Injeção Eletrônica Mono Ponto em motor 250S

No bom e velho espírito do compartilhamento, o amigo virtual Jayson – um de meus quase sete leitores (tá aumentando…) – me mandou nesta data de 10/10/08 um arquivo em PDF com o seguinte teor: “Matéria sobre a instalação de uma injeção eletrônica Mono Ponto (EFI) em um motor 250/S de seis cilindros”.

Sim, eu sei, o nomezinho é comprido, mas acreditem: a matéria é muito boa!

Ainda que o próprio nome dessa matéria já diga a que se propõe, o interessante é que ela vem com todo um detalhamento, desde valores de mercado das peças a serem utilizadas, suas alternativas comerciais, toda descrição técnica, muitas fotos e um linguajar bem leve e didático – cheio de dicas!

O arquivo, com o nome de “Instalando EFI em motor 250/S” encontra-se aí do lado, na sessão enfiado no Porta-Luvas e seu donwload pode ser feito também aqui.

Mais uma vez, valeu Jayson!!!

Motorizando – Parte I

Muito bem. Vamos contar um “causo” meio longo. O tema: como é que através dos tempos eu acabei por chegar nos bólidos opalísticos que hoje estão na minha garagem. As fotos a seguir (a maioria de meus arquivos e o restante da Internet) contam um pouco de minhas desventuras automobilísticas desde a mais tenra idade e, diga-se de passagem, faz um bom tempo que estou para escrever sobre isso…

Tudo começou com um bom e velho velocípede! E quando digo “velho”, é verdade! Meu pai, mecânico de caminhões na extinta Mecânica Rennó, arranjou um velocípede num ferro-velho e o reformou para mim. Creio que eu devia ter uns cinco ou seis anos de idade. Lembro-me vagamente dele – e que era vermelho. Não durou muito, pois na primeira capotada feia que eu dei – e por ter ficado desacordado – meu pai, num acesso de fúria, simplesmente destruiu o coitado. Curioso é que, muitos anos depois, a história se repetiria com meu filhote do meio, com cerca de dois a três anos, na mesma casa de meu pai, na mesma rampa, só que, em vez de desacordado o pobrezinho perdeu alguns dentes de leite… Meu pai também destruiu – com muita raiva – a totoca que o derrubou… Creio que a foto a seguir (que achei na Internet) deva ser bem parecida com o que me lembro dele (antigamente não tínhamos costume de tirar fotos como hoje).

Depois disso fiquei, literalmente, a pé durante toda minha infância – apesar de meus constantes protestos por querer um daqueles jipes de lata com pedais (sonho infantil de consumo). Infelizmente o preço do danado, mesmo usado, era proibitivo para nossas condições à época.

Passados muitos anos, já na minha adolescência, uma das primeiras brigas (feias) que tive com meu pai foi por causa de uma bicicleta velha – especificamente uma Monareta aro 20 (não, não aquela motoquinha lançada anos depois – era uma bicicleta mesmo). Acontece que eu queria porque queria uma bicicleta e meu pai achava que do alto de meus 11 anos eu não tivesse maturidade o suficiente para andar numa por aí. Que fez o Jamanta aqui? Fui trabalhar numa bicicletaria, juntei uma graninha e comprei uma bicicleta caindo aos pedaços. Depois de uma acalorada discussão a bicicleta acabou ficando em casa. Sua primeira reforma foi feita pelo meu irmão do meio – que, como “pagamento”, a usava para ir à escola. Algum tempo depois, com o pagamento semanal da bicicletaria (que eu pegava em peças) somado a mais um ou outro rolinho que eu fazia aqui e ali, não demorou muito para que eu fizesse uma bela duma reforma, adaptando-a a meu gosto (da época). Serrei o quadro para tirar o bagageiro, instalei cinco marchas, inventei uma alavanca para o guidão (comum nos dias de hoje), instalei um selim anatômico (da antiga Caloi 10), garfo telescópico da Brandani 26, guidão da Ceci e pedais da Caloicross. Essa bicicleta era ótima para empinar. Eu a chamava carinhosamente de Matilde

Anos depois, ficando valente, alterei seu quadro, encomprindando-o, e a transformei numa aro 26 estilo chopper (pra horror do meu pai). Até hoje não entendo por qual motivo a vendi. Não precisava. E até mesmo gostava do estilão dela…

Pois bem. Mais ou menos à mesma época, quando estava começando a despontar o bicicross na molecada, dei um jeito de arranjar uma bicicleta desse tipo para mim. O preço de uma Caloicross “de verdade” era proibitivo – mesmo usada (e a vida dá voltas…), então, com meus rolos acabei conseguindo uma BMX. Era como uma caloicross mas com acessórios que foram imediatamente dispensados, tais como os pára-lamas, as laterais, o banco e – especialmente – o tanquinho. A merda era o maldito freio contra-pedal. Bastava descuidar que brecava. Empinar, então, nem pensar! Eis uma foto baixada de uma dessas para que tenham uma idéia.

Então eu estava crescendo. E as bicicletas ficando pequenas. Resolvi arranjar uma graúda – e consegui uma Barra Circular, da Monark. Devidamente depenada, troquei seu guidão, sistema varetado de freios, instalei cinco marchas, selim anatômico e fiquei famoso no bairro por ser o bão das empinadas! Tão bom que acabei partindo o quadro da bicicleta ao meio, bem como destruindo seu garfo. Eis mais uma “foto ilustrativa” para que saibam como era a tal da bicicleta.

Mas isso não fez com que eu desistisse. Procurei uma bicicleta mais robusta. Dessa vez uma Barra Forte, da Caloi. Reforcei seu quadro, instalei dez marchas, inventei um sistema de frenagem dupla para a roda traseira e carreguei muitas meninas no exclusivíssimo assento almofadado do quadro… E me especializei na arte de empinar, só perdendo para um camaradinha mais doido que eu à época – o já falecido Nelil…

Minha primeira tentativa de me motorizar foi com uma Garelli (mais um dos frutos de meus intermináveis rolos). No final das contas o motor dela nunca funcionou e acabei transformando-a numa bicicleta. A seguir, um exemplo de como ela era.

Mas, no afã de ter um veículo motorizado, eis que finalmente consegui chegar onde eu queria! Ou pelo menos tão próximo quanto poderia. Uma Mobylette! Tá, já era velha mesmo pr’aquela época – mas e daí? Funcionava direitinho! Me diverti muito com ela e com os amigos nos finais de semana, esmerilhando a bichinha pelas ruas do bairro. E, lógico, de maneira mais bem comportada, indo para escola também – já no colegial, agora. Mas como tudo que é bom dura pouco, num belo dia fui parado num comando. E, ainda que naqueles tempos não fosse obrigatório o uso de capacete, a necessidade de habilitação o era. E lá se foi a coitada para o pátio. E multa. E bronca. E depenação. E desgosto. E, por fim, troquei-a num rádio dois-e-um da Sanyo. Segue outra foto ilustrativa (da Mobil, não do rádio).

Bem, o passo seguinte foi sair do adolescente mundo das bicicletas e passar para a vida adulta das motos e carros. Mas isso fica pra outro dia…

Parte II ->

No box

Mais uma vez lá vai o carro para o box…

Além da questão da hélice, parece-me que o motor continua falhando um pouco (ainda não tá beeeeeem redondo) e baixando muito rápido a água. Um litro por semana. Na minha concepção, inadmissível!

A recomendação que ficou para o mecânico: se não for imprescindível trocar, se não for absolutamente necessário, se não for caso de vida ou morte, então, pelamordeDeus, não troque!!!

Minhas finanças já chegaram bem perto da linha vermelha e não posso me dar ao luxo de fazer mais uma reforma dentro da reforma…

Esmigalhando

Dever cumprido.

Eleição encerrada.

Com mais de 95% do total de urnas apuradas o quadro se tornou pra lá de irreversível.

Apesar da tentação de ficar no boteco com todo o povo que deu o sangue na campanha para a comemoração final, o cansaço finalmente se fez presente, junto com uma imensa saudade do aconchego do lar, do carinho da Dona Patroa e da alegria onipresente dos meus três filhotes – não necessariamente nessa ordem…

Despedi-me de todos, fui até o bom e velho (talvez mais velho que bom) Titanic II e, sob uma fina garoa, dei a partida nos seis canecos, rumo ao lar, para o merecido descanso do guerreiro.

Coisa de umas três quadras depois, numa curva, ouço um barulho:

TRÉÉEC-TÉC-TÉC-TÉC-TRRRRRRÉC-TÉC…

O coração vem à boca!

Parei o carro.

Acelerei.

Tudo suave.

Acelerei fundo.

Tranquilo.

Ressabiado, engatei a primeira e segui caminho. Uns três quilômetros depois, novamente o barulho. Mais forte agora.

Encostei rapidamente o carro, abri o capô e, numa rápida inspeção visual, tudo parecia em ordem. Superaquecimento não poderia ser. Além de não fazer mais que poucos minutos que eu havia ligado o carro, tinha água suficiente no radiador e a noite estava fria e chuvosa. Direto pelo carburador acelerei fundo o carro. Nada. Tudo certo.

Diacho!

Novamente tomei o rumo de casa, dessa vez decidido a não parar.

Não demorou muito, e já na mal iluminada estrada velha (aquela sem acostamento, lembram?) voltou o maldito barulho com toda a força. Acelerei. O torque parecia normal. Mas aquele barulho horrível de esmigalhamento não cedia. Continuei.

Será que a desventura de ontem, com a fervura desse caldeirão, acabou deixando sequelas piores que as que eu podia imaginar? Na minha cabeça pensei em pedaços dos anéis se destroçando e esmigalhando todo o conjunto interno da mecânica, riscando a camisa e marcando o pistão.

Diminui a marcha e continuei firme.

Já tinha começado até a fazer planos – ainda que não fosse o momento – de tirar o motor quatro cilindros do 79 e passar para o Titanic II, enquanto deixaria o seis cilindros no chão da garagem aguardando tempo ($$$) para que fosse reconstruído. Certamente não sobraria uma peça inteira dentro dele quando eu chegasse em casa!

Quase na divisa das cidades, não aguentei mais toda aquela barulheira. Num dos raros pontos iluminados do caminho (na entrada de um super-hiper-ultra-mega-blaster-advanced-plus condomínio de luxo), parei o carro sob uma chuva torrencial e novamente levantei o capô. As gotas d’água ferviam qual ovo na chapa ao pingar no motor. Mais uma vez pelo carburador acelerei fundo o carro e descobri a causa do barulho!

O radiador havia se soltado e estava literalmente ralando a hélice!!!

Desliguei o carro e dei um jeito de travar o radiador de volta no lugar. Olhei o estado da hélice. Lastimável. Ainda estava inteira, mas com várias pontas quebradas e danificadas. Liguei o carro de novo e fui checar. Pelo menos não empenou.

Retomei o rumo de casa bem mais aliviado, sabendo que, pelo menos dessa vez, o conserto não ficaria tão caro.

Pelo menos é o que espero…

Carreata

Quatro de outubro.

Véspera das eleições.

Pra quem ainda não sabe trabalho no departamento jurídico de uma prefeitura no município vizinho ao da minha cidade, no interior de São Paulo. A disputa eleitoral, segundo as “pesquisas oficiais”, está bem acirrada (já falei o que penso sobre essa história de pesquisas bem aqui e aqui). O candidato do atual prefeito (que tem meu apoio) estaria “tecnicamente empatado” com o seu maior rival na disputa, havendo um terceiro candidato posicionado bem lá atrás e, ainda, um quarto, que, segundo penso, não deve conseguir votos suficientes nem pra se eleger vereador.

Daí, como forma de apoio, ficou agendado uma carreata para este sábado, logo depois do almoço.

Na parte da manhã resolvi dar um giro pela cidade com o Titanic II, até porque tem um adesivo do candidato que ocupa completamente o vidro traseiro do carro – daí já dá pra imaginar seu impacto visual. Se o Opalão 76 por si só já chama a atenção, com um adesivo do tamanho de uma semana então, nem se diga! Isso fora que este contador de causos que vos escreve ainda tem por costume o constante uso de chapéu – o que já me rendeu ser chamado desde Almir Sater até mesmo Indiana Jones e por aí afora.

Com um trânsito atravancado e cheio de bandeiraços espalhados pela cidade fui que fui queimando embreagem durante todo o percurso, sendo que, apesar de todos os vidros abaixados, estava passando por um calor infernal sob um sol de rachar coquinho. Parei no boteco’s bar de uma amiga pra uma cervejinha de praxe (não, não precisa “olhar” o carro não que já, já que eu volto) e depois segui meu caminho. Fui em alguns outros lugares e depois resolvi parar numa padaria pra um lanche, pouco antes do horário marcado pra carreata.

O carro estava meio amarrado e achei aquilo estranho.

Quando finalmente consegui parar resolvi dar uma olhada no motor. Apesar da tampa do radiador estar em seu devido lugar, esguichava água fervente pelo respiro e frestas (que não deveriam existir). O motor numa quentura só. E a porra do marcador de temperatua sem sair do lugar!!!

O “triste” é que nesse mesmo dia, logo pela manhã, eu havia telefonado pro mecânico para elogiá-lo, pois tudo estava funcionando bem. Que merda!

Deixei o capô aberto (pra refrescar) e fui tomar meu lanche.

Mais tarde, com o motor já melhorzinho, completei o nível d’água e fui para o ponto de encontro da carreata.

Muita conversa, bastante alegria, não demorou muito e lá fomos nós. Sem brincadeira nenhuma, com certeza mais de cem carros! O pior é que outros dois candidatos a prefeito tiveram a mesma ideia para o mesmo horário! Olha, a cidade que já não é lá muito grande (uns 140 mil eleitores) ficou tomada com aquelas serpentes de carros transitando cada qual para um lado.

Depois de mais ou menos uma hora, vítima das cervejas que havia consumido, já ficando meio verde pelo aperto, fui obrigado a fazer uma, digamos, “parada hidráulica”. Estacionei num posto de gasolina (com o motor já bem quente de novo) e fui pra casinha. Alguns bons minutos depois, já aliviado, voltei para o carro enquanto via os últimos veículos da carreata passarem, enquanto que vários outros carros do outro candidato tinham também parado no mesmo posto. Antevendo um ambiente não muito salutar à minha integridade física, baixei o capô, entrei no carro, apertei o cinto e… CADÊ A PORRA DA CHAVE???

Parei pra pensar.

Refiz meus passos – não só mentalmente como fisicamente – procurei nos bolsos, olhei dentro do carro, debaixo do carro, sob os tapetes, fui no banheiro, saí do banheiro, olhei num gramado, e NADA!

Foi aí que percebi os putos dos caboclos da outra carreata olhando pra mim e rindo a valer. Daí caiu a ficha. Sem perceber eu devo ter derrubado a chave e eles devem ter escondido. E agora José?

Munido mais de persistência que de conhecimento ou bom senso, no melhor estilo McGyver, saquei de meu canivete e um bom tempo depois, a custo de um tambor de ignição, consegui fazer o carro pegar.

Imaginem meu estado de espírito naquele momento. Imaginem o quanto eu estava suando. Imaginem o quanto eu estava puto da vida. Imaginem por quanto tempo os pneus de um Opala seis canecos podem queimar no asfalto e quanto um carro pode rabear numa fenomenal decolagem daquele maldito posto de gasolina, passando a centímetros dos carros estacionados e vendo o sorriso da cara daqueles chifrudos murcharem enquanto pulavam fora de meu caminho.

Acho que só voltei a raciocinar umas dez quadras depois.

Liguei para saber onde o povo estava. Literalmente do outro lado da cidade. Busquei mentalmente um ponto de interceptação em uma das ruas onde eles ainda fossem passar e fui pra lá. Levou mais uma meia hora, mas chegaram e ficaram com uma interrogação enorme querendo saber como foi que eu passei à frente de todo mundo sem que percebessem…

Melhor deixar pra lá.

Um dia, quem sabe, eu explico.