João Gualberto Teixeira

Este distinto senhor, João Gualberto Teixeira, não necessariamente é um antepassado direto, eis que trata-se de filho de Francisco Teodoro Teixeira com Maria Emerenciana de Andrade, ou seja, irmão de meu trisavô, Joaquim Theodoro de Andrade – seria, digamos, um tio-trisavô…

Mas foi através de seu inventário que foi possível detalhar um pouco mais esse ramo da família.


 INVENTÁRIO de JOÃO GUALBERTO TEIXEIRA

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 | Arquivado no Museu Regional de São João del Rei - Caixa 483        |
 | Transcrito por: Ana Bárbara Rodrigues                              |
 |                 ana2bh@yahoo.com.br                                |
 |                 (32)3371-7663                                      |
 | Transcrito em : OUT/2004                                           |
 | Solicitante   : Adauto de Andrade                                  |
 |                 adautoandrade@yahoo.com.br                         |
 | Objetivo      : Dados Genealógicos                                 |
 | Inventariado  : JOÃO GUALBERTO TEIXEIRA                            |
 | Inventariante : MARGARIDA TEIXEIRA GUIMARÃES                       |
 | Inventário registrado na cidade de São João del Rei em 21/JUL/1874 |
 | Número de folhas originais: 87                                     |
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 - FL.001 -

 Juízo Municipal da cidade de São João del Rei.

 O coletor da Renda Provincial - suplicante.

 Dona Margarida Teixeira Guimarães, viúva de João Gualberto Teixeira  -
 suplicada.

 Ano do nascimento de Nosso Senhor Jesus Cristo  de  mil  oitocentos  e
 setenta e quatro, quinquagésimo terceiro da Independência e do Império
 do Brasil, aos vinte e um dias do mês de  Julho  do  dito  ano,  nesta
 cidade de São João del Rei, Minas e Comarca do Rio das  Mortes,  em  o
 meu escritório sendo aí autuo a petição  que  adiante  se  segue.  Eu,
 Awias Antônio Duarte, Escrivão que escrevi.

 - FL.002 -

 Diz o Coletor da Renda  Provincial  deste  Município  que  tendo  sido
 assassinado no Distrito de Madre de Deus neste  Termo  João  Gualberto
 Teixeira de Carvalho, e sendo a Fazenda interessada no Inventário  que
 se tem de proceder, requer a Vossa  Senhoria,  em  vista  das  últimas
 ordens que tem da Fazenda Provincial para ativar tais  Inventários;  e
 que sendo distribuída a autuada  se  intime  a  viúva  daquele  finado
 Margarida Teixeira de  Guimarães  para  dar  andamento  no  respectivo
 Inventário logo que se finde o prazo de trinta dias da  morte  de  seu
 marido. Como se segue, São João del Rei, 21 de Julho de 1874.

 - FL.005 -

 Juramento à Inventariante.

 Aos vinte dias do mês de Agosto de mil oitocentos e setenta e  quatro,
 nesta Fazenda denominada Dois Irmãos, distrito de Madre de Deus, Termo
 da cidade de São João del Rei, Minas e Comarca do Rio das  Mortes,  em
 casas de residência de Dona  Margarida  Teixeira  Guimarães  onde  foi
 vindo e se  acha  o  Juiz  Municipal  substituto  em  exercício  Major
 Christino José Ferreira (...) e sendo aí presente a Inventariante Dona
 Margarida Teixeira Guimarães (...) e pelo  Juiz  lhe  foi  deferido  o
 Juramento  dos  Santos  Evangelhos  e  lhe  encarregou  de  servir  de
 Inventariante dos bens que ficaram por falecimento de seu marido  João
 Gualberto Teixeira, e que declarasse o dia, mês e  ano  em  que  tinha
 falecido, se tinha feito alguma disposição Testamentária,  quais  eram
 os herdeiros que lhe haviam ficado e que idade tinham  (...)  tudo  na
 forma da Lei e com as penas dela.

 - FL.005/VERSO -

 Declarou que seu marido João Gualberto Teixeira tinha sido assassinado
 em o dia primeiro de Julho do corrente ano de mil oitocentos e setenta
 e  quatro,  sem  que  deixasse  testamento  e   sem   ascendentes   ou
 descendentes, sendo seus herdeiros seus  irmãos  e  sobrinhos  que  se
 habilitarem, e que prometia  dar  à  conegação  (sic)  todos  os  bens
 pertencentes ao seu casal (...).

 - FL.008 -

 Bens de raiz

 Duzentos alqueires de campos nesta Fazenda dos Dois  Irmãos  avaliados
 em trinta e cinco mil réis

 - FL.008/VERSO -

 seis cada um alqueire, sete  contos  de  réis.  Seis  ditos  no  lugar
 denominado Cocão; a vinte e cinco mil réis o alqueire. Parte no rancho
 do Retiro dos Dois Irmãos ciquenta mil réis. O Retiro  da  Olaria  por
 cem mil réis. Parte das benfeitorias na Fazenda do Afonso,  cinco  mil
 réis. Parte na Ponte do Rio Grande, vinte e cinco mil réis. Parte  das
 benfeitorias na Fazenda de José Lopes, cinco mil réis. A quinta  parte
 da Casa Grande, sita no Arraial de Madre de Deus, duzentos mil réis.

 - FL.010/VERSO -

 Declarou a viúva Inventariante agora se recorda que  é  responsável  o
 seu filho Franciso de Paula Teixeira pela quantia de  oitenta  e  três
 mil seiscentos e sessenta e sete réis pela torna que tem de  fazer  ao
 mesmo de sua legítima paterna, e para constar mando o Juiz lavrar este
 Termo de Aceitação em que assina com a Inventariante digo Inventário e
 bem assim o seu filho José Venâncio Teixeira a quantia  de  setenta  e
 sete mil seiscentos e sete réis, o seu filho Domingos Teodoro Teixeira
 a  quantia  de  noventa  e  oito  mil  e   sessenta   e   sete   réis.
 À        sua        filha         Dona        Maria        Emerenciana

 - FL.011 -

 a quantia de cento e trinta e cinco mil seiscentos e sesssenta e  sete
 réis. E para constar mandou o Juiz lavrar este Termo do qual assina  a
 Inventariante.

 - FL.012 -

 Diz Dona Margarida Teixeira Guimarães  que  estando  se  procedendo  o
 Inventário dos bens do finado  seu  marido  João  Gualberto  Teixeira,
 entre eles existe uma  morada  de  casas  sita  na  cidade  do  Turvo,
 torna-se necessária a sua  avaliação  para  ser  unida  aos  Autos  de
 Inventário (...)

 - FL.035 -

 Dois Irmãos, 11 de Fevereiro de 1875.

 Importância de que nos é devedor o espólio do  nosso  finado  padrasto
 João Gualberto Teixeira. Acento que existe no livro por letra do mesmo
 finado:

 À Francisco de Paula Teixeira, uma vaca por nome Onça, trinta mil réis

 À Domingos Teodoro  Teixeira,  um  boi  de  carro  por  nome  Carmino,
 cinquenta mil réis, um burro por nome Pimenta, oitenta mil réis (...)

 À José Baptista de Almeida e Ira. (sic) por cabeça de sua mulher Maria
 Venância, uma vaca por nome Cachoeira, trinta mil réis (...)

 À Maria Emerenciana do Carmo, uma vaca por nome Meia Lua,  trinta  mil
 réis (...)

 - FL.036 -

 Diz Dona Margarida Teixeira  Guimarães,  que  a  bem  de  seu  direito
 precisa que o Escrivão respectivo, revendo os autos do Inventário  por
 falecimento de seu marido Antônio Teodoro de  Santana  lhe  passe  por
 certidão de modo que se faça fé: 1o. a importância da terra  a  que  a
 suplicante  ficou  responsável  para  com  cada  um  dos  seus  filhos
 Francisco de Paula Teixeira, Domingos  Teodoro  Teixeira,  Dona  Maria
 Venância e Dona Maria Emerenciana; 2o. Em que data foi este Inventário
 julgado por sentença (...)

 - FL.046 -

 Dizem Antônio Teodoro Nogueira Júnior e sua  mulher  Dona  Ana  Isabel
 Nogueira, esta filha legítima da finada  Dona  Delfina  irmã  de  João
 Gualberto  Teixeira  que  estando  a  proceder-se  o  Inventário   por
 falecimento do dito João Gualberto querem desistir do que  lhes  possa
 caber nessa herança,  ficando  completamente  desonerados  de  toda  e
 qualquer responsabilidade para com os credores deste casal (...)

 - FL.047 -

 Império do Brasil - Província de São Paulo - Termo de São Sebastião da
 Boa Vista. Procuração bastante que fazem Antônio Teodoro  de  Nogueira
 Júnior e sua mulher Dona Ana Isabel Nogueira.

 Saibam quantos este público instrumento de procuração  bastante  virem
 que no  ano  do  nascimento  de  Nosso  Senhor  Jesus  Cristo  de  mil
 oitocentos e oitenta e quatro, aos doze dias do mês  de  agosto  nesta
 Vila de São Sebastião da Boa Vista da Província de São Paulo,  comarca
 de Ca(...)2a Branca,  em  meu  cartório  compareceram  os  outorgantes
 Antônio Teodoro Nogueira Júnior e sua mulher Dona Ana Isabel Nogueira,
 residentes neste Termo, e conhecidos de  mim  pelos  próprios  de  que
 trato, e por eles foi dito em  presença  de  tuas  testemunhas  abaixo
 nomeadas, que nomearam e constituíram seus  bastante  procuradores  na
 Província de Minas a seu pai e sogro Antônio Teodoro Nogueira  e  João
 Teobaldo de Souza (...)

 - FL.050 -

 Dizem Diogo Joaquim Alves como Tutor de seus filhos menores; Francisco
 Alves Teixeira casado com Dona Joaquina de tal; Emerenciano  Alves  de
 Andrade e sua mulher  Dona  Maria  Ermelina  da  Silva;  Dona  Avelina
 Joaquina de Andrade; Dona Maria Emerenciana de Andrade; Dona  Joaquina
 Leopoldina de Andrade, e Martiniano Alves de Andrade, o primeiro viúvo
 e os outros filhos legítimos da finada Dona Maria Venância de Andrade,
 irmã do finado João Gualberto  Teixeira;  que  estando  a  proceder  o
 Inventário dos bens do casal deste, querem desistir do que lhes houver
 de sua herança ficando completamente desonerados de  toda  e  qualquer
 responsabilidade para com os credores do dito casal.

 - FL.063 -

 Do Juízo de Órfãos de São João  del  Rei  para  o  de  Valença.  Carta
 Precatória Citatória  passada  ex  ofício  para  por  bem  dela  serem
 intimados Dona Jesuína casada com Pedro Ferreira da  Cunha,  moradores
 no Rio Preto, como abaixo se declara. À  Vossa  Senhoria  Ilustríssimo
 Senhor Doutor Juiz Municipal de Órfãos da cidade e Termo de Valença da
 Província do Rio  de  Janeiro  (...).  O  Doutor  Francisco  de  Paula
 Cordeiro de Negreiros Lobato Juiz Municipal e de Órfãos desta ciade de
 São João del Rei e seu  Termo  por  Sua  Magestade  o  Imperador.  Foi

 - FL.063/VERSO -

 declarado  que  pelo  Juízo  Municipal  deste  Termo  se  procedeu   à
 Inventário,  arrolamento  e  avaliação  dos  bens  que   ficaram   por
 falecimento de João Gualberto Teixeira  de  quem  ficou  Inventariante
 Dona Margarida Teixeira Guimarães,  e  verificando-se  depois  haverem
 herdeiros  menores  representantes  de  herdeiros  falecidos,   irmãos
 germanos do inventariado, passaram os autos ao Juízo competente que  é
 este Juízo de Órfãos, foi proferido o despacho  mandando  intimar  aos
 herdeiros para a ratificação do processado  e  todos  os  mais  termos
 deste Inventário e Partilhas; e como entre  eles  existia  a  herdeira
 irmã Dona Jesuína casada com Pedro Ferreira da  Cunha,  residentes  em
 Santa Isabel do Rio Preto no  município  de  Valença,  digne-se  Vossa
 Senhoria mandar fazer as devidas intimações (...)

 Dada e passada nesta cidade de São João del Rei, Minas  e  Comarca  do
 Rio das Mortes, aos vinte e seis dias  do  mês  de  Fevereiro  de  mil
 oitocentos e setenta e cinco.

 - FL.067 -

 Diz Pedro Ferreira da Cunha, casado com Dona  Jesuína  Emerenciana  de
 Andrade, irmã legítima do finado João Gualberto  Teixeira,  que  sendo
 ele intimado por este Juízo para fallar nos  termos  de  Inventário  e
 Partilhas dos bens daquele falecido, como representante de sua mulher,
 herdeira do mesmo, quer agora juntar procuração nos mesmos autos  para
 o mesmo fim.

Maria Emerenciana de Andrade

Antes de mais nada é merecida a pergunta: “e quem foi Maria Emerenciana de Andrade?”. Foi minha tetravó e pentavó ao mesmo tempo! Explico. De minhas pesquisas pessoais pude chegar até meus trisavós, com direito a cópia de certidão de casamento num obscuro cartório no interior de Minas e tudo o mais. Porém foi através desse inventário que pude “subir” na genealogia da família, pois aqui é que aparece meu trisavô Joaquim Theodoro de Andrade, herdeiro e filho de Maria Emerenciana, devidamente casado com minha trisavó, Maria da Glória Teixeira Guimarães, também herdeira e neta de Maria Emerenciana…

Daí o porquê de ela ser, simultaneamente, minha tetravó e pentavó. Tudo porque o tio casou com a sobrinha – não se assustem, antigamente isso era mais comum do que se possa imaginar!


 INVENTÁRIO DE MARIA EMERENCIANA DE ANDRADE

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 | Arquivado no Museu Regional de São João del Rei - Caixa 413        |
 | Transcrito por: Edriana Aparecida Nolasco                          |
 | Transcrito em : 2003                                               |
 | Solicitante   : Maria Nazaré de Carvalho                           |
 | Objetivo      : Dados Genealógicos                                 |
 | Inventariada  : MARIA EMERENCIANA DE ANDRADE                       |
 | Inventariante : FRANCISCO TEIXEIRA DE ANDRADE                      |
 | Inventário em São João del Rei em 1868                             |
 | Número de folhas originais: 292                                    |
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 - FL.002 -

 Diz Francisco Theodoro Teixeira, morador no Distrito de Madre de  Deus
 deste  Termo,  (...),  que  tendo  falecido  sua  mulher  Dona   Maria
 Emerenciana de Andrade, sem testamento, (...) 

 - FL.003 -

 Procuração 

 Data – 07 de abril de 1868 

 Local – Arraial de Madre de Deus, Termo de São João Rei 

 QUE FAZ – Francisco Theodoro Teixeira, morador nesta  mesma  Freguesia
 de Madre de Deus. 

 - FL.010/VERSO -

 JURAMENTO DO INVENTARIANTE 

 DATA – 02 de setembro de 1868 

 LOCAL – Fazenda do Retiro dos Dois Irmãos, Termo da cidade de São João
 de Rei, Minas e Comarca de Rio das Mortes 

 DECLARAÇÃO 

 (...) e logo por ele foi dito que sua mulher faleceu sem testamento no
 dia sete de fevereiro do corrente ano (...) 

 FILHOS 

 1. Manoel  Teodoro  Teixeira,  casado  com  Dona  Delfina  Cândida  de
    Andrade. 

 2. Antônio Teodoro de Santana,  falecido,  casado  que  foi  com  Dona
    Margarida Teixeira Guimarães, deixou filhos,  posteriormente  serão
    declarados. 

 3. José Teodoro  Teixeira,  casado  com  Dona  Esmênia  Leopoldino  de
    Andrade. 

 4. Dona Maria Venância de Andrade, casada com Diogo Joaquim Alves.

 5. João  Gualberto  Teixeira,  casado  com  Dona  Margarida   Teixeira
    Guimarães.

 6. Venâncio  Teodoro  de  Andrade,  casado  com  Dona  Ana  Bernardina
    Teixeira. 

 7. Dona  Delfina  Teodora  Teixeira,  casada  com  Antônio   Tereziano
    Nogueira. 

 8. Dona Jesuína Emerenciana de Andrade, casada com Pedro  Ferreira  da
    Cunha. 

 9. Francisco Teodoro Teixeira  Júnior,  casado  com  Dona  Emerenciana
    Eufrasina de Resente. 

 10. Joaquim Teodoro de  Andrade,  casado  com  Dona  Maria  da  Glória
     Teixeira. 

 11. Marciano Onostório Teixeira, casado  com  Dona  Maria  Esmênia  de
     Resende. 
  

 NETOS, FILHOS DE ANTÔNIO TEODORO 

 1. Francisco de Paula Guimarães, solteiro, com vinte e um anos. 

 2. José Venâncio Teixeira, solteiro, com vinte anos. 

 3. Dona Maria da  Glória  Teixeira,  casada  com  o  herdeiro  Joaquim
    Teodoro. 

 4. Domingos Teodoro, solteiro, com dezoito anos pouco mais ou menos; 

 5. Dona Maria Venância Teixeira, solteira, com quatorze anos. 

 6. Dona Maria Emerenciana Teixeira, solteira, com doze anos. 

 - FL.014 -

 PROCURAÇÃO 

 DATA – 26 de Maio de 1868 

 LOCAL – Freguesia de Santa Isabel do Rio Preto,  Termo  de  Valença  e
 Comarca de Vassouras em casa de residência de Pedro Ferreira da  Cunha
 Sobrinho. 

 QUE FAZ – Pedro Ferreira da Cunha Sobrinho e  sua  mulher  D.  Jesuína
 Emerenciana de Andrade, moradores  neste  Distrito  à  margem  do  Rio
 Preto. 

 - FL.015 -

 PROCURAÇÃO 

 DATA – 04 de Maio de 1868 

 LOCAL – Vila de Caconde, da Província de São Paulo 

 QUE FAZ – Tenente Antônio Tereziano Nogueira e sua mulher Dona Delfina
 Teodora Teixeira Nogueira, residentes na mesma Vila de Caconde. 

 - FL.018/VERSO -

 DESCRIÇÃO DOS BENS 

 - Trastes de uso; objetos de cobre, instrumentos agrícolas; uma Ermida
   com oratório; 

 - Animais:  porcos,  leitões,  vacas,  novilhas,  garrotes,   cavalos,
   bestas, burros, jumentos, etc. 

 - Escravos em número de 67 

 BENS DE RAIZ 

 - Fazenda do Retiro que se compõe de campos e culturas......26:000$000

 - Benfeitorias da mesma Fazenda a saber: casas de vivenda cobertas  de
   telhas, senzalas, casas de rancho de carro, tenda, moinho,  monjolo,
   olaria, quintal com arvoredos..............................2:000$000

 - Casas do Retiro Olho de Sono com utensílios para fazer queijo.......
   .............................................................200$000 

 - Fazenda do Antimônio que se compõe de terras de cultura e campos  de
   criar.....................................................16:000$000 

 - Engenho de cilindro com seus utensílios....................2:000$000

 - Engenho de pau velho.........................................100$000

 - Benfeitorias da Fazenda do Antimônio que compõe de casas de vivenda,
   engenho, moinho, senzalas,  tudo  coberto  de  telhas,  com  monjolo
   coberto de capim...........................................1:500$000

 - Cana que está na moenda......................................700$000

 - Canavial novo................................................800$000

 - Casas na Capela do Espírito Santos com fundos para quintal...300$000 

 - Fazenda do Leme que se compõe de terras  de  culturas  e  campos  de
   criar no Distrito de Carrancas............................16:000$000 

 - Benfeitorias do Leme: casas de vivenda cobertas de telhas,  quintal,
   moinho, monjolo..............................................600$000

 - Dívidas ativas e passivas 

 - FL.030 -

 DOTES

 - Manoel Teodoro Teixeira .................................. 2:500$000

 - Antônio Teodoro Teixeira ................................. 1:300$000 

 - José Teodoro Teixeira .................................... 3:060$000 

 - Dona Maria Venância ...................................... 2:024$560 

 - João Gualberto Teixeira .................................. 2:100$000 

 - Venâncio Teodoro de Andrade .............................. 2:325$000 

 - Dona Delfina Teodora Teixeira ............................ 1:903$040 

 - Dona Jesuína Emerenciana de Andrade ...................... 1:908$440 

 - Francisco Teodoro Teixeira Júnior ........................ 1:950$000 

 - Joaquim Teodoro de Andrade ............................... 1:230$000 

 - Marciano Onostério Teixeira .............................. 1:950$000

 - FL.031/VERSO -
  
 MAIS BENS DE RAIZ NO TURVO 

 - Mais trastes de uso, animais, 02 escravos 

 - Terras de culturas e campos de criar  no  lugar  denominado  Córrego
   Fundo......................................................9:000$000

 - Casa coberta de capim no mesmo lugar chamado Córrego Fundo....50$000 

 - Casa coberta de  telha  envidraçada  com  seus  respectivos  fundos,
   situada nesta cidade de Turvo..............................4:000$000

 - Mobília da mesma casa........................................147$000 

 - FL.052 -

 PROCURAÇÃO 

 DATA – 02 de Setembro de 1868 

 LOCAL – São João Del Rei 

 QUE FAZEM – Manoel Teodoro de Andrade Teixeira; José Teodoro Teixeira;
 Diogo Joaquim Alves por cabeça de sua mulher Dona  Maria  Venância  de
 Andrade;  João  Gualberto  Teixeira;  Venância  Teodora  de   Andrade;
 Francisco Teodoro Teixeira Júnior; Joaquim Teodoro de Andrade por si e
 por cabeça de sua mulher Dona  Maria  da  Glória  Teixeira  Guimarães,
 Marciano Onostério Teixeira de Andrade. 

 - FL.072 -

 AUTO DE PARTILHA 

 MONTE MOR – 132:309$160 

 MONTE LÍQUIDO - 131:609$160 

 MEAÇÃO DO VIÚVO – 40:920$053 

 PARA CADA HERDEIRO – 5:741$608 

 - FL.101 -

 Dizem Francisco de Paula Teixeira e José Venâncio Teixeira,  moradores
 na Freguesia de Madre de Deus, do Termo desta  cidade,  nos  autos  de
 Inventário dos bens a que por este Juízo se procedeu  por  falecimento
 de sua avó, Dona Maria Emerenciana  de  Andrade,  que  tendo  sido  os
 suplicantes emancipados nos respectivos autos de Inventário  dos  bens
 do finado seu Pai Antônio Teodoro de Santana (...) 

 - FL.110 -

 Diz Pedro Ferreira da Cunha, por cabeça de  sua  mulher  Dona  Jesuína
 Emerenciana de Andrade que na partilha a que se procedeu no Inventário
 dos bens da finada Dona Maria Emerenciana de Andrade (...) de haver do
 co-herdeiro José Teodoro Teixeira, e como este é demente (...) 

 - FL.115 -

 Diz o Capitão Manoel Teodoro de Carvalho, (...) José Teodoro  Teixeira
 antes de ser  declarado  interdito  tendo  falecido  sua  mulher  Dona
 Ismênia Leopoldina de Andrade. 

 - FL.120 -

 PROCURAÇÃO 

 DATA - -5 de Outubro de 1872 

 LOCAL – Cidade de Turvo, Minas e Comarca do Baependi 

 QUE FAZEM – José Batista de Almeida e Souza, por cabeça de sua  mulher
 Maria Venância Teixeira. 

 - FL.121 -

 Certifico que revendo o Livro que serve para registros dos  Casamentos
 feitos nesta Freguesia nele a folha 23 consta o seguinte: 

 No dia 25 de Setembro de 1872, no Oratório da Fazenda dos Dois Irmãos,
 pelas 04 horas da tarde  receberam  em  Matrimônio  os  nubentes  José
 Batista de Almeida e Souza e Dona Maria Venância Teixeira,  que  deram
 seus consentimentos por palavras de presente à vista  das  testemunhas
 Manoel Ribeiro do Vale e Francisco de Paula Teixeira, além  de  outras
 muitas pessoas que presente  estavam  e  lhes  dei  a  bênção  nupcial
 precedendo tudo os  depoimentos  verbais.  E  para  constar  fiz  este
 Assento.

 Madre de Deus, Era et supra 

 O Vigário João Bernardes de Souza 

 - FL.123 -

 Diz Dona Maria Emerenciana do Carmo que no Inventário e  partilha  dos
 bens por falecimento de Dona Maira  Emerenciana  de  Andrade,  avó  da
 Suplicante, entrou (...) iguais à suplicante e a seus irmãos  Domingos
 e Dona Maria Venância (...) 

 Dizem José Venâncio Teixeira e sua  mulher  Dona  Maria  Policarpa  de
 Novaes Teixeira; José Batista de Almeida e Souza  e  sua  mulher  Dona
 Maria Venância Teixeira; Francisco de  Paula  Teixeira  e  sua  mulher
 Dona Maria Custódia de Carvalho Teixeira; Domingos Teodoro Teixeira  e
 sua mulher Dona Maria Emerenciana Teixeira; Joaquim Teodoro Teixeira e
 sua mulher Dona Maria Emerenciana do Carmo, netos da finada Dona Maria
 Emerenciana de Andrade, que eles  suplicantes  acordaram  entre  si  a
 procederem a partilha amigável e convencional dos escravos (...)

Machadadas na tv e o Homem na Lua

Respondendo um e-mail da amiga virtual Clotilde, acabei achando que ficou interessante o suficiente para merecer um post – conforme a regra geral

Pois bem.

Meu pai, vulgo “Seo Bento”, do alto de seus 72 anos, continua firme e ativo – ainda que aposentado – com uma oficininha de conserto de televisores no fundo de sua casa.

Foi mecânico a vida inteira, tendo vindo de trem de Santa Rita de Jacutinga, MG, para São José dos Campos, SP, aos onze anos de idade. Sendo o mais velho de um total de doze irmãos (e irmãs) foi para roça para plantar arroz com a família e cerca de dez anos depois resolveu ir para cidade. Conseguiu emprego numa fecularia e mais tarde numa mecânica de caminhões, ambos da família Renó. Quando a empresa faliu, foi para a Johnson e lá ficou até sua aposentadoria.

Tudo isso é só para contextualizar.

Lá na mecânica conheceu o sr. Nobilino, encarregado, e que viria a ser meu padrinho de batismo. Vida dura, casou-se, construiu sua casa e teve três filhos (sendo eu o caçula). Minha mãe contribuía na renda familiar com suas costuras, mas, para ajudar um pouco mais, meu pai fez um curso por correspondência para conserto de rádios e televisores no IUB – Instituto Universal Brasileiro. Sempre após o serviço ficava acordado até tarde, ainda na cozinha de casa, consertando rádios e outros aparelhos.

Numa época em que televisão ainda era um luxo, meu padrinho, seu chefe, sujeito já estabelecido e com mais posses – mas dado a violentos acessos de fúria – havia comprado uma dessas máquinas de fazer doido. Mas não é que a televisão apresentou defeito? Mexe daqui, mexe dali, fuça, vira, tenta, esmurra, acabou ficando puto, levou aquela “geringonça” para fora, bem no meio do quintal, e extravasou sua raiva a golpes de machado no pobre aparelho…

Não sobrou muito.

Ciente de que meu pai estava dando seus primeiros passos naquela arte eletrônica, juntou os cacarecos que sobraram da vítima e levou até em casa.

– Toma, Bento. Se você conseguir fazer essa porcaria funcionar, ela é sua.

O que para outros seriam lixo, para meu pai foi uma oportunidade! Jamais que ele teria como comprar um aparelho daqueles naquela época!

Desmontou tudo, arranjou madeira (sim, as tvs de então possuíam caixas de madeira – ótimas para cupins…), e, usando suas habilidades de marcenaria, fez outra caixa para a televisão. Economiza daqui, compra uma válvula dali, solda acolá e, não demorou muito, o aparelho voltou à vida!

E então, quando eu tinha apenas um mês e meio de idade, na vizinhança a casa de meu pai – ainda que modesta – era a única que tinha televisão. Minha mãe conta que nesse dia todos os vizinhos possíveis e imagináveis se reuniram em casa para ver as fantásticas notícias naquela tv preto e branco à válvulas e recém reformada, a respeito de um homem – quanta ousadia! – que chegara à Lua.

E essa é a história da primeira televisão que tivemos em casa…

E pensar que, quarenta anos depois, ainda ontem comprei um “eme-pê-qualquer-coisa” pro meu filhote, do tamanho de um celular, e que dentre outras funções já possui tv embutida…

O Rio Paraíba – O “Furado”

Autor: Prof. Benedicto Sergio Lencioni
Publicado p. 33/37 da revista Historias gentes e cousas de minha terra
Jacareí – SP

O Rio Paraíba mudou de leito!

Lembro-me de ter ouvido, várias vezes, durante minha adolescência que o leito do Paraíba fora mudado pelo trabalho dos escravos de um fazendeiro, durante a noite.

Esta afirmativa despertava a minha imaginação, à base de imagens e fatos correlatos: Durante a noite, ao som de estalidos de chicote, braços negros e luzidios enterravam enxadões em solo virgem e o rasgavam pela primeira vez. Centenas de escravos trabalhando maquinalmente, abrindo o leito por onde correria pacatamente o lendário Paraíba.

Não imaginava outra cena, senão esta, que ainda hoje me acompanha como verdadeira, quando penso na abertura do célebre “furado” que mudou, por volta de 1850, o leito do Rio.

Ele passava, numa acentuada curva, nos fundos da Santa Casa de Misericórdia, banhando antes o atual leito da E. F. Central do Brasil no Cassununga e completando-se além da Rua XV de Novembro, passando pelos fundos da Igreja Matriz de N. Sa. da Conceição.

Que ele foi mudado provam os documentos e os indícios, mas que teria determinado a mudança do leito? Quais suas consequências? É o que procuraremos decifrar após a leitura e estudo dos documentos que conseguimos colher.

Em fins de 1850 ou 1851, o influente Barão de Jacareí encaminhou ao Juiz de Paz em exercício, Sr. João da Costa Gomes Leitão, o seguinte embargo:

“Ilmo. Snr. Juiz Mal. Supplente

Diz o Barão de Jacarehy, que estando prezentemente o Inspetor da Estrada geral abrindo hum Furado para novo encanamento do rio Parahyba, direcção que desvia extraordinariamente o rio da povoação em reconhecido prejuizo do publico, e especialmente do supplicante, porque o seu predio por onde passa o Parahyba perde consideravelmente de valor, como tudo se mostrará a seu tempo, vem requerer a V. Sa. Mandado de Embargo em dita obra, afim de que esta não continue, citando-se o Inspetor para audiência deste Juizo assistir aos artigos de nunciação e para todos os mais actos da cauza.

E. R. Mcê.

a) Barão de Jacarehy”

O embargo do Barão de Jacarehy suscitou o problema na Câmara e foi efetuada uma vistoria nas obras do “Furado” conforme atesta o interessante documento abaixo:

“Tristão Rodrigues da Silva, Escrivão do Juizo de Pas nesta cidade de Jacarehy e seo distrito na forma da lei. Certifico que revendo o Protocollo das Audiencias do Juizo de Pas nelle as Folhas quarenta hum verso athé quarenta e dois verso achei o Termo pela forma seguinte: Aos dois dias do mes de Março de mil oitocentos e oitenta e hum (1) nesta cidade de Jacarehy Comarca da Imperial Cidade de São Paulo, dirigindo-se o Actual Juiz de Pas em exercicio commigo Escrivão de Seo Cargo Ao diante nomeado e o official de Justiça Luiz Pinto de Morais e as Testemunhas Leocadio da Siqueira Cortes e Joaquim José dos Santos, ao Porteiro do Alferes João da Costa Gomes Leitão onde se estava abrindo hum furado para novo incanamento do Rio Parahiba o qual incanamento desvia o mesmo Rio sento e setenta braças da Povoação; E sendo ahy por ele Juis ditto que sendo a referida obra evidentemente Prejudicar ao Publico pois que retirava o curso do Rio muitas braças de huma grande parte da Povoação, deixando de paçar alem de por muintos Predios particulares, pela Caza de Caridade desta Cidade, indo essa nova direção do Rio ofender em grande parte a Ponte, na qualidade de Juis de Pas e poriço com o dever de ivitar qualquer obra prejudiciar ao Publico, muinto principalmente não existindo no lugar otro qualquer Juis no cazo de se opor a referida obra; E tão bem porque existe huma representação delle Juis ao Excelentisimo Presidente da Provincia sobre este mesmo furado, cuja representação viera para a Camara desta cidade informar. Não sendo avista desto posivel tal obra continuar, pois que he claro que o Governo procura dados para resorver-se com pleno conhecimento de cauza. Tendo-se já pidido huma convocação extraordinária da Camara, poriço fazia-se ver ao Inspetor desta obra João Rodrigues Munhos que não devia continuar nella athé que a Camara informace e o Exmo. Presidente da Provincia resolve-se a respeito, tanto mais que elle Inspetor hera o mesmo Vice-Presidente da Camara a quem tinha vindo a representação, e a quem consta a elle Juis que hum vereador avia requerido convocação da Camara Extraordinaria para informar sobre o objeto, e por elle Inspetor foi ditto que não tinha obrigação de convocar Camara já, poriço que estava incomodado e que não tinha a dar satisfação a ninguém, poriço que estava aotorizado por huma Portaria para esse fim do Exmo. Prezidente ao que elle Juis replicou que esta obra já se tinha começado sem aotorização no dia quatro do corrente como consta da copia della, e para constar mandou elle Juis lavrar o prezente Termo que asigna commigo Tristão Rodrigues da Silva Escrivão de seo cargo e as Testemunhas Leocadio da Silveira Cortes e Joaquim José dos Santos que a rogo do mesmo asigna José Rodrigues da Silva Toledo. Assignaturas: Frederico Candido de Lima Juis de Pas em exercicio. Leocadio da Silva Cortes. Jose Rodrigues da Silva Toledo, he o que se contem o dito Termo a qual me reporto e dou fé. Jacarehy 10 de março de 1851. Tristão Rodrigues da Silva, Escrivão do Juiso de Pas.”

Em data de 10 de março de 1851 o Sr. João da Costa Gomes Leitão em vista da autorização e da pertinácia do encarregado da obra do “Furado” exarou o seguinte despacho ao embargo do Barão de Jacarehy:

“Não tem lugar o que o suple. requer, visto o Inspector da Estrada Geral abrindo o dito furado por portaria do Exmo. Snr. Prezidente da Província e com sepção do proprietário. Jacarehy 10 de março de 1851.

a) Leitão.”

A mudança do leito foi efetivada, baldados os protestos e a celeuma levantada. Quatro anos após, em 22 de setembro de 1855, mais uma vez o Barão de Jacarehy, ainda não se conformando com a mudança declarava em reunião na Santa Casa “que não fazia a obra na enfermaria grande, mas que dava à Irmandade a quantia de 1:000$000 se ella conseguice voltar o Rio Parayba ao seu antigo leito”.

Em 7 de outubro do mesmo ano o Barão demitiu-se da Irmandade, “ao que parece por não ter a mesma se interessado pela volta do rio ao antigo leito” escreveu Rogélio Rodrigues no seu livro “Santa Casa de Misericórdia de Jacareí – Seu primeiro Século”. Não foi este apenas um episódio envolvendo a Casa de Caridade e o problema do “Furado”, outros se verificaram, uma vez que em sua Irmandade encontravam-se as pessoas mais influentes da cidade.

No livro de Atas da Câmara encontramos a seguinte discussão sobre o assunto, quando se procurava solucionar o problema estudando-se uma nova direção ao Rio. A Comissão Permanente encarregada de dar seu parecer sobre o novo “Furado” e prevenir a continuação desses danos, deu o seguinte parecer:

“Fazendo-se a mudança do Rio Parahyba pelo posto do Sr. Joaquim Antonino e procurando o antigo leito, previne-se todo o mal futuro: porém sendo esta mudança muito dispendioza, e talvez com tanta dificuldade, quer quando se realize a mudança, já o rio tenha dado grandes prejuizos.

A outro meio que sendo facilimo é muito dispendiozo, e por isso a Comição é de parecer que se lance mão delle, e é o seguinte:

Fazem-se mudar o rio pelo lado direito principiando pelo pasto do Sr. Leitão pouco para cima do portão do mesmo pasto, e dahy fronteando uma árvore que se acha no pasto do Sr. Joaquim Antonino, porque assim supõem-se que o rio procurando o meio previnira o mal, e quando não previna dará tempo a dar-se outras providências. Martins e Cardozo.

O Sr. Leitão largou a cadeira, e indicou que, se pelo pasto delle ficar melhor, que elle dá o terreno, mas que julga que fica no mesmo estado, e que sendo para por o rio em seo antigo leito, fazendo uma valla no pasto de Joaquim Antonino, procurando a volta do Cassununga, êlle dá para adjutoria 500$ Reis e o Sr. Joaquim Antonino Rapozo, fazendo-se a mudança do rio conforme indicação do Sr. Leitão tão bem dá 500$000. Reis.

A Camara officiou ao Exmo. Prezidente para êlle resolver a respeito mandando um Engenheiro para observar o melhor lugar, orçar a quantia priciza e dar a planta da óbra votando vencido o Sr. Andrade e Camara.”

Esta reunião extraordinária da Câmara Municipal realizou-se a 12 de outubro de 1863 e em data de 17 de dezembro de 1864 enviava ao Presidente da Província o seguinte ofício, dizendo entre outras informações:

“Percorre êste município o Rio Parahyba, que é navegável desta cidade para baixo. nada pode dizer esta Camara sobre profundidade, correnteza, largura e mais circunstâncias que podem interessar a navegação, porque não ha trabalhos a respeito no archivo desta municipalidade.

O rio Parahyba em consequencia de um canal que foi aberto por ordem do Exmo. Snr. Presidente Vicente Pires da Motta, em 1851, tem levado a força de suas correntes para uma direção tal que vae fazendo visivelmente um novo leito, de modo que a magnifica ponte de pedra que está sobre elle, e ponte que custou à provincia mais de 70 contos, vae ficar em secco, lançando-se o rio para o lado da cidade, onde causará graves prejuisos. Em vista disto esta Camara já representou ao Exmo. Governo Provincial por duas vezes, pedindo providencias e a illustrada Assembléa Provincial votou na sessão do presente anno a quantia de 2:500$000 para dar nova direcção ao rio. Infelizmente, porem, esta medida de salvação não tem tido applicação, de modo que breve a provincia terá o prejuizo da perda infallivel da ponte de pedra, e ainda maiores prejuizos pela aproximação do caudaloso rio que com suas enchentes impetuosas inundará esta cidade. Esta Camara toma a liberdade de chamar a sabia attenção de V. Excia. para este grave assumpto.

Paço da Camara Municipal da cidade de Jacarehy, em sessão ordinaria de 17/12/1864.

a) João da Costa Gomes Leitão
Ignacio de Siqueira Cardozo
Salvador de Oliveira Preto
Candido de Siqueira Cardozo
Joaquim Antonio de Paula Machado
Felismino Delfim d’Andrade e Camara”

Como se observa pela redação deste ofício, ainda nessa data a ponte de pedra não estava inutilizada de todo, o que nos leva a concluir que havia o leito velho e o “furado”, portanto o Paraíba correndo em duas direções. Também se deduz pela leitura que o “furado” foi se alargando pela “força de suas correntes” até dar o leito atual, ficando seu antigo o “lamaçal do cassununga” e o então “esmaga sapo”, hoje, ambos aterrados.

A preocupação dos homens públicos da época é constante e novas solicitações são formuladas: 5/4/1867, 7/8/1869: “É esta a décima vez que fazemos êste pedido”. Devido a tantos reclamos insistentes da Câmara o Governo da Província determinou em 6 de novembro de 1869 a vinda do engenheiro para estudar o controvertido assunto.

Em 14 de novembro de 1877 a Câmara mais uma vez voltou à carga comunicando ao Presidente da Província: “O rio continua a produzir desmoronamentos na margem do lado desta cidade e ultimamente com tanta força que formou um reconcavo. Neste andar, pois, é lógico que dentro em pouco tempo este desmoronamento alcance o leito primitivo”.

Nada disto, porém, aconteceu. O rio permaneceu em seu novo leito. O “furado” levou o rio para mais distante da cidade e suas águas deixaram no Cassununga o vestígio periódico do antigo leito – uma região baixa, inúmeras vezes inundada nas cheias.

Em 17 de maio de 1903, o assunto fôra, certamente, pela derradeira vez abordado em reunião da Mesa Administrativa da Santa Casa, nesta feita já intimamente ligado aos interesses do hospital no aproveitamento do leito antigo e não mais de seu retorno.

Como fato consumado, o assunto não mais agitou os meios políticos conformados com a irreversibilidade. O assunto estava encerrado.

(1) Estando o documento datado de 10 de março de 1851 trata-se de equívoco a data 2 de março de 1881.

Bibliografia:

  • Atas da Câmara Municipal de Jacareí
  • Santa Casa de Misericórdia de Jacareí – Seu Primeiro Século de Existência – autor: Rogelio Rodrigues

 

Clique na imagem para ampliar!

Imagem constante na pág. 21 do livro Pelas Ruas da Cidade,
de autoria de João Baptista Denis Netto – o Jobanito.

Na terça, uma foto

Estes dois da direita são meus tios de Jacareí: Ari e Caridade (das três irmãs: , Esperança e Caridade, lembram?). As crianças, provavelmente, devem ser as filhas mais velhas: Cacilda e Sueli.

Tia Caridade vai bem, inclusive, recentemente, nasceu mais uma bisneta – a Manuela!

Já meu tio – Ari Ramos Arantes, na realidade – faleceu há 26 anos. Especificamente no dia 1º de julho de 1983, com apenas 44 anos, vítima de um acidente ocorrido na Rodovia Dom Pedro, em Igaratá, SP…

Francisco Teodoro Teixeira

Não há verdadeiramente muitos dados a serem extraídos deste testamento. Basta dizer que Francisco Theodoro Teixeira foi meu tetravô (e pentavô ao mesmo tempo, mas outra hora conto isso), casado com Maria Emerenciana de Andrade.


 TESTAMENTO de FRANCISCO TEODORO TEIXEIRA

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 | Arquivado no Museu Regional de São João del Rei - Caixa 141        |
 | Transcrito por: Edriana Aparecida Nolasco                          |
 | Transcrito em : 2003                                               |
 | Solicitante   : Maria Nazaré de Carvalho                           |
 | Objetivo      : Dados Genealógicos                                 |
 | Testador      : FRANCISCO TEODORO TEIXEIRA                         |
 | Testamenteiro : MANOEL TEODORO DE ANDRADE                          |
 | Testamento redigido em São João del Rei em 1874                    |
 | Número de folhas originais: 82                                     |
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 - FL.004 -

 Diz Manoel Teodoro Teixeira Testamenteiro do finado seu pai o  Capitão
 Francisco Teodoro Teixeira,  que  ele  suplicante  foi  intimado  para
 prestar as respectivas contas, o que não  cumpriu  logo  em  razão  de
 grave incômodo em sua saúde, e ultimamente em pessoa de sua família; e
 portanto (...) 

 - FL.005 -

 Certifico e dou minha fé judicial, que em meu poder e cartório  existe
 arquivado o Testamento solene com que faleceu na Freguesia de Madre de
 Deus Francisco Teodoro Teixeira,  de  quem  é  primeiro  testamenteiro
 Manoel Teodoro de Andrade (...) 

 TESTAMENTO 

 Em nome do Padre, do Filho e do Espírito Santo. Amém. 

 Eu Francisco Teodoro Teixeira, estando adoentado, mas em meu  perfeito
 juízo, e conhecendo que sou mortal, e que de um momento a outro  posso
 dar minha alma a meu Criador, tenho resolvido fazer meu Testamento  de
 última vontade na forma e maneira seguinte. 

 Declaro que fui casado com Dona Maria Emerenciana de Andrade, de  cujo
 matrimônio tive filhos, os quais são meus legítimos herdeiros. 

 Nomeio para meus testamenteiros em primeiro lugar a meu  filho  Manoel
 Teodoro de Andrade, em segundo meu filho Venâncio Teodoro de  Andrade,
 em terceiro a meu filho Marciano Onostório Teixeira. (...)

 (...) meu corpo será sepultado na Matriz de minha Freguesia (...) 

 (...) deixo a meu neto José, filho de minha filha Maria, um crioulinho
 por nome André. Deixo a meu neto Francisco Teixeira de Andrade  o  meu
 escravo Venerando. A meu neto Emerenciano, deixo a quantia de duzentos
 mil réis, ou uma cria que está próxima a nascer de Maria Rita. 

 Deixo a cada uma de minhas netas filhas de minha filha  Maria  e  pras
 minhas netas filhas de meu filho Venâncio Teodoro de Andrade e  as  de
 Manoel Teodoro de Andrade a quantia de duzentos mil réis. 

 Deixo a meu filho Marciano Onostório Teixeira em remuneração  de  seus
 bons ofícios e companhia que  me  tem  feito  os  seguintes  escravos:
 Geralda, Peregrino, Carolina, Mariano,  Inês,  Gervásio  e  Eugênia  e
 Teolindo. 

 Nomeio meu  herdeiro  dos  remanescentes  de  minha  Terça  meu  filho
 Marciano Onostório Teixeira. 

 Declaro que nada devo a meu filho João  Gualberto,  e  ordeno  a  meus
 testamenteiros que não paguem qualquer quantia a  ele.  Pois  não  lhe
 devo (...) 

 (...) estou enfermo, não podendo escrever mandei escrever que assino.

 Retiro dos Dois Irmãos, 18 de Dezembro de 1870 

 - FL.008/VERSO -

 DATA DE ABERTURA 

 21 de Dezembro de 1870, nesta Freguesia de Madre de Deus. 

 - FL.012 -

 PROCURAÇÃO 

 DATA – 30 de Maio de 1871 

 LOCAL – São João Del Rei 

 QUE FAZ – Manoel Teodoro Teixeira, morador no  Distrito  de  Madre  de
 Deus, deste Termo. 

 PROCURADOR NOMEADO – Capitão José Antônio Rodrigues. 

 FINS – Tratar de todos os termos do Inventário e partilhas dos bens de
 seu finado pai Francisco Teodoro Teixeira (...)