Outro Opala???

Pois é.

Como se já não bastasse a dor de cabeça com UM Opala, cá estou eu pensando – seriamente – em arranjar OUTRO Opala…

Pra não perder o costume passei lá naquela feirinha de sempre que acontece todos os domingos e só se acha carros pra lá de velhos.

E, como já é do conhecimento até do Reino Mineral, apesar do Opalão que estou reformando, minha vontade sempre foi a de colocar uma alma de seis cilindros nele. E eis que, nessa feira, eu não acho um 76 com motorzão de seis cilindros?

Judiado, por certo, mas ainda assim com o motor funcionando bem. Aliás, nem tão judiado quanto estava o meu quando o peguei… Fora isso, boa parte das peças poderiam ser aproveitadas no 79…

O que me chamou a atenção foi o fato de que o caboclinho (lá de Minas Gerais) topa uma troca “pau-a-pau” numa moto. E como tenho uma moto que vale aproximadamente o preço que ele está pedindo no carro… Bem, é questão de juntar a fome com a vontade de comer!

Tá certo que ele estava pedindo R$6.000,00 no carro e eu dei uma trucada dizendo que a moto vale R$5.000,00 e se quisesse fazer um rolo direto poderia dar esquema.

Na verdade o preço de tabela da moto aponta para uns R$4.500,00 – isso sem contar que todo mundo NO MUNDO está vendendo motos agora. Com o crédito facilitado e prestações a perder de vista o povo prefere pegar uma zero que uma usada. O que nos levaria , na realidade, a uns quatro contos bem pagos.

Perguntei pro meu pai, vulgo Seo Bento, o que ele achava. Nas palavras do índio véio ele simplesmente disse que eu estaria procurando MAIS sarna pra me coçar. Mas sou taurino e teimoso. Não me convenci.

Bem, ainda assim, a proposta está feita.

O difícil vai ser convencer a Dona Patroa – de novo!

Aguardemos…

Menos um opaleiro…

Luto.

Hoje não temos piadas, nem gracejos e nem reformas.

Faleceu o vice-prefeito de Jacareí, SP, o engenheiro Davi Lino. Tudo o que eu poderia dizer acerca desse fato já o fiz diretamente na minha página principal do site – o Legal – como podem conferir bem aqui.

Mas, neste espaço, entendo que é cabível, senão necessário, falar de uma outra faceta desse caboclo: o de apaixonado por Opalas.

Não que ele tivesse um (pelo menos atualmente), mas era um admirador desse tipo de carro.

Como sei?

Através de um episódio acontecido lá no estacionamento da Prefeitura, já há muitos meses.

Não fazia muito tempo que eu havia comprado o meu Opala, mas já tinha começado a “depená-lo”. Na verdade ele estava somente com o banco do motorista e mais nada. Todo o resto eu já havia tirado: outros bancos, carpete, tapetes, painéis, laterais, etc. Só deixei os tapetes de borracha para encobrir os buracos. No mais, o assoalho encontrava-se na pura lata. Pelo menos nas partes onde não haviam furos…

Eu estava usando o carro em função das chuvas (meu outro veículo é uma moto) e essa desventura pode ser lida com calma bem aqui.

Mas voltemos à história. Já era tarde – umas nove horas – e este velho guerreiro, cansado, abatido, depois de um cansativo dia de trabalho, estava saindo com seu carro do estacionamento da Prefeitura. Em frente à garagem privativa do Prefeito, lá estava o Davi, conversando com já não me lembro mais quem. Liguei o carro, manobrei, e estava me dirigindo à saída, quando o Davi veio caminhando devagar para meu lado fazendo sinal para diminuir a velocidade, para ir parando.

“Cacete!” – pensei eu. “Já discuti com ele o dia inteiro, o que será que vem agora? Sobre qual licitação ou contrato ele ainda vai querer discutir aqui na saída? Será que esse cara não pára NUNCA de trabalhar?”

– Fala, Davi!

– Bichão, hein?

– Cuméquié?

– O Opalão. Quatro ou seis canecos?

– Quatro…

– Maquinão. Sempre gostei muito desse carro.

– É, mas esse ainda tá bem baleado – e levantei um dos tapetes de borracha para que ele visse os furos do assoalho.

– Que nada! Isso aí é só pra circular o ar! O que interessa é que o carro tá bem, tá andando!

Despedimo-nos e fui embora com uma interrogação na cabeça do tamanho de uma semana. Era tão difícil quanto raro ver aquele sujeito sendo simpático com alguém. Isso deixou uma boa impressão em mim. “Ele não pode ser tão ruim assim”, pensei eu.

Com o passar dos meses vim a conhecê-lo melhor e até mesmo admirar sua energia, sua postura, sua constante preocupação com o bem-estar do Município. Preocupação esta tão grande, tão intensa, que lhe custou a própria vida.

O mundo dos Opalas perde um de seus admiradores.

Adeus Davi.

Trabalho em família (sempre)

Pois bem, como já cansei de dizer, em casa certamente o ritmo seria outro. Juro que estou tentando me programar melhor para que consiga superar as “adversidades” e não deixar que o Opalão vire um mero ferro-velho na garagem.

Dica importantíssima: não deixar de, pelo menos uma vez por semana, ligar o motor do carro. O óleo deve circular, as peças precisam se manter em movimento. É lógico que essa dica só vale se você estiver com o motor do carro instalado…

Só lamento que nessa sequência eu literalmente esqueci de tirar fotos dos filhotes. É que quando comecei a mexer com o carro, logo pela manhã, o filhote mais velho quis vir ajudar. Coloquei-o para lixar uma parte do carro. Nesse meio tempo a Dona Patroa saiu para algumas comprinhas básicas. E eis que o filhote do meio também quis vir ajudar. Coloquei-o para lixar uma outra parte do carro. E sozinho lá em cima o caçula não iria ficar. E quis vir ajudar. E coloquei-o para lixar ainda uma outra parte do carro…

Heh… Ainda vou ser acusado por exploração de trabalho infantil…

Mas nada NO MUNDO poderia pagar a carinha de felicidade deles porque podiam estar ali “ajudando o papai”.

E, também, nada NO MUNDO poderia retratar a cara de incredulidade da Dona Patroa quando voltou das compras e encontrou toda a tropinha de elite encardida até o último fio de cabelo…

Só não levei bronca porque, independentemente de qualquer coisa (e da sujeira reinante), foi uma atividade bastante salutar.

Mas, desse verdadeiro trabalho em família restou o seguinte resultado:

A lateral esquerda, sob o para-lamas foi concluída. Só ficou de fora o miolinho ali onde vai a roda, pois, além do difícil acesso, não há necessidade específica, pois ali nada foi feito a título de reconstituição.

Tão vendo? É esse o “miolinho” ao qual eu me referia…

Me concentrei em toda a parte interna, que foi completamente preparada, raspada, lixada, etc.

E eis o “avesso” do farol, também já com todo o fundo necessário…

Dois meses depois…

Exatos dois meses depois das últimas notícias reformísticas (como podem ver aqui), eis que – FINALMENTE – começamos a retomar nossas atividades. Por todas as razões já explicadas não creio que venhamos a ter o mesmo “ritmo” de antes, mas, bem, vamos indo…

Já no reduto – também conhecido como “minha garagem” (a qual, diga-se de passagem, tá precisando de uma boa pintura) – eis o carro todo montado, após a travessia da cidade sem nenhum percalço.

Lembram-se que foi preciso “encolher” os pára-lamas? Por essa foto dá pra ficar bem claro que o alinhamento está pra lá de perfeito…

Aqui o detalhe do pára-lama direito, com o mínimo de massa – só o suficiente para encobrir a solda que foi feita.

Mesma medida adotada com o pára-lama esquerdo. Lembro (dolorosamente) que ainda será necessário escovar e lixar a parte interna do bichinho, ali onde vai a parte do pisca-pisca.

A lateral destruída pelos Klingons já não apresenta maiores percalços…

E uma olhada “de riba” (de cima), também ressaltando o alinhamento do porta-malas e o cuidado com toda a volta da parte onde vai o vidro traseiro.

O curioso é que a impressão que fica é que com o carro estando em casa seria mais fácil e mais rápido dar continuidade à reforma. Ledo engano. Com os horários malucos de trabalho que tenho nem sempre chego com disposição o suficiente para “atacar” o danado. Enquanto estava na casa de meu pai, até por uma questão moral (também chamado de vergonha na cara) , era imprescindível minha presença lá.

Já agora tenho que procurar dar o máximo de mim para não desandar a reforma…

Mas eu me mordo de ciúmes…

Tem um motivo muito básico para meu atraso nas novas investidas reformísticas do Opala. E não estou falando só da falta de tempo.

Ciúmes.

Exato.

De quem com relação a quê?

Da Dona Patroa, é lógico. O mantra usualmente alardeado por ela é algo do tipo: “Você só pensa nesse carro, fica o tempo todo mexendo nele!”

Quem dentre vocês opaleiros nunca passou por isso que atire a primeira gravatinha da Chevrolet.

O segredo para resolver isso? Paciência. Amor. Paciência. Carinho. Paciência. Diálogo, muito diálogo. Paciência. Um tanto de persuasão. E, sobretudo, paciência.

Acho que jamais contarei com o total apoio dela (pelo menos não enquanto o carro não estiver pronto), mas pelo menos ela já não se posiciona mais contra.

Ainda bem que tenho três aliados nessa empreitada: meus filhotes, de três, cinco e oito anos. Eles não veem a hora em que o “carro do papai” vai ficar pronto.

Assim como eu, diga-se de passagem…

Desse modo, neste final de semana voltaremos à ativa!

De volta ao reduto

Ainda que com uma semana de atraso eu e meu pai montamos a “Operação Volta pra Casa”.

Há que se lembrar que o carro está totalmente “depenado”. Além da própria lataria, permanece o motor, rodas, suspensão, freios e – quando muito – o banco do motorista. Nada de vidros, faróis, lanternas, setas, estofamento, nada vezes nada.

Ou seja, o “correto” seria rebocar o carro até em casa (que fica exatamente do outro lado da cidade). Mas chegamos à conclusão que o carro poderia ir por si próprio, afinal de contas está com o motor funcionando perfeitamente.

Resolvemos o seguinte: ele iria com seu carro (uma boa e velha e conservadíssima Variant 74) exatamente à minha frente e carregando uma corda. Caso algum policial nos parasse no meio do caminho, aguentaríamos a bronca e simplesmente amarraríamos um carro no outro até chegar em casa.

Com essa combinação saímos da casa de meu pai, na zona norte da cidade, lá pelas sete da manhã – horário escolhido por ter pouquíssimo movimento nas ruas numa manhã de domingo. E dali nos dirigimos até em casa, na zona sul.

Mais ou menos no meio do caminho tem uma bela duma reta, conhecida como Avenida do Vidoca (sendo esse Vidoca um ribeirão poluído que corta aquele trecho). Com um certo aperto no coração, quando chegamos nesse trecho, a cerca de 60km/h, resolvi largar a direção para “checar” o alinhamento do carro.

Afinal, depois de tanta solda (aproximadamente 5kg só de varetas – fora os vários tubos de oxigênio e acetileno), achei impossível que restasse alguma coisa certa no carro.

SURPRESA, SURPRESA!!!

O carro seguiu em perfeita linha reta. Direitinho. Nem um pouco à esquerda ou à direita.

Fiquei total e completamente pasmo!!!

Aliás, apesar do vento que me fustigava a face (estávamos sem o pára-brisa, lembram?), acho que foi a primeira vez que andei com o carro de uma forma tão silenciosa. Não tinha absolutamente nada batendo ou chacoalhando, como de praxe.

Com uma ponta de orgulho pelo trabalho extremamente bem feito (pelo meu pai), garanto que meu coração ficou bem mais leve e animado para dar continuidade à reforma…

Basta, agora, conciliar meus horários malucos do trabalho com a disponibilidade para minhas tarefas na lataria do carro.

Despedindo-se da oficina do Seu Bento

Estas são as últimas cenas na oficina do Seu Bento. No próximo final de semana devo levar o carro para dar continuidade aos serviços em casa mesmo. Toda a parte de solda está concluída e agora ele passou a apenas ocupar espaço (e que espaço!) no fundo da casa de meu pai.

Como fiel escudeiro a quem compete dar um trato nas partes que foram soldadas, eis aqui a lateral esquerda do carro com o fundo devidamente aplicado. Ainda tem alguns pontos ali, bem próximo à roda, referente à solda elétrica que foi feita, mas esses vou deixar para depois.

A quina do pára-lama, bem na frente do carro, ainda vai precisar de um bom trato (como se todo o resto dele não precisasse…), mas por enquanto tenho me concentrado somente nos pontos que foram efetivamente soldados.

O pára-lama esquerdo já recebeu sua dose de fundo em toda a parte externa.

Mas, como se percebe, a parte interna ainda vai precisar de um bom trabalho. Como nem a faca, nem a mão, nem a lixa chegam lá, meu pai me emprestou uma escovinha de aço para ser acoplada na ponta da furadeira, o que vai permitir dar uma limpada categórica em toda essa ferrugem…