Tóquio está “vazia”, mas não deserta

Notícias diretamente do Japão por intermédio da amiga virtual Karina (aquela, do Mario Prata):

Postado por Karina Almeida em 21/03/2011 – 09h30

Na quinta-feira passada, dia 17, dei uma voltinha em Shinjuku e Shibuya para ver como estavam os bairros mais movimentados de Tóquio, em plena crise nuclear.

Percebi que a cidade estava vazia, mas não deserta. E que as pessoas que usavam máscaras não estavam se protegendo da radiação, mas de uma alergia a pólen, típica da primavera, chamada por aqui de “kafunshoo”. Eu perguntei!

“É a primeira vez que vejo essas ruas tão vazias”, me disse Shinichi Tamura, de 30 anos, que faz panfletagem no centro de Tóquio há sete anos.

Se antes da tragédia ele distribuía facilmente mil panfletos por dia, agora, ele precisa se esforçar muito para atingir a meta de 800.

Aos poucos, a capital japonesa volta ao normal mas continua não parecendo uma das cidades mais populosas do planeta. Na estação de trem de Shinjuku, sempre superlotada, as pessoas andam tranquilamente, sem se esbarrar.

Ônibus e trens circulam, mas em menor quantidade. Em algumas estações, há atrasos de cinco, dez minutos e, alguns painéis nem marcam a hora das partidas – uma situação inédita no país da pontualidade.

Algumas lojas estão fechadas, outras trabalham em horário reduzido. Para poupar energia elétrica, escadas rolantes estão paradas e estabelecimentos comerciais à meia luz. Aliás, pelo que parece, essa calmaria toda se deve mais ao racionamento de energia do que ao medo do vazamento na usina nuclear de Fukushima.

Não há falta de comida, mas as prateleiras dos supermercados continuam escassas.

O cruzamento mais movimentado do mundo, no bairro Shibuya (primeira e segunda fotos), também nunca esteve tão calmo e silencioso. Os famosos telões estão desligados.

Em Shinjuku, um dos poucos que funcionam exibe o noticiário sobre a tragédia em Sendai e as explosões na usina nuclear de Fukushima.

Férias antes da hora, pânico não!

Não vejo evasão em massa, como a mídia brasileira divulgou, mas nas estações de Tóquio, as bilheterias dos trens-balas estão mais movimentadas do que o de costume sim.

Muitos japoneses tiraram folga antes da hora. É o caso de Kuniyuki Fukuda, de 27 anos. O jovem trabalha há dois anos em um restaurante chinês da capital, mas partiu para Quioto, sua terra natal.

“Meus pais e minha irmã estão preocupados com a onda de radiação e pediram para eu voltar”, contou. O dono do restaurante ofereceu duas semanas de férias até que a situação na usina nuclear de Fukushima seja resolvida.

Se até lá a região de Kanto, onde se encontra Tóquio, não estiver fora de perigo, Kuniyuki não sabe se voltará. “Terei de pensar no que vou fazer”.

Kuniyuki me contou também que um amigo alemão fez o mesmo. Pediu duas semanas de folga e embarcou para a Alemanha. “Não tenho medo de terremoto, nem de tsunami, mas temo uma tragédia nuclear”, diz o japonês.

P.S.: peço desculpas pela falta de posts. Com essa loucura toda, tive de ir a Sendai e mesmo de volta a Kanagawa não tive tempo para mais nada. Só para o trabalho. Prometo contar mais detalhes nos posts seguintes ; )


Altino Bondesan: dez anos de ausência

Hoje, 4 de janeiro de 2011, completamos dez anos de ausência da figura ímpar do Dr. Altino Bondesan…

Eu o conheci – superficialmente, infelizmente – mas o suficiente para ser cativado por sua sempre bem humorada personalidade.

Invariavelmente, em meus primeiros anos de advocacia, nas visitas quase que diárias ao fórum (o famoso “umbigo no balcão”), passava pela sala da OAB e, para saber se o Dr. Altino estava na área, bastava dar uma olhadinha na prateleira superior que ficava bem em frente à porta. Um chapéu repousando ali, esperando seu dono, era sinal de sua presença nos cartórios para acompanhamento de seus processos.

Aliás, presenciar isso já era em si uma experiência interessante, pois aquele senhorzinho alto e magro, um gentleman à toda prova, conversava com as cartorárias (sim, também os cartorários) e consultava os andamentos dos processos através de uma bela duma lupa (!), pois sua visão já não permitia ler os despachos apenas com os óculos…

Sempre disponível, não titubeava em franquear um proseio com quem quer que fosse, mesmo um ilustre desconhecido em começo de carreira como eu.

E, à parte da pessoa, o escritor. Tenho alguns de seus livros (mas não todos…) e é fantástica sua capacidade de nos transportar para dentro do mundo e época em que viveu – sempre, é lógico, com seu inseparável bom humor!

Enfim, como disse, já se vão dez anos de sua ausência. Lamento somente não tê-lo conhecido melhor – pessoalmente falando. Para os que não o conheceram, eis uma pequena biografia (tirada daqui), mas que não faz jus à estatura de sua personalidade…

Escritor, jornalista e advogado, Altino Bondesan nasceu em 15 de maio de 1916 em São Simão (São Paulo), mas foi radicado em São José dos Campos em 1935. Contador pelo Instituto Comercial de São Simão. Especialista em Língua e Literatura Italiana, pela “Scuola Ítalo-brasiliane Gabriele D´Annuzio”, de Campinas. Advogado pela Faculdade de Direito do Vale do Paraíba. Completou o Curso de Aperfeiçoamento no Saint John´s College, de Annapolis, Maryland, EUA. Como jornalista, foi correspondente do jornal O Estado de São Paulo em São José dos Campos durante 25 anos, além de escrever em colunas diárias para diversos jornais do Vale do Paraíba. Foi diretor do jornal São José dos Campos e fundador do jornal A Semana, sendo também colaborador dos jornais Tribuna de Santos, Diário de São Paulo e O Trabalho, participando ativamente da vida política e social da região. Em 1976 recebeu a “Pena de Ouro” por seus 40 anos de jornalismo em São José dos Campos. Recebeu o maior número de prêmios entre os colaboradores do Estado. Fundador do Sindicato dos Empregados do Comércio de São José dos Campos. Fundador do Movimento Social Democrático, em 1963. Monitor de sindicalismo na Federação dos Círculos Operários do Estado de S. Paulo, no Instituto Nacional do Trabalho. Músico e poeta, autor de centenas de poemas, entre eles “Rua Vilaça”, incluído na suíte “Evocação Paulista”, de Luís Emerich, traduzido para o castelhano e apresentado em vários palcos latino-americanos. É nome sempre citado quando se discutem assuntos relativos à história de São José dos Campos, tendo sido o primeiro a divulgar a origem da cidade. Deu a São José, em artigo publicado no Estado, o título de Capital do Vale do Paraíba, em 1953, quando a renda local se tornou a maior da região. Faleceu em 4 de janeiro de 2001.

September Eleventh

Caramba!

E já se foram nove anos desde a tragédia do World Trade Center!

Lembro-me claramente daquele onze de setembro de 2001, quando, pouco antes do almoço, a Iara Taino entrou lá no Jurídico (onde eu mal tinha começado a trabalhar) informando sobre o desastre das Torres Gêmeas. Na hora eu não consegui compreender a dimensão da coisa.

Somente mais tarde, através dos noticiários, é que percebi o tamanho da desgraça…