Preciso mesmo de palavras para descrever essa “reta final” da qual nos aproximamos?…
Categoria: O Projeto
Ai, que tá entrando…
Ô, podem parar!
Não é nada disso que vocês estão pensando, não!
Cambada de hereges…
Mas, a um passinho de cada vez, vamos evoluindo! Primeiramente foi preciso levantar a criança para dar condições de ter um espacinho melhor para trabalhar.
Outros “órgãos” encontram-se já na mesa de operação, aguardando sua vez…
Então.
Agora preparem-se que as cenas a seguir são fortes. De extremo deleite para quem aprecia os libidinosos contornos de um motor exposto em sua mais escancarada sensualidade… Sei que algumas fotos ficaram meio embaçadas (ah, esses amateurs…), talvez pelas lágrimas de felicidade que me turvavam a vista ao, finalmente, ver minha criança, meu Titanic, cada vez mais perto da próxima fase. Mas – tenho certeza – assim como eu, vocês também irão se emocionar… :’-)
Pois, é cavalheiros – não demora muito a fera estará prestes a rugir novamente! Tá certo que ainda temos muitos detalhes pela frente – como, por exemplo, a cremalheira que não tá lá muito boa (se não sabe o que é isso, dê uma lida neste post aqui…), o radiador que ainda precisa ser restaurado, o tanque que precisa ser comprado… – mas nada que impeça o andamento d’O Projeto! 🙂
E para que não digam que sou de todo mau (ainda que seja), eis uma última foto – talvez a única que tenha saído nítida o suficiente para apreciação alheia…
A caminho do cofre
Cheguei lá na oficina para dar minha conferida semanal – que tem se tornado quinzenal (quase que mensal) – e qual não foi minha surpresa ao ver que a grossa camada de poeira que “protegia” o bom e velho Titanic não mais estava lá!
E, mais ainda, ao ver que estava totalmente limpo também por dentro, sem aquelas peças perdidas em todos os cantos do assoalho e – pasmem! – com o velho banco do motorista no lugar…
Banco esse que será oportunamente descartado, mas que mantive por perto somente para poder ter onde sentar quando – frise-se o “quando” – o motor estiver pronto.
Fui conferir o que estava acontecendo e… vejam por si mesmos que visão maravilhosa!
Dia desses ainda estava na montagem e agora eu o encontro ali, dormindo, montado, quase pronto para seu próximo destino…
Fui trocar uma ideia com o Seo Waltair e ele me disse que estava quase prontinho para colocar no cofre. Só faltava a polia. “Deu algum problema?”, perguntei-lhe. E ele me explicou. E estava abismado. Acontece que ao colocar a polia original, esta rachou, de modo que ele foi no mercado atrás de outra e o que encontrou foi uma de ferro fundido! Ele não se conformava! “Ferro fundido, veja só! Que ideia de jerico! Isso tinha que ser de ferro batido e não fundido. Só no tentar colocar já engastalhou ali no comecinho e resolvi não insistir e tentar uma outra polia nova…”
E assim, com um sorriso no rosto, o coração leve e esperança no dia de amanhã – ainda que não tenha um puto no bolso – é que deixei a oficina nesse glorioso dia… Cada vez mais perto de ouvir o rugido da fera novamente!
🙂
Na mesa de cirurgia
Bem, vocês lembram que da última vez o motor estava já retificado, aguardando o início da montagem, certo? Inclusive já tinha sido até pintado – da mesma cor que o Titanic. Pois bem, agora ei-lo na “mesa de cirurgia”, com cada pistão em seu lugar!
E aqui, no avesso, com o virabrequim devidamente instalado também…
Mais uma, agora com o bichinho meio de esgueio.
E aqui, o focinho!
Sei que muitas vezes essa questão de mecânica é meio complicada para alguns… Afinal tem gente que somente sabe levar o carro no mecânico e sair com ele de lá funcionando, certo? Só que nós, opaleiros, com ferrugem nas veias, não nos contentamos com tão pouco! Podemos até não saber fazer, mas temos uma obrigação moral de, no mínimo, saber como funciona. Por isso mesmo segue um esqueminha básico para que os desavisados de plantão entendam toda a poesia desse momento de montagem do motor…
Fechando 2015…
Ainda que tarde para um “Feliz Natal”, ainda há tempo para um “Próspero Ano Novo”…
Pois é, caríssimos, como sabem a crise pegou todos de jeito. Não adianta me dizerem que a culpa é deste ou daquele partido político, pois, na minha humilde opinião, foi a “conjuntura” que nos trouxe ao presente momento. Independentemente de minhas próprias convicções, acho que todos – sem exceção – colaboraram para o atual estágio da economia. Essa crise política, essa insistência num “terceiro turno”, os escândalos, a corrupção, um “impeachment” sem consistência jurídica, um vice-presidente fraco, um presidente da Câmara mau caráter e mesmo uma presidente que aparenta estar perdida em meio a tudo isso – bem, são esses os pontos principais dessa maçaroca.
E, “graças” aos advogados de plantão, com seus recursos intermináveis, não vejo um breve fim para essa crise política…
E enquanto a crise política persistir, a crise econômica haverá de perdurar.
E é por isso que é importante aprender com a história:
“O orçamento deve ser equilibrado, o tesouro público deve ser reposto, a dívida pública deve ser reduzida, a arrogância das autoridades deve ser moderada e controlada. Os pagamentos a governos estrangeiros devem ser reduzidos para que Roma não vá à falência. As pessoas devem novamente aprender a trabalhar em vez de viver às custas do Estado.“
Marcus Tullius Cicero (*106 aC / +43 aC)
Mas isso é só pra pensar um bocadinho… Deixemos a política de lado, porque esse nunca foi intento deste nosso espaço virtual: afinal se você está aqui é porque quer, no mínimo, falar sobre Opalas!
E, opalisticamente falando, O Projeto continua do mesmo jeitinho, devagar e sempre. Afinal a crise que citei aí em cima (ói ela de novo…) também afetou os parcos recursos deste ancião que vos tecla. Desde que o motor foi retificado, começou a luta para encontrar as peças originais ou paralelas de boa qualidade (que só o Seo Waltair sabe reconhecer) para a montagem. Na última semana antes do Natal passei por lá e ele me informou que já tinha conseguido praticamente tudo, das bronzinas aos tuchos – inclusive um chicote novo, montado por um caboclo especialmente para o modelo do Titanic (1979).
O motor foi pintado (não, não nas cores “originais”, lembram-se?), outras peças estão ficando no ponto e a última busca que ele tem feito é por um tanque de gasolina de metal.
Para não ficarmos somente nas palavras, eis algumas imagens do nosso querido Titanic, inclusive da poeira que o recobre – que, segundo o Seo Waltair, é para proteger a pintura…
Bão, é isso, moçada.
Aguardemos com ansiedade o ano de 2016, quando, certamente, esse velho motor voltará a rugir, uma vez que restaurada toda a força de seu coração mecânico.
Boas festas procês!!!
😀
O início do fim…
…dessa etapa!
E eis que na usual visita semanal, uma grata surpresa me aguardava…
Mas antes vamos falar um pouco da situação geral e dos porquês das coisas. Muita gente já me questionou – ao vivo e online – se eu não estava sendo “enrolado”. Sempre fui muito veemente e categórico em deixar claro que NÃO, não era nada disso, que o meu “acordo” com o Seo Waltair era de que trabalhasse absolutamente sem pressão, no tempo e no modo dele. Tá certo que ficamos um bom tempo de molho à procura de um câmbio de cinco marchas (lembram?), até que desisti. Ao menos, por enquanto.
Ainda assim restava o motor, que já tinha sido enviado para retífica e nunca que voltava. Tem coisa de umas duas semanas que, num proseio com o Seo Waltair ele me contou o que havia corrido. Isso porque até mesmo ele já estava ficando encafifado com essa demora toda e resolveu ir até lá para saber o que estava acontecendo.
E o caso, ao que parece, foi que o dono dessa retífica tinha dois funcionários de extrema confiança, um que cuidava do administrativo e outro que o ajudava no dia a dia com os motores. Caboclo bão de serviço e que era o braço direito dele. E eis que o cara do administrativo, assim de uma hora pra outra, resolveu sair, deixando-o na mão. Só com isso já não foi nada fácil ter que conciliar tudo, toda aquela papelada, compromissos, pagamentos e mais as retíficas. Mas ainda assim foi tocando seu negócio. Até que o cara da mecânica também resolveu sair. Aí o mundo ficou muito mais complicado – até por conta de que não seria nada fácil encontrar outro sujeito desses no mercado ou, pior, ter que treinar alguém do nada!
E então veio o golpe de misericórdia.
O desinfeliz do mecânico entrou com uma reclamação trabalhista contra ele! Aí sim a coisa despirocou de vez. Ele que já havia ficado magoado com a saída do rapaz, ficou então totalmente desacorçoado. Perdeu o rumo, a mão, a vontade. E levou tempo para se recuperar. Um bom tempo. Mas como tudo na vida tem um limite (inclusive o cheque especial), ele conseguiu superar esse abalo e, aos poucos, foi voltando à sua normalidade, seu dia a dia, seus compromissos e assim por diante. E, dentre esses compromissos, um deles era exatamente a retífica do meu motor. Que foi entregue!
E quem veio me contar, todo pimpão, foi o filho do Seo Waltair!
Disse-me que ainda faltavam outras partes, como o pistão, anéis, etc – ou seja, o kit completo – mas que agora eles iam começar a montagem.
E, só pra constar, com a retífica, ainda que imperceptivelmente, a cilindrada do motor aumentou. Pois fazer uma retífica nada mais é que “alargar” um pouquinho os cilindros, no caso em 0,25mm (padrão para a primeira retífica). Aliás, para que entendam um pouco melhor essa história, saibam que “cilindrada” tem a ver com o “tamanho de motor” e é a medida do volume total dos cilindros em centímetros cúbicos. Assim, 1.000cc equivale a 1 litro. Por exemplo, um motor de 500cc com 2 cilindros significa que num cilindro, com seu pistão na posição mais baixa, cabe o conteúdo de um copo de 250ml, ou seja, cada cilindro é de 250cc, o que multiplicados por 2 cilindros somam as 500cc.
No caso do Opala seis cilindros (4.1) a “cilindrada oficial” é de 4.095.336mm³; com a primeira retífica, vai para 4.137.048mm³. Se é que não errei na conta…
Mas o mais legal foi ver a animação do rapaz, pois ele veio me perguntar se eu iria querer pintar o motor com a cor original – já sugerindo que o motorzão todo vermelho no Opala laranja poderia ficar esquisito. Como eu percebi que ele já havia pensado bem no assunto, lembrei-o de que eu estava reformando o Titanic, e não restaurando. “Desembucha”, eu lhe disse.
Então ele me levou para um outro canto da oficina e me mostrou como estava a tampa, pintada de preto.
E já sugeriu fazer a mesma coisa com as tampas laterais do motor, porque daí daria uma quebrada e ficaria muito mais bonito. Fiquei feliz com a empolgação dele e garanti que ele poderia dar asas à imaginação, pois no meu íntimo eu já tinha certeza que ele seria tão caprichoso quanto o pai.
E só pra completar ele já sugeriu fazer uma fina linha vermelha nas letras da tampa…
Enfim, é isso. Aguardem cenas dos próximos capítulos – que, garanto-lhes, em breve virão! 😀
Em tempo: Caso queiram saber como foi a conta matemágica para se chegar na cilindrada do motor, eis a fórmula:
(PI x r² x h) x n, onde:
PI = 3,1416
r = raio do pistão ao quadrado (metade do diâmetro, que é de 98,43mm)
h = curso do pistão no cilindro (que é de 89,7mm)
n = número de cilindros (que são os 6 canecos do 4.1)
O Tanque
Não.
Péra.
Não é nada disso.
Estamos falando de tanque, sim, mas é de combustível…
Em particular o do Titanic.
Que nada deve para uma peneira. Das boas.
Explico. Como agora retomamos a montagem do carro… Hein? O quê? Eu não havia falado disso? Pois é, vejam só… Tendo abortado a busca ao sagrado câmbio perdido, foi questão de tempo – e pouco – para finalmente darmos o próximo passo, qual seja, a retífica. Ainda pretendo falar um pouco mais disso por aqui, mas por enquanto basta saber que ela já foi providenciada. Nesse meio tempo o Seo Waltair saiu à busca de suportes para o radiador (mudamos o motor para 6 cilindros, lembram?) e cuidou de dar um trato no tanque.
Mas nem foi preciso muito…
Ao simplesmente tirar o excesso de barro e pó que se acumularam no decorrer dos últimos anos, já ficaram nítidos os furos. A corrosão veio de dentro pra fora. Nem foi preciso uma escova de aço para que os malditos furinhos aparecessem…
Faltou dar um zoom, mas creiam-me: eles estavam lá. Como se algum tipo de cupim de metal tivesse feito alguma reinação no pobre do tanque. Estrago digno de um Megatron avariado…
Bem, constatado o óbvio, o negócio é seguir em frente. A busca por um outro tanque, de metal mesmo. Segundo ele, adaptar um de “plástico” teria mais inconvenientes que vantagens, desde a fixação até mesmo a regulagem do marcador de combustível. E já concordamos que nada de buscar tanque usado. Se é pra fazer certo, que seja novo, então.
Ele vai fuçar do lado dele e eu do meu.
E, cá do meu lado, numa fuçadinha básica encontrei um de 65 litros lá na Jocar. Da marca Igasa, recomendado para Opalas de 82 a 84. Quase quatrocentos contos! Mas, se servir, bem, pelo menos em dez vezes no cartão eles fazem. E, na atual conjuntura, com tudo mais que ainda precisaremos para que o Titanic volte à vida, isso já me daria um fôlego gigantesco…
Encavalando o proseio…
Depois de já ter concluído este post lembrei-me que em algum lugar já havia visto uma matéria um pouco mais completa sobre tanques. Não tive dúvidas: fui dar uma fuçada na minha modesta biblioteca e encontrei o que queria lá na revista Opala & Cia nº 27. Muito boa e única do gênero que se mantém. Royalties, please. Aceito na forma da revista nº 2 que é a única que falta na minha coleção! 🙂
Mas voltemos ao assunto – e, pra variar, com um pouco de história.
Quando foi lançado no mercado o tanque da linha Opala não fugia do tradicional. Os modelos da época, tanto o 3.800 quanto o 2.500, possuíam um tanque feito com chapa de aço estampada e bocal metálico, com capacidade para 55 litros. Em 1975, com a reestilização da linha, houve alterações nas tampas dos reservatórios, mas não com relação aos tanques em si. Mais tarde, em 1979, por conta da crise do petróleo, a capacidade do tanque foi ampliada para 65 litros para garantir uma maior autonomia – principalmente porque surgiu a versão com motor a álcool, cujo consumo era bem maior
Os tanques da época – tanto para motores gasolina quanto para motores a álcool – tinham a chapa tratada com estanho para evitar a corrosão. Em 1984 a autonomia melhorou ainda mais, pois o Opala a álcool passou a ser equipado com um tanque ainda maior, de 88 litros. Já a partir de 1990 foi adotado para toda a linha o tanque plástico de 93 litros, de polietileno de alta densidade e alto peso molecular.
Já ouvi dizer que existiriam tanques até maiores, de modelos especiais, mas sinceramente não encontrei nada sobre o assunto.
O que não dá pra deixar de lado é, no caso de mudança do tanque, mudar também a boia de combustível, colocando um modelo que seja compatível, sob risco de ser enganado pelo marcador…