Flagrante da cirurgia

E então, ansioso do jeito que sou, não pude me conter e dei uma passadinha lá na oficina para ver a quantas anda tudo com os carros.

Segundo o Marino (o mecânico), os prognósticos são bons.

No decorrer dessa semana ambos já devem ficar prontos…

Uma geral do 76 meio que desmilinguido.

Sim, os diferenciais deverão ser trocados entre os carros.

Eis o cofre vazio, pronto para um novo depósito.

E aqui temos o doador, ansioso para mandar sua alma de volta às ruas!

Uma peculiar visão das entranhas do conjunto por parte (novamente) de meu caçulinha.

Ainda na UTI

E pra que ninguém duvide que com o novo membro da nossa Família Chevrolata eu talvez possa perder o foco deste blog – certo, Jayson? 😉 – ainda hoje pela manhã eu passei na oficina para dar uma olhada nas barcas.

Quase tudo igual.

Pelo menos manobrou os carros para outra posição…

Mas, sem problema, eu já sabia que haviam outros “pacientes” na frente.

Quando efetivamente o mecânico começar a cirurgia vou ver se consigo algumas fotos…

Ano Novo, Vida Nova

Pois bem, fugindo às minhas próprias regras, eis que decidi quebrar o protocolo e passar “voando” pelo mês inteiro de dezembro. Deixarei de lado os causos de quarta, as fotos de sexta e mais uma ou outra dica que havia agendado.

Até porque a mera existência de regras implica exatamente na possibilidade de que sejam quebradas…

Pois vamos lá.

16 / DEZ / 2008

Passados cerca de 20 dias, ontem à noite começou tudo a falhar de novo.

Tá parecendo a Enterprise que, a cada episódio, corria o risco do reator explodir. Isso também acontecia muito em Viagem ao Fundo do Mar.

Como não tenho nenhum Doutor Spok ou Almirante Nelson para resolver o problema, creio que terei que me virar sozinho mesmo.

E a idéia da imediata troca de motores fica cada vez mais nítida em  minha cabeça…

17 / DEZ / 2008

Ontem, logo pela manhã, limpei e novamente lixei de leve o contato de todas as velas.

Nada.

O carro continuou falhando.

E feio.

Pelo forte cheiro de gasolina, comecei a suspeitar de um possível carburador entupido…

Fui trabalhar com o carro da Dona Patroa (boa desculpa para poder sair mais cedo do serviço) e, à noite, após um rompante de água vindo dos céus capaz de afogar até Noé, fui dar uma fuçada no carburador.

Desmontei, limpei, passei ar.

Nada.

Falhando.

Definitivamente preciso decidir o que fazer. Se invisto em mais uma sessão mecânico ou se parto de uma vez por todas para a troca de motores.

E, nesse meio tempo, trabalho, trabalho, trabalho…

17 / DEZ / 2008

Hoje pela manhã fui naquele mecânico (será que já falei dele?) perto de casa e que só trabalha com Opalas.

Na prática fui perguntar quanto que sairia trocar a mecânica dos Opalas – ou melhor, colocar o do 79 no Titanic II e deixar o do Titanic II de escanteio até que eu possa realizar um trabalho completo nele (o chamado “fazer o motor”).

Oitocentos merréis. Cada.

Até que tá bom, pois eu estava esperando algo pra lá de dois contos!

Além de quê, esse mês tem décimo-terceiro… 😀

Entretanto como a oficina está cheia (e ele quer tirar pelo menos uma semana de descanso), combinamos que logo na primeira semana de janeiro eu levarei os carros até lá (preciso dar carga na bateria do 79). Desse modo deixarei o Titanic II com o motor de quatro cilindros do 79 e providenciarei o acerto na documentação. Já o motor de seis cilindros deixarei em banho-maria até que o restante da funilaria e pintura do 79 estejam prontos.

Nesse meio tempo tentarei deixar os bichinhos bem quietinhos na garagem…

28 / DEZ / 2008

Há dias o Titanic II está parado na garagem. Resolvi dar uma de valente.

Não necessariamente inteligente.

Mas valente.

Coloquei o carro para fora, apesar de o motor estar falhando e soltando mais fumaça que o fumacê para matar pernilongos em beira de córregos (e isso, definitivamente, não é um bom sinal).

Liguei. Acelerei. Começou a ter uma certa constância no barulho. Acelerei mais ainda. Começou a ficar mais suave. Será que era apenas algum pequeno entupimento no carburador? Acelerei no limite. Até os muros de casa tremeram.

E então fudeu.

CRÁ-QUE-TÁ-CRÁ-CRÁ-CRÁ-CRÉC-CRÁ-TÁ-TÁ-TÁ!!!!!

Foi mais ou menos esse o barulho.

Parei de acelerar e o barulho também parou. Motor ronronando. Desliguei e fui ver o tamanho do estrago.

A polia saiu!!!

Correia de um lado, retentor de outro, polia enroscando na hélice – que, por sinal, já estava meio arrebentada depois das desventuras com o radiador.

Com a polia fora do lugar isso implica em que não haverá refrigeração da água do radiador, pois a hélice parou de girar, bem como a bateria não carrega mais, pois o alternador ficou desconectado.

Desisto.

Vou para o “Plano B”.

31 / DEZ / 2008

Hoje.

Finalmente acertei o relógio atômico deste pseudo site/blog com o resto do planeta (ainda que à força).

Já conversei com o Marino, o mecânico de Opalas perto de casa. Coisa de um quilômetro. O caboclo tem quatro (eu disse quatro) Opalas. Dentre eles um branco de 1970 que é um primor. Fora o turbinado.

Facilmente levei o Titanic II até a oficina. Sendo próxima de casa não tinha perigo de superaquecimento. Já o 79 demandou de muitas manobras para tirá-lo da garagem no muque, pois a bateria estava arriada e, ainda que na base da chupeta, não queria pegar.

Dona Patroa ajudou.

Nem um pouco feliz, diga-se de passagem.

Com ele do lado de fora o Marino veio com uma bateria avulsa para “partida rápida”. Fizemos o bichinho funcionar e ele pilotou o bólido até a própria oficina – enquanto eu o seguia com o Corsinha da Dona Patroa.

– Esse motorzinho tá bom, hein?

Ufa. Pelo menos isso.

O combinado: tirar o motor de seis cilindros do Titanic II e substituir pelo quatro cilindros do 79, bem como toda a mecânica necessária. Esse motor vai ficar na garagem de casa aguardando o final da funilaria do 79. Após, com o carro devidamente pintado, aí sim esse motor será desmontado, consertado e reconstruído com tudo que for necessário.

Previsão de entrega: lá pro final de janeiro.

Uma vez entregue, providenciarei a atualização dos documentos do Titanic II (com o novo motor) e simplesmente passar-lo-ei nos cobres. Será sumariamente colocado à venda. Não preciso de DOIS Opalas, mas sim de apenas um: o primeiro, aquele que já tem história, que eu e meu pai desmontamos e soldamos de cabo a rabo. Ou seja, o 79.

Nesse meio tempo, com a Dona Patroa de férias, poderei usar o Corsinha para o trabalho.

Aliás, falando em trabalho, definitivamente, ano novo, vida nova! Para quem sequer tinha certeza se estaria trabalhando agora em janeiro, não só estarei, como fui escolhido para realização de novos desafios, audaciosamente indo onde nenhum advogado jamais esteve…

E, com isso, meu tempo livre, sempre o tempo, sempre escasso, será reduzido a apenas alguns grãos de areia da ampulheta. Ou seja, dentro do impossível serei obrigado a fazer como todos os demais mortais, deixando de brincar com meu kit Revell tamanho natural e delegando os serviços de reforma a profissionais muito mais competentes do que eu.

Mas ainda assim creio que será divertido.

Fotos não faltarão e o andamento será bem mais rápido do que o que se arrastou por aqui no último ano. Até porque, em função de tentar manter a integridade do motor (e mesmo para poder dirigir um pouco para cima e para baixo), acabei concentrando meus esforços – e economias – no Titanic II, que sempre foi um acessório, mas nunca o objeto principal.

O ano de 2009 começa em apenas algumas horas e, com ele, já devo também dar início a muitos de meus planos de um modo bem mais focado que de 2008. Mesmo amanhã já terei compromissos de trabalho e na sexta terei que pegar firme no batente.

E a vida continua.

E a todos vocês, meus quase cinco (ou serão seis?) leitores, desejo um ano novo repleto de realizações e muita, mas muita, sorte mesmo em todos seus projetos!

Que o ano vindouro seja melhor que este que se encerra e pior que aquele que o sucederá…

UM FELIZ 2009 A TODOS!!!

E agora vamos tomar uminha que ninguém é de ferro… 😉

Segurando as pontas

Bem, no domingo estive na casa de meu pai e, dentre outras novidades, comentei com ele acerca do maldito sexto cilindro falhando. Perguntei-lhe se haveria alguma probabilidade de dar “um jeitinho” qualquer no carro que não fosse abrir o motor para uma eventual retífica.

Ele simplesmente me disse o que eu já sabia.

Não teria como escapar da malfadada retífica.

Exemplificou com o antigo jipe quatro cilindros que ele tinha (uma hora dessas coloco uma foto dele por aqui), que “pifou” um cilindro e ele ficou um bom tempo andando com três, até que abriu o motor e resolveu o problema.

Aliás, outra coisa que ele disse – e que deveria até ser óbvia para mim – é que eu tomasse cuidado com o nível do óleo, pois se ele estivesse subindo para o pistão isso significaria que o carro estaria “queimando óleo”.

Isso deveria estar claro para mim, né? Afinal de contas se o óleo está subindo e queimando, de algum lugar ele deveria vir. E essa reserva é limitada! Depois desse proseio, ao chegar em casa, fui dar uma checada no nível do óleo. MENOS DE UM LITRO!!! De cara já completei o óleo e, também, a água – que provavelmente baixou um pouco em função desse aquecimento exagerado do motor por falta de óleo suficiente…

No decorrer do dia de hoje fiquei elucubrando mentalmente qual a saída mais rápida e menos onerosa para tentar solucionar o problema. A conclusão que cheguei é que o melhor seria pegar o motor quatro cilindros do 79 e já efetuar a troca e adaptação, deixando o seis cilindros na bancada até que chegasse sua vez de voltar a rodar. Por “sua vez”, entenda-se disponibilidades pecuniárias e financeiras…

Mas, matutando sobre o assunto, lembrei-me da época das motos. Em especial as da Yamaha, motor dois tempos, viviam queimando óleo e num determinado ponto começavam a ficar meio que falhando. Buscando na memória lembrei-me também do óbvio! E, ainda, do que eu fazia na época!

É que o “queimar óleo” significa que, junto com a mistura ar-combustível, uma parcela mínima de óleo também estaria passando para a câmara de compressão, misturando-se à explosão. Ocorrendo isso de modo reiterado uma fina camada de óleo queimado vai se acumulando na ponta das velas, comprometendo assim a centelha e, consequentemente, a explosão.

Ou seja, o negócio seria dar uma limpada nas velas, restabelecendo o contato.

Chegando em casa, à noitinha, retirei todas as velas e, uma por uma, com uma fina lixa d’água, limpei todos seus contatos – sendo que, de fato, a do sexto cilindro estava bem mais “pretejada” que as outras, as quais apresentavam uma saudável cor amarronzada. Ainda assim limpei todas.

De volta ao lugar, saí para um rápido teste pelo quarteirão.

Jóia!

Todos cilindros funcionando como um relógio!

Só não posso descuidar do óleo…

Afinou, então tá bom…

E eis que resolvi que já seria hora de colocar em prática uma ideia que já vinha matutando há algum tempo.

Com a recente falha do sexto cilindro, percebi que somente haveriam medidas paliativas até que efetivamente mandasse executar o serviço. Tenho uma reserva pecuniária para emergências (tá, tá, confesso: é o cheque especial) e decidi que deveria avaliar bem melhor essa situação. Até porque haveria também a possibilidade de aportar o Titanic II lá na casa do Seo Bento, vulgo meu pai, para que, juntos, fizéssemos o serviço. Ou seja, eu sob a orientação dele. Mas isso tudo ainda estava assim, meio que enevoado em minha mente.

Então, pela manhã, fui buscar leite e pães, como de praxe.

E lá foi o carro meio que falhando.

É uma coisa irritante. Mesmo. O motor do Opala trabalha em baixa rotação, de modo que – ao contrário de outras enceradeiras outros veículos – não há necessidade de acelerar em excesso ou queimar embreagem. Só que com o cilindro falhando é justamente isso que acontece. É de espanar!

Então decidi. Com ou sem reservas esse carro iria para o mecânico.

E lá fui eu para o trabalho, distante cerca de 15km de casa. Já fui imaginando o caminho a fazer, a distância que seria ir (a pé) do mecânico até o trabalho – que fica praticamente do outro lado da cidade. E isso porque eu tinha uma reunião logo às nove.

Mas… PÉRAÊ!!!

Não tava falhando!

Tava tudo normal!

Que conclusão posso chegar?

Que o mardito afinou!!!

Sei lá, tenho dessas coisas. Objetos não são só objetos. Possuem personalidade. Possuem “alma”. E o danado – tal qual Herbie, o Fusca – estava me “dizendo” na prática que não queria ir para o mecânico. Ao menos, não naquele momento…

Assim, resolvi lhe dar uma chance e respeitar isso.

Pelo menos por enquanto…

Cada macaco no seu galho

Eu já estava esquecendo: quando levei o carro no mecânico, anteontem, uma das coisas que pedi foi para que verificassem o fato de o radiador estar baixando de um a dois litros d’água por semana. Minha preocupação é que eu não tinha constatado nenhum vazamento aparente e estava com receio de que essa água estivesse indo para onde não devia no motor…

O caboclo simplesmente falou que sim, o radiador estava com vazamento, mas que eles não “mexiam” com isso não.

Bem, o jeito seria levar em alguma oficina especializada só nessa área.

É que, na prática, não que eu tenha perdido a no meu mecânico de praxe, mas é que desde que ele mudou sua oficina para novas e amplas instalações cada vez mais ele foi se tornando um “clínico geral”. E isso não é lá muito bom para carros com mecânicas ainda que simples, mas de regulagem específica, como os Opalas.

Antes mesmo de levar o carro para um profissional específico da área, ainda ontem resolvi dar uma visitada nos desmanches de plantão para saber o custo de um novo radiador velho. Vai que sai mais barato que o conserto? Dei azar. Nenhum deles tinha nada da mecânica do seis cilindros. Paciência.

Já hoje de manhã parei na estrada, a caminho do trabalho, e entrei numa oficina que só trabalha com radiadores. Deu trabalho pra encontrar o tiozinho lá no fundo, mas, enfim, ele veio dar uma olhada no carro. Num curtíssimo espaço de tempo levantou tantas hipóteses e suposições, juntamente com um mecânico que estava ali por perto, que não foi difícil que eu me convencesse que o caboclo estava exercendo a mais pura arte da chutologia. Levantei vôo.

Nisso acabei lembrando de que um amigo, o Evandro, há bem pouco tempo tinha mandado consertar o radiador de seu Gol. Liguei e peguei o endereço. Sob veementes protestos, pois ele estava no banho, atrasado, numa correria e eu o estaria atrapalhando.

Ê mundo bão… 😉

Enfim, levei o carro logo pela manhã (bem perto de meu trabalho) e fiquei de pegá-lo no final da tarde. Ali pelo meio-dia já me ligaram dizendo que estava pronto. No meio da tarde consegui dar uma escapada (antes que chovesse) e fui buscar o Titanic II.

Resultado: havia uma camada de sujeira que ora entupia ora não a emenda lateral do radiador. Por isso é que nem sempre o vazamento era detectado. O sujeito tirou fora o radiador, remartelou-o inteirinho, refez as soldas onde deveriam ser refeitas, limpou-o, deu banho químico (seja lá isso o que for), desamassou as abas do bocal e pôs tudo de volta no lugar. Até segunda ordem, parece que tudo está ok.

Daí, mais do que nunca, chego a seguinte conclusão: cada macaco no seu galho. Essa coisa de clínica geral no carro é complicada, pois a gente pode acabar gastando mais do que devia em componentes que não necessariamente seriam os geradores dos problemas. Numa oficina especializada o caboclo só mexe com aquilo, de modo que a probabilidade de cometer uma gafe seria beeeeeem menor. Eu já devia ter aprendido isso após aquela saga com o motor de arranque – mas sou teimoso, que fazer?

Pois bem. A única recomendação que deixou é que a tampa do radiador, por não ser original, ainda apresentava um pouco de vazamento. Recomendou que eu conseguisse uma original. Apesar de na hora eu ter pensado em mais um ato de antropofagia no 79 ele já me deu o endereço de uma loja onde talvez tenha o que procuro.

Vouverei isso…