“Nunes”.
Esse é um sobrenome que não possuo, mas, poucos o sabem, faz parte de minha linhagem pelo lado materno.
E o que tem isso a ver com o aniversário da cidade de São José dos Campos?
Bem, acontece que essa parte da minha família já vem há quase dois séculos produzindo joseenses!
Até onde sei, ao menos desde meu trisavô, José Rodrigues de Moraes Nunes que era casado com Rufina Maria Sinhorinha, seguindo pelo meu bisavô, Claudino de Moares Nunes, nascido no ano de 1867 e que faleceu novo – coitado! Em 20 de fevereiro de 1909, pontualmente às 20:00h, a cidade perdeu um de seus humildes lavradores, de apenas 42 anos, falecido em sua própria casa, no Bairro do Jaguari, de afecção do fígado, provavelmente decorrente de forte hepatite.
Ainda assim, apesar de sua curta vida, houve tempo suficiente para se casar com minha bisavó, Benedicta Maria de Mello, apenas 4 anos mais nova que ele, com quem teve oito filhos!
Destes, temos Bernardo Claudino Nunes, provavelmente o caçula, nascido em casa às 4 da manhã de 24 de março de 1907. Das lembranças pessoais que tenho dele, me vem a mente um senhor alto, um tanto quanto gordo e bonachão, loiro e de olhos profundamente azuis da cor do céu. Faleceu em 31 de janeiro de 1979, quando eu ainda tinha meus incompletos dez anos de idade.
Maria Dionísia e Bernardo, meus avós.
Nesses 71 anos de vida teve pelo menos três esposas, sendo a primeira delas minha avó, a mineira Maria Dionísia de Jesus, com quem se casou aos 24 anos de idade. Um casamento que durou apenas 14 anos, pois ela faleceu pouco tempo depois do nascimento de sua última filha, com apenas 33 anos. Apesar de existirem notícias de que tiveram vários filhos, apenas duas realmente sobreviveram: minha tia Dionísia, joseense, e minha própria mãe Bernardete Nunes, paulistana.
Uai? Mas não eram todos joseenses – vocês podem me perguntar.
Ela acabou sendo “um ponto fora da curva”, pois, apesar de ter sido totalmente criada em São José dos Campos, nasceu em 10 de setembro de 1943 na capital de São Paulo numa fase em que meu avô, cansado da vida de lavrador, estava buscando novos ares e novas oportunidades como mão de obra na indústria. Com o falecimento da esposa e com duas filhas a tiracolo – uma de 6 e outra de 2 anos – resolveu levar a menorzinha para ser criada por seu sogro (no caso, o avô dela pelo lado materno) lá na chácara que possuía no bairro de Santana. Lembro-me bem dessa chácara, sendo que a casa “sede” existe até hoje – mas tornou-se um depósito de bebidas lá no final da Av. Princesa Izabel.
Depois disso, meu avô acabou ficando por São Paulo mesmo, tendo se estabelecido lá pelos lados de Pirituba, onde viveu até o fim da vida ao lado de Geny de Souza, minha “avó postiça” que somente encontrava quando meus pais iam visitá-los. Com ela teve mais 9 filhos. E minha tia Dionísia? Casou-se com o italiano Lelio Silvano Galuzzo em 62 e foi de mala e cuia para a Itália, onde vivem até hoje.
Bernardete e José Bento, meus pais.
E minha mãe – essa joseense que por acidente nasceu fora de São José – aos 17 anos, no ano de 1960, casou-se com um mineirinho bem estiloso, de 23 anos, o seu José Bento de Andrade, vulgo “meu pai”… Foram anos de bastante trabalho duro – ele mecânico, ela costureira – mas ainda assim conseguiram comprar uma boa casa em Santana e se estabelecer. Tiveram três filhos, todos nascidos em São José dos Campos, sendo eu o caçula. Pois foi em 2 de maio de 1969 que o Hospital Pio XII, em Santana, ouviu o forte choro de um enorme bebê de aproximadamente cinco quilos! Adauto de Andrade acabara de nascer!
Em Santana nasci, em Santana cresci, em Santana me criei. Casei, descasei, casei de novo. Tudo sempre cercado de uma bela confusão emocional, que é uma de minhas características mais básicas enquanto ser humano… E deste meu casamento com a Dona Patroa, vinda lá de Marília, tivemos nossos três filhotes: Kevin, Erik e Jean. 1999, 2001 e 2004. Todos nascidos no Hospital Antoninho da Rocha Marmo – adivinhem onde? Isso mesmo, em São José dos Campos!
Ou seja, é seguramente a quarta geração de joseenses. Talvez quinta, se eu conseguir descobrir um pouco mais sobre meu trisavô…
E qual a relevância de toda essa história nesses 248 anos de aniversário da cidade?
Nenhuma. Absolutamente nenhuma. Só quis contar um pouco de minha história. A história da família dentro da história da cidade. Desde o lavrador, passando pelo industriário, pela costureira, o advogado e sabe-se lá o que nos reserva o futuro dos filhotes, esta família tem se criado com solidez e tradição. Ter uma história é importante. Mas ser uma história é mais ainda. Não importam os limites geográficos dos bairros, das cidades, dos estados, dos países, sequer dos continentes: a história de minha família se faz pelo reconhecimento ao passado em direção à evolução rumo ao futuro. Geração após geração nós evoluímos. Onde quer que seja. Quando quer que seja.
Por isso que fique registrado aqui meus votos de feliz aniversário a esta cidade que, em algum lugar no passado, acolheu em seu seio o “primeiro Nunes”, bem como o “primeiro Andrade”, permitindo a esta família se enraizar e, cada vez mais, evoluir.
Parabéns, São José dos Campos!