Ainda na UTI

E pra que ninguém duvide que com o novo membro da nossa Família Chevrolata eu talvez possa perder o foco deste blog – certo, Jayson? 😉 – ainda hoje pela manhã eu passei na oficina para dar uma olhada nas barcas.

Quase tudo igual.

Pelo menos manobrou os carros para outra posição…

Mas, sem problema, eu já sabia que haviam outros “pacientes” na frente.

Quando efetivamente o mecânico começar a cirurgia vou ver se consigo algumas fotos…

Família Chevrolata

Bem, ameacei, ameacei e acabei cumprindo a promessa!

Temos mais um membro na nossa família Chevrolata!

Além do 79 e do Titanic II – que estão na UTI para um transplante de motores – temos também um Corsa (também conhecido como o único “carro de verdade” aqui em casa) e, agora, também um Chevette 90.

Vi o carro na feirinha de praxe, localizei os podrinhos costumeiros (mesmos locais dos Opalas), ouvi o motorzinho 1.6 ronronando, gostei, regateei, dei uma chorada pro som vir junto, fui pra casa, pensei, pesquisei preço, chequei documentos e, enfim, fechei negócio!

Assim, nesta quinta-feira causticante, com o já tradicional contrato de compra e venda de veículo devidamente preenchido passei a ser o feliz proprietário de um Chevette SL 1.6 1990 cinza (mas pra mim parece algum tipo de azul).

Tudo bem que tem alguns perrenguezinhos pra acertar – mas qual veículo com seus quase vinte anos não teria? A placa tá bem apagada, o marcador de combustível não tá marcando direito (o que me valeu um tanque cheinho, pois o dono anterior achou que tinha menos que meio tanque), as catracas dos cintos de segurança não estão funcionando (e, dado meu histórico, pra mim cinto é imprescindível) e pretendo unificar as chaves de contato, portas e porta-malas.

Ressalvado isso, fora o fato de o banco ficar lááááááá na frente (foda para meus 1,90m de altura), o carro tá uma belezinha.

Até a Dona Patroa gostou…

UFA!!!

Carga lenta

É o que vou precisar fazer com a bateria do 79.

Nem com os famosos cabos de bateria para bateria ele tinha força suficiente para rodar o motor.

É que tenho deixado de lado o compromisso que assumi – não só o de ligar o carro todo final de semana, como o da própria reforma em si. E isso me corrói o coração…

Ou seja, tenho que retirar a danada da bateria e das duas uma: ou levo para alguma autoelétrica dar carga lenta (normalmente leva 24 horas) ou dou um jeito de arranjar a aparelhagem que faça isso.

E, no Titanic II, o sexto cilindro ainda falhando…

Massagem cardíaca

Aproveitando o domingão, bem como o fato de que já há um bom tempo não dou partida no 79 (pois arriou a bateria), resolvi fazer o motor do danado dar uns giros.

Aliás só o fiz porque já estava “brincando” com a lambreta de um amigo meu – ele diz que é uma Honda Biz, mas aquilo para mim é uma lambreta – e troquei a relação, o óleo e comprei gasolina para dar um tranco e também fazê-la funcionar (já fazia uns bons meses que ela estava parada lá na garagem de casa).

Mas, voltando ao 79, coloquei alguns litros no tanque, tirei aquela pipoqueira do filtro de ar e despejei mais um pouquinho de gasolina ali também. Coloquei água no radiador (estava seco) e engatei os cabos na bateria do Titanic II para dar a partida.

Rosnou um pouco, rateou, engasgou e, de repente… uma labareda de meio metro subiu do carburador!!!

Puta susto!!!

Insisti mais um pouco e pronto.

Suave e contínuo como um relógio.

Deixei-o funcionando por uns dez minutos – mas ainda não foi suficiente para “reabastecer” a bateria.

Só preciso me lembrar de dar uma boa carga nela pra não ter que montar todo esse circo novamente…

Em tempo: segundo meu consultor mecânico de todas as horas, Seo Bento (vulgo meu pai), essa labareda provavelmente deve ter se formado porque talvez o motor esteja um pouquinho adiantado, de modo que a faísca “subiu” pelo carburador. Esquisito. Mas ainda assim faz algum sentido.

E a fera voltou a rugir!

É chegado o dia!

O 79 haverá de voltar a rugir!

Atos preparatórios: comprei uns cinco litros de gasolina para colocar no tanque, pois, após tantos meses, certamente evaporou o que havia restado por lá (o que já não era muita coisa). Também comprei uns dois litros de óleo para o motor (nem sei o atual estado).

Aliás, tudo isso só porque o nó cego do japonês da autoelétrica “encontrou” a peça que faltava do motor de arranque…

Vejam só o que faltava:

Primeiro passo: acabar de fixar o motor de arranque no bloco do motor.

Já começou bem.

Acontece que são dois parafusos e só tinha um com a peça. O negócio foi procurar na tranqueirada da “oficina” outro que tivesse a mesma medida e o mesmo “passo” (a distância entre as voltas de cada rosca). Encontrei um que serviria, porém seu comprimento era cerca de um centímetro maior. Paciência. E lá foram calços. Até porque a fixação do motor de arranque seria somente para funcionar o carro de vez em quando mesmo, pois, com essa reforma, nem que eu quisesse teria como sair com ele.

Com a chave de 1/2″ fixei tudo como deveria estar. Chequei embaixo do carro. Tudo firme. Os parafusos lá são de 14mm. Eis o resultado:

Tosco.

Mas firme.

Passei para o óleo.

Pela vareta estava até acima do “cheio”! Bem, afinal o que é que devia esperar? Que o óleo evaporasse? Mesmo assim dei uma conferida na viscosidade. Tudo ok. Estava bom ainda.

Bão, água eu já sabia que evaporava! Portanto tasquei uns três litros d’água no radiador.

Ainda faltava colocar a bateria – que, lógico, estava pra lá de arriada. Nada que uma boa conexão direta com outra bateria não resolvesse – desculpem, mas não sou nem um pouco amigo de usar a palavra “chupeta” se eu for o sujeito ativo…

Coloquei a bateria. Conectei os cabos. Primeira tentativa e… nada.

Ingenuamente achei que a bateria devia estar totalmente descarregada e por isso não funcionou. Como eu já havia comprado uma bateria nova (falei sobre isso aqui), tinha duas sobressalentes. Troquei-as, colocando a antiga do Titanic II. Tentei novamente e… nada.

Massss… Péraê! Se eu estava com os cabos da outra bateria conectados não faria sentido o motor não dar nem sinal. Ainda que indiretamente, tanto voltagem quanto amperagem tinha por ali! Assim deveria ainda estar faltando algo…

Fucei um pouco mais nas conexões do motor de arranque e descobri um fio solto vindo da bobina!

AH-HÁ!!!

Como não tinha nem a mais afastada ideia do pra quê serviria esse fio, consultei o oráculo mais próximo: Seo Bento, vulgo meu pai.

Ele me explicou que a bobina (em tese) não deveria ter nada com isso. O motor de arranque se baseia no funcionamento elétrico do solenóide (aquela peça cilíndrica sobre o motor de arranque – que também é cilíndrico). No solenóide teríamos três pontos de conexão: o cabo grosso que vai direto para o polo positivo da bateria, um fio mais fino que se conectaria no motor de arranque e um terceiro, também fino, ligado à chave de partida.

Assim, sugeriu que eu fizesse um teste, conectando diretamente o terminal do motor e o da chave de partida. Se estivesse passando corrente normalmente iria dar um sinal, sendo provável que até mesmo o arranque já funcionasse.

Resolvi fazer o teste, antes, no Titanic II. Peguei uma chave de fenda das graúdas e fiz o contato direto entre os dois parafusos.

Putaquepariucaralhocu!!!

Que susto!

Além da faísca o motor deu um tranco enorme, ameaçando ligar…

Resolvi repetir a operação no 79 (ainda preciso batizá-lo…), identifiquei os parafusos que deveriam servir de contato, coloquei a chave de fenda em posição, encostei e… nada.

Nesse meio tempo, pela poça d’água que se formou no chão, descobri que o radiador estava vazando.

Merda.

Joguei a toalha.

Na dúvida entre saber o quê conectar e onde conectar, com o sério risco de ligar o que não devia onde não podia, chamei meu pai para tomar um café em casa e “aproveitar” para me dar uma mão (detalhe: ele mora do outro lado da cidade). Topou. Ótimo!

Ao chegar a primeira coisa que testou foi o próprio motor de arranque com aquela chave de fenda graúda. Ameaçou funcionar! Mas como? É que a besta que vos escreve identificou os parafusos errados, de modo que não iria funcionar nem no dia de São Nunca…

Mesmo assim, tirando um dos cabos de vela e aproximando-o da carcaça, percebeu que não estava soltando faísca. Algo errado aí.

Abrimos o distribuidor para ter acesso ao platinado. Enconstou a chave pela borda externa do platinado para verificar se a corrente estaria sendo transmitida. Saltou uma bela duma faísca da ponta do cabo! Tiramos o platinado, e com uma lixa d’água (nº 280, a única que eu tinha) foi dada uma lixadinha nos contatos do bichinho. Com tudo de volta no lugar, bastou um novo teste para ver que a faísca agora estava passando.

De volta ao motor de arranque, eu NUNCA iria conseguir fazê-lo funcionar, pois um dos terminais estava arrebentado. Como eu não vi quando o danado foi desmontado para sustentar o Titanic II, também não sabia dessa gambiarra, ou seja, que o fio estava só enrolado no parafuso. Improvisamos um terminal com as peças e ferramentas que tínhamos à mão, conectamos no lugar certo, nova tentativa e… FUNCIONOU !!!!

Apesar de tudo, a aceleração não se manteve.

Fuçador do jeito que é (infinitamente mais do que eu), Seo Bento já resolveu desmontar o carburador, pois a bóia poderia estar colada após tanto tempo. Desmontado, tudo estava ok. Mesmo assim, para garantir o funcionamento, deu uma entortadinha na base, alterando a posição de fechamento da agulha. Tudo novamente montado, parafusos de ar e de combustível devidamente regulados, foi só dar a partida e pronto! Funcionando como um relógio!

Primeiro detalhe: A bateria que foi colocada funcionou perfeitamente sem a chupeta (credo, falei). Apesar de ela não conseguir segurar carga suficiente para rodar o seis cilindros, mesmo tendo ficado semanas (meses?) parada ainda assim ela estava funcionando bem com o quatro cilindros.

Segundo detalhe: Aquele fio solto da bobina na realidade teria uma explicação. Como o funcionamento do motor de arranque puxa recursos de todo o sistema elétrico do carro, diminuindo-os em demasia, muitas vezes é efetuada uma conexão direta entre o motor de arranque e a bobina (que já está cedendo recursos), de forma a retroalimentá-la durante a partida. Algo assim.

Bem, por fim posso assegurar que a fera voltou a rugir! E, para provar, eis um videozinho do danado. Apesar de feito à noite e do chiado no alto-falante, dá pra sentir bem sua performance…

Mais um tiquinho – antes que enferruje!

Uma vez lixadas as pequeninas partes referentes à porta – como podem ver aqui – faltava dar o fundo propriamente dito.

Aviso aos navegantes: jamais deixem para amanhã o que DEVEM fazer hoje. Apenas três dias nos separam da lixada e do fundo – e já foi mais que o suficiente para uma fina camada de ferrugem começar a recobrir os pontos já lixados e espelhados anteriormente. Paciência. Pelo menos dessa vez foi só dar uma lixadinha básica, bem de leve mesmo, e pronto!

Sim, eu sei que isso é quase nada se comparado à quantidade de coisas que ainda têm que ser feitas no carro, mas me comprometi a registrar aqui cada pequenino avanço, então não poderia deixar de fazê-lo, ok?

Aqui temos a parte da frente da porta, também já devidamente pintada com o fundo pertinente.

Vocês se lembram que eu tinha falado que a parte da maçaneta está meio afundada? Então. Desse ângulo dá pra ver um pouco melhor. É o tipo de detalhe de acabamento que – acho eu – terá que ficar por conta dos “martelinhos de ouro” da vida. Isso quando chegarmos lá na fase de pintura…