Era uma vez um jornalista.
Cabelos compridos, sempre meio quieto, taciturno, com fita adesiva numa das pernas dos óculos, estilão meio hippie, um embornalzinho cheio de papéis, recortes, notícias, revistas, enfim, de um conteúdo que ele nunca conseguia ler – mas que nunca deixava de levar. Tinha por costume ir naquele Armazém de sempre, no seu cantinho de sempre, tomar sua cervejinha de sempre, junto com sua cachacinha de sempre. À mesa os amigos variavam, mas naquele dia em especial ele estava sozinho.
Era uma vez uma professorinha.
Pele morena, cabelos compridos, um olhar inquiridor, de gargalhada solta e fácil, alma irrequieta, sorriso cativante, já com uma filha adolescente, um jeitinho meio alternativo, amada pelos alunos e dona do próprio nariz. Não era sempre que ia àquele Armazém, mas, afinal de contas, era um dia para se comemorar. Ou melhor, uma noite. À mesa as amigas que tanto insistiram para que ela fosse, pois aquele dia em especial era seu aniversário.
E, sabe-se lá o porquê, essas estranhas e invisíveis engrenagens cósmicas que movimentam nossas vidas, mas que raramente contribuem fazendo com que estejamos no lugar certo na hora certa, bem, naquele dia em especial elas se alinharam.
E o jornalista olhou para aquela professorinha.
E a professorinha olhou para aquele jornalista.
E ela, num arroubo vindo sabe-se lá de onde, o convidou para juntar-se àquela turminha animada. E ele, num desprendimento surgido sabe-se lá como, aceitou.
E tudo deu certo, como tinha que dar. E o que eram dois foi-se tornando um. E, com o tempo, ele foi cada vez mais se encantando com a professorinha. E, com o tempo, também ela foi cada vez mais se encantando com o jornalista. E, como tinha que ser, enamoraram-se. E o baú dele foi transportado para a casinha dela. E o carinho dela preencheu a vida dele…
E também tiveram lá seus problemas! Como todo e qualquer casal na face da Terra! Mas no caso deles é bem como dá o tom a antiga música: “E os dois comemoraram juntos / E também brigaram juntos, muitas vezes depois / E todo mundo diz que ele completa ela / E vice-versa, que nem feijão com arroz”.
E então, encantados que são, com direito a samambaia na janela e tudo mais, casaram-se!
Um dia para ser lembrado, uma lembrança para ser rememorada, uma memória para não ser esquecida!
E tive a honra e o prazer de ser um dos padrinhos!
E neste dia de hoje, por mais um aniversário seu, Rose, por mais um aniversário de vocês, Bica, tudo que posso e quero lhes desejar é felicidades!
Daqui e pra sempre, amém!