cristãos Novos na Bahia. Ed. USP/Ed. Perspectiva, S. Paulo, 1972.
– Pelucio, Jose Alberto, Baependi. Ed. do Autor, Baependi, 1942.
– Ramos, Agostinho Vicente de Freitas, Pequena Historia do Bananal. Cons. Est. de Artes e Ciências Humanas, S. Paulo, 1978.
– Russel-Wood, A. J. R. Fidalgos e Filantropos – A Santa Casa da Misericórdia da Bahia, 1550-1755. Tradução de Sergio Duarte, revista pelo Autor. Coleção Temas Brasileiros. Volume 20 Editora Universidade de Brasilia, 1981.
– Taunay, Affonso d’Escragnole, Historia do Café no Brasil. Departamento Nacional do Cafe, Rio de janeiro, 1939.
– Valadão, Alfredo, Campanha da Princesa. 4 vols., Ed. Leuzinger S.A., Rio de Janeiro, 1937.
– Vasconcelos, Diogo de, História Antiga de Minas Gerais. 3a. ed., 2 vols., Itatiaia/I. N. do Livro, Belo Horizonte/Brasília, 1974.
– Vasconcelos, Salomão de, Breviário Histórico e Turístico da Cidade de Mariana. Biblioteca Mineira de Cultura, Vol. XVII, Belo Horizonte, 1947.
Listas de debates e pesquisa
Existem listas de pesquisadores que trocam informações e se ajudam mutuamente na pesquisa. É útil para o iniciante participar de uma destas listas, ou de quantas estejam na área onde viveram seus ancestrais.
Outras fontes
Outras dicas e curiosidades podem ser encontradas na sessão Artigos, aqui no site.
(Texto extraído dos apontamentos de Rubem Queiroz Cobra)