Bancada: capí­tulos finais

Só para constar: a manhã foi dedicada a comprar um verniz e um pincel (na realidade uma “trincha”) para madeira da bancada. De quebra minha oficininha ganhou também mais duas brocas pequenas e um paquímetro – de plástico (urgh!). Bem, melhor algum que nenhum.

A primeira mão de verniz foi aplicada nas madeiras individualmente, com tudo desmontado. Dica para os curiosos de plantão: para madeira o verniz deve ser sempre utilizado em dias quentes e secos, em materiais bem lixados, limpos e também secos, distribuindo bem todo o líquido, sem deixar escorridos, e secar na sombra por pelo menos 12 horas antes da próxima mão. Aliás, no mínimo duas mãos – ou “demão”, como diríamos lá na terrinha…

À noite, com as peças secas, já montei a parte de cima da bancada. A parte de baixo ainda depende de arranjar uma madeira para travamento. A Dona Patroa (olha ela de novo aí, gente!) me mostrou uns pedaços que talvez sirvam, mas ainda vai depender de nova visita à oficina do Seu Bento para usar a serra circular e a plaina.

E ainda preciso arranjar uma morsinha (ou prensa, se preferirem), mesmo que usada…

Bancada, pára-choque et caterva

Com o carro tendo voltado a funcionar normalmente, de minha parte também voltei a alguns afazeres mais mundanos, como acabar de montar a bancada para trabalhar em suas peças.

A manhã foi dedicada à lixadeira. Eu tranquilamente daria um beijo – de língua – na pessoa que a inventou. Que equipamento fantástico! E pensar que já lixei tanta coisa na minha vida só com um toquinho e uma lixa…

(Observação mental para mim mesmo: caso volte a usar novamente esse equipamento, devo lembrar de tirar carro e moto da garagem ANTES de começar o serviço.)

Apesar da lixadeira em mãos, as futuras pernas da bancada poderiam ser mais facilmente desbastadas com o auxílio de uma plaina (um instrumento usado por carpinteiros que serve para nivelar a madeira). Mas, ora vejam! Seu Bento (vulgo meu pai) TEM uma plaina! Sendo assim, resolvi fazer-lhe uma visitinha na parte da tarde…

Aliás, já iria com o novo carro velho, para que ele o visse. Assim eu também poderia sondar o terreno para ver se irá rolar um help com o maçarico no assoalho…

Antes de sair, porém, decidi que seria de bom tom completar a água do radiador. Como isso deve ser feito com o motor em movimento, liguei-o e fui despejando a dita água. Notei que ele estava mais barulhento que o normal (se é que existe um “normal” para um carro com tanta lata solta).

Identifiquei o “bate-bate” numa peça do pára-choque dianteiro que estava bem solta – um tipo de protetor para não enconstar o pára-choque na parede. Com algum trabalho, porque tá tudo meio amassado, e – pasmem – com a ajuda da Dona Patroa, consegui recolocá-la no lugar, firme como deveria ser!

Assim, na parte da tarde, juntei as madeiras que precisaria plainar e fui com o Opalão (ainda não gostei desse nome – preciso batizá-lo…) lá na casa do Seu Bento. Após trabalhar as madeiras, levei meu pai para conhecer o carrão. Elogiou o motor (e quem o conhece sabe o quão difícil é ele elogiar alguma coisa) e disse que até que a lata não estava tão ruim assim. Melhor que a do fusca que consertáramos há uns dois anos. Combinamos que aos sábados ou domingos, havendo tempo e disponibilidade, ele toparia me ajudar (leia-se fazer o conserto) com o assoalho.

Bem, como nem dá pra fazer tudo de uma vez, isso implica que no decorrer das semanas vindouras vou compartimentar o assoalho, escolhendo o pedaço que será remendado no fim de semana seguinte, ou seja, pedaço por pedaço ele será talhado, descascado, escovado e lixado. Combinamos que a cada pedaço feito aplicaremos uma tinta de fundo pra não deixar enferrujar e, ao final, uma batida de pedra em tudo (uma tinta protetora especial para assoalhos).

Com tudo acertado, apesar da tarde causticante, sentamo-nos à mesa da cozinha e munido de um bom copo de vinho tinto aprendi como é o funcionamento de um “câmbio seco” e de um “câmbio sincronizado”, tudo por cortesia da longeva experiência mecânica de meu pai…

Sim, trambulador existe!

Já tentaram empurrar um carro travado na primeira marcha, sozinho, numa garagem apertada, estorcendo pra direita, de ré, com um pé só – porque o outro estava na embreagem?

Olha, não foi fácil…

Mas também não foi impossível!

Uma vez com o carro alinhado com a entrada da garagem, e como a primeira marcha estava funcionando, bastou manobrá-lo até uma pequena rampa que tem do lado de dentro, só para que ficasse com um vão livre um pouquinho maior sob ele – permitindo assim que eu me movimentasse com um pouco mais de liberdade.

Entrei debaixo do carro pelo lado do passageiro e sem conhecer visualmente o que seria um trambulador. Ainda assim sabia mais ou menos como ele DEVERIA parecer e qual seria sua mais provável localização – sob a alavanca do câmbio. Olha aí a carinha dele:

As varetas que saem dele vão direto para a caixa de marchas lá no motor. Nesse caso específico, o balancim menor (o que está em primeiro plano na imagem) estava totalmente para trás, confirmando o travamento da primeira marcha. Lembrem-se que se eu empurro a alavanca do câmbio para frente, sua outra ponta funciona como uma gangorra, impulsionando o lingote para trás e fazendo com que a vareta puxe alguma coisa lá no câmbio, encaixando a dita primeira marcha.

Convoquei meu ajudante de todas as horas (meu filhote mais velho, de sete anos) e lhe pedi para que pisasse na embreagem enquanto eu me enfiaria debaixo do carro. Uma vez na posição de cirurgia, nem foi preciso de muita coisa. Bastou que desse uma pancadinha (na verdade estaria mais para um empurrão) no lingote para que tudo se encaixasse novamente em seus lugares.

E o câmbio voltou a ser engatado!

Simples assim.

Vejam mais um ângulo desse fatídico instrumento travador de marchas (agora visto por trás):

Aliás, é curioso como olhando exatamente de baixo para cima dá inclusive para ver a alavanca do câmbio, do lado do banco lá em cima… Vejam só:

Câmbio consertado, fui dar uma volta com o carro para ter certeza…

Perfeito! Ficou como se jamais tivesse acontecido nada!

Trambulador existe?

Após um certo tempo pensando no quanto custaria uma eventual troca do câmbio do carro, parei pra prosear com o Rony, aquele meu amigo lá da Informática sobre o qual eu falei em 27/01. Descrevi-lhe o problema e ele, com a certeza de um cirurgião, diagnosticou:

– É o trambulador!

– Trambuloquê?

Ele me explicou que logo abaixo da alavanca do câmbio, sob o carro, deveria haver uma caixinha ou algo parecido, com alguma linguetas ligadas à alavanca. Provavelmente elas teriam encavalado. Bastaria dar umas pancadas com um toco de madeira e elas voltariam à posição normal, resolvendo assim o problema.

Pra completar a informação, dei mais uma fuçada de leve na Internet e, novamente lá no site http://www.opalabh.com, acabei descobrindo que esse problema de encavalar as marchas é mais comum do que eu imaginava. Encontrei um caboclo que teve o mesmo problema, mas no caso dele só engatava a ré! Fiquei até feliz… Mas vejam a dica que veio em decorrência do pedido de socorro do distinto:

“Quando isso ocorre, é necessário entrar debaixo do carro, identificar qual o tirante da caixa está engripado, pedir a alguém que pise na embreagem e movimentar esse tirante para um lado e para outro (sentido da movimentação dele). Se for necessário, pode dar umas pancadas de leve no braço que sai da caixa com um martelo. Caso não desengripe, tente movimentar o carro sem pisar na embreagem, desligado, sendo uma pessoa empurrando e soltando o carro, enquanto você tenta desengripar o tirante (deve-se tomar cuidado, pois se a marcha desencavalar, o carro fica solto e pode ocorrer um acidente “você está debaixo dele”). Se tudo não der certo, o prolema é mais grave, e somente um bom mecânico, que tenha a manha com caixas de marchas, pode resolver. Um abraço!”

Ou seja, além da dica do Rony, também veio a informação de que teria que fazer tudo isso com a embreagem apertada. Interessante… Hoje é quinta e – como sempre – tudo é meio complicado. Mas amanhã à noite faremos o teste…

Um no cravo, outro na ferradura

Então.

Ontem, com meu novo banco velho, vim até o trabalho com o Opalão. Afinal de contas ele também precisa sair pra galope de vez em quando pra se manter em dia.

Hoje pela manhã fui tirá-lo da garagem para liberar a saída da Dona Patroa e quem disse que a ré entrou? Aliás, nenhuma outra marcha. Engastalhou na primeira.

Paciência.

Fui de ré só no embalo até a rua e, após tirar o carro da Dona Patroa, dei um giro até a esquina para recolocar o carro na garagem. De frente. De primeira (marcha).

Com o carro no seu devido lugar, ainda tentei mais um pouco. Nada. Continuou travado.

É… Conserta uma coisa, quebra outra. Mas um dia isso acaba. Só espero que não seja comigo.

Desadesivando

Não, nem se preocupe em procurar no dicionário. Essa palavra não existe formalmente. Aliás nem mesmo o tão usado verbo “adesivar” existe nos alfarrábios da vida. Entretanto são expressões que já estão integradas no dia a dia das pessoas.

No meu caso, tudo começou ao me lembrar de uma história (assim mesmo, com “H”) de uma amiga. Seu namorado, na época, tinha um carro todo “filmado” (ou seja, com Insulfilm) – daqueles bem escuros – e que ela odiava.

Numa bela manhã de sol, num passeio de carro, eles foram parados por um policial, que começou a argumentar que aquele Insulfilm seria muito escuro e talvez ele tivesse que multar, enfim, aquele “papinho”…

Ela não pensou duas vezes. “Ah, é muito escuro? Não por isso.” Meteu a mão, puxou e – pra satisfação pessoal e desespero absoluto de seu namorado – simplesmente arrancou a película do vidro.

Bem, causos à parte, lembrei-me dessa história porque também estava querendo arrancar a dita película dos vidros do carro e não sabia como fazê-lo.

“Bem”, pensei eu, “se ela disse que arrancou, deve ser só questão de achar o ponto certo e puxar”. Cutuquei uma das pontas até começar a descolar e – pronto! Foi só descolar todo o resto. Repeti a operação em todos os vidros do carro, À exceção dos quebra-ventos, que têm uma ferragem por cima do Insulfime, e precisarão ser desmontados.

Já que estava tirando isso, resolvi também remover os inúmeros adesivos que estavam tanto no vidro quanto no painel do carro. Para essa tarefa nada melhor que uma espátula de lâmina bem maleável e MUITA paciência. No painel até foi fácil, mas nos vidros, após arrancar tudo, ainda ficou aquela gosma de cola seca. Um bom limpa-vidros (e MAIS paciência) resolveu esse problema.

Olha… Tudo bem que o carro continua velho, com seus amassados, ferrugens, etc. Mas – sinceramente – já deu um visual bem melhor pro bichinho…

Desmanches – o paraí­so da tranqueirada

Pois bem. Como já vimos pelo estado da ferragem, será necessário desmontar completamente também o banco do motorista para consertá-lo. O problema, no caso, é que eu deixei o assento do banco para que ainda pudesse levar o carro de um lado para outro (mesmo sem o encosto). Conclusão? Eu precisaria arranjar um OUTRO banco do lado do motorista, ainda que arrebentado, enquanto durar a reforma dos bancos originais.

Como fazer, então?

Desmanches! É lógico!

No decorrer da semana eu já havia percorrido três desmanches e não achei nada. Liguei para outros três e acabei descobrindo um que teria o malfadado banco (curiosamente, bem próximo da casa de meu pai).

Logo pela manhã fui até esse desmanche (nota: eles preferem ser chamados de “recuperadora de autos e peças”), fucei um pouco e achei um único banco que me serviria. Meio arrebentado no estofamento, com uns pontos de solda elétrica no trilho, um tanto quanto enferrujado – mas, ainda assim, funcionando.

De quebra vi uma Caravan 83 enconstada num canto. Muitas de suas peças são plenamente compatíveis – e às vezes até idênticas – as de outros modelos. Dei uma olhada básica e vi que ainda tinha o par de quebra-sol (inclusive com direito a espelhinho do lado do passageiro), bem como o retrovisor central. Por que me interessei por isso? Dêem uma olhada no que estava no meu Opalão…

Conversa daqui, regateia dali, proseia mais um pouco (desmanches são ótimos justamente por isso), fechamos um preço. Quarenta contos pelo banco e trinta pelo conjunto de retrovisor e quebra-sol. Setenta, ao todo. Achei justo.

Ao voltar para casa ainda aproveitei e passei numa loja de ferramentas. Lixas para o acabamento da bancada que comecei a fazer e também um martelo especial para desamassar latarias. Carinhas essas lixas para lixadeira… E lá se foram mais R$32,87…

Enfim, chegando em casa bastou tirar o assento do banco que lá estava, colocar o novo (ou velho?) – ótimo! Encaixou perfeitamente! Logo em seguida foi a vez dos demais acessórios. Resolvido. Como eu já disse antes, beeeeeem devagarinho o carro já tá começando a ficar com cara de carro de novo…