Bem, depois daquela soldação toda que Seu Bento tem feito uma hora o carro tinha que começar a tomar forma, não é mesmo? Os grandes pontos de podridão quase que foram extirpados, restando pouca coisa agora – mais do lado do motorista.
Essa é a chapa que foi construída, montada, emendada e colocada no devido lugar. Estudamos bastante a possibilidade de reconstituição do carro ao exato status quo anterior, inclusive com a curvatura da chapa, nos moldes do original. Chegamos à conclusão de que para os fins propostos – que é de reforma, não de restauração – não seria necessariamente relevante a tal da curvatura.
Percebam que os pontos do porta-malas onde vai a borracha também já foram reconstituídos e a nova chapa foi sobreposta àquela anteriormente pintada (como vimos no post da semana passada). A manutenção da tampa do porta-malas no seu lugar foi proposital, pois, após ter sido retirada e soldada – dá pra ver o pontinho ali em cima, perto dos parafusos de fixação – ela serviu de “guia” para que as laterais e a parte imediatamente inferior fosse refeitas. Aliás, uma coisa bastante estranha é que a mola dessa tampa meio que “perdeu a força”, assim, de uma hora pra outra. Creio que ela deva ter se deslocado de alguma maneira, mas isso poderá ser checado mais pra frente.
Nessa foto vemos que o serviço ainda não havia sido completado, mas dá pra perceber que foram utilizadas três chapas distintas: uma no meio e outras duas nas pontas. Um macete interessante que meu pai utilizou: volta e meia, tanto no meu trabalho quanto em casa, aparece algum disco rígido (sim, de computador mesmo) com defeito e além do limite da salvação. Essas peças eu costumo trazer para que ele desmonte e retire o ímã – que é poderosíssimo. Afinal é necessária uma forte corrente magnética para manipular os dados gravados no disco rígido. Mas o caso é que ele acabou por descobrir que esses pedaços de ímã são ótimos para segurar as chapas que serão soldadas. Na foto aí de cima dá pra ver pelo menos três deles: um segurando a chapa de cima e outros dois segurando as chapas laterais. Após dar alguns pontos de solda para fixar as chapas, depois basta retirá-los – mas não pensem que é fácil! Dá uma trabalheira danada, pois, como disse, são fortíssimos. O único cuidado que deve ser tomado é o de não “dar calor” em cima do ímã, senão ele desmagnetiza…
As chapas foram recortadas e as marcações foram feitas, cortadas e testadas com antecedência, tanto os pontos por onde passarão os suportes do pára-choques quanto a parte inferior, reservada ao escapamento. Ói os ímãs ali novamente, gente!
Uma panorâmica com as soldas já completadas em toda sua extensão…
Vejam bem: nada de pontos somente. As chapas são soldadas de ponta a ponta, sem deixar nenhuma brechinha. Os excessos são retirados com esmerilhadeira e o que ficar – e somente pra isso – é que servirá eventual massa.
Aqui temos o outro lado, também já devidamente soldado e quase acabado. Aquela chapa lateral que foi comprada teve que ser “mutilada” para ficar com o encaixe perfeito. Se mantivéssemos as arestas que haviam ficado teria sido impossível moldar as chapas como fizemos.
Deixando um pouco a traseira de lado (confuso isso…) vamos um pouco à frente para checar a lateral (hein?). Tudo que tinha de ser reconstruído aqui também praticamente já o foi, faltando ainda dar uma “guaribada” na parte interna da lataria, lá nas paragens do assoalho do motorista. Segundo meu pai, depois que eu já havia arrancado toda a tinta e deixado na lata, “não precisava tudo isso, não”. Mas sou taurino e teimoso que só eu. Então resolvi fazer do meu jeito, ou seja, deixei tudo na lata, mesmo…
Aqui temos a coluna do lado do motorista que também foi totalmente reconstruída. Esse monte de pontinhos que podem ser vistos foram para fixar a chapa no seu devido local, senão ficaria uma espécie de “barriga” ali bem no meio da lata.
Aqui já temos o assoalho do lado do motorista. O destaque é aquele pontinho ali, quase no centro da foto, uma solda meio que oval. É que esse ponto teve que ser soldado com uma espécie de “ressalto”, pois é onde temos a base do pedal do acelerador, que não fica na mesma linha do resto do assoalho.
A parte interna (lado esquerdo) também teve que ser merecedora de atenção e cuidados especiais, soldando chapa por chapa por chapa por chapa…
Garanto que essa parte, da mesma maneira que o lado do porta luvas, também foi bastante difícil de lixar e pintar. Mas, ora, do que estou reclamando? Se isso foi difícil, imaginem então o soldar desses pedaços???
Nessa foto temos a mesma parte ali de cima já com o devido fundo e uma solda nova, pois enquanto raspava e lixava descobri mais um podrinho. Ele foi devidamente derretido e uma chapinha do tamanho de uma moeda de um real colocada em seu lugar. Observação interessante: aquele toquinho ali no pedal de freio nada mais é que uma mera medida de segurança (além dos calços das rodas) para o carro não rodar enquanto estivermos sob ele…
Olha aí a Enterprise de novo, pessoal! Toda essa solda na verdade serviu para re-soldar uma chapa que já existia ali. Só que o funileiro anterior simplesmente colocou a chapa, deu uns pontinhos de solda e entupiu de massa até não poder mais. Para se ter uma ideia, só na marreta e talhadeira é que consegui retirar cerca de 70% dessa massa, buscando exatamente os pontos que precisavam de nova solda.