Livros, carros e chuva, muita chuva

E este final de semana foi um tanto quanto agitado…

Como eu já havia tuitado por estas plagas, tivemos a “Primeira Feira de Escritores de Jacareí”, onde os autores da terrinha estariam vendendo e autografando suas obras. Muita coisa interessante para este velho alfarrabista e explorador de sebos que adora histórias e estórias da gente e da terra em que vivemos…

Alguns dos livros expostos eu já tinha e acabei comprando alguns outros, bem como proseando um bocadinho com vários dos autores ali presentes. Lógico que fiz questão do didático autógrafo de praxe (“isso, por favor, meu nome é Adauto – a, dê, a, U, tê, ô…”) – pois ninguém nunca acerta meu nome na primeira. Já me chamaram de Dalton, Adalton, Adão, Arnaldo e outras terríveis variações que nem sequer lembro mais.

Os temas expostos giravam em torno de poemas, biografias, história e até mesmo uma jornada pela Trilha de Santiago (a do “Seo” Vigo). Voltei pra casa com Pilotando meu Nariz, de Joana J. Brandão Aranha, Fragmentos de Lembranças – Diário de um Peregrino, de Vigo Faria, João Porto – o Jornalista e Retalhos da Memória, estes dois últimos de Benedicto Sergio Lencioni.

Dever cultural cumprido, sentei-me sob uma árvore em frente da Sala Mário Lago – ali, próxima do Pátio dos Trilhos – para saborear um cigarro (sem bronca, pessoal, como eu já disse, tô a caminho de parar) e ouvir um pouco da moda de viola que todo sábado rola nesse cantinho. Nessa o copoanheiro me liga, talvez para uma carona, que fiquei lhe devendo pois já estava no Centro. Foi mal aí, Bica…

Dali rumei para o Parque dos Eucaliptos, onde estava rolando o “X Encontro de Veículos Antigos de Jacareí”. Um ótimo blues sendo tocado no palco, um dia ameno e veículos antigos para todos os sabores! Para este opaleiro apaixonado por antiguidades (alguém aí ainda se lembra do Projeto 676?), tudo de bom! Compromissos protocolares de praxe, discurso da Presidente da Fundação Cultural, dos presidentes dos clubes participantes, do Prefeito, etc.

E então, bora almoçar que ninguém é de ferro!

Depois de um ótimo almoço em ótima companhia (ao menos paguei a carona que fiquei devendo) comecei a fazer planos para o resto da tarde…

E então, como diria Abracurcix, o céu caiu sobre nossas cabeças!

Chuva. Chuva forte. Como não víamos desde janeiro. Em pouquíssimo tempo choveu 84mm – e seja lá como se dê essa medida, entendam que é chuva pra ca… ramba! Com tanta água e granizo caindo, a capacidade de escoamento do sistema de esgoto da cidade não foi suficiente para dar vazão a esse dilúvio. Mesmo em locais com alta permeabilidade no solo (sempre quis escrever isso) a chuva foi intensa demais, de modo que rapidamente a água começou a se acumular e subir, subir, subir de um modo nunca visto.

O Parque da Cidade inundou. O Jardim Japonês ficou totalmente debaixo d’água. E, aliás, lembram-se que eu disse que os veículos antigos estavam em exposição lá no Parque dos Eucaliptos? Então. De partir o coração ver aquelas relíquias minuciosamente restauradas com água por volta, por dentro, por fora, em todo lugar. Na altura do volante, em alguns casos.

Mas, pior que isso, os bairros afetados.

Casas e muros caíram, outras ficaram totalmente alagadas, assim como diversas ruas. A Defesa Civil não teve um segundo de descanso. Mas, apesar de todo esse perrengue, não se tem notícias de que ninguém tenha ficado ferido ou desabrigado. A correria foi muita e intensa, mas no final, dentro do possível, deu tudo certo.

Bem, para não fechar este post com certa tristeza no ar, prefiro compartilhar as imagens dos veículos antigos que estavam em exposição, quando ainda o sol brilhava para todos…

Basta clicar na imagem para uma visão ampliada, ok?












Situação no Japão

Sobre a situação no Japão, a mídia está exagerando para vender bem a notícia. A usina nuclear está sendo trabalhada e o povo é informado o dia todo, por todos os canais de TV e, pelo visto, por enquanto nada preocupante. É fato que o governo está fazendo de tudo para evitar aquecimento da usina. Existem sim riscos, mas por enquanto está bem. A cidade está menos cheia porque reduziu-se a frequência de transportes públicos para economia de energia. Estamos sob apagão programado, com revezamento diário de racionamento de 3 horas. Onde moro não tem este problema porque é região onde o governo tem grandes equipamentos que não podem ser desligados. Hoje, por exemplo, fez muito frio e o povo ligando aquecedores, sobe o consumo. Em casa, estamos gastando o mínimo de energia, assim como todos japoneses.

No mais, é realmente dramática a situação no local do tsunami e, em menor extensão mas também difícil, quem morava perto das usinas e que tiveram que evacuar. Imagine mais de 1,5 milhões de pessoas desabrigadas nesta situação em cerca de 3,500 abrigos. Com falta de gasolina e diesel que dificulta ajuda a locais atingidos, porém hoje conseguiu cobrir entrega de produtos de necessidade a quase todos os abrigos. As doações vem de praticamente todas as empresas do Japão, entregando seus produtos. Solidariedade é um capitulo à parte que vale a pena compartilhar.

O exagero da mídia é prejudicial, assim peço que compartilhe com o nosso pessoal e para quem perguntar, porque Tóquio não é cidade fantasma por conta de usina. Tudo é planejado para racionamento de energia, com empresas dispensando funcionários mais cedo para não congestionar somente determinados horários; com tragédia assim as pessoas não ficam por aí fazendo compras e comendo à vontade nos restaurantes. O Japão é país solidário e grupal, assim se uma parte está sofrendo, todos sofrem juntos e, nesse momento, o espírito é de “gaman”, que todo japonês está falando, ou seja, saber suportar, ter paciência, ser tolerante com as dificuldades. Outro termo que está sendo bastante usado é “kansha no kimoti”: espírito de gratidão. As pessoas estão valorizando a vida, a energia, ajuda, etc.

Agradeço a preocupação e continuem orando pelo povo japonês.

Abraços.

Em 17 de março de 2011

Chieko Aoki
Presidente – Blue Tree Hotels

Tóquio está “vazia”, mas não deserta

Notícias diretamente do Japão por intermédio da amiga virtual Karina (aquela, do Mario Prata):

Postado por Karina Almeida em 21/03/2011 – 09h30

Na quinta-feira passada, dia 17, dei uma voltinha em Shinjuku e Shibuya para ver como estavam os bairros mais movimentados de Tóquio, em plena crise nuclear.

Percebi que a cidade estava vazia, mas não deserta. E que as pessoas que usavam máscaras não estavam se protegendo da radiação, mas de uma alergia a pólen, típica da primavera, chamada por aqui de “kafunshoo”. Eu perguntei!

“É a primeira vez que vejo essas ruas tão vazias”, me disse Shinichi Tamura, de 30 anos, que faz panfletagem no centro de Tóquio há sete anos.

Se antes da tragédia ele distribuía facilmente mil panfletos por dia, agora, ele precisa se esforçar muito para atingir a meta de 800.

Aos poucos, a capital japonesa volta ao normal mas continua não parecendo uma das cidades mais populosas do planeta. Na estação de trem de Shinjuku, sempre superlotada, as pessoas andam tranquilamente, sem se esbarrar.

Ônibus e trens circulam, mas em menor quantidade. Em algumas estações, há atrasos de cinco, dez minutos e, alguns painéis nem marcam a hora das partidas – uma situação inédita no país da pontualidade.

Algumas lojas estão fechadas, outras trabalham em horário reduzido. Para poupar energia elétrica, escadas rolantes estão paradas e estabelecimentos comerciais à meia luz. Aliás, pelo que parece, essa calmaria toda se deve mais ao racionamento de energia do que ao medo do vazamento na usina nuclear de Fukushima.

Não há falta de comida, mas as prateleiras dos supermercados continuam escassas.

O cruzamento mais movimentado do mundo, no bairro Shibuya (primeira e segunda fotos), também nunca esteve tão calmo e silencioso. Os famosos telões estão desligados.

Em Shinjuku, um dos poucos que funcionam exibe o noticiário sobre a tragédia em Sendai e as explosões na usina nuclear de Fukushima.

Férias antes da hora, pânico não!

Não vejo evasão em massa, como a mídia brasileira divulgou, mas nas estações de Tóquio, as bilheterias dos trens-balas estão mais movimentadas do que o de costume sim.

Muitos japoneses tiraram folga antes da hora. É o caso de Kuniyuki Fukuda, de 27 anos. O jovem trabalha há dois anos em um restaurante chinês da capital, mas partiu para Quioto, sua terra natal.

“Meus pais e minha irmã estão preocupados com a onda de radiação e pediram para eu voltar”, contou. O dono do restaurante ofereceu duas semanas de férias até que a situação na usina nuclear de Fukushima seja resolvida.

Se até lá a região de Kanto, onde se encontra Tóquio, não estiver fora de perigo, Kuniyuki não sabe se voltará. “Terei de pensar no que vou fazer”.

Kuniyuki me contou também que um amigo alemão fez o mesmo. Pediu duas semanas de folga e embarcou para a Alemanha. “Não tenho medo de terremoto, nem de tsunami, mas temo uma tragédia nuclear”, diz o japonês.

P.S.: peço desculpas pela falta de posts. Com essa loucura toda, tive de ir a Sendai e mesmo de volta a Kanagawa não tive tempo para mais nada. Só para o trabalho. Prometo contar mais detalhes nos posts seguintes ; )