Publicado no site da Ins-pirada sob o título de “Como?”, o texto a seguir mostra claramente os absurdos da vida real, tendo como artista coadjuvante a Internet – usualmente utilizada pelas empresas para ter um “quê de modernidade” mas sem na realidade sequer saber o que estão fazendo…
(senha, espera, espera, espera)
– Bom dia. Identifiquei no site de vocês ontem uma vaga adequada ao meu perfil profissional. Gostaria de obter mais informações.
– Você já tem cadastro?
– Sim, inclusive me candidatei à vaga pelo site.
– Ih… não adianta. Peraí.
– Como?
– Péra – (rabisca, rabisca, rabisca) – Se você tiver acesso à internet você manda seu currículo para esse e-mail aqui.
– Mas a candidatura pelo site não funciona?
– Funciona, mas os analistas nunca olham.
– Como?
(outra senha, espera, espera e espera mais um pouco)
– Vi no site de vocês que há uma vaga para analista de RH. Gostaria de obter mais informações.
– Preenche essa ficha.
– Não, quer dizer, tudo bem. Mas poderia me passar mais informações? Quais são os pré-requisitos, porte da empresa…
– Depois que você preencher a ficha.
– Como?
– Tem cadeira vaga ali ó.
(suspiro, preenche, preenche, preenche)
– Prontinho. Você poderia me passar mais detalhes sobre a vaga agora?
– Isso só com o analista.
– Como? (10, 09, 08… )
– Ele tá atrasado. Se quiser pode sentar e esperar.
(outro suspiro, mais espera, espera, espera)
– Luciana Pi-viii-os-pa??
– Sim?
– O analista chegou e mandou dizer que essa vaga não serve para você.
– Como?
– É. Ele disse que sua pretensão está muuuuuito acima (balança a cabeça e estala a língua duas vezes). Estão pagando R$700,00.
– R$700,00 para uma vaga de analista?
– É.
– A-na-lis-ta?
– É.
– R$700,00?
– É.
– Só por curiosidade. A quanto tempo essa vaga está aberta?
– (tecla, tecla, tecla) 4 meses.
– Ceeerto…
( sem senha – oba – fila quilométrica, espera em pé, espera em pé, espera em pé)
– Bom dia. Tentei cadastrar meu currículo ontem, mas infelizmente não consegui. Por isso resolvi vir pessoalmente.
– Trouxe carteira de trabalho?
– Puxa, infelizmente não. De que informações você precisa?
– Datas de admissão e demissão.
– Bom, nesse caso, mesmo que eu estivesse com ela não ia lhe ajudar, pois não trabalho registrada há alguns anos.
– Então não posso fazer o cadastro.
– Como?
– Sem a carteira só dá para fazer pelo site .
– Aqui eu não posso fazer o cadastro sem carteira de trabalho, mas no site eu posso?
– É… (confusa). Puxa que coisa idiota, não? Próximo.
Tenho uma loja de roupas, e toda vez que vendo no crediário, peço para o cliente assinar uma nota promissória, porém, isso gera às vezes constrangimento, por tratar-se de uma cidade pequena onde nossos cliente são pessoas que já conhecíamos antes da abertura da loja. Para toda venda, preenchemos uma ficha de venda, onde anteriormente as pessoas assinavam embaixo sem se importarem, então tive a idéia de imprimir as fichas de vendas, com a cópia de uma promissória na parte debaixo dela, já que trata-se de uma folha de sulfite, com espaço suficiente sobrando. Então o cliente assinaria a nota como fazendo parte da ficha. Assim, no caso de inadimplência, eu destacaria a nota promissória da ficha, e tomaria as providências legais. Minha dúvida é quanto à validade da nota. Eu li todo o decreto nº 2044 de 31 de Dezembro de 1908, que fala sobre todos os pré-requisitos para a validade da nota, e fiquei com a impressão de que não trata-se de um documento com impressão controlada, como cheque por exemplo. Então gostaria de saber isso, se eu solicitar que uma gráfica imprima minhas fichas de venda com a cópia de uma promissória embaixo, essa promissória tem valor? Grato Luciano.
Luciano, o grande problema aí, que iria de encontro ao disposto no Código de Defesa do Consumidor, seria se o cliente não tiver noção do que está assinando. Seria como se a nota promissória fosse algo como as “letrinhas miúdas” de um contrato.
Particularmente não vejo problema nenhum na maneira adotada de fazer com que o cliente assine, mas repito: o documento tem que ser totalmente claro e inequívoco, de modo que o cliente SAIBA o que está assinando.
No tocante à validade do documento, depois da “invenção” das ações monitórias, até rascunho de orçamento acaba servindo como prova legal…
Mas não se limite a estes meus palpites. Ou seja, procure um doutor advogado de direito jurídico aí de sua região para tirar essas dúvidas pessoalmente!
trabalho em uma loja, onde trabalhamos com vendas na nota promissoria, mas a partir do dia 02/04/2009 nao vamos mais trabalhar com esse documento , preciso saber como deixar isso escrito no caixa e bem claro ao cliente sem constrange-lo !
podem me ajudar ???
Ora, Marcela, até onde posso perceber isso é uma mera liberalidade da empresa (o fato de aceitar ou não efetuar vendas através de notas promissórias). Assim o sendo, não vejo nada de constrangedor em simplesmente informar isso de uma forma objetiva – da mesma maneira que muitas empresas não aceitam cheques, por exemplo.
[ ]s!