Tradicionalmente existem duas maneiras de se representar os trabalhos genealógicos: graficamente, através de genogramas (diagramas genealógicos), e analiticamente, através da descrição detalhada de cada um dos indivíduos. Enquanto que com os genogramas temos um trabalho visual e quase que artístico, já através da descrição analítica, para correta identificação de cada um dos componentes, é necessário lhes atribuir endereços ou códigos que permitam identificar corretamente sua posição dentro da estrutura familiar. Para isso existem diversos sistemas de numeração, cada qual com suas vantagens e desvantagens.
Ainda do ponto de vista analítico, existem basicamente dois tipos de árvores genealógicas: a árvore de descendentes (sistema de numeração decrescente) e a árvore de ascendentes (sistema de numeração crescente).
A árvore de descendentes, também conhecida como árvore de geração, ou ainda como árvore genealógica direta, é a árvore formada pelos descendentes de um indivíduo. Partindo do passado ela avança no tempo, multiplicando-se, geração após geração, e facilitando a visualização do antepassado comum de vários indivíduos na atualidade. Sua estrutura é orgânica e aleatória, pois não há como racionalizar o número de filhos de cada indivíduo.
Existem diversos sistemas disponíveis para esse tipo de registro, cada qual com suas vantagens e desvantagens, sendo os mais conhecidos: Sistema de Registro, Sistema NGSQ, Henry System, Sistema d’Aboville, Sistema Meurgey de Tupigny, Sistema de Villiers/Pama, Felizardo/Carvalho/Xavier, Hunsche, Dullius/Stemmer, dentre outros. E, sim, na maioria das vezes seus “inventores” modestamente lhe atribuíram o próprio nome…
Particularmente prefiro o Sistema d’Aboville, eis que permite rapidamente identificar a posição e geração do indivíduo. Para nossa pequena árvore construída até o momento, partindo de um ancestral em comum, teríamos:
1. João Agnello de Andrade. Foi casado com Iria Rita de Bem.
1.1. Antonio de Andrade. Nascido por volta de 1909 em Santa Rita do Jacutinga, MG, nesta mesma cidade casou-se por volta de 1936 e faleceu em 30/09/1970, às 10h20min, na Santa Casa de Misericórdia de São José dos Campos, SP. Sua esposa foi Sebastiana dos Santos Andrade, filha de Alcindo de Paula Maia c.c. Laura Casaes Santos. Antonio residia no Bairro do Machado, em São José dos Campos, SP, e era eleitor em Igaratá, com o título de nº 783. O óbito foi firmado pelo Dr. José Fernando Leal, que deu como causa mortis: anoxia, edema cerebral, acidente vascular cerebral isquêmico. Foi declarante José Alves de Souza. Deixou bens para seus onze filhos.
1.1.1. José.
1.1.2. Fé.
1.1.3. Roberto.
1.1.4. Esperança.
1.1.5. Caridade.
1.1.6. Felisberto.
1.1.7. Jorge.
1.1.8. Geraldo de Andrade. Nascido em 02/02/1956, às 14:00h, em casa, no Bairro do Sobrado, Igaratá, SP. Foram testemunhas de nascimento: Oriosle Orestes da Silva e Sebastião Orestes da Silva. Por ter nascido em casa, seu pai somente efetuou o registro cerca de um mês depois, em 05/03/1956, junto ao Cartório de Registro Civil da chamada “Igaratá Velha”, Comarca de Santa Isabel, cidade hoje submersa nas águas da Represa do Jaguari.
1.1.9. Maria.
1.1.10. Pedrina.
1.1.11. Laura.
Para melhor exemplificar, nesse sistema, caso Geraldo fosse pai de, digamos, três filhos, seus números, do mais velho ao caçula seriam respectivamente 1.1.8.1, 1.1.8.2 e 1.1.8.3.
Aliás, para esse sistema de numeração é bastante recomendável a utilização de indentação (como fiz aí em cima), isto é, a cada geração seguinte avançar um pouco no espaço de abertura entre a margem e o início do parágrafo. Com isso, quanto maior a árvore, mais fácil fica a rápida identificação dos parentes distantes.
Já a árvore de ascendentes, também conhecida como árvore de costados, ou ainda como árvore genealógica inversa, é a árvore formada pelos antepassados de um indivíduo, partindo da atualidade e retroagindo no tempo, montando toda a linha de antepassados de um único indivíduo. Sua estrutura é geométrica e racional, pois para cada geração que subimos dobra-se o número de antepassados: dois pais, quatro avós, oito bisavós, e assim por diante.
Na prática, funciona da seguinte maneira: dá-se ao indivíduo base o número 1 e ao pai deste o dobro de seu número, ou seja, 2, enquanto à sua mãe é atribuído o dobro mais um, ou seja, 3, e assim sucessivamente, retroagindo no tempo. Dessa maneira, para encontrar o pai de determinado indivíduo, independentemente de sua posição, basta multiplicar seu número por dois, e para sua mãe seria exatamente esse dobro mais um.
Esse sistema, denominado Notação de Sosa-Stradonitz – mas equivocadamente conhecido como Numeração de Ahnentafel -, foi utilizado em 1676 pelo sábio franciscano espanhol Jerónymo de Sosa (?-1711), tendo sido retomado mais tarde, em 1898, pelo genealogista e heraldista alemão Stephan Kekule von Stradonitz (1863-1933). A razão do equívoco quanto ao seu nome tem origem no fato de que a difusão desse sistema se deu com a publicação da obra deste último: o Ahnentafel Atlas, que acabou sendo adotado para descrevê-lo.
Esse método nos fornece um tipo de árvore infinito e contínuo, onde todos os homens possuem número par e todas as mulheres possuem número ímpar, permitindo indefinidos acréscimos sem perturbação de sua rigorosa estrutura.
Assim, para esta nossa árvore, partindo do próprio descendente Geraldo teríamos os seguintes ascendentes:
Primeira Geração
1. Geraldo de Andrade. Nascido em 02/02/1956, às 14:00h, em casa, no Bairro do Sobrado, Igaratá, SP. Foram testemunhas de nascimento: Oriosle Orestes da Silva e Sebastião Orestes da Silva. Por ter nascido em casa, seu pai somente efetuou o registro cerca de um mês depois, em 05/03/1956, junto ao Cartório de Registro Civil da chamada “Igaratá Velha”, Comarca de Santa Isabel, cidade hoje submersa nas águas da Represa do Jaguari.
Segunda Geração
2. Antonio de Andrade. Nascido por volta de 1909 em Santa Rita do Jacutinga, MG, nesta mesma cidade casou-se por volta de 1936 e faleceu em 30/09/1970, às 10h20min, na Santa Casa de Misericórdia de São José dos Campos, SP. Residia no Bairro do Machado, em São José dos Campos, SP, e era eleitor em Igaratá, com o título de nº 783. O óbito foi firmado pelo Dr. José Fernando Leal, que deu como causa mortis: anoxia, edema cerebral, acidente vascular cerebral isquêmico. Foi declarante José Alves de Souza. Deixou bens para seus onze filhos.
3. Sebastiana dos Santos Andrade.
Terceira Geração
4. João Agnello de Andrade.
5. Iria Rita de Bem.
6. Alcindo de Paula Maia.
7. Laura Casaes Santos.
Obviamente, independentemente da maneira pela qual você decidiu organizar seus registros (fichas, aplicativos online ou programas stand alone), esses sistemas são utilizados para apresentação da árvore genealógica para terceiros, ou seja, para publicar o resultado de suas pesquisas em artigos, sites, livros, etc.
Agora que já sabemos que os pais de Geraldo vieram de Santa Rita do Jacutinga, MG, o próximo passo será arregimentar mais informações acerca de seus avós junto ao Cartório de Registro Civil daquela cidade.