Acertando a seta

Bão, eu tinha prometido que daria um jeito de dar um jeito na alavanca de seta desmilinguida, não? Então vamos lá!

Comecemos com um registro do “paciente”. Acima temos a foto do volante no seu devido lugar. É certo que o bichinho terá que ser retirado para que possamos ter acesso à parte interna da coluna de direção, bem como às entranhas da alavanca de seta.

Diferente do 79, cujo volante necessita de um “sacador” para ser retirado, nesse carro basta uma única chave sextavada e pronto. O volante se prende somente em função da própria porca que o segura e as estrias do encaixe, que não parece ser cônico – não proporcionando um travamento. Munido da boa e velha caixinha de “chave de pito” bastou escolher o bocal de 17mm (quase o maior de todos desse meu joguinho) com um prolongador para ter acesso à dita porca.

Retirado o volante, agora chegamos ao órgão a ser operado. Apesar de parecer bem fixa no local, garanto-lhes: tá solta! Qualquer movimento da alavanca de seta leva o conjunto todo de um lado para outro, de modo que será necessário descobrir o porquê isso acontece, e, ainda, como deveria estar antes do estrago.

Retirado o conjunto já deu pra entender a mecânica da coisa. Todo esse conjunto interno da alavanca de seta é presa à base inferior por três arrebites. Provavelmente na hora da buzinada eu devo ter procedido com tanta violência que os arrebites não aguentaram. Também pude perceber dois pontos quebrados nesse conjunto de plástico – já não sei se em função do ocorrido ou se já estava assim antes mesmo desse perrengue todo.

Bem, nada como o já consagrado Super Bonder (royalties, please) para resolver quase TUDO na vida de alguém… Comecei com uma estopa bem seca para limpar o pouco de graxa encontrada nas partes plásticas; depois, com apenas um “cheirinho” de gasolina, fiz uma limpeza mais profunda; e, por final, outro pedaço de estopa bem seca para remover qualquer resíduo que ainda tenha sobrado. Mais uns cinco a dez minutos para evaporar algum resquício de gasolina que não tenha sido atingido pela estopa e a peça está pronta para colagem ultra-rápida! Com MUITO cuidado passei a cola numa das partes quebradas (quem nunca colou o dedo com esse troço que atire o primeiro solvente!), juntei a outra parte e segurei com firmeza. Após contar beem-caal-maa-meen-tee até dez, repeti o procedimento de colagem no outro ponto quebrado. Isto feito, forcei a peça toda de volta ao lugar, com os mesmos arrebites que ainda estavam lá e com a ajuda de um pequeno punção com a ponta achatada pude refazer o travamento da peça em cada um dos três arrebites.

Como o conjunto todo andava meio chacoalhando, aproveitei para dar uma boa apertada no parafuso lateral (aquele, bem ali no centro da imagem) de modo a dar um pouco mais de firmeza a tudo.

Alguns testes ainda sem o volante demonstraram que tudo estava funcionando normalmente. Com tudo de volta no lugar, voltamos ao status quo da primeira foto. Novos testes, seta pra esquerda, seta pra direita, buzina – tudo ok!

Pronto pra voltar às ruas!

Não que tenha saído em função disso…

Pra não perder a viagem, já que estava na garagem mesmo, aproveitei também para dar uma girada de uns cinco minutos no motor do 79. Levou alguns segundos pra puxar a gasolina e mais um tempinho pra estabilizar, mas depois ficou ali, ronronando em seu canto…

Trombadas a esmo

Sei que ando meio sumido, mas – como sempre – ando passando por uns perrengues danados!

As férias acabaram e, apesar de ter curtido ficar um bom tempo com a criançada, este vagabundo que vos escreve não fez praticamente nada em termos de reforma no Opalão 79…

Mea culpa, mea culpa…

E, de volta ao trabalho, a avalanche de processos que me aguardava tem me deixado tonto! Pr’aqueles que ainda não sabem eu trabalho como Procurador na prefeitura de uma cidade vizinha, especificamente na parte de licitações, contratos e convênios. E, garanto-lhes, a coisa tá fervendo!!!

Pra completar, como tiro de misericórdia, recebi a resposta de três requerimentos que havia feito à Receita Federal. Eu tinha imposto a receber em três exercícios. E não é que os PUTOS infelizes decidiram que eu tinha imposto A PAGAR???

É como aquela velha máxima do Millôr: “Contribuinte, eu? Vaca leite? Tiram dela!”

Pois é.

Mais ou menos assim que me senti.

Fiquei tão chateado que cometi a heresia de colocar o Titanic II à venda!

GRAÇAS A DEUS ninguém me deu bola, pois agora já deu tempo de pensar em tudo com calma e esse senil arroubo desesperado já passou…

Entretanto, quando eu estava começando a colocar as ideias em ordem, num momento em que estava na boa e velha estradinha indo para o trabalho, um fiadaputa dirigindo uma kombi (velha de cair aos pedaços, é lógico) quase me jogou pra fora da estrada ao me fechar. Só não o fez porque buzinei violentamente até que a besta percebesse que sim, existia um “pequenino” Opala de seu lado.

Ou seja, bater, não bateu.

Mas isso me custou a chave de seta…

Explico. É que, como o volante do Titanic II não é original, a solução que encontrei foi instalar o contato da buzina no botão do relampejador, na chave de seta. E, com o susto e a violência das buzinadas, adivinhem o que aconteceu?

Isso mesmo. A chave de seta ficou ali, toda desmilinguida – buzinando ainda, mas sem setar nem prum lado nem pro outro…

Tudo bem. Pelo menos o carro (e eu) está inteiro ainda.

À noite, em casa, darei um jeito de dar um jeito nisso…

Comprando um Opala 74

Vejam o e-mail que recebi:

Olá Boa noite… td bem ? (…)  encontrei seu site pelo “google” estou já há umas 2 horas lendo ele… e queria algum tipo de ajuda/orientação sua… tenho 29 anos… e uma paixão antiga por carros tbém antigos… Adoro opalas… e dei umas risadas com seus “causos” qdo saiu a faísca… do seu susto… mas enfim vou começar minha história… Conheço um cara que tem um opala 74… e me interessei pelo carro… o carro está numa garagem… encostado… com uma lona ruim em cima… com os 4 pneus no chão… estou pensando em comprá-lo mesmo sem  ser $$$… (se não fizermos asssim não temos nada)… bom o cara me pediu $ 2.000 mas o carro está sem motor e câmbio… sem o capô dianteiro… e sem os bancos dianteiros… iluminação dianteira falta tudo…(farol/pisca) falta o cardan… porém tem os forros das portas dianteiras… e dos bancos atrás… akeles pekeninos… tem os bancos traseiros… volante painel… vidros todos está lindão de lata… com funilaria feita a pouco tempo… pintado na cor vermelha sólida… bom… conversando com o dono… baixei esse preço para $ 1.400… mas os docs estão “enrolados”… ele é placa amarela ainda… não está mais cadastrado no detran/sp… encontrei pela internet… o último dono de 17 anos atrás… e está precisando cadastrar o carro no detran (despachante cobrou $200)… minha dúvida é a seguinte… vale a pena eu comprar esse carro? já encontrei um motor + câmbio 4 cc por $ 700… e estou ansioso por fechar negócio mas antes queria uma opinião de alguém que entende do assunto… o carro esta lindão… caixas de ar zeras… sem podres… liso e lindo… e a cor é linda… já imaginou ele… andando comigo… eu fuçando nele aki em casa nos fds…

Bem, pra começar só posso agradecer essa confiança – e responsabilidade – depositada na opinião deste modesto escriba…

Mas antes de mais nada deixa eu lhe contar uma pequena história: pouco tempo depois que comprei o Opala 79, um colega do trabalho me viu rodando com ele e disse que tinha um à venda. Me interessei pela possibilidade de, de repente, escamotear peças entre um e outro e ainda “sobrar um carro” depois. Fui ver o bichinho, que estava meio que largado no tempo, em frente à sua casa, bem no alto de um morro na cidade vizinha. Olha, o carro estava judiado. BEEEEM judiado. Mas ainda não estava além do limite de recuperação. Apesar dos podres, da pintura queimada, das peças faltando, ainda assim ele estava rodando. Capenga, mas rodando. O preço? R$900,00. Isso mesmo, com TUDO, apenas novecentos contos. Não, não o comprei – simplesmente porque era um modelo 1972 e eu não poderia “aproveitá-lo” na reforma do 79. Apesar de ter me sentido bastante tentado pela compra, eu tinha absoluta certeza de que iria gastar muito mais colocando-o pra rodar (inclusive por causa também da documentação) do que conseguiria numa venda futura. Uma das possibilidades que aventei foi a de comprá-lo daquele jeitão mesmo para desmantelá-lo, revendendo as peças para outros opaleiros que estivessem reformando carros do mesmo modelo. Mas, pensando na possível reação da Dona Patroa a mais um entupimento de nossa modesta garagem acabei abandonando também essa idéia…

Mas voltemos à sua questão.

Alguns palpites sobre como aquilatar a compra de um carro eu já dei ao falar sobre o tema aqui.

Mas ainda assim o seu caso difere – e MUITO – de uma, digamos, “compra normal”…

Talvez o primeiro e maior problema a ser enfrentado é que, ao comprar um carro, a gente quer andar com o carro. Ainda que esteja detonado ou meio que arrebentado, a gente releva tudo isso para poder dar umas voltas com o bichão. E tenho certeza absoluta que você também vai querer fazer isso.

Ou seja, mal o carro estiver com o motor e se locomovendo sozinho, já vai querer dar umas voltas por aí, certo?

Mas, principalmente em função da documentação, acho arriscado, muito arriscado… Se, por exemplo, apreenderem o carro nessa situação, esqueça! Vai ficar mais caro tirar ele do pátio que qualquer outra coisa!

Desse modo, pra rodar com o carro, devemos pensar nos documentos do mesmo, certo? Apesar de já ter uma prévia de um despachante (particularmente acredito que deva ficar mais caro, por isso sugiro uma segunda opinião), para que possa passar os documentos do carro para seu nome – ou, ao menos, atualizá-los – será necessário deixar o carro rodando e pronto para uma vistoria.

Daí a gente já começa a pensar em todos aqueles perrengues que estão faltando, como capô, bancos, iluminação dianteira e – lógico – parte elétrica.

E o motor? Ao preço dele você terá que agregar mão de obra para instalação e todas aquelas pequeninas peças avulsas necessárias para deixá-lo perfeitamente instalado. Isso se ele não tiver nenhum problema, junta queimada, vazamentos, etc. Como está faltando o cardan não há como se saber se o diferencial também estaria bom. Caso esteja bom, ainda assim temos toda uma outra parte de instalação, mão de obra, peças avulsas, etc.

E, lembrando de mais um detalhe: estamos falando de um modelo 1974, onde as peças de acabamento costumam ser ainda mais difíceis de achar que as dos modelos de 75 em diante!

Ou seja, no frigir dos ovos deve ir muito mais dinheiro nessa investida do que você possa mensurar num primeiro momento.

Bom, meu amigo, enfim, sem querer jogar um balde d’água fria nas suas pretensões, o que eu tenho a dizer é o seguinte: se você está curto de grana e pretende comprar o carro para sair andando com ele a curto ou médio prazo, esqueça!

Você terá um “trambolho” dentro de casa que poderá virar uma fonte de frustrações por não conseguir realizar seu tão acalentado sonho.

Entretanto, se você não tiver pressa nenhuma de colocar esse carro para andar, se você conseguir se esquematizar para guardar uma graninha todo mês, se você tiver um cantinho para ir mexendo com ele sem pressa até que esteja no ponto de efetivamente acertar a documentação e sair andando, e se a lataria realmente estiver essa maravilha que você falou… bem, o que é que você está esperando que não pegou essa mosca branca ainda?!!!

Mas, brincadeiras à parte, garanto-lhe uma coisa: uma reforma é, em primeiro lugar, um exercício de paciência e em segundo lugar uma fonte de satisfação (quando não se tem a mínima pressa de realizá-la). É uma delícia ver aquele quebra-cabeças ser, aos poucos, montado e tomar forma.

E, em termos de grana, ainda que seja um pouquinho por mês, não pense em termos de investimento, mas sim de investida. Pois, com certeza absoluta (e por experiência própria), você acabará gastando bem mais do que o carro vale no mercado. Mas, na minha opinião, vale a pena. Ou seja, uma reforma dessas é pra ficar com o carro mesmo.

Acho que são esses os palpites que eu tinha na manga. Analise com frieza e sabedoria, deixando a emoção de lado, pensando no que é que você realmente pretende e creio que conseguirá tomar uma boa decisão.

Boa sorte, e não deixe de avisar se vier a comprar a barca, hein?

Abração!

Tonhão da PowerPlus

Fiquei sabendo do desaparecimento lá pela lista. Segundo consta, esse Antonio é dono da oficina Power Plus, em São Paulo, opaleiro e preparador de carros (dragsters). Conforme noticiado no Folha Online, em 08/07/08:

“FAB procura helicóptero experimental desaparecido desde sábado em SP

Um helicóptero da FAB (Força Aérea Brasileira) sobrevoa na tarde desta terça-feira a região da serra do Mar, em São Paulo, em busca da aeronave experimental matrícula PT-ZKS que desapareceu no sábado (5). De acordo com a FAB, os trabalhos têm sido difíceis porque o mau tempo prejudica a visibilidade.

De acordo com a Appa (Associação de Pilotos e Proprietários de Aeronaves), o piloto, Antônio de Freitas, voava por hobby em um helicóptero que ele mesmo construiu. Na tarde de sábado, ele decolou de Atibaia (64 km de São Paulo) com destino a Ubatuba (litoral de São Paulo).

No entanto, durante o trajeto, por volta das 14h20, ele telefonou do celular para um amigo afirmando que não poderia seguir viagem devido ao mau tempo e que iria pousar em uma clareira que encontrara. Ele ainda teria dito que ficaria incomunicável em seguida porque a bateria de seu telefone estava no fim.

Conforme a FAB, o fato foi comunicado na noite de domingo (6) e, na segunda-feira (7), um helicóptero do Rio foi deslocado para realizar as buscas. O helicóptero está sediado em São José dos Campos (SP).

Segundo a Appa, à qual o piloto é associado, aeronaves alugadas pelos familiares dele também vasculham a região entre Atibaia e Ubatuba.

No meio do trabalho

Depois do comentário do Reinaldo, hoje pela manhã fui até o mecânico para dar uma checada (bem como uma parpitada…). Afinal de contas, se fosse só uma questão dos selos do cabeçote o custo ($) seria beeeeem menor…

Mas não foi bem assim.

Quando cheguei o motor já estava aberto e com todos os pistões à mostra. O mecânico me informou que já havia levado o cabeçote para dar uma “plainada” básica e me mostrou a junta – queimada somente num ponto, próximo a um dos pistões da ponta. Entendam que quando falo que a junta “queimou” isso significa que em algum ponto ela parou de exercer a função de somente circular a água (para refrigerar o motor) e que vedação ficou comprometida. Ou seja, o excesso de calor em determinado momento (devido à falta d’água) implicou num vazamento da água que vem do radiador. Na melhor das hipóteses essa água transborda para fora do motor. Na pior, para dentro.

No meu caso, foi a pior.

Mas como a ação de consertar foi (relativamente) rápida, não houveram maiores sequelas.

No caso específico dos selos (umas tampinhas de metal que ficam na lateral do motor), apesar de gastas elas ainda estavam boas e vendando bem. Independentemente disso o próprio mecânico já as havia retirado e estava com algumas novas para colocar no lugar. Segundo ele, já que tinha que mexer era melhor cobrir todas as possibilidades.

Bem, enfim, o carro (talvez) deve ficar pronto na segunda.

Veremos…