( Publicado originalmente no e-zine CTRL-C nº 04, de fevereiro/2003 )
Acho que todos conhecem a malfadada “Lei de Murphy”. É aquela que tem como premissa básica que “Tudo o que puder dar errado, dará”. Vários livros foram editados sobre o assunto, estendendo suas definições para as mais variadas áreas de atuação.
Temos, por exemplo, a clássica situação das filas: se você estiver numa fila, a do lado certamente estará andando mais rápido; mas caso resolva mudar de fila, aquela em que você entrou certamente passará a andar devagar, enquanto que a anterior começará a fluir. É a manifestação da Lei: “A fila do lado sempre anda mais rápido”. A Lei de Murphy, na minha opinião é tão complexa que se você tentar tirar benefício dela, dará com os burros n’água. No exemplo citado, caso você resolva ficar na mesma fila aguardando a aplicação tácita da Lei de Murphy, com certeza ela não ocorrerá, de modo que sua fila não sairá do lugar…
E em informática então? Basta não salvar o arquivo em que está trabalhando para aumentar as chances de ocorrer um travamento. Como dita a Lei: “A possibilidade de algo sair errado é diretamente proporcional ao tamanho do prejuízo”.
É a verdadeira Teoria do Caos materializada!
Mas, afinal de contas, de onde surgiu tudo isso? Existiu mesmo um tal de Murphy que deu início a esse conceito? A resposta é SIM!
O nome correto é Edward A. Murphy Jr, engenheiro, nascido em 1917, sendo que no final dos anos 40 trabalhava como pesquisador e chefe de desenvolvimento em Wright-Patterson, base da Força Aérea localizada em Dayton, Ohio, Estados Unidos.
Nessa época desenvolvia um projeto – o USAF MX-981 – cujo intuito era testar os limites da tolerância humana às forças de aceleração. Um dos vários experimentos envolvia a montagem de 16 medidores de aceleração a serem instalados em diferentes partes do corpo da cobaia, quer dizer, do voluntário. Esses medidores somente poderiam ser montados de duas maneiras (sim, sim, a certa e a errada). É mais que óbvio que alguém conseguiu o prodígio de instalar todos os 16 medidores exatamente da maneira errada, inviabilizando o experimento.
Foi face a essa experiência desastrosa que Murphy fez a seguinte alegação: “Se há duas ou mais formas de se fazer algo, e uma delas pode resultar em uma catástrofe, então, alguém a fará”. Dias depois, a cobaia, digo, o voluntário que se submeteu ao teste, major John Paul Stapp, numa conferência de jornalistas parafraseou o conceito, com suas próprias palavras.
Estava feito o estrago. Dentro de alguns meses a frase, cada vez mais adaptada, havia se propagado para várias áreas técnicas ligadas à engenharia espacial, chegando mesmo a entrar para o dicionário Webster, em 1958. A sua forma atual foi consagrada pelo escritor Larry Niven, em sua obra de ficção científica “Lei das Dinâmicas Negativas de Finagle”, onde cunhou o enunciado “Tudo o que puder dar errado, dará”.
Existem muitas variações desse enunciado, sendo que um dos meus prediletos é que “se uma série de coisas puder dar errado, dará na pior sequência possível”.
E, por fim, o corolário que dita que “se algo que tinha tudo pra dar errado, no final deu certo, é porque na verdade deu tudo errado”…
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