Férias, uma viagem – “dia um”

Prólogo

Férias…

Ah, benfazejas férias!

Foram dez anos pinguepongueando períodos de quinze dias duas vezes ao ano. Hoje reconheço que essa prática nunca efetivamente me permitiu descansar o suficiente… Levava alguns dias para “desligar” do serviço, uma semana para começar a tentar pensar em querer relaxar e logo em seguida já emendava com a tensão dos poucos dias que faltavam para a volta ao trabalho. Mas desta vez não tive dúvidas: ainda que perdidas no mês de outubro (ou seja, longe de quaisquer férias escolares ou recessos forenses da Dona Patroa), antevi um longo mês pela frente.

Para que pudéssemos fazer um “programa em família” combinamos assim: aproveitaríamos o feriado do doze de outubro (o Dia das Crianças Dia de Nossa Senhora Aparecida), a Dona Patroa aproveitaria as “horas credoras” a que tem direito e a criançada, sem provas ou exames, simplesmente mataria dois dias de aula. Assim teríamos cinco longos dias para entrar no carro e seguir viagem para onde melhor nos aprouvesse.

A propósito, a respeito dessas horas credoras… Como o Tribunal de Justiça simplesmente não paga horas extras, então criaram a “fantástica” figura de “horas credoras”. Ou seja, “não te pago nada agora mas quando você quiser (e eu deixar) poderá tirar aquelas horas que trabalhou a mais”. Como ela já trabalha há vários anos no Fórum, eu diria que, caso ela resolvesse tirar tudo de uma vez, ela só voltaria ao trabalho lá pelo ano de 2013…

Mas voltemos ao foco.

Então na quarta sairíamos de carro com rumo certo definido para Minas, para o Sul ou para a praia. Ah, detalhes, detalhes, detalhes…

De quê?

No bom e velho Opalão 90, é lógico!

Para tanto o carro já tinha passado por uma bela revisão, com manutenção na planetária, alinhamento e balanceamento do cardã (passou a queimar pneu em terceira, dá pra acreditar?) e mais alguns detalhezinhos na parte elétrica, tais como ajustar os espelhos e consertar o acendedor de cigarros. E não, não era para eu acender meus cigarros dentro do carro, não! Cambada de descrentes… É que da última vez que fizemos uma viagem longa e emprestamos o GPS de alguém ficamos na mão simplesmente porque o acendedor de cigarros não funcionava e não dava carga no bichinho. Como eu resolvi botar alguns escorpiões pra correr e comprar (sim, eu disse comprar) um GPS, precisava que tudo estivesse em ordem para que a barca não ficasse a ver navios durante a viagem…

Então quarta-feira chegou e… nada.

Após a recente reforma – e a ainda mais recente (re)mudança – havia muita coisa para se colocar em ordem na casa. Então tiramos o dia para isso. Dai a noite poderíamos arrumar as malas e partir logo na manhã seguinte.

Dia Um propriamente dito

E é LÓGICO que a arrumação seguiu até tarde (e ainda faltou) e logo na manhã seguinte ainda estávamos descompensados de exaustão…

O que nos levou a uma séria discussão um pequeno intercolóquio se ainda iríamos ou não viajar. Mas daí prevaleceu minha teimosia nosso bom senso e resolvemos que iríamos para Minas Gerais, meio que serpenteando em parte do circuito histórico. Caxambu (Circuito das Águas), Santa Rita de Jacutinga (terra de meu pai e a maior concentração dos Andrade por metro quadrado deste lado da linha do Equador), São João Del Rey (cidade histórica) e Ouro Preto (histórica cidade).

Bem, mas seria só questão de arrumar as malas com o básico do básico e partir rapidinho, certo?

Certo!

Bem, “certo” para qualquer outro mortal na face da Terra.

Mas a Dona Patroa é a Dona Patroa…

E, por incrível que pareça, e por maior que seja, o porta-malas do Opala ficou totalmente tomado. Sim, eu disse totalmente. E olhe que estamos falando de um Comodoro, hein? Mas como as propriedades elásticas do metal que reveste o interior do veículo não estão funcionando para esta ocasião, então (felizmente) tivemos um limitador para as bagagens: a própria tampa do porta-malas.

E assim, após arrumar as malas, distribuir recomendações, passar no supermercado para uma comprinha básica (foi quando, eu, bem humorado como sempre, candidamente lembrei-lhe que porra, mas o porta-malas já tá lotado!!!”), logo nos primeiros momentos da manhã (coisa de umas onze, onze e meia…) já pegamos a estrada.

Debaixo de uma tênue chuva, ao reconfortante som de Nightwish

Como as horas passaram rapidamente e, surpreendentemente, quando vimos já era hora do almoço, resolvemos parar um pouco antes de Aparecida, lá no Frango Assado. Aqui só não aproveito para cobrar royalties pela propaganda gratuita porque o almoço não foi lá, mas sim numa ótima churrascaria que fica nos fundos. Bem, tá, não tão ótima assim (fiquei seriamente em dúvida se a picanha servida na realidade não seria coxão duro, algo similar ou, ainda, alguma variedade equina), mas pelo menos razoavelmente boa. Bão, a salada tava boa.

Enfim, revigorados (?), seguimos viagem.

Dei uma pisada de leve apenas para recuperar o tempo perdido, mas achei que talvez estivesse correndo um bocadinho com o bom e velho Opalão… Pelo menos foi o que o filhote do meio reclamou quando tentou abrir a janela…

É óbvio que desta vez o caminho não foi virar à direita, rumo à segunda estrela e seguir em frente até o amanhecer. Simplesmente seguimos adiante pela Via Dutra e eu já imaginando que na altura de Cruzeiro a Madame GPS nos avisaria para só então virar em algum ponto, pegando o caminho do assim chamado Circuito das Águas. E placa de Cruzeiro vem. E placa de Cruzeiro vai. E vem. E vai. E não veio mais. Só então caiu a ficha: a rota que a Madame programou era diferente da que eu imaginava! Táquiôspa! Bem, como dizia um antigo estagiário, “tá no inferno, abraça o capeta”. Depois de mais de dez quilômetros sem retorno e faltando vinte para o percurso “sugerido” pela fiadaputa Madame GPS, resolvemos simplesmente explorar aquele novo caminho. Afinal de contas, o que de pior poderia acontecer além de uma volta maior?…

Na altura de Queluz (e quase perdi a entrada de novo!) manobramos para uma bela duma estradinha – pavimentada e em reforma – e seguimos adiante pelos trocentos quilômetros sugeridos pela Madame. Ainda que ficasse com a pulga atrás da orelha quando aquela setinha no visor simplesmente seguia flutuando em linha reta enquanto o desenho da estrada calmamente se afastava para outro lado, por simples falta de opções, seguimos adiante. Longo trecho de serra conhecido como “Garganta” d’alguma coisa, com curvinhas pra lá de fechadas e com pirambeiras incríveis (ainda bem que, pelo menos, com um salutar asfalto sob o carro) – seguimos em frente, audaciosamente indo onde… não, não, péraê, essa é outra história! Bem, simplesmente seguimos adiante até que o cansaço (do joelho deste ser Houseriano que vos tecla) decidiu que já era hora de pedir arrego.

Paramos em Itamonte para esticar as pernas, um bom café, um ótimo sorvete e descansar um bocadinho.

Foi quando, entre o saborear de uma bocada e outra do sorvete, que o Jean, nosso caçulinha, me veio com essa:

“Hoje o dia tá grande, né?”

Nada como a boa e velha sabedoria infantil…

Seguimos viagem com a nau opalística – à qual carinhosamente impingi a alcunha de Posseidon – até que me peguei em puro deleite com as paisagens ao nosso redor. Foi quando dei o alerta: “Ei, sua cambada de cães sarnentos, de miolo mole que parece que não pensam! Eu não fiquei horas descarregando as máquinas e carregando as baterias pra voltar pra casa de mãos abanando! Tratem de registrar o que puderem!”

Não.

Péraê.

Essa foi do Jack Sparrow…

Na realidade foi algo mais assim: “Amor, se não der trabalho e a criançada concordar, que você acha de tentar tirar umas fotos dessa linda paisagem, hein?”. É. Acho que foi mais ou menos isso. Bem mais másculo.

Enfim, a Dona Patroa e o Erik (o do meio) se incumbiram das fotos enquanto que o Kevin, nosso cineasta de plantão, com sarcástica narrativa própria, assumiu seu posto junto à filmadora.

E o dia já começava a definhar quando finalmente chegamos a Caxambu, cidade criança, de apenas 110 anos de idade. Mas com boas histórias e estórias (inclusive algumas antigas deste ser que vos tecla).

Hotel ou pousada, não importava, era a primeira coisa a se localizar. Paramos num que, de cara, imaginei que fosse me custar os olhos da cara. Mas, na realidade – e para minha surpresa -, bem mais barato: apenas as córneas. Seguimos adiante mais um pouco e encontramos outro – fuleirinho, até – mas que tinha lá seu charme. E, vamos combinar? Cem contos a diária de um casal com três crianças já incluído o café da manhã, até que não está de todo mau…

Instalados e descarregados, saímos pra comer alguma coisa. Um bom lanche numa padoca já resolveu o assunto. Criançada cansada não queria saber mais de nada. Toca todo mundo de volta pro hotel para um bom banho e descansar o sono dos justos. Tá, pelo menos o dos cansados.

Como criança que é criança não sossega, entre os perrengues e algazarra (quarto enorme com três camas só pra eles) de repente me vem o caçula rachando de dar risada: “não foi culpa minha, juro que não foi!”. Ante minha cara de interrogação, logo em seguida aparece o do meio, com cara de tédio e ostentando um mal disfarçado sorriso no canto da boca, com um carrinho de corda preso nos cabelos…

Passado mais um tempinho, enquanto eu terminava este texto, fui surpreendido com um absurdo e aterrador silêncio! Corri para o quarto dos meninos. Perguntei pra mim mesmo: “mim mesmo, será que dormiram?” E eis que me deparo com cada qual numa cama. Lendo. Simples assim.

Esses meus meninos…

Bem, hora do banho.

Amanhã tem mais.

Espero.

Em tempo: E não é que aquela merda de o chuveiro não sai água? Só um fiozinho! Putz, eu sósifôdo…

Bilhete para a vida

Enquanto não acabo de me organizar para esse período de férias e de viagem com o Poseidon, deixo registrado aqui esse delici0so texto do Flavio Gomes sobre um tema que, ainda outro dia, falava com a Dona Patroa. Quem já não passou por isso? Quem ainda passará?…

SÃO PAULO (não tem jeito) – Registre-se: ontem, no dia da graça de 5 de outubro de 2011 da era cristã, o mais velho andou de ônibus sozinho.

Pode parecer algo banal, é banal. Bem, seria mais banal ainda alguns anos atrás, eu mesmo andava de ônibus sozinho aos 10, mas estamos falando de 2011, vila de São Paulo de Piratininga, quase 20 milhões de habitantes, vila onde se explodem caixas eletrônicos, vaza gás metano, camaros e porsches atropelam e matam, balas se perdem, sequestram-se gentes, não é lá um lugar muito seguro e aprazível.

Mas apesar de não ser um lugar muito seguro e aprazível, como era um pouco mais quando eu tinha 10 anos, talvez nem tanto, talvez seja apenas nostalgia barata e fosse ainda pior, há uma vida pulsando lá fora, e não é justo que se prive ninguém dela só porque ela parece pouco segura e aprazível.

Ele fez 13 anos, puxa, como mudou neste ano… Ficou mais alto, ganhou forma, vai ao cinema às sextas, parece até que andou dando uns beijos numas meninas. Já não faz tantas perguntas, prefere procurar as respostas, começo a me achar menos útil e mais tolo.

Vou de ônibus, pai, me disse, e achei ótimo, mas disse que ia junto, e ele não se opôs. O trajeto era curto, de casa até a escola, o ponto fica ali na esquina, ele sabia o número da linha e o nome, ganhou até um bilhete único da avó, exibido de forma tão solene quanto será a chave do primeiro carro daqui a algum tempo, e não vai demorar demais, cinco anos passam rápido. Aquele bilhete, cuidadosamente guardado numa capinha plástica, é a chave que abriu as portas do mundo para ele ontem, no dia da graça de 5 de outubro do ano de 2011 da era cristã.

Não lembro das circunstâncias que cercaram minha primeira viagem-solo de ônibus. Acho que meu guia foi meu irmão mais velho, não meu pai, que nunca teve horários muito flexíveis e deve ter delegado tal função ao primogênito, dois anos mais safo que eu. A escola era a mesma, aqui é o metrô, pega assim para aquele lado, desce na estação tal, pega aquele ônibus bege e verde, Mercado da Lapa é o nome, desce lá na frente, atravessa a avenida com cuidado, boa sorte.

Eu tinha 10 anos, um passe de metrô magnético, um passe de ônibus de papel, aprendi rápido, creio, e já no segundo dia comecei a desenvolver meus truques, onde sentar, quando passar pela catraca, como lidar com a mochila, mudar a estação do metrô para pegar o ônibus mais vazio, observar se alguém puxava a cordinha para avisar ao motorista que era para abrir a porta porque eu nunca alcancei a bendita, trocar olhares com o cobrador quando isso não acontecia e ele batia a moeda no metal, código de ônibus para abrir a porta, me oferecer para segurar pacotes, qual o lado da estação para esperar o trem, qual a calçada melhor para chegar em casa, tudo se aprende muito rápido quando se é uma criança e por isso mesmo que datas como essa do primeiro ônibus se perdem no tempo.

A de ontem vai se perder também para ele, a partir do segundo dia deixa de ser uma novidade e um rito de passagem, mas para mim não, como não se perdeu o dia em que recebi seu primeiro telefonema, ou quando o mais novo viajou sozinho pela primeira vez na excursão da escola e eu fiquei lá, olhando para dentro do ônibus tentando encontrar seus olhinhos assustados, e assustado estava eu, ou quando participou da apresentação de Natal do outro colégio, vivo colecionando esses primeiros dias, esses marcos que meio sem querer apontam para onde cada um vai.

Subimos no ônibus, ele passou seu bilhete no leitor da catraca eletrônica com certa desenvoltura, conferiu o valor debitado, calculou quantas viagens ainda poderia fazer, sentou, procurou demonstrar naturalidade, misturar-se à multidão. Trocamos uma ou outra observação, evitei ficar dando conselhos e dicas de como-se-dar-bem-como-usuário-de-transporte-coletivo-na-vila-de-São-Paulo-de-Piratininga, sua única dúvida foi sobre quando apertar o botão para solicitar a parada, algo simples, sem mistério. Uma moça observava a gente sorrindo, acho que entendeu a solenidade daquele momento. Talvez seu pai tenha feito o mesmo com ela um dia, não sei.

Chegamos no ponto final, a escola logo ali, fui até a porta com ele, ficou decidido que voltaria sozinho e que me avisaria pelo telefone quando terminasse a aula de futebol, quando entrasse no ônibus, quando descesse no ponto perto de casa, quando estivesse em segurança lá em cima, quatro telefonemas programados, pois, mas eles não foram necessários, dois resolveram, estou saindo, pai, já cheguei na praça, pai, passei um ponto, me confundi, mas está tudo bem, o ônibus estava vazio, por mim pode dispensar a perua amanhã mesmo.

O mundo passou a ser outro para ele desde ontem. A cada dia a dependência dos carros velhos do pai vai diminuir, aos poucos a descoberta das linhas e dos itinerários será como encontrar o caminho das Índias, uma reedição das Grandes Navegações, em pouco tempo acontecerá o mesmo com o mais novo e a cidade pouco segura e aprazível ganhará mais dois cidadãos que aos poucos vão se incorporar a ela, dela receberão as bênçãos e as tragédias em doses mais ou menos iguais, suas ruas e avenidas serão deles, e aos poucos vamos saindo de cena.

No que me diz respeito, deixarei dois bem melhores que eu, minha modesta contribuição à humanidade.

Descoberta

Aos curiosos de plantão:

Sabem aqueles radares do tipo “totem” – creio que tecnicamente conhecidos como “lombada eletrônica”?

Daqueles que registram visualmente a sua velocidade, normalmente com um limite de 40 a 50 km/h?

Então.

Eu sempre tive uma curiosidade imensa acerca de uma coisa…

E ontem, ainda que não fosse minha intenção, acabei descobrindo…

Ele tem três dígitos!

😕

Visita ao moribundo

Bem, como eu já havia dito lá no Face, apesar do frio constante (e gelado!) o Inverno se aproxima do fim…

E assim, já tendo até mesmo passado da hora de (re)começar a retomar velhos projetos, fui lá na casa d’O Pintor. Liguei, combinei e fui constatar o que eu já sabia. O carro não teve muita mudança não… Aliás, quase que nenhuma. Mas, como sempre digo, o combinado não é caro!

Expliquei-lhe toda minha situação atual e futura e que, doravante, irei procurá-lo com mais frequência. Pra que tenham uma ideia, sequer o endereço dele eu tinha! Ele até tentou engatar numa pseudo-justificativa do porquê não ter mexido no carro nos últimos meses. Garanti-lhe que não tinha problema nenhum. Mesmo. Passado é passado. Mas que agora eu estaria retomando as rédeas de minha própria vida e não poderia deixar pontas soltas, sendo que – vamos combinar? – o Opala seria uma bela duma enorme duma ponta solta, né?

Aliás, não posso deixar de dizer que me emocionei com a sinceridade dele. O rapaz é muito religioso e recentemente passou por alguns problemas de ordem conjugal, assim como eu. E ele foi muito franco e sincero ao dizer que estava muito feliz por eu estar superando meus perrengues com a Dona Patroa. Tem coisas que só o olho no olho podem explicar…

Mas, enfim. Como era de se esperar (e como sempre acaba acontecendo), o carro meio que virou depósito. Até uma árvore parece que nasceu ali do lado!

Bem, as fotos a seguir mostram isso…

Nesse meio tempo creio que vou resgatar e contar por aqui alguns causos que passei com o Poseidon…

😀

Furdúncio

Então.

Todos os links do Projeto 676 foram atualizados.

Todos os posts foram transferidos.

Todos os arquivos foram disponibilizados.

O Opala Adventure foi oficialmente “descontinuado”.

Todos os comentários foram unificados.

E o porquê do “furdúncio”?

É que todos os comentários pendentes foram liberados.

Mais de seis meses praticamente sem nenhuma escrevinhação deste que vos tecla.

Dezenas e dezenas que sequer foram ao ar.

E agora tá tudo aí.

E agora os responderei.

Um por um por um.

Pois ninguém merece ficar sem resposta.

E essa “revisão” será feita desde o primeiro até o último post.

E só então continuaremos nossa história…

Então, paciência meu povo!

E, por enquanto, já começando a acelerar na curva e com a costumeira derrapagem que isso proporciona, vou ficando e também compartilhando as palavras de minha excelente amiga de todas as horas, Ligia, que me brindou com essa futura tela aí de cima:

“Não desista dos seus sonhos…

Você corre atrás de uns…

Corra atrás de todos!”

Notícias do Front

18 de janeiro

Última vez que escrevi neste Diário de Guerra. O Opala 79 foi recolhido ao estaleiro para manutenção definitiva de seu casco. O preço combinado será acertado conforme vá sendo necessária a reposição de armamento nos estoques do armeiro-mestre (também conhecido como “O Pintor”). Tenho esperanças que, após essa batalha em especial, o conflito gerado por essa guerra esteja próximo do fim.

20 de janeiro

Foi necessária uma mudança estratégica. Devido às divergências verificadas no alto comando do lar fui obrigado a mudar para outra trincheira. Meus soldados (filhotes) ficaram sob o comando da General. Tive que abandonar todo o armamento de reposição do Opala, que ficou sob ferrenha guarda na garagem do bunker. Nas instalações dessa nova trincheira não há espaço suficiente para manutenção do veículo. Vou me virando.

1º de fevereiro

O armeiro-mestre pediu que lhe fizesse a primeira parte do pagamento. “O que é combinado não é caro” – eu sempre digo. Mas sou obrigado a admitir que esse pedido não veio em boa hora. Os recursos e mantimentos estão escassos nessa nova trincheira. Com isso tornam-se ainda mais profundos os ferimentos infligidos à minha conta-corrente. Tentei estancar esse derrame com empréstimos e malabarismos no pagamento das contas, mas sem muito efeito. O tom de vermelho se alastra cada vez mais e começo a ficar preocupado.

27 de fevereiro

Primeiro sinal de um armistício. Fomos, eu, a General e os pequenos soldados, almoçar todos juntos numa zona neutra, noutra cidade. O local: Engenho Velho,  em Santa Branca. O meio de locomoção foi o Corsa. Sem maiores conflitos, mas os soldados – ainda que não o demonstrem – parecem apreensivos. Na volta fico na minha trincheira. Preocupações inúmeras me passam pela cabeça. Concluo que preciso dar início a um fim nessa guerra.

13 de março

Nova tentativa de armistício. Todos juntos novamente, dessa vez para o Restaurante das Águas, em Igaratá. Meio de locomoção: Poseidon, a viatura também conhecida como Opala 90. Gentilezas e afabilidades durante todo o dia de negociação (até porque era aniversário da General). Mas ainda paira um clima tenso no ar. As questões referentes ao Opala 79 parecem nem existir. Continuo preocupado.

26 de março

Exércitos amigos (família) se reúnem para comemorar o aniversário do soldado mais novo, Jean. Assumo meu tradicional posto na artilharia da churrasqueira. Exagero no combustível. Tanta cerveja e cachaça afetaram minha mira e acabo atirando e acertando onde não devia. Comoção nos exércitos. Recolho-me à minha trincheira e rezo para um fim de tudo aquilo. Até porque não me lembro de nada. Todas negociações voltaram à estaca zero.

9 de abril

No meio dos combates, ao menos um alento. Grande desfile de máquinas de guerra de outrora (também conhecido como X Encontro de Veículos Antigos de Jacareí). Maravilhas de máquinas! Entretanto o céu foi inclemente e muitas delas foram abandonadas à própria sorte no meio da batalha das águas, numa vã tentativa de demonstrar seus atributos anfíbios. Nenhuma o tinha. É certo o seu recolhimento às docas e aos estaleiros para minimizar as avarias. Fico triste, mas compreendo que são perdas da guerra contra o tempo…

2 de maio

Meu aniversário. E eu aqui, solitário, ainda recolhido às trincheiras, sem notícias do Opala 79. Nem mesmo para novos pagamentos. Encontro com o armeiro-mestre e ele me garante que tudo está bem. Fico preocupado, mas confio. Até porque a conta-corrente ainda sangra. Ainda mais em dias frios.

4 dejunho

Pequena licença que me auto-impus nas altas paragens de São Francisco Xavier, para refrescar a cabeça.

24 de junho

Resolvi fugir do confronto. Munido do Poseidon, um tanto de coragem e mais nada, rumei para as devastadas plagas de São Luiz do Paraitinga. Realmente foi possível esquecer um pouco dos horrores da guerra, mas eis que as forças inimigas (inimigas?) conseguiram me localizar e providenciar minha dentenção. Amarguei horrores (sem cerveja) recolhido atrás das grades (da cadeia da festa junina). Traumatizei. Com muita lábia, experiência de guerra e perícia em geral (paguei dérreal pra sair) consegui abandonar aquele ambiente inóspito e peguei estrada de volta, camuflado pela madrugada. No dia seguinte verifiquei que o pára-choque do Poseidon estava totalmente amassado. “Bêbado é uma merda”, pensei.

30 de junho

Levei o Poseidon, verdadeira máquina de guerra, ao latoeiro para consertar o pára-choque, lataria e mais um pouco. Uma semana. Ficarei desarmado nesse meio tempo, a mercê de caronas alheias. Mais um pouco da conta-corrente que, certamente, irá sangrar. Tenso.

9 de julho

Missão especial à FLIP, em Paraty. Grande aventura na trilha de uma estrada interditada que não apresenta nenhuma condição de tráfego, a que faz ligação entre Cunha e Paraty. Dificuldades inomináveis. Detalhe: a viatura da missão era um Astra. Ainda assim, conseguimos o impossível. Sobrevivemos. E o veículo também.

30 de julho

Rendo-me ao inevitável. A batalha junto ao alto comando atingiu níveis insustentáveis. Sinto muito a falta de minha Tropinha de Elite. Negociei os termos de minha rendição. Por enquanto continuo em minha trincheira, mas com um possível e gradual retorno ao quartel. Entretanto as negociações (muitas vezes tensas) continuam, assim como tabém a guerra da reforma – esta sem trégua.

1º de agosto

Primeiras baixas. O pacto de rendição cobrou seu inevitável preço. Além de links que se perderam, caíram também o Facebook e o Twitter. O Orkut já tinha sido o primeiro a cair, antes mesmo da mudança de trincheiras. Aguento firme e me convenço de que será o melhor para o moral da tropa.

15 de agosto

Resolvo furar o bloqueio do silêncio imposto até então e mando notícias às Tropas Aliadas (outros opaleiros). Afinal tenho que ter um mínimo de consideração por aqueles que sempre estiveram do meu lado nas mais diversas fases das mais diversas batalhas dessa guerra. Manifestações de apoio e de apreço me dão ânimo pra continuar. Respiro fundo. O que tiver que ser, será.

20 de agosto

Acirrada negociação com o alto comando. Corpo a corpo inevitável. Pactuamos os termos finais da rendição. O desmanche da trincheira tem início.

22 de agosto

Acabo a decodificação de imagens do Projeto 676. Todas estão linkadas corretamente, o que importa na possibilidade de desvinculação do antigo – e ultrapassado – Opala Adventure. Com esse novo armamento à mão fico mais confiante. Ainda falta decodificar as mensagens do antigo para o novo (sessenta e cinco páginas de comentários), até porque muitas mensagens encaminhadas ao antigo precisam ser transpostas para o novo, bem como devidamente respondidas – por mais que o tempo tenha passado (nenhuma o foi nos últimos meses de conflito). Devo-lhes isso. A todas as Tropas Aliadas. Espero que tenham paciência. Ainda hoje começo.

Mas, sobretudo, acerca da reforma é preciso que saibam: a luta continua!!!

TÔ VIVO, TÔ VIVO, TÔ VIVO!!!!!

Muito bem rapaziada.

(E, também, gentis ladies que, de quando em quando, frequentam esta humilde oficina virtual…)

Só pra constar: NÃO MORRI.

Aliás, não se preocupem, pois não aconteceu nada pior ainda: também não abandonei O Projeto.

Nestes últimos tempos – Quanto? Sete meses! Táquiôspa! – minha vida rebuliçou comigo mesmo que vocês não têm ideia!

Separei, mudei, me aventurei (em vários sentidos), participei de exposição de antigomobilismo que ficou debaixo d’água, viajei com o Comodoro, bati, consertei, fiz a trilha Cunha-Paraty (NUM ASTRA!!!), fali, desfali, fechei blog, reabri blog, matei Orkut, Facebook, Twitter e todos seus parentes virtuais e afins, perdi todo o espaço da oficina (mas não as peças), me roubaram ferramentas e agora, pra completar, ando meio que me des-separando…

Mas, também nesse meio tempo, o Opalão 79 permaneceu lá no funileiro para as devidas reformas. Mais lentas do que eu gostaria. Mas, ao mesmo tempo, tão lentas quanto meu bolso permitiria…

Agradeço sinceramente (MESMO!!!) as mensagens preocupadas não só sobre minha pessoa mas, principalmente, quanto a esta nossa desventura d’O Projeto. TODAS foram lidas e estão bem guardadas – só não foram liberadas porque estou acertando as contas dos links aqui do blog (tanto o atual quanto o antigo – onde também tem um monte de mensagens para transpor pra cá), o que, agora que “peguei de jeito”, deve se dar em breve… ?

Aguardem notícias, então, ô cambada de maníacos opaleiros com ferrugem nas veias!!!

(Assim como eu, é lógico…)

😀