Festa de Fim de Ano

De: Patrícia Gomes – Diretora de Recursos Humanos
Data: 01/12/2015 16:05
Para: Todos os Funcionários
Assunto: Festa de Natal

Tenho o prazer de informar que a festa de Natal da empresa será no dia 23 de dezembro, com início ao meio-dia, no salão de festas privativo da Churrascaria Grill House. O bar estará aberto com várias opções de bebidas. Teremos uma pequena banda tocando canções tradicionais de Natal. Sinta-se à vontade para se juntar ao grupo e cantar!

Não se surpreenda se nosso Vice-Presidente aparecer vestido de Papai-Noel! A árvore de Natal terá suas luzes acesas às 13:00. A troca de presentes de amigo secreto poderá ser feita a qualquer momento.

Entretanto, nenhum presente deverá exceder R$20,00, a fim de facilitar as escolhas e adequar os gastos a todos os bolsos. Este encontro é exclusivo para funcionários.

Nesta ocasião, nosso Presidente fará um discurso bastante especial.

Feliz Natal para vocês e suas famílias!

Ass.: Patrícia

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De: Patrícia Gomes – Diretora de Recursos Humanos
Data: 02/12/2015 11:04
Para: Todos os Funcionários
Assunto: Festa de Final de Ano

De maneira alguma nosso e-mail datado de 1º de dezembro pretendeu discriminar ou ofender nossos funcionários judeus! Reconhecemos que o Chanukah é um feriado importante e que costuma coincidir com o Natal mas isso não aconteceu este ano. De qualquer forma passaremos a chamá-la de “Festa de Final de Ano”.

A mesma política se aplica a todos os outros funcionários que não sejam cristãos. Não haverá árvore de Natal. Nada de canções de Natal nem coral. Teremos outros tipos de música para seu entretenimento.

Felizes agora?

Minhas desculpas.

Bom final de ano para vocês e suas famílias,

Ass.: Patrícia

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De: Patrícia Gomes – Diretora de Recursos Humanos
Data: 03/12/2015 15:12
Para: Todos os Funcionários
Assunto: Festa de Final de Ano

Com relação ao bilhete que recebi de um membro do Alcoólicos Anônimos solicitando uma mesa para pessoas que não bebem álcool: você não assinou seu nome! Fico feliz em atender o pedido, mas se eu puser uma placa na mesa “Exclusivo para AA”, vocês não serão mais anônimos. Como faço então?

Esqueçam a troca de presentes. Nenhuma troca de presentes será permitida, uma vez que os membros do sindicato acham que R$20,00 é muito dinheiro e os executivos acham que R$20,00 é muito pouco para um presente. NENHUMA TROCA DE PRESENTES SERÁ PERMITIDA, certo?

Ass.: Patrícia

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De: Patrícia Gomes – Diretora de Recursos Humanos
Data: 07/12/2015 11:45
Para: Todos os Funcionários
Assunto: Festa de Final de Ano

Nossa! Que grupo heterogêneo nós temos! Em 1º dezembro começa o mês sagrado do Ramadan para os muçulmanos, que os proíbe comer e beber durante as horas do dia. Lá se vai a festa! Agora entendemos que uma refeição nesta época do ano será um problema para a crença de nossos funcionários muçulmanos. Talvez a Churrascaria Grill House possa segurar o serviço de buffet até o fim do dia – ou, então, embalar tudo para que vocês o levem para casa nas marmitex. O que vocês acham disso?

Atendendo a outras reclamações:

1) Consegui que os membros do Vigilantes do Peso se sentem o mais longe possível do buffet de sobremesas e a mulheres grávidas sentem-se o mais perto possível dos banheiros.

2) Homossexuais podem sentar-se juntos, se quiserem. Mulheres homossexuais não têm que sentar com homens homossexuais, que terão sua própria mesa. E, sim, também haverá um arranjo de flores no centro da mesa dos homens homossexuais.

3) Os transexuais que pediram permissão para trocarem as roupas pelas do sexo psicológico, isto está autorizado!

4) Teremos assentos mais altos para pessoas baixas.

5) Comida com baixa caloria estará disponível para os que estão de dieta.

6) Nós não podemos controlar a quantidade de sal utilizada na comida. Desta forma sugerimos para estas pessoas com pressão alta que provem o teor de sal antes de se servirem.

7) Haverá frutas frescas de sobremesa para os diabéticos. O restaurante não dispõe de sobremesas sem açúcar.

Nossas profundas desculpas.

Será que esqueci de alguma coisa?

Ass.: Patrícia

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De: Patrícia Gomes – Diretora de Recursos Humanos
Data: 08/12/2015 09:15
Para: Todos os Funcionários FILHOS DA PUTA
Assunto: A PORRA DA FESTA DESSE FINAL DE ANO DE MERDA!

Vegetarianos e Adventistas? Sim, vocês também tinham que dar sua opinião de merda ou reclamar de alguma coisa! Nós manteremos o local da festa na Churrascaria Grill House. Quem não gostar, FODA-SE!

Então, como alternativa, vocês podem sentar-se quietinhos na mesa mais distante da “churrasqueira da morte” como vocês se referiram de forma bastante depreciativa ao utensílio. Vocês terão a porcaria da sua mesa de saladas, incluindo vegetais hidropônicos da CASA DO CARALHO, sem nenhum agrotóxico, arrozinho grudento para comer de pauzinho. Mas aqueles (naturalmente haverá) que não concordarem em usá-los, podem enfiá-los no… Mas como vocês devem saber, os vegetais também têm sentimentos! Os tomates gritam quando vocês os fatiam. EU mesma os ouvi gritar! Eu os estou ouvindo gritar agora mesmo! Assassinos de inocentes tomates!

AH! Espero que vocês todos tenham um péssimo final de ano!

Dirijam muito, fiquem bêbados, batam o carro ou sejam atropelados. E morram todos, escutaram? Vão para a puta que os pariu!

Ass.: A vaca-louca da Diretora de Recursos Humanos – como sou gentilmente chamada por muitos filhos da puta!!!

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De: Jonas Gomes – Diretor de Recursos Humanos Interino
Data: 14/12/2015 16:22
Para: Todos os Funcionários
Assunto: Patrícia Gomes e a Festa de Final de Ano

Tenho certeza que falo por todos desejando para a Patrícia um rápido restabelecimento para sua crise de stress. Continuarei a encaminhar as mensagens para ela no sanatório. Por conta deste fato, a diretoria decidiu cancelar a Festa de Final de Ano e dar folga remunerada para todos na tarde do dia 23 de dezembro.

Boas Festas.

Sobre o terrorismo no Brasil

(Aviso aos Navegantes: os gnomos revisores/censores que vivem nas entranhas deste blog classificaram este post como altamente sarcástico e politicamente incorreto. Se você for do tipo que fica indignado com coisas desse tipo, então pare agora e aguarde algum próximo texto não tão carregado. Pode voltar à sua leitura de Pollyana Moça, aos seus afazeres normais ou seja lá o que for que pessoas como você costumam fazer. Não diga que não avisei.)

Com todo respeito à desgraceira ocorrida na França – e realmente me chocou toda essa história – e sem entrar no mérito da outra desgraceira ocorrida em Minas, inclusive saindo fora da rasa discussão de quem é que está mais fodido ou a quem é que se “deve” apoiar, eis que (re)encontrei este texto que trata com um bom humor (negro) uma suposta estória de quem o Estado Islâmico queria explodir o Cristo Redentor…

Deleitem-se.

Documentos descobertos e mantidos em sigilo pela Polícia Federal do Brasil, FBI e Polícia Francesa revelam que o Estado Islâmico (ISIS) teria ordenado a execução de um atentado no Brasil.

O alvo da ação seria a estátua do Cristo Redentor, um dos símbolos mais conhecidos do Rio de Janeiro. Dois agentes da célula terrorista foram enviados para o sequestro de um avião que seria lançado contra a “estátua-símbolo dos infiéis cristãos”.

Os registros da Polícia Federal dão conta de que os dois terroristas chegaram ao Rio no domingo, 1º de novembro, às 21h47min, num vôo da Air France.

A missão começou a sofrer embaraços já no desembarque, quando a bagagem dos muçulmanos foi extraviada, seguindo num vôo para o Paraguai.

Após quase seis horas de peregrinação por diversos guichês e dificuldade de comunicação em virtude do inglês ruim, os dois saem do aeroporto, aconselhados por funcionários da Infraero a voltar no dia seguinte, com intérprete. Os dois terroristas apanharam um táxi pirata na saída do aeroporto, sendo que o motorista percebeu que eram estrangeiros e rodou duas horas dando voltas pela cidade, até abandoná-los em lugar ermo da Baixada Fluminense. No trajeto, ele parou o carro e três cúmplices os assaltaram e espancaram.

Eles conseguiram ficar com alguns dólares que tinham escondido em cintos próprios para transportar dinheiro e pegaram carona num caminhão que entregava gás. Na segunda-feira, às 7h33min, graças ao treinamento de guerrilha no Afeganistão, os dois terroristas conseguem chegar a um hotel de Copacabana.

Alugaram então um carro e se perderam no Rio; entraram para o lado da Rocinha e o carro foi totalmente metralhado. Mais uma vez, graças ao treinamento de guerrilha, se safaram e voltaram para o aeroporto, determinados a sequestrar logo um avião e jogá-lo bem no meio do Cristo Redentor. Enfrentam um congestionamento monstro por causa de uma manifestação de estudantes e professores em greve – e ficaram três horas parados na Avenida Brasil, altura de Manguinhos, onde seus relógios foram roubados em um arrastão. Às 12h30min, resolvem ir para o centro da cidade e procuram uma casa de câmbio para trocar o pouco que sobrou de dólares.

Recebem notas de R$ 100,00 falsas, dessas que são feitas grosseiramente a partir de notas de R$ 1,00.

Por fim, às 15h45min chegam ao Tom Jobim para sequestrar um avião.

Aeroviários e passageiros estão acantonados no saguão do aeroporto, tocando pagode e gritando slogans contra o governo.

O Batalhão de Choque da PM chega batendo em todos, inclusive nos terroristas.

Os árabes são conduzidos à delegacia da Polícia Federal no Aeroporto, acusados de tráfico de drogas, pois tiveram papelotes de cocaína plantados pelos manifestantes nos seus bolsos.

Às 18 horas em ponto, aproveitando o resgate de presos feito por um esquadrão de bandidos do Comando Vermelho, eles conseguem fugir da delegacia em meio à confusão e ao tiroteio. Às 19h05min eles se dirigem ao balcão da GOL para comprar as passagens.

Mas o funcionário que lhes vende os bilhetes omite a informação de que os vôos da companhia estão suspensos.

Eles, então, discutem entre si: começam a ficar em dúvida se destruir o Rio de Janeiro, no fim das contas, seria um “ato terrorista” ou “uma obra de caridade”.

Às 23h30min, sujos, doloridos e mortos de fome, decidem comer alguma coisa no restaurante do aeroporto. Pedem sanduíches de churrasquinho com queijo de coalho e limonadas. Voltam a acordar somente na terça-feira, às 4h35min, quando finalmente conseguem se recuperar da intoxicação alimentar de proporções equinas, decorrente da ingestão de carne estragada usada nos sanduíches. Foram levados para o Hospital Miguel Couto, depois de terem esperado três horas para que o socorro chegasse e percorresse cada um dos hospitais da rede pública até encontrar vagas. No hospital foram atendidos por uma enfermeira feia, grossa, gorda e mal-humorada.

Debilitados, só teriam alta hospitalar no domingo.

Domingo, 18h20min: ambos os terroristas, ainda convictos de sua missão, saem do hospital e chegam perto do estádio do Maracanã justamente no momento em que o Flamengo acabara de perder o jogo. A torcida rubro-negra confunde os dois com integrantes da galera adversária e lhes dá uma surra sem precedentes. O chefe da torcida é um tal de “Pé de Mesa”, que abusa sexualmente deles.

Às 19h45min, finalmente, são deixados em paz, com dores terríveis pelo corpo, em especial na área proctológica. Ao verem uma barraca de venda de bebida nas proximidades, decidem se embriagar ao menos uma vez na vida (mesmo que seja pecado, a essas alturas Alá que se foda!). Tomam cachaça adulterada com metanol e precisam voltar ao Miguel Couto.

Reencontram a mesma enfermeira feia, grossa, gorda e mal-humorada, que os recepciona. Ainda pior do que antes.

Quando finalmente são atendidos pelo corpo médico do hospital, os médicos também diagnosticam gonorréia no setor retofuricular inchado (Pé de Mesa não perdoa!).

Segunda-feira, 23h42min: os dois terroristas, mesmo que sem alta, deixam o hospital e fogem do Rio escondidos na traseira de um caminhão de eletrodomésticos, assaltado horas depois na Serra das Araras. Desnorteados, famintos, sem poder andar e sentar, eles são levados pela van de uma ONG ligada a direitos humanos.

Viajam deitados de lado.

Conseguem fugir do retiro da ONG no dia seguinte e perambulam o dia todo à cata de comida. Cansados, acabam adormecendo debaixo da marquise de uma loja.

A Polícia Federal ainda não revelou o hospital onde os dois foram internados em estado grave, depois de terem sido espancados quase até a morte por um grupo de mata-mendigos. O porta-voz da Polícia Federal declarou que, depois que os dois saírem da UTI, serão recolhidos no setor de imigrantes ilegais, em Brasília, onde permanecerão aguardando até o Ministério da Justiça autorizar a deportação dos dois infelizes, se tiver verba, é claro.

Algumas semanas depois, ainda aguardando o posicionamento do Ministério, os dois finalmente conseguiram acesso à Internet – ainda que precário – para divulgar uma nota onde consideraram desnecessário o terrorismo no Brasil e irão sugerir um convênio para realização, no Rio de Janeiro, de treinamento especializado para o pessoal do Estado Islâmico…

Fusca azul! Pow! Soc! Plaft!

Nem todos conhecem a Brincadeira do Fusca Azul, tradição ancestral que consiste em socar vigorosamente o próximo ao avistar um automóvel da cor e marca supracitados.

Também chamada de “Punch Buggy” e “Beetle Bug”, a galhofa teve origem nos anos 60 como um inocente passatempo de estrada, e foi posteriormente capitalizada pela marca Volkswagen em comerciais de tevê. No livro The Official Rules of Punch-Buggy, Ian Finlayson e Michael Lockhart cogitam que a brincadeira tem raízes no Egito antigo, o que obviamente se trata de uma graçola.

A prática é regida por um único mandamento: “O primeiro a vislumbrar um Fusca azul no caminho tem o direito de aplicar um soco no ombro de quem estiver nas redondezas, gritando com fervor: FUSCA AZUL!”. Ao perdedor é vedado retribuir o golpe, a menos que aviste outro VW de tom cerúleo.

Quanto à força utilizada, devem-se observar os preceitos de proporcionalidade, sendo, portanto, pouco recomendável nocautear uma velhinha frágil que atravessava a rua quando, no horizonte, surgiu um garboso “besouro” azul. Inimigos de longa data devem aceitar a brutalidade da pancada como uma dessas coisas da vida que não se pode contestar, como as saladas com rúcula e o time da Portuguesa.

É válido golpear desconhecidos e desafetos sob tal justificativa, embora não conste (ainda) uma cláusula no Código Penal que conceda ao avistamento de um Fusca a condição de atenuante em casos de lesão dolosa, sobretudo na região escapular. Alguns juízes, porém, já legislaram a respeito, como no caso “Meirelles vs. Coutinho”, em que este foi acusado de agressão ao colega, mas uma testemunha corroborou o avistamento do fusquinha.

“Mas o senhor réu chegou a gritar: ‘Fusca Azul’?”

“Sim, meritíssimo.”

“Então o declaro inocente. Estão dispensados.”

Outras normas da modalidade dispõem sobre falsos avistamentos; nesse caso, há duas saídas: a vítima pode imediatamente conferir um soco duplo em seu carrasco ou contabilizar o dano sofrido como bônus para o próximo Fusca que lhe escapar da vista.

Nas regiões mais abastadas de São Paulo, tem sido cada vez mais difícil vislumbrá-los, mas os Fuscas azuis ainda abundam nos rincões da zona norte. (Outro dia vi um Fusca azul ao lado de uma Kombi verde, e pensei que teria razão em dar uma voadora em alguém, coisa que só não fiz por falta de normatização a respeito.)

A verdade é que não há tristeza maior do que ver um Fusca azul e não ter ninguém por perto a quem comunicar tal alegria. Ainda assim, sempre existe a opção de comprar um e passar bem devagar em frente a uma escola, só para ver a magia acontecer.

( Roubartilhei daqui… )