Um dia com os filhotes…
Basta um dia com os filhotes para ver o quanto tenho estado fora de foco…
Não, não me considero o “melhor pai do mundo” (ainda que gostaria de sê-lo) e nada muda quem eu sou. O que eu sou. O que me tornei. Pra onde eu vou. Quem serei.
Mas um dia com essas adoráveis inenarráveis crianças me faz colocar em xeque tudo e todos pelo que tenho vivido. Um mais velho que te desafia se ainda consegue pegá-lo no colo – e ainda que lhe custe uma coluna e um joelho você o faz. Um do meio que, orgulhoso, vem contar como tem evoluído no futebol na escolinha – e você, mais orgulhoso ainda, intimamente relembra que foi você quem lhe ensinou os primeiros passos (por menos que entenda dessa arte). Um caçula que vem, de sua maneira tagarela e confusa (mais tagarela que confusa) lhe contar sobre o filme que assistiu noutro dia e gostou muito – e os computadores, as conexões, as reformas, tudo fica de lado enquanto você lhe dá a mais que merecida atenção.
E, só de lembrar, o coração fica apertado e a garganta se fecha, de um modo que, não tendo pra onde escoar, a emoção represada sobe, avançando sobre os impostos limites, rompendo os diques d’alma e se transformando em lágrimas que rolam pela face e salgam meus lábios…
E, mais uma vez, pergunto-me onde estou.
Pois o lugar onde eu queria estar – onde eu deveria estar – é ali, com eles. Com o pé na lama. Encharcados, sujos, enlameados e felizes.
É, na prática a vida é mais simples do que a gente imagina.
Mas a gente teima em complicar.
Em ser complicado.