Massagem cardíaca

Aproveitando o domingão, bem como o fato de que já há um bom tempo não dou partida no 79 (pois arriou a bateria), resolvi fazer o motor do danado dar uns giros.

Aliás só o fiz porque já estava “brincando” com a lambreta de um amigo meu – ele diz que é uma Honda Biz, mas aquilo para mim é uma lambreta – e troquei a relação, o óleo e comprei gasolina para dar um tranco e também fazê-la funcionar (já fazia uns bons meses que ela estava parada lá na garagem de casa).

Mas, voltando ao 79, coloquei alguns litros no tanque, tirei aquela pipoqueira do filtro de ar e despejei mais um pouquinho de gasolina ali também. Coloquei água no radiador (estava seco) e engatei os cabos na bateria do Titanic II para dar a partida.

Rosnou um pouco, rateou, engasgou e, de repente… uma labareda de meio metro subiu do carburador!!!

Puta susto!!!

Insisti mais um pouco e pronto.

Suave e contínuo como um relógio.

Deixei-o funcionando por uns dez minutos – mas ainda não foi suficiente para “reabastecer” a bateria.

Só preciso me lembrar de dar uma boa carga nela pra não ter que montar todo esse circo novamente…

Em tempo: segundo meu consultor mecânico de todas as horas, Seo Bento (vulgo meu pai), essa labareda provavelmente deve ter se formado porque talvez o motor esteja um pouquinho adiantado, de modo que a faísca “subiu” pelo carburador. Esquisito. Mas ainda assim faz algum sentido.

Motorizando – Parte II

Logo que cheguei à “vida adulta” já me casei. Tinha apenas dezoito anos e foi necessário até mesmo consentimento dos pais por escrito no cartório… Pouco tempo depois adquiri minha primeira “moto de verdade”: uma RDZ 125 ano 83! Lembro-me que ela estava meio judiada, com a parte elétrica em pane, inclusive com o tanque amassado, pois o tio do antigo dono tinha derrubado uma espingarda nela! Ou seja, reforça ainda mais o fato de que vem de longa data essa minha mania de pegar coisas bichadas e dar um jeito de consertar…

Desmontei a moto inteirinha, deixando só o motor intacto. Fora do quadro, mas intacto. Levei todas as peças para a casa do Seo Bento, vulgo meu pai (que já possuía uma oficina pra lá de completa desde que me lembro por gente) e lá pintei o quadro, desamassei e pintei o tanque, apliquei os decalques, envernizei, usei uma tinta à prova de calor no escapamento, enfim, reconstrui a motoca. Ficou jóia!

Ela foi uma boa companheira por um bom tempo, de modo que eu e a ex-Dona Patroa (sim, sou separado – mas isso é uma outra história) viajávamos por aí sempre que podíamos – e as parcas condições financeiras permitiam…

E foi justamente por uma dessas viagens que resolvi comprar uma moto maior. Estávamos na estrada e fui tentar ultrapassar um carro. Béééééééééééé e… vinha carro na contra-mão e eu tinha que voltar pra trás. Tentava de novo, reduzia, bééééééééé e… novamente tudo de novo outra vez. Encheu o saco. Queria uma moto maior. Foi aí que arranjei uma bela duma CB 400 ano 1982 – com motor ainda original japonês.

Essa moto era uma delícia! Lembro que na primeira volta que fui dar com ela, com o motor ainda ronronando suave, de repente percebi que estava a mais de cem por hora!

Nessa mesma época, pra facilitar as voltas pela cidade, arranjei uma RX 125 ano 1980 – bem velhinha mesmo – e que ficava com minha esposa. Não tirei fotos dela, mas era tar e quar essa aí em baixo (inclusive prata também)…

Mas, o tempo passa, a chuva chove, as compras pesam, os amigos têm que ir de ônibus, então resolvemos que já era hora de comprar um carro. E como começou essa aventura? Com um bom e velho Fusca 74, motor 1.600, dupla carburação – que era sua benção e sua maldição. Toda vez que o carro entrava numa estrada de terra ou paralelepípedos, bastava rodar uns quinhentos metros pra começar a falhar… Segundo o maldito office-boy que trabalhava comigo no Banco Nacional, ele era uma gema de ovo.

Aliás, já foi nessa época que comecei uma tradição que me acompanha até os dias de hoje, como dá pra perceber pela foto a seguir…

Como motoqueiro que é motoqueiro bom motociclista não abandona suas origens, paralelamente comprei uma DT 180 ano 1983. Uma verdadeira bomba de flit de tanto óleo e fumaça que soltava…

E foi também mais ou menos nessa época que meus neurônios começaram a degringolar e eu fiquei fissurado em carros, digamos, “fora de série”. Arranjei um caboclo que queria um Fusca tal qual o meu e adivinhem o que ele tinha pra trocar? Não, não era um Opala. Era um Jipe Willy’s 1952, todo original, com reduzida, quatro por quatro na chaveta direto na roda e mais um charme especial: botão de partida no pé! Demorou, mas aprendi a manha de tal modo que só eu conseguia ligar o danado!

Era como dirigir uma caixa de fósforos! Você olhava pra trás e o carro já acabava! Aliás a primeira surra que levei dele foi no câmbio. Acostumado que estava com o Fusca, sempre que parava num semáforo já engatava a primeira. Acontece que nesse jipe a posição da primeira marcha ERA A RÉ! A primeira “de verdade” fica onde estaria a segunda, a segunda na terceira – e, bem, vocês já entenderam, né? No primeiro semáforo que parei, não tive dúvidas: no piloto automático já posicionei o câmbio onde deveria ser a primeira mas, na verdade, engatei a ré. Abriu o sinal e quase que eu destrui um carro que estava bem atrás…

Aliás, era facílimo de saber a previsão do tempo: bastava tirar a capota que chovia. Não falhava! Eis uma foto dele sem a cobertura e que tem por condão demonstrar a grande vantagem das câmeras digitais sobre as analógicas: se alguém piscar numa foto teria como arrumar na hora!

A história prossegue, mas já está comprida demais para um único dia. Semana que vem continuamos…

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Saindo do box

Sabem, começo a achar que esse negócio de “mecânico bom” não é nada mais nada menos que uma questão de .

Tipo… Se um cara acredita piamente que determinado santo (ou seu Deus de sua religião) vai atender suas preces – em função da força dessa crença, da emanada do indivíduo, creio que deva haver algum tipo de retroalimentação cármica universal que faz com que as coisas acabem acontecendo. E lá corre o caboclinho para acender sua vela de gratidão!

Só que, no meu caso, já estou ficando cansado de “acender velas” pro meu mecânico…

Acho que estou perdendo minha fé…

Depois de quase uma semana peguei novamente o carro. A hélice, mesmo faltando algumas lascas, continua a mesma. Não haveria necessidade de trocar. O radiador não está furado. Não há necessidade de mexer. O carro não ferveu. Não precisa abrir o motor.

No frigir dos ovos, como esse motor não é original desse carro e não tem o suporte de sustentação do radiador, ele havia colocado uma “travinha” na parte de cima para segurá-lo. Travinha essa que escapou e fez com que o radiador fodesse com a hélice. Agora ele colocou um parafuso na travinha. Só. Nem cobrou nada.

De fato, acho que minha fé está abalada…

Sexta-fotos XXXIII

Confesso que nunca gostei muito da Caravan. Sei lá, estilão muito família, meio “barca” mesmo, não tenho como explicar. Mas, depois de começar a me meter neste mundo opalístico e ver algumas dessas relíquias devidamente reformadas, comecei a mudar de opinião. Exemplo? Dêem uma olhada nos detalhes desta Caravan SS 1980 de seis canecos e vão entender…

Injeção Eletrônica Mono Ponto em motor 250S

No bom e velho espírito do compartilhamento, o amigo virtual Jayson – um de meus quase sete leitores (tá aumentando…) – me mandou nesta data de 10/10/08 um arquivo em PDF com o seguinte teor: “Matéria sobre a instalação de uma injeção eletrônica Mono Ponto (EFI) em um motor 250/S de seis cilindros”.

Sim, eu sei, o nomezinho é comprido, mas acreditem: a matéria é muito boa!

Ainda que o próprio nome dessa matéria já diga a que se propõe, o interessante é que ela vem com todo um detalhamento, desde valores de mercado das peças a serem utilizadas, suas alternativas comerciais, toda descrição técnica, muitas fotos e um linguajar bem leve e didático – cheio de dicas!

O arquivo, com o nome de “Instalando EFI em motor 250/S” encontra-se aí do lado, na sessão enfiado no Porta-Luvas e seu donwload pode ser feito também aqui.

Mais uma vez, valeu Jayson!!!

Motorizando – Parte I

Muito bem. Vamos contar um “causo” meio longo. O tema: como é que através dos tempos eu acabei por chegar nos bólidos opalísticos que hoje estão na minha garagem. As fotos a seguir (a maioria de meus arquivos e o restante da Internet) contam um pouco de minhas desventuras automobilísticas desde a mais tenra idade e, diga-se de passagem, faz um bom tempo que estou para escrever sobre isso…

Tudo começou com um bom e velho velocípede! E quando digo “velho”, é verdade! Meu pai, mecânico de caminhões na extinta Mecânica Rennó, arranjou um velocípede num ferro-velho e o reformou para mim. Creio que eu devia ter uns cinco ou seis anos de idade. Lembro-me vagamente dele – e que era vermelho. Não durou muito, pois na primeira capotada feia que eu dei – e por ter ficado desacordado – meu pai, num acesso de fúria, simplesmente destruiu o coitado. Curioso é que, muitos anos depois, a história se repetiria com meu filhote do meio, com cerca de dois a três anos, na mesma casa de meu pai, na mesma rampa, só que, em vez de desacordado o pobrezinho perdeu alguns dentes de leite… Meu pai também destruiu – com muita raiva – a totoca que o derrubou… Creio que a foto a seguir (que achei na Internet) deva ser bem parecida com o que me lembro dele (antigamente não tínhamos costume de tirar fotos como hoje).

Depois disso fiquei, literalmente, a pé durante toda minha infância – apesar de meus constantes protestos por querer um daqueles jipes de lata com pedais (sonho infantil de consumo). Infelizmente o preço do danado, mesmo usado, era proibitivo para nossas condições à época.

Passados muitos anos, já na minha adolescência, uma das primeiras brigas (feias) que tive com meu pai foi por causa de uma bicicleta velha – especificamente uma Monareta aro 20 (não, não aquela motoquinha lançada anos depois – era uma bicicleta mesmo). Acontece que eu queria porque queria uma bicicleta e meu pai achava que do alto de meus 11 anos eu não tivesse maturidade o suficiente para andar numa por aí. Que fez o Jamanta aqui? Fui trabalhar numa bicicletaria, juntei uma graninha e comprei uma bicicleta caindo aos pedaços. Depois de uma acalorada discussão a bicicleta acabou ficando em casa. Sua primeira reforma foi feita pelo meu irmão do meio – que, como “pagamento”, a usava para ir à escola. Algum tempo depois, com o pagamento semanal da bicicletaria (que eu pegava em peças) somado a mais um ou outro rolinho que eu fazia aqui e ali, não demorou muito para que eu fizesse uma bela duma reforma, adaptando-a a meu gosto (da época). Serrei o quadro para tirar o bagageiro, instalei cinco marchas, inventei uma alavanca para o guidão (comum nos dias de hoje), instalei um selim anatômico (da antiga Caloi 10), garfo telescópico da Brandani 26, guidão da Ceci e pedais da Caloicross. Essa bicicleta era ótima para empinar. Eu a chamava carinhosamente de Matilde

Anos depois, ficando valente, alterei seu quadro, encomprindando-o, e a transformei numa aro 26 estilo chopper (pra horror do meu pai). Até hoje não entendo por qual motivo a vendi. Não precisava. E até mesmo gostava do estilão dela…

Pois bem. Mais ou menos à mesma época, quando estava começando a despontar o bicicross na molecada, dei um jeito de arranjar uma bicicleta desse tipo para mim. O preço de uma Caloicross “de verdade” era proibitivo – mesmo usada (e a vida dá voltas…), então, com meus rolos acabei conseguindo uma BMX. Era como uma caloicross mas com acessórios que foram imediatamente dispensados, tais como os pára-lamas, as laterais, o banco e – especialmente – o tanquinho. A merda era o maldito freio contra-pedal. Bastava descuidar que brecava. Empinar, então, nem pensar! Eis uma foto baixada de uma dessas para que tenham uma idéia.

Então eu estava crescendo. E as bicicletas ficando pequenas. Resolvi arranjar uma graúda – e consegui uma Barra Circular, da Monark. Devidamente depenada, troquei seu guidão, sistema varetado de freios, instalei cinco marchas, selim anatômico e fiquei famoso no bairro por ser o bão das empinadas! Tão bom que acabei partindo o quadro da bicicleta ao meio, bem como destruindo seu garfo. Eis mais uma “foto ilustrativa” para que saibam como era a tal da bicicleta.

Mas isso não fez com que eu desistisse. Procurei uma bicicleta mais robusta. Dessa vez uma Barra Forte, da Caloi. Reforcei seu quadro, instalei dez marchas, inventei um sistema de frenagem dupla para a roda traseira e carreguei muitas meninas no exclusivíssimo assento almofadado do quadro… E me especializei na arte de empinar, só perdendo para um camaradinha mais doido que eu à época – o já falecido Nelil…

Minha primeira tentativa de me motorizar foi com uma Garelli (mais um dos frutos de meus intermináveis rolos). No final das contas o motor dela nunca funcionou e acabei transformando-a numa bicicleta. A seguir, um exemplo de como ela era.

Mas, no afã de ter um veículo motorizado, eis que finalmente consegui chegar onde eu queria! Ou pelo menos tão próximo quanto poderia. Uma Mobylette! Tá, já era velha mesmo pr’aquela época – mas e daí? Funcionava direitinho! Me diverti muito com ela e com os amigos nos finais de semana, esmerilhando a bichinha pelas ruas do bairro. E, lógico, de maneira mais bem comportada, indo para escola também – já no colegial, agora. Mas como tudo que é bom dura pouco, num belo dia fui parado num comando. E, ainda que naqueles tempos não fosse obrigatório o uso de capacete, a necessidade de habilitação o era. E lá se foi a coitada para o pátio. E multa. E bronca. E depenação. E desgosto. E, por fim, troquei-a num rádio dois-e-um da Sanyo. Segue outra foto ilustrativa (da Mobil, não do rádio).

Bem, o passo seguinte foi sair do adolescente mundo das bicicletas e passar para a vida adulta das motos e carros. Mas isso fica pra outro dia…

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