Mania de crise

O título foi descaradamente copiado deste post lá do Lente do Zé, de onde também recortei e colei essa deliciosa crônica que segue…

A BOLSA OU O BODE
Xico Sá

( Da crônica publicada semanalmente nos jornais O Tempo (BH), Diário de Pernambuco e Diário do Nordeste – Distribuição agência BrPress )

Toda vez que escuto falar em quebradeira nos mercados, só penso na galinha da terra com pirão de parida do mercado da Encruzilhada, no Recife, só penso no bode com cuscuz do mercado da Madalena, na mesma invicta cidade, só penso no fígado com jiló do mercado Central de Belo Horizonte, só penso no Shop-chão, como é conhecida a venda de coisas tantas na calçada ali nos derredores do mercado também central de Fortaleza, só penso no Ver-o-peso, o mercado de Belém, estes sim, entre outros nucleares, são os mercados centrais da existência, o resto é boato de playboy brincando com dinheiro dos outros como a gente brincava na infância com cédulas feitas de carteiras de cigarro, você se lembra?.

Nunca leio sobre o assunto, essa jogatina de banco quebrado não me interessa, mas mesmo sem querer nos buzinam nos ouvidos, no rádio, na tv, no noticiário, sem falar nos chatos pobres que se acham os magnatas, os lascados que enricam durante as bebedeiras, os fazendeiros imaginários e toda essa gente que dana-se a fazer fortuna nas nossas oiças.

Foi o que aconteceu esta semana logo assim que anunciaram mais uma vez o fim do mundo, a quebradeira da banca capitalista, coisa igual ao juízo final de 1929 norte-americano, crash, um alarde, uma gritaria dos diabos, valha-me Santa Edwiges, padroeira dos devedores, pior do que o anúncio do apocalipse no gramofone dos Borboletas Azuis, a seita que começou a estocar arroz, feijão, vela e farinha de Juazeiro do Norte até as encostas da Serra da Borborema, na Paraíba, na virada dos 1999 para os anos 2000 –uma gente fanática mas, convenhamos, muita mais honesta do que os idiotas do mercado financeiro.

Não sei se na hora que o amigo e a amiga lêem esta crônica o mundo já está arrombado, duvido muito, apesar dos galeguinhos americanos tenham feito tudo para nos mandar para os piores atoleiros da humanidade –a desgraça é que mesmo sem querer muita gente daqui é sócia invisível deles e quer continuar sendo mais ainda. Bem feito. Quero ver a quebradeira pegar gente como nós que aplicamos 100% na vida, nos gastos essenciais e nas celebrações merecidas nos bares, batizados, casamentos, bodegas, quintais em festas e mercados centrais.

Sim, não somos burros, é óbvio que se a merda virar boné se lasca até quem está fora desse baralho, todo mundo, uma avalanche dos infernos, mas por isso que defendemos o fim dessa brincadeira de playboy com o dinheiro honesto de quem cai nessa lorota. Amigo, se gosta de jogar, melhor entrar na liga de dominó do Alto Zé do Pinho, melhor jogar baralho, truco, porrinha, melhor correr da ciranda financeira que não tem nada a ver com Lia de Itamaracá, essa diva, essa gênia, melhor correr da arriscada jogatina, mesmo sabendo que a economia brasileira nunca foi tão forte em toda a história, nunca segurou tanto a onda e os seus tubarões monetários mais famintos do que as feras do mar de Boa Viagem. O meu dinheirim mesmo não dá tempo nem de esquentar debaixo do colchão, gracias, aplico todinho nos boxes mais alentados dos mercados centrais e nos seus derredores, seja em São Paulo seja na tapioca com nata ali perto da estação ferroviária do Crato.

Que o mundo globalizado se quebre até as juntas, mas, faz favor, não venha com essa ventania dos infernos para cima de quem nunca colaborou com essa mentira. Se você nunca entrou nesse jogo, amigo, vá à justiça cobrar a mordida. Ciranda, brother, só de Lia de Itamaracá, o resto é fraude e suspeita.

(Mequinho) Valtinho

E então, reunidos no boteco’s-bar de praxe, estavam os também copoanheiros de praxe discutindo, como de praxe, acerca da solução dos problemas do mundo.

E eis que chega todo esbaforido o nosso caríssimo amigo, companheiro, retratista e gente boa a toda prova, o Valtinho. Com a sua característica e portentosa voz de buzina de bicicleta (aquelas do tipo fon-fon, lembram?), já foi logo dizendo:

– Caramba, gente. Acabei de ganhar um jogo de xadrez. Acho que nem sei mais como é que se joga xadrez. Como é que vou ensinar meu filho, assim? Como é mesmo que se joga esse negócio?

O sempre prestimoso Bicarato bem que tentou apelar à memória do próprio Valtinho:

– Vamos lá, neguinho. Como é que o cavalo anda?

Meio que desconfiado, meio que indignado, na hora o caboclo já emendou:

– Como assim como é que o cavalo anda? Anda nas quatro patas, uai!

Após os dezoito minutos de gargalhadas que em seguida tomaram conta do recinto, eis que o Bica, talvez munido mais de compaixão que de bom-senso, ainda tentou insistir:

– E que mais você lembra do xadrez?

– Ah, sei lá! Sei que tem um monte de peãozinho querendo comer a rainha. Aliás, também tem o rei – que acho até que deve ser meio viado…

Depois dessa, ficou decidido.

O negócio dele é o jogo de damas.

Ainda que com as peças do xadrez…

Emenda à Inicial: É lógico que essa figura ímpar que é o Valtinho não teria se contentado com somente essa “atrocidade”. Segue lá pro Alfarrábio que tem mais (com fotos) acerca desse sanguibão

Prefeitura é lugar de despacho?

Antes de mais nada, não, não é onde eu trabalho.

Acontece que participo de uma lista de discussão de opaleiros na qual o autor das fotos as encaminhou por engano – inclusive desculpou-se pelo equívoco. Mas o (hilário) estrago já estava feito.

Aliás, não tenho a mínima idéia acerca de em qual Município foi feito o tal do “despacho”. Mesmo assim já deu pra ter uma idéia do nível da disputa eleitoral por lá!

Por fim convém lembrar que qualquer espécie de magia é tão forte quanto a crença que se tem nela…

😉

Secando a Lei

Opinião do Sérgio Leo que vai ao encontro de tudo aquilo que eu sempre disse desde o começo desse imbróglio todo de “Lei Seca”:

A imprensa comtinua atribuindo à Lei Seca o que é função da maior fiscalização no trânsito: a queda de acidentes. Foi a fiscalização relaxar e os índices já começaram a subir, sem que se tenha notícia de aumento ou queda no consumo de bebidas nos bares.

É esperar agora começarem as notícias sobre achaques aos cidadãos que bebem socialmente e dirigem sem ameaçar ninguém.

Mais do mesmo lá no Copoanheiros

Politiquês ferrenho

Eis algumas das frases ditas por um candidato a prefeito (PSOL) em uma cidade do interior de São Paulo durante um debate num programa de rádio.

As crianças são tratadas como ‘mercadoria’ (??)… não há vagas, terceirizaram as ‘mão-de-obra’; se nóis não educar o povo…

Como os ouvintes podem tá assistindo (sic), ouvindo as mentira…

Como ser humano avalio a falta de incompetência, de humanização.

Sem comentários…

Planeta Brasil


Domingão.

Café da manhã costuma ser bem mais demorado.

Na TV passa alguma propaganda – não me lembro qual – que mostra a bandeira do Brasil.

– Paiê! Olha! É a nossa cidade do planeta Brasil!

Esse foi o Jean, meu caçulinha, do alto de seus quatro aninhos relacionando a figura da bandeira à do país.

– É filho. Mas aquilo é só a bandeira. E não é a bandeira da “cidade do planeta Brasil”. Cidade é esse local em que a gente mora, onde também moram seus vovôs e suas vovós. E Brasil é o país onde fica essa nossa cidade. E o país Brasil, junto com outros países, é que fazem parte do planeta Terra. Essa bandeira que você viu é a do nosso país Brasil. Entendeu?

– Ah… Intindi…

Volto calmamente a sorver meu café, quando:

– Paiê! Eu já tenho quatro anos e é por isso que eu já sei qual é a nossa bandeira, não é mesmo, paiê?

– É isso mesmo, filho.

– Só que eu não sei qual que é a bandeira do outros planetas da Terra…

Cidade digital

No início deste ano já falei um pouco sobre o tema, como dá pra rever bem aqui.

Mas com toda essa balbúrdia que tenho visto nas cidades da região em função das eleições municipais, com farpas trocadas e dedos em riste, achei que seria melhor deixar uma coisa bem clara. O projeto Cidade Digital é uma realidade. E uma realidade factível. Já vem “acontecendo” aqui no Litoral Norte e – bem mais próximo – na cidade de Jacareí, SP. E que não me venham falar que seria uma questão meramente política! Aliás, o próprio Sérgio Amadeu – de quem empresto as palavras – já fez uma boa análise, que está aqui. Em seu artigo cita diversas cidades no Brasil e conclui:

Temos ainda os casos de Sud Menucci (SP), Quissamã (RJ) e Tapira (MG). Todos fornecem sinais gratuitos reduzindo o ‘CUSTO BRASIL’ de comunicação e contribuindo para a inclusão digital. Nenhuma dessas prefeituras é governada pelo PT. Defender cidades digitais não é uma questão partidária. Trata-se de uma questão pública.