Sexta-feira. Feriado prolongado. Eu tinha combinado com o japonês que estaria cedinho lá para que fizéssemos a (re)troca dos motores de arranque.
Por inúmeros motivos (que não vêm ao caso) só consegui chegar lá às nove e meia. E já cheguei levando bronca.
– Cedinho pra mim é oito horas, viu doutor?
Fazer o quê? Ele tá certo. Agora eu tinha que aguardar a fila de atendimento dele e de seu ajudante, o Magrão. Chuva torrencial lá fora. Um Chevette antigo com lanternas novas para serem instaladas. Uma Van com uma arruela faltando no ar condicionado. Um socorro externo. Um Escort com mau contato na parte elétrica – liga a seta e funciona o limpador de pára-brisa, liga o limpador e acende o farol de milha, e assim por diante. Um caminhão com seta que não desliga. Uma picape tunada que veio trocar de bateria. Uma seguradora que veio deixar um carro resgatado que deu pane na parte elétrica.
E pronto.
E nisso já era mais ou menos umas onze e meia.
Ele e o Magrão trocaram o motor de arranque. Deu a partida. MUITO mais forte e rápido que o outro, masss…
Tava arranhando.
E feio.
Imaginem alguém com dor de garganta. Com MUITA dor de garganta. Aquela “han-han” seco e bem arranhado, quase uma tosse. Era mais ou menos esse o barulho que estava fazendo quando o focinho do motor de arranque fazia girar a cremalheira.
Apesar de tudo, de sua correria e aparente desorganização, o japonês é muito criterioso. Fez uma cara de quem não gostou. Propôs colocar de volta o motor de arranque “provisório” enquanto ele tentaria arranjar um focinho de outra marca para ver se dava o encaixe perfeito.
– Aí, se não der certo, só tem um jeito: dois litros de gasolina e dois palitos de fósforo…
A resposta que lhe dei é impublicável.
Mas tudo bem, ele é gente boa, quer ver o negócio funcionando perfeitamente e eu tenho uma paciência enoooooorme…