Pois é.
Infelizmente o Luke não sobreviveu.
A criançada ficou triste pelo tempo que uma criança normalmente costuma ficar…
Mas, não tardou, arranjaram um “substituto” mais que à altura – o Nimbus !
Pois é.
Infelizmente o Luke não sobreviveu.
A criançada ficou triste pelo tempo que uma criança normalmente costuma ficar…
Mas, não tardou, arranjaram um “substituto” mais que à altura – o Nimbus !
A gente fuça, fuça, fuça e sempre tem alguma coisinha nova pra aprender…
Já cansado de ficar linkando vídeos no Youtube decidi armazenar no meu próprio espaço os vídeos que quero “upar” (ou “uploadear” – decidam o que é menos pior). Daí lembrei de um plugin do WordPress para MP3 (falei dele aqui) e imaginei que houvesse algo parecido para vídeos.
De fato!
Descobri o Flash Video Player que facilmente resolveu o meu “problema”.
Taí embaixo o primeiro teste – com participação exclusiva do Luke, o novo membro da família…
“– Mãe, amém é tipo enter, né?”
E eis que o filhote caçulinha, o Vermelho 3, estava com uma crise de tosse.
Coisa que, sei lá, ainda não identificamos muito bem. Normalmente com a virada brusca do tempo é que ocorre. Mais à noite, antes de dormir, e logo pela manhã. Nada (creio eu) muito sério – mas, ainda assim, preocupante.
Então, num arroubo vindo sabe-se lá de onde, fui ajudar a Dona Patroa a preparar uma inalação e dosar o remédio (na verdade mesmo… “manda quem pode, obedece quem tem juízo”!).
Ok. Então era questão de pegar o remédio x-y-z e preparar a dose.
– Não tá aqui, não.
– Como não? É o de uma caixinha rosa.
– TODOS parecem que têm caixinha rosa…
E lá vem ela, bufando, e mostra o bendito remédio bem na minha frente, como se ele sempre tivesse estado ali.
– Vocês, homens… Nunca acham nada mesmo! Agora dá uma olhada na bula e vê quanto que tem que dar.
Bem, nesse momento eu acabei ativando meu modo Simpson/Silvassauro de ser e já comecei a ficar resmungando pelos cantos…
– O quê?
– Nada, amor…
Tá. Vamos ver a porra do remédio. Não tinha nada a ver com o nome que ela falou. “É genérico”, tinha me explicado. É lógico! Era minha obrigação saber que o tal do medicamento x-y-z tinha o óbvio nome de “Fosfato Sódico de Prednisolona”? Quem não sabe disso, afinal de contas? Tinha que castigar esse caboclos que inventam esses nomes…
Mas tá bom. Vejamos. Uso adulto… Informações ao paciente… Farmacocinética? Que raios vem a ser isso? Ah, tá. É onde falam das indicações e contra-indicações. Hein? “Infecções fúngicas sistêmicas”? “Lesão dos nervos ópticos”? “Elevação da pressão arterial”? “Aumento da excreção de potássio”? “Ativação de focos primários de tuberculose”?
– Amor?…
– Quié?
– Você tem certeza que a gente tem que dar esse troço aqui pro filhote? Tô vendo aqui as contra-indicações e tá parecendo mais um misto de cicuta com diabo verde ligeiramente temperado com ácido sulfúrico…
– (Suspiro) Tenho, amor. Esquece isso, senão você nunca mais vai tomar remédio nenhum na vida. Prepara essa dose logo, vai.
– Tá bom. Mas, vendo aqui os casos mais graves, você tem certeza que o filhote não tá com “insuficiência adrenocortical”, gravidez ou mesmo lactação?…
– PREPARA. LOGO. ESSE. REMÉDIO!!!!
– Tá bom, tá bom! Deixa eu ver aqui…
Melhor eu acelerar essa leitura. Vamos lá. Reações adversas… Melhor eu pular essa parte. Uso pediátrico… Ah, é por aqui! Posologia! Agora fica fácil!
“A dosagem inicial pode variar de 5 a 60 mg por dia, dependendo da doença específica que está sendo tratada.”
Ah. Tá bom. “5 a 60”. Que raio de faixa de atuação é essa? E como assim “mg”? O troço é líquido! Mas vejamos….
“A dose pediátrica inicial pode variar de 0,14 a 2 mg/kg de peso por dia…”
Assifudê! “0,14 a 2”? Tá. Calma. Respira. Inspira. Expira. Ainda que tratemos do limite máximo, que é 2, bem, se o filhote tem 19 kg, ele vai precisar de 38 mg… Acho que é isso. Deixa eu continuar a leitura.
“…ou de 4 a 60 mg por metro quadrado de superfície corporal por dia, administrados de 3 a 4 vezes por dia.”
Fudeu.
“Metro quadrado de superfície corporal”? Tão achando que meu filhote é o que? Um tapete? Isso me torna um carpete? Talvez, quando muito, um capacho… Mas – catzo! – como eu transformo essa droga de “mg” em uma coisa administrável? Tem que ter algum outro lugar que fale sobre isso.
“1 ml de solução equivale a 3 mg, sendo que cada mg equivale a 1,34 mg de fosfato sódico de prednisolona.”
(Silêncio, triste, meio boquiaberto e com cara de interrogação).
– E aí, amor?
– Tá quase, paixão… Péra um pouquinho!
Taquiôspa! Será que não tem nada mais direto aqui? Pior que eu nem posso procurar nas letras miúdas, pois TUDO tá com letras miúdas!
“Na síndrome nefrótica utiliza-se 60 mg/m²/dia em 3 vezes ao dia por 4 semanas, seguidas de 40 mg/m² em dias alternados por 4 semanas.”
Ah, tá! Por que é que não disseram isso antes? Agora ficou claro. Calma. CALMA. Vamos raciocinar. Você consegue.
Vejamos a matemágica da coisa: o filhote tem 19 kg (confere); a base é de 2 mg por kg por dia (confere); então ele precisa de 38 mg por dia (confere); mas cada ml que está no frasco corresponde a 3 mg (confere); então tenho que dividir os 38 por 3 para saber quantos ml deve dar (acho que é isso). Merda. Deu dízima. Arredondo para 13, então. Mas, EPA! Os 38 mg originais que se converteram em 13 ml são POR DIA! E o medicamento tem que ser administrado de 3 a 4 vezes por dia – então vou de 4, que é pra não arriscar. Isso significa que cada dose deve ser de 3,25 ml – arredondando, 3 ml!!!
– AMOR! A inalação tá quase acabando! Esse remédio sai ou não sai?
Depois desse hercúleo esforço em traduzir o que deveria ser óbvio numa situação de emergência, ficou fácil de resolver a questão!
– Só mais um segundinho, amor…
Não tive dúvidas.
Peguei o remédio na mão esquerda e, com o telefone na mão direita, fiz o que qualquer pai ajuizado deve fazer numa situação como essa:
LIGAR PARA O PEDIATRA!
E eis que a Dona Patroa vem incutindo na cabecinha da nossa criançada (a Tropinha de Elite) a boa e velha educação religiosa. Nessa linha, pelo menos numa das refeições do dia – normalmente o jantar – uma das crianças faz a oração.
Tem dia que é o mais velho.
Tem dia que é o do meio.
Mas nunca o caçula.
Ou ele não quer, ou fala que é depois, ou fica com vergonha, ou fica com graça, ou fica sem graça, enfim, nunca é ele.
Entretanto, numa das inúmeras correrias desse ser chamado mãe, pararam todos numa pastelaria para um lanche (pastel, é óbvio).
E então ele QUIS fazer a oração.
Apesar do lugar, sempre é bom incentivar essa criançada.
Deram-se as mãos, baixaram a cabeça e aguardaram a oração.
– Papai do Céu…
…eu quero Coca-Cola!
Fantástica essa crônica (mas… será mesmo uma crônica?…) vinda direta lá do Eneaotil por deduração do copoanheiro de plantão.
Virei sogra. Não estava preparada ainda. Eu sabia que um dia isso iria acontecer, mas achei que fosse ser em 2025, mais ou menos. Não com um filho de 8 anos.
Até então eu só tinha sido meio sogra. Só gra. Ou melhor: ogra. Porque o Lucas tinha namorado outras cem vezes, mas as meninas não. Ele namorava sozinho. Milenca, Giovana, Gabriela, Morgana. Elas nem imaginavam que já tinham tido o seu primeiro namorado.
**
Não sei ser sogra. Já experimentei de vários tipos: nova, velha, palmeirense, corinthiana, descolada, reacionária, legal, chata, boa cozinheira, péssima cozinheira, que me fazia rir, que me fazia chorar, maldita, abençoada, mãezona, sogra sogra. Me dei bem com a maioria delas, mesmo quando tive que engolir uma sopa de couve ou um caldo de chuchu com macarrão integral. Ainda assim, perdoei.
Se eu tivesse feito um filho aos 30 e meu filho tivesse arrumado uma namorada aos 30, eu seria daquelas sogras com dupla personalidade, que faz um cachecol para a nora e em seguida envenena os bolinhos de chuva.
Se eu tivesse feito um filho aos 19 e meu filho tivesse arrumado uma namorada aos 15, eu seria daquelas sogras que dá o primeiro porre na nora e vai parar na cadeia depois de ser processada por oferecer bebida alcoólica para menor de idade.
Mas eu fiz um filho aos 19 anos e o dito cujo resolveu arranjar a sua primeira namorada aos 8 anos! Agora eu não posso nem dar um porre de cerveja na criança sem matá-la, muito menos envenenar bolinho de chuva. Porque eu não sei fazer bolinho de chuva!
**
O Lucas sempre namorou sozinho até conhecer a Rebecca. Foi tudo muito rápido, uns dois dias depois de conhecer a Morgana. A Rebecca também é da escola nova do Lucas. E tenho que dizer, meninas, que a Rebecca podia fazer uma apostila de abordagem masculina porque venderia como água.
Acompanhe:
Na segunda-feira desta semana, a Rebecca se tornou amiga do Lucas. Na terça-feira, ela pediu seu MSN e telefone. Ligou 17 vezes durante a tarde, sem exagero. Lá pela 16ª vez, o Lucas já estava escondido de medo da Rebecca e não podia nem ouvir o telefone tocar que começava a tremer. Tive que mentir e dizer que ele havia saído, porque senão teríamos a madrugada toda de telefonemas. Na quarta-feira, ela deu uma sumida e o Lucas sentiu sua falta. Até que ela conectou no MSN de noite e apareceu na webcam para ele, com um monte de emoticons de coraçãozinho. Nesta altura do campeonato, a Morgana já tinha ido para o espaço. Hoje a mãe dela me cumprimentou na porta da escola e eu achei aquilo tudo muito estranho.
**
Na volta da escola, o Lucas me contou:
– Mãe, acho que a Rebecca gosta de mim. Ela me olha a aula toda.
– Ih…
– Toda vez que eu olho, ela olha…
– Ih…
Aí chegamos em casa, não deu nem 5 minutos e a pentelha Rebecca ligou. Eu disse que ele ia almoçar e que ligasse depois. Vim trabalhar e minha mãe me contou via gtalk:
– O Lucas está há meia hora no telefone com a menininha, fechado no quarto.
E me mandou a seguinte conversa, que o Lucas deixou aberta no MSN:
Lucas diz:
porque na aula voce fica o tempo todo olhando para mim?
Rebecca diz:
eu não fico
Lucas diz:
fica sim
não minta
Rebecca diz:
eu não to mintindo
Lucas diz:
ta sim
fala a verdade
Rebecca diz:
não to
Lucas diz:
eu quero a verdade
vc gosta de min?
não tenha vergonha de falar a verdade
e ve se fala a verdade
Rebecca diz:
fala vc primeiro sinao eu não falo
Lucas diz:
eu não vou falar para niguem
isso e verdade
Rebecca diz:
senão eu não falo
Lucas diz:
ta eu falo
Rebecca diz:
fala
Lucas diz:
vc promete que não conta para nimguem
Rebecca diz:
sim eu juro
Lucas diz:
verdade
Lucas diz:
quer dizer que vc gosta de min?
Rebecca diz:
descubril
descubriu
Lucas diz:
liga para min
Rebecca diz:
ta
Lucas diz:
ta bom
Rebecca diz:
pera
**
Não deu cinco minutos desta conversa com a minha mãe e ele me chamou no MSN:
Lucas diz:
mãe
Leonor Macedo diz:
oi amor
Lucas diz:
Não fala para niguem
eu vou te contar uma coisa
Leonor Macedo diz:
conta sim
pode contar
não vou falar pra ninguém
Lucas diz:
eu to namorando a Rebecca
Leonor Macedo diz:
tá namorando????
Lucas diz:
sim
Leonor Macedo diz:
você gosta dela???
Lucas diz:
sim e ela de min
Leonor Macedo diz:
mas como é namorar, Lu?
namoro de criança é diferente, né?
Lucas diz:
è
esse namoro è dar as mãos
Leonor Macedo diz:
só isso, né?
Lucas diz:
é sim
Leonor Macedo diz:
você é um fofo!
Lucas diz:
so sim
**
Não deu cinco minutos, eu chamei minha mãe no gtalk, mas esqueci que quem estava usando o computador era o Lucas:
eu: MORRI
Rosemarí: porque
eu: ele tá namorando
pediu pra não contar pra ninguém
vou contar pro mundo já já
mas você não sabe, hein?
Rosemarí: sou eu mãe, no gtalk da vovó
e não conta para o mundo, purfavor
**
Sou uma vaca de estar aqui dividindo isso com vocês.
**
Parece que nesta conversa de meia hora pelo telefone que ele e a Rebecca tiveram, ela o pediu em namoro. E ele aceitou. Porque se convenceu de que ama a Rebecca.
“Foi um verdadeiro milagre alguém ter aceitado namorar comigo, mãe”, ele me disse pelo telefone. Lindo daquele jeito. Homem é tudo besta.
Então expliquei para ele que ele só tinha 8 anos e que era natural que nunca ninguém tivesse aceitado namorar com ele. Contei da corrente que acredita que a vida começa aos 40 e pedi para que ele pensasse nisso.
– Tá, tá… Quando eu posso chamá-la para vir em casa?
**
Alguém sabe uma receita rápida de bolinho de chuva?