Outro dia comentando com uma amiga a respeito de algumas músicas, acho que supreendi-a (na verdade, também a mim), cantarolando um longo trecho de uma enigmática música da qual ela jamais ouviu falar – coisas dinossáuricas da bolha que me cerca e que permanecem gravadas em minha memória.
E, é lógico, acabei ficando com a música na cabeça…
Mas o mais interessante foi contar um pouco de história para essa Geração MP3 – eu ia escrever “Geração CD”, mas acho que isso também já deve estar ficando obsoleto (assim como eu) – em especial o fato de que aquela música fazia parte de um álbum lançado em 1982, ou seja, ainda estávamos em plena Ditadura Militar, inclusive com a Censura a todo vapor.
Os músicos de então aproveitavam-se de trocadilhos e sutilezas para brincar um pouco com os censores, dando a luz a músicas que nos dias de hoje podem até ser vistas como ingênuas – quase infantis – mas que, à época, divertiam justamente por flertar com o proibido. Mas, mesmo assim, às vezes exageravam na dose e daí a música não passava mesmo. Nesse caso em particular as duas últimas canções foram proibidas, o que levou a gravadora a inutilizar as duas últimas faixas do disco de vinil, riscando-as manualmente.
Eu tive esse disco. E, assim como eu, tenho certeza absoluta que todo mundo que já o teve também estragou agulhas e agulhas de seus toca-discos tentando ouvir alguma coisa daquelas faixas censuradas…
Aliás que, ouvidas nos dias de hoje, é lógico que nem são tudo isso – inclusive o último é um blues até razoável. As músicas? “Ela quer morar comigo na Lua” e “Cruel, cruel, esquizofrenético blues”. Algum outro dia até as coloco aqui. Pois hoje o que quero mesmo é exorcizar essa música que continua zumbizando na minha cabeça e que agora compartilho com vocês – uma baladinha vinda diretamente da (quase) inocente década de oitenta!
Blitz – O romance da universitária otária