Shit happens

A possibilidade de alguma coisa dar errado é diretamente proporcional tanto à sua importância quanto ao empenho que você tem para que tudo dê certo.

Corolário da Lei de Murphy: se uma série de coisas puder dar errado, dará errado na pior sequência possível!

Some-se a isso o fato de ser uma sexta-feira treze e pronto. O estrago está total e completamente feito…

Piloto Automático – I

( Direto das catacumbas do Legal… )

Vamos a alguns importantes esclarecimentos de ordem puramente técnica, que recebi outro dia por e-mail:

ENTENDENDO A RESSACA – SEJA UM BEBUM BEM INFORMADO

1. O que acontece com o corpo?

Conhece a história do “bateu, levou”? Ressaca é isso. Uma resposta do organismo a uma agressão que sofreu. Funciona assim: o corpo gasta glicose para metabolizar o álcool. Glicose é açúcar, açúcar é energia. Resultado: a gente fica fraco e sonolento. O excesso de álcool também inflama o aparelho digestivo, faz a cabeça doer, provoca náuseas, vômitos e aumenta a sensibilidade à luz. Enfim, ressaca só não dá pereba.

2. Por que a dor de cabeça é insuportável?

O álcool desidrata o corpo, do dedão do pé ao cérebro. Da seguinte maneira: o etanol inibe a produção do hormônio antidiurético, e a gente faz muito mais xixi. Engoliu cuspe, pronto: é hora de ir ao banheiro. Portanto, a cabeça dói porque os neurônios sentem sede, literalmente.

3. Isso mata ou só é chato pra burro?

A menos que você queira se jogar do 76º andar, ressaca não mata. Todos os sintomas desaparecem em 24 horas. Mas alto lá: se você ficar de ressaca todo dia, também pode acabar com gastrite, pancreatite, cirrose … Aí, sim, não vai durar muito…

4. Por que a ressaca só aparece no dia seguinte?

Porque é durante o sono que o corpo do bebum trabalha para absorver todo aquele álcool que ele botou para dentro. De manhã, com o serviço feito, é hora de disparar os sintomas desagradáveis.

5. Qual a diferença entre ressaca e coma alcoólico?

A quantidade de etanol que o camarada bebeu. Até determinado ponto, ele vai sentir dor de cabeça, vomitar, se arrepender e depois fica tudo bem. Além desse ponto, a taxa de açúcar no sangue cai drasticamente; o coração pode parar de bater devido à inibição que o álcool produz nos centros nervosos do cérebro responsáveis pelos batimentos; o camarada perde a consciência. Resumindo: é encrenca da grossa.

ANTES DA FARRA – A PREPARAÇÃO

6. Beber de barriga vazia é pior?

Muito pior. Ter comida na pança significa que o etanol não estará sozinho na corrida da digestão. O organismo vai dividir as energias entre as duas tarefas, e isso tornará mais lenta a entrada do álcool na corrente sanguínea.

7. Mas comer o quê? Chuchu, rabada, macarrão?

De preferência, alimentos ricos em sal e gordura. Castanha, amendoim, queijo e, para extrapolar, salaminho. O sal e a gordura estimulam a secreção de substâncias estomacais que protegem o estômago do álcool.

8. Tomar uma colher de azeite antes de enfiar o pé na jaca, ajuda?

Azeite também é gordura, portanto ajuda. Então pegue a sua colher de azeite, despeje-a num prato, adicione sal e mergulhe pedaços de pão na mistura. Isso mesmo, igualzinho ao que você faz com o couvert do restaurante.

9. A propaganda diz para tomar um Engov antes e outro depois. Não pode ser dois depois?

Até pode. Um ou dois antes é que não adianta nada. Ainda não inventaram remédio que previne contra a ressaca. Tudo o que existe apenas dribla os sintomas. O Engov tem hidróxido de alumínio, que alivia os males digestivos; tem AAS, que é um analgésico; e tem cafeína, que contrai os vasos sanguíneos dilatados pelo álcool e, assim, diminui o mal-estar.

10. Me disseram que a ressaca de vinho é a pior de todas. Confere?

Não. As bebidas com teor alcoólico mais alto – destilados (uísque, vodca, pinga) – é que provocam maior estrago. Elas são absorvidas mais rapidamente pelo corpo. Por dedução lógica, os fermentados (vinho, cerveja) fazem menos mal, certo? Cuidado: tudo gira em torno da quantidade.

DURANTE O PORRE – CONTROLANDO OS RISCOS

11. Então, o que eu faço para acordar legal amanhã?

O truque é simples e eficiente: intercale um copo d’água entre dois de birita. A água é o verdadeiro santo remédio anti-ressaca. Ela reidrata, dilui o álcool e facilita o trabalho dos rins e do fígado. Sem dizer que também empanturra. Numa pança cheia d’água cabe menos pinga. Trocar a água por suco ou refrigerante também pode. Essas bebidas são ricas em carboidratos, que viram energia e ajudam a metabolizar o álcool.

12. O camarada que fuma enquanto enche o caneco vai ter uma ressaca mais branda?

Pelo contrário, álcool e fumo formam uma dobradinha mais perigosa do que Caniggia e Maradona na Copa de 90. Quanto mais nicotina, menos oxigênio no sangue e mais rápido se dá o processo de intoxicação.

O DIA SEGUINTE – PLANOS DE CONTIGÊNCIA

13. Danou-se. Acordei de ressaca. Por que o gosto de corrimão de escada na boca?

Por causa da desidratação. A boca fica seca e o paladar capta o sabor ácido das substâncias que o estômago despeja para processar o álcool.

14. O que é melhor comer nessa hora?

Alimentos de fácil digestão para não estressar ainda mais o organismo, já detonado pelo esforço de processar o álcool. Os campeões: frutas, para reidratar e repor as vitaminas, e pão, batata e massas, para obter glicose rapidamente e fornecer energia ao corpo.

15. Correr para a academia e malhar feito um louco ajuda?

Falou, Superman… O pobre-diabo do manguaceiro não tem forças nem para ir ao banheiro, quem dera para correr na esteira. E, para fazer exercício, o corpo precisa de glicose – a mesma que está sendo usada na recuperação pós-pé na jaca. Vai querer dividir?

16. Já sei, vou continuar bebendo…

Esse é o truque do alcoólatra. Ele “rebate” a ressaca com outro porre. Funcionar, funciona, porque se cu de bêbado não tem dono, até parece que ele vai perceber que está de ressaca. Se essa é a sua saída, procure os Alcoólicos Anônimos.

17. O que eu faço pro meu quarto parar de rodar?

Repouso. Mantenha a luz apagada, cortinas fechadas e fique deitado. A ressaca aumenta a sensibilidade à luz. Aproveite o momento introspectivo para fazer a mais clássica das promessas: “Nunca mais vou botar uma gota de álcool na boca”. Ressaca que se preze sempre tem que terminar com uma baboseira dessas…

* Publicado originalmente em 05/DEZ/2005

Sinistro…

“Disaôje” – ao menos era assim que minha bisa começava a falar sobre algo que houvesse lhe acontecido naquele mesmo dia – eu estava lendo o blog do jornalista Marco Aurélio e achei curioso uma citação dele sobre sua editora preferida.

Fui lá conferir e conheci, virtualmente, um pouquinho da cabeça da tal da menina, blogueira e editora de livros.

Cinco minutos depois, abri meu embornal (vulgo “imborná”) onde carrego toda a papelada e tranqueirada digna de um cavalheiro transportar e saquei uma edição de um jornal de informática que recebi do meu chefe há semanas e que ainda não havia lido.

Adivinhem quem estava lá, na última página?

Ela mesma, a “A Editora”, numa matéria sobre “Como transformar blogs em livros”

Como não acredito em coincidências, me pergunto o que raios o Universo está conspirando pra me dizer desta vez?

Não tenho a mínima intenção de transformar estas garatujas que chamo de linhas em algum tipo de livro. Conheço virtualmente gente muito mais capacitada pra isso e pessoalmente outros mais ainda.

Paciência.

Vou deixar num cantinho de minha cabeça o trabalho de pensar sobre isso em background. Quem sabe surge daí alguma idéia mirabolante?…

Desconstruindo um produto

Através do site da Lala fiquei sabendo dessa campanha publicitária do iogurte Itambé – levada a cabo pela agência Salles Chemistry. O texto diz: “Esqueça. O gosto dos homens nunca vai mudar. Iogurte Fit Light”.

Horrível.

Dêem uma lida no post dela para mais detalhes; porém, como já tive oportunidade de comentar antes, num país que prima pela excelência dos profissionais da área de publicidade, é de se estranhar que tenham criado uma campanha de tão mau gosto assim, que acaba desconstruindo o produto e, consequentemente, a própria marca…

Além de linda…

Às vezes sinto que fiquei tempo demais longe das notícias…

Sabem aqueles famosos e-mails que recebemos diariamente com apresentações em Powerpoint? Não se iludam, assisto a todos. Toda essa história sobre a Angelina Jolie tomei conhecimento através de um desses, encaminhado pela amiga Sheila (a Belarmino, não a Moreira). E, num primeiro momento, fiquei mais cético que surpreso. Dei uma surfada na Internet pra conferir – e não é que é tudo isso mesmo?

Angelina Jolie, além de atriz, e apesar de seu conturbado passado, também realiza um outro tipo de trabalho – o humanitário – onde demonstra profundo interesse em assuntos ligados a conflitos, educação internacional e refugiados. Foi nomeada Embaixadora da Boa Vontade das Nações Unidas, tendo sido também convidada para integrar o Conselho de Relações Internacionais.

Começou a se envolver com política e ajuda humanitária em 2001, quando se juntou à agência de ajuda a refugiados das Nações Unidas, depois de visitar o Camboja para filmar “Tomb Raider”, local onde adotou seu primeiro filho, Maddox. Desde então já visitou mais de 30 países e adotou outros dois filhos: Zahara, de dois anos, na Etiópia, e Pax Thien, de três, no Vietnã. Também teve uma filha biológica, Shiloh Nouvel, com aquele atorzinho insosso com o qual é casada, um tal de Brad Pitt…

Só pra completar: além de emprestar sua própria imagem, também consta que contribui com cerca de um terço dos seus rendimentos para a causa dos refugiados (da última vez que ouvi falar, ganhava aproximadamente 16 milhões de dólares por filme). Parece-me um marketing demasiado caro para uma simples promoção como atriz…

É… Apesar de tudo, talvez ainda haja esperança para a humanidade…

Dia de dentista

Estava cá eu pensando que já está mais ou menos na época de dar uma passada no dentista pra ver se está tudo dentro dos conformes…

A dureza da coisa é que, invariavelmente, quando me sento na cadeira já naquela posição quase deitada, via de regra o caboclo vem, coloca a lâmpada bem nos meus olhos (como se fosse uma preparação para um interrogatório), enfia um sugador na minha garganta, coloca chumaços de algodão nas gengivas, prendendo carinhosamente com durex toda aquela parafernália.

Então, já munido de seus usuais equipamentos de tortura, um milésimo de segundo antes de começar a vasculhar minha intimidade bucal, dá uma paradinha, sorri, e pergunta:

– E a família? Como vai?

Raios. Será que não dá pra perceber a impossibilidade da coisa? Então, com os olhos lacrimejando, com um sugador que não suga, e quase me asfixiando com tanta água borbulhando na garganta, o máximo que consigo fazer é grunhir um “Han, han…”

Meu amigo Evandro sugeriu que eu levasse um bloco de anotações e uma caneta para poder “conversar” – mas, particularmente, estive pensando em outras alternativas. Talvez treinar a linguagem dos sinais, ou então um notebook com um datashow, não sei ainda.

Vouverei o que farei…