Novas peças velhas

Hoje fui num desmanche dar uma “fuçada” geral.

Esse desmanche em particular não gosto muito de ir, pois é daquele caboclo ruiiiiim de negócio que só vendo. Mas é o único que conheço (aqui por perto) que tem pelo menos três Opalas e duas Caravans de vários modelos desmontados e com as peças ainda ali, dando sopa.

A diferença é que dessa vez levei meus três filhotes comigo…

Acho que essa foi a parte mais “divertida” da coisa. Eles ficaram impressionados com aquele cemitério de carros, mas não deixaram de se divertir imaginando como seriam os veículos quando ainda estavam inteiros. Uns batidos, outros amassados, outros capotados e alguns até mesmo inteiros – mas já depenados. Conseguiram até encontrar uma Variant 74 igualzinha à do avô (meu pai) !

Mas, voltando ao assunto, achei (em parte) uma das coisas que estava procurando: um painel para o carro. Não que ele não tenha um, mas – como a maioria dos carros que já vi com o painel de 75 a 79 – seu painel está quebrado ali naquela volta perto de onde iria o rádio, logo abaixo dos controles de entrada de ar. E, como se isso já não bastasse, ele é todo marron, e eu pretendo alterar a cor interna do carro, de modo que estava atrás de um painel preto.

Digo que encontrei em parte o que queria porque o painel que comprei é preto, tendo, inclusive, vindo com o porta-luvas completo. Mas faltam as gradezinhas redondas de controle de entrada de ar, bem como eu gostaria de um que também tivesse o conta-giros. Bem no estilão da foto do final deste texto. Mas tudo bem. Cada coisa a seu tempo. Por enquanto já consegui algo – depois eu vou aperfeiçoando o que falta.

O preço? Cento e trinta contos de réis. Tudo.

Não, não é meu… Foto meramente ilustrativa…

Um tiquinho de reforma

Dentre os inúmeros perrengues que o Titanic II vem me dando e aliado lá ao meu trabalho que tem me tomado quase todo o tempo útil, não só à noite como até mesmo nos finais de semana, não tem sobrado muitas horas vagas para conseguir dar continuidade à “obra”.

Mas… bem, vocês sabem. Jamais desisto. Demoro, enrolo, enrosco, risco, cisco, belisco. Mas NÃO desisto.

Assim hoje só consegui começar a dar uma guaribadinha na porta do lado esquerdo (motorista)…

Bem, para isso desmontei completamente a porta, ou seja, removi as máquinas dos vidros, o quebra-vento, maçaneta, etc, etc, etc. Um detalhe interessante (que nem eu sabia) essa peça que vocês podem ver aí em cima é onde vai fixada a fechadura do carro – não a da porta, mas da parte fixa. Esse ângulo esquisito é de dentro da abertura do vidro traseiro. Notem que essa peça, ainda que presa na lataria, possui uma certa mobilidade que é para poder ajustar a fechadura.

Bão, e esse ângulo mais esquisito ainda é de dentro da porta do motorista. Sim, tive que enfiar a máquina fotográfica por um dos buracos da porta e ir tentando até que saísse uma foto que prestasse (mais ou menos). Esses furos sinalizados correspondem à fechadura, sendo a parte da chave (I) e a outra ponta (II). E a pergunta que não quer calar: como tirar a bendita fechadura? Fácil. Na parte interna da porta, ali onde se dá o “clique” da fechadura, tem uma espécie de chapinha – na realidade é a ponta de uma longa chapa em “L”. Basta colocar uma chave de fenda reforçada ali e fazer uma alavanca que a fechadura se solta quase que sozinha. Aquela parte ali, toda enferrujada (entre I e II), nada mais é que o trilho por onde corre essa chapa em “L” e faz a trava da fechadura. Sei que é confuso, mas se alguém não entender me avise que dou um jeito de repetir a dose mais didaticamente – pois fazer é mais fácil que explicar…

Aqui temos a parte onde efetivamente corre o vidro da porta, onde costuma ficar aquela proteção de borracha para que a água não entre. Dá pra ver que a ferrugem meio que estufou um pouco o metal, mas nada que comprometa a integridade da reforma.

Aliás, em termos de integridade – e não me canso de falar sobre isso – ainda que todo desmontado dá pra ver que o alinhamento continua existindo…

Com tudo desmontado, além dos detalhes gerais por toda a volta da porta, foram apenas três os pontos específicos da “lida” de hoje.

Em primeiro lugar a própria quina da porta, que (suspeito) durante anos a fio foi machucada pegando e raspando no pára-lama dianteiro.

Em segundo lugar o local onde vai o espelho retrovisor, que parecia um par de espinhas de tão saltado que estava. É aquele negócio do caboclo colocar o retrovisor com um parafuso de rosca soberba e ir apertando, apertando, apertando, até não dar mais – sendo que nem precisava de tanto. Deu firmeza, tá bom. Ou seja, antes mesmo de dar um trato na lata, com a ajuda de um bom martelo de superfície chata – juntamente com um apoio por dentro – consegui devolver (um pouco) os furos à posição normal.

E, em terceiro lugar, o próprio local da fechadura também foi tratado com carinho. Nesse caso, depois de tirada a fechadura, pude perceber que toda aquela região está um pouco afundada – provavelmente fruto de, por muito tempo, terem que dar porrada para fechar a porta do carro. Um pouco consegui acertar, mas a sintonia fina – com certeza – ficará a cargo do futuro pintor.

Adeus à Parati

Já ia quase me esquecendo de avisar: finalmente vendemos a Parati.

Abaixo da tabela, é lógico. O mercado tá phowwdas

Segue o adeus fotográfico…


Dianteira, no ângulo.


Traseira, no ângulo.


Interior, na frente.


Interior, atrás.


Frente.


Traseira.


Lateral.


Dona Patroa, posando para sua última foto com o carro…

Elevando o nível da coisa

Então.

Depois de longo (põe longo nisso) e tenebroso (MUITO tenebroso) inverno, eis que FINALMENTE volto a cuidar com maior regularidade de meu tão querido carrinho (sim, isso é um eufemismo).

Sei que meses já se passaram desde meus últimos cuidados, mas somente agora estou conseguindo reorganizar meu tempo para voltar à ativa. Assim, nada de grandioso foi feito. Apenas procurei tirá-lo um pouco da inércia, mudando sua posição na garagem (antes que os pneus começassem a ficar deformados). Isso feito, coloquei em prática uma ideia que meu pai já havia dado há muito tempo: elevar o nível do carro para facilitar o trabalho.

Como não tenho aqueles suportes que o povo usa para tirar o veículo do chão – nem tampouco pretendo gastar dinheiro com isso (pelo menos não agora) – a saída brasileira foi aproveitar três antigos aros de um fusca que eu havia deixado na casa de meu pai (os aros, não o fusca), juntamente com o estepe do próprio Opala, e levantar o caboclo alguns centímetros do chão.

Sei que não é muito. Mas garanto: já ajuda bastante no trato da lata. Seguem as fotos do “troféu”…

Início da retomada

E lá vamos nós, novamente!

Vocês devem saber que não basta apenas trabalhar na lataria do carro; há que se manter tudo devidamente limpo e organizado para que possamos – no mínimo – encontrar aquelas mesmas peças que desmontamos antes.

E, olhando bem para minha garagem… Putz! Que zona!

Mesmo assim é hora de colocar ordem na casa e jogar fora TUDO que não será mais necessário. Aqueles pedacinhos de metal retorcido que você tirou quando da desmontagem? Lixo. Pedaços de papelão de forração que você tinha intenção de tirar o modelo antes de jogar fora? Lixo. Porcas e parafusos retorcidos que você sequer lembra de onde são? Lixo.

Aliás, falando em porcas e parafusos, aí vai uma lição para vocês, jovens padawans que se meterem a desmontar seu Opala: marquem tudo na hora da desmontagem. Não importa o quanto trabalho dê. Marquem. Experiência própria. Eu tinha muitas e muitas caixinhas, todas com as porcas, parafusos e arruelas devidamente separados. Mas não catalogados. Conclusão? Acabei por colocar tudo numa grande caixa, pois, depois de tantos meses, não tenho nem ideia de onde exatamente cada um saiu…

Pois bem, agora com a garagem limpa, organizada – inclusive minha própria modesta gaveta de ferramentas, na qual finalmente coloquei um separador – as coisas se tornam mais fáceis de administrar. Até prateleiras eu coloquei! E ainda aproveitei uns garrafões d’água de 20 litros vencidos (sim, a validade daquela porcaria vence), cortei-os e fiz de depósitos distintos para restos de metal, plásticos e genéricos. Afinal não é porque sou doido de pedra em tentar ser um opaleiro que eu não preciso ser ecologicamente correto, certo?

Tudo isso foi muito bom para, inclusive, eu verificar tanto ferramentas que preciso comprar a curto prazo, bem como peças que precisarei procurar em desmanches a médio e longo prazo…


Todo o lado direito da garagem finalmente reorganizado.


Ferramentas e tintas no meio, peças e miudezas à direita.


Peças graúdas à esquerda e garrafões para lixo reciclável.


Praticamente um carro inteiro nesse cantinho…


Parte principal de minha modesta “coleção”.


Lado esquerdo da garagem com suas quinquilharias.

Agora são dois!

Pois é.

Agora é oficial.

Sou o feliz proprietário de dois Opalas.

O 79, que vocês já conhecem, ainda está na UTI.

O 76, que você ainda irão conhecer, foi deixado primeiramente no nobre mecânico de confiança deste que vos escreve para uma checada básica (tá, talvez um pouco mais a fundo que isso) principalmente na suspensão, freios, parte elétrica e carburador.

Particularmente o freio estava assim meio que assassino. Bastava dar uma brecada mais forte que o danado puxava violentamente para a esquerda.

Mas deixemos esses detalhes para quem entende.

Como não tenho nenhuma pressa (nem dinheiro) para pegar o carro rapidinho, por enquanto vai ficar uns dias lá no mecânico. Depois de pronto farei uma “sessão de fotos” dele.

Mas é indescritível o prazer da puxada violenta de um seis canecos. Ainda mais com o escapamento meio aberto…

O passo mais difícil

Uma vez que a documentação do carro parecia estar toda em ordem, restaria saber se iria dar negócio. Afinal de contas a moto ainda não tinha sido vista pela outra parte…

Aproveitei o horário de almoço e lá fui eu. Coisa de uns vinte, sei lá, trinta quilômetros depois, o caboclo estava dando uma olhada, botando defeito (faz parte de qualquer compra e venda), avaliando, pensando e… pronto! Concordou. Só tinha que perguntar para o primo dele, verdadeiro dono do carro, lá em Minas, se ele aceitava.

– Bem, tá certo. Mesmo assim, antes de bater o martelo, ainda falta eu verificar mais um detalhe importantíssimo. Mais tardar amanhã eu te ligo para informar, certo? Enquanto isso você vai vendo o resto dessa parada lá com seu primo.

Já em casa, à noitinha, criançada brincando, eu e a Dona Patroa na varanda, olhando para uma verdejante mata que tem em frente de casa, tomando um vinhozinho tinto, contei-lhe (com muita calma, sem pressa – quase que com indiferença) sobre o que pretendia.

Para minha supresa ela fez lá suas considerações, perguntou se realmente valeria a pena, se eu não conseguiria vender a moto por um preço melhor, e por aí afora.

Expliquei-lhe os perrengues de um mercado aquecido e com crédito, onde a oferta está bem maior que a demanda, e que um modelo meio que básico de moto não teria lá muita competitividade para venda num ambiente desses.

Por fim, ela acabou concordando. Até mais rápido do que eu previa. O passo mais difícil estava dado! Sua última frase foi a seguinte:

– Então tá. Tudo bem. Mas me diga só mais uma coisa: você tem certeza do que está fazendo?

Para seu espanto, ri com vontade. Gargalhei mesmo.

– Que é que foi, seu louco? Que graça é essa?

Respondi-lhe:

– Sabe o que é, amor? Se não me falha a memória, a última vez que você fez essa pergunta para mim já tem mais de dez anos. Foi no dia em que eu te pedi em namoro…