Então é isso.
Finalmente cheguei a óbvia conclusão de que a mídia (leia-se: Imprensa) definitivamente é quem manda nesta terra.
Como se não bastasse o “nosso” astronauta brasileiro, que além de feijões conseguiu mandar a língua portuguesa para o espaço (na última entrevista, além do gerundismo, me deparei com um “a gente vamos”…), tivemos também o sintomático caso da dança no Congresso.
Ora, francamente, se não fosse a mídia achincalhando cada brecha desse caso, qual teria sido o grande crime?
Esse episódio me faz lembrar um outro, de não muito tempo atrás, quando os cartolas do mundo futebolístico queriam que os gols fossem comemorados com um simples aceno à torcida. “Seria uma maneira de não ridicularizar os adversários”, foi uma das desculpas para tal estultice.
Pra mim é praticamente a mesma situação.
De início pensei em escrever uma bela de uma defesa para esse comportamento, mas, sinceramente, sob uma ótica jurídica achei limitada minha argumentação. Foi quando resolvi deixar de lado minha miopia advocatícia e percebi que o “problema” não é de ordem jurídica, mas de ordem cultural.
E volto à comparação com os cartolas: se alguém quer comemorar o que entende ser uma vitória, o que, cargas d’água, qualquer um teria a ver com isso? Não sei qual foi o mote específico para tanta alegria (e, diga-se de passagem, tampouco me importa saber), mas há que se lembrar que nós, brasileiros, somos sim um povo brincalhão, feliz, que faz troça de tudo, que ganha pouco e ainda se diverte.
Se a nação ficou “escandalizada” com o dito comportamento, tenho uma proposta simples para cada um destes: vá assistir uma sessão de Câmara em seu próprio Município. Qualquer uma. Qualquer Município. Há não muito tempo eu escrevi sobre o circo do absurdo que prolifera numa sessão dessas – vejam os arquivos aqui. Ou seja, se alguém estiver disposto a criticar outros jardins, que primeiro olhe para o próprio quintal!
Mas tais coisas, ainda que corriqueiras, são pequenas. Não atraem a grande mídia. Agora quando a coisa é no Congresso… bem, a história é outra. E contam, recontam e contam novamente o mesmo caso, abalroando a cabeça do público com a SUA história e este, em sua vida de gado, a aceita e a repete.
Heh… Me tocam sininhos acerca de uma antiga música: “Nowhere man”. O trecho que corresponderia bem a essa atitude do grande público perante os humores da mídia – e que fica martelando na minha cabeça – é o seguinte: “He’s as blind as he can be, Just sees what he wants to see”… e por aí vai.
Enfim: decidi que não vou – nem quero – perder meu tempo defendendo o óbvio para quem não quer enxergar. Particularmente continuo confiando plenamente nela. Quem teve a possibilidade de conhecer de perto o conjunto de sua obra (passada e presente), sabe que é uma bobagem inominável dar ouvidos à mídia nesse caso.
Meu voto continua sendo dela. Quem quiser que encontre – ou não – uma justificativa que lhe pareça plausível.
E ponto final.
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