John Lennon – Happy Christmas
Categoria: We will rock you
É hoje!
Então.
Se os Maias estavam certos ou não, só no decorrer do dia saberemos.
Enquanto isso deixo-lhes o que certamente – ao menos por hoje – poderíamos chamar de “música do dia”…
Raul Seixas – O dia em que a Terra parou
Paris
Já viram um pêssego?
Não, não estou falando de pêssegos em calda – em que pese serem uma delícia quando acompanhados de creme de leite…
Estou falando do fruto. Já pegaram um? Experimentaram a textura de seu exterior? Se sim, sabem que é uma coisa assim aveludada. Uma aspereza suave, uma delicadeza que encanta e não fere.
Vamos tentar melhorar. Ao menos para os insensíveis homens que de vez em quando frequentam este nosso cantinho virtual. Noite. Baile. Um clima ligeiramente frio, daqueles de se vestir bem e ficar num quentinho aconchegante. Ela vem, usando um vestido preto. Veludo. A orquestra começa a tocar uma música suave e você a tira para dançar. Pousa sua mão em seu quadril, deslizando até as costas, no limite do decote. Sente a textura do tecido aveludado, tanto áspero quanto suave ao mesmo tempo… Percebeu?
Bem, já viajei demais na maionese pra quem queria falar de OUTRA coisa.
Evocar essa lembrança tátil do que seria algo aveludado foi com a simples intenção de comparar essa sensação com aquilo que sinto ao ouvir a voz de Yael Naim, 34 anos, uma cantora e compositora franco-israelita de origem tunisiana. Sua voz é assim: aveludada. E encantadora. Somente ouvindo pra compreender. Então desfrutem um bocadinho dessa maviosa voz com essa música saborosíssima chamada Paris.
Ah! Só pra constar: foi dica da Bruna Caram…
Gentileza gera gentileza
Música de hoje
Mais pela alegria contagiante que por qualquer outro motivo, concertezamente esta é a Música do Dia, pois reflete MUITO bem meu atual estado de espírito!
Ladies & Gentlemen, dancem comigo, cantem comigo e curtam a saborosíssima música Everybody needs somebody to love !
Com vocês, The Blues Brothers !!!
Fogo cruzado
Meados da década de oitenta.
(Sim, aquela mesma, a década perdida, que ninguém sabe direito onde é que foi parar, mas na qual eu – posso garantir! – estava lá…)
Éramos um bando de adolescentes meio malucos, com os mais variados tipos imagináveis, mas que tínhamos uma coisa mais ou menos em comum: curtir a vida. O Jarbas (cujo nome não era Jarbas – acho que era Ronaldo – mas que assim o chamávamos por ser o único a ter um carro e nos levar a todos pra cima e pra baixo), que nem era tão adolescente assim, possuía uma invejável coleção de LPs. Sim, “LPs”. Ou “Long Play”. Aquelas coisas grandes, pretas e redondas, feitas de um tipo de plástico chamado “vinil”, e que mal chegava a ter doze músicas distribuídas por seus dois lados. Isso mesmo, caríssima geração MP3: o mundo tecnológico era jurássico e, ainda assim, conseguíamos sobreviver!
Mas, para variar, estou variando.
Acontece que foi através do Jarbas (ou Ronaldo) que conheci uma banda chamada Scorpions. É lógico que, com o ciúme que tinha de seus discos, ele se limitou a gravar uma fita para mim – que, inclusive, devo ter até hoje. Sim, também já fazíamos pirataria antes mesmo de ser cunhado tal conceito…
Mas o negócio é que, por conta dessa fita, acabei por me aproximar de uma menina naqueles idos tempos de colégio. Bem, na verdade, foi ela quem se aproximou de mim… Aliás, mais na verdade, na verdade, ainda, foi porque uma amiga dela estava interessada em mim e não tinha a desenvoltura suficiente (leia-se “cara de pau”) de chegar até este hoje ancião que vos tecla. Garotão, boa pinta, cabeludo, metaleiro e que – pasmem! – estudava contabilidade. Até hoje eu não sei muito bem o que é que fui fazer lá – mas, ao menos, passei a dominar o chamado “método das partilhas dobradas”…
E lá sigo eu, variando de novo.
Voltemos ao causo.
Pra encurtar um pouco a história, acontece é que acabei por me interessar mesmo foi por aquela mocinha japonesa toda solícita (e que não, não era a excelentíssima senhora, amada, idolatrada, salve, salve, Dona Patroa de hoje). E tivemos lá nosso namorico – que não era namoro só para a amiga dela não saber, nem se chatear – e que nem durou muito, pois em pouco tempo eu sairia daquela escola para novas guinadas na minha vida. Nesse meio tempo, entre uma e outra, fiquei lá eu no meio daquele fogo cruzado.
E o que todo esse relato desconexo tem a ver uma coisa com outra? Bem, essa mocinha, escorpiana do dia quinze de novembro, levadíssima da breca, tinha um lindo escorpiãozinho tatuado, digamos assim, quase sobre o coração. E conversa vai, conversa vem, acabei por apresentar-lhe aquela velha fita (na época, novíssima) do Scorpions. E ela até que gostou muito. E, por sua vez, apresentou-me o tal do escorpiãozinho.
Mas isso já é outra história…
Bem, e tudo isso por quê? Simplesmente porque hoje ouvi novamente uma das músicas que mais gostava daquela fita. E não, não era o comercialíssimo hit de então Still loving you, que arrebatou tantos suspiros e romances naquela época. Estou falando é de Crossfire – uma música com um ritmo de bateria totalmente envolvente e com uma guitarra com riffs de sonoridade desafiadora.
Podem conferir dando o costumeiro play no botãozinho aí embaixo:
Scorpions – Crossfire
Hm?
Ainda querem saber sobre minha caríssima escorpiana?
Nunca mais a vi.
Ainda correspondemo-nos por algum tempo quando ela foi para o Japão, mas depois simplesmente desapareceu.
Aliás, por “corresponder”, entenda-se bem, significa que naquela época enviávamos cartas – aquela coisa de escrever num papel, colocar no envelope, colar um selo e levar até o correio. Creio que talvez vocês já devam ter lido sobre isso em algum livro de história…
😉
Quando começaram os anos sessenta?
Quando, exatamente?
Tá certo que os anos cinquenta demoraram pra passar, tendo ficado naquela batidinha do pós-guerra, entre produções hollywoodyanas e a busca de uma América perfeita, como a de Norman Rockwell…
Mas e os anos sessenta? Que vieram a definir um estilo que se espalhou pelo mundo. Tem como precisar?
Bem, ao certo podemos descartar alguns eventos. Não foi quando JFK anunciou sua candidatura à presidência, em janeiro de 1960. Nem quando Macmillan identificou “ventos de mudança” para a África colonial, em fevereiro. Talvez quando a princesa Margaret anunciou seu noivado com um plebeu, o fotógrafo Anthony Armstrong-Jones, também em fevereiro? Não. Também não foi em novembro, quando John Kennedy finalmente venceu – na casca – a eleição norte americana, ou sequer em janeiro de 1961, quando tomou posse.
Mas tranquilamente podemos considerar o ano de 1962. Foi quando o primeiro estudante negro, James Meredith, matriculou-se na Universidade do Mississipi, antes exclusiva para brancos. Foi nesse ano que efetivamente começou a corrida à Lua. Foi quando Brian Jones, Mick Jagger e Keith Richards se conheceram. Bob Dylan apresentou pela primeira vez a música Blowin’ in the wind. O Vaticano, através do Papa João XXIII, deu início a um processo de liberalização da Igreja (não funcionou?). Teve início a segunda etapa da construção do Muro de Berlim – com uma fuga (e morte) em massa da Alemanha Oriental. Foi quando Kruchev anunciou que a retirada dos mísseis de Cuba havia terminado, tendo todos voltado à União Soviética. Marilyn morreu. Nelson Mandela foi detido. O mundo começou a conhecer a pílula anticoncepcional (e o amor livre). Surgiu a vitrola. Foi em 62 que o New York Times fez a primeira referência impressa a uma máquina milagrosa chamada “computador pessoal”.
Mas, apesar de tudo isso, tudo indica que foi em 5 de outubro de 1962 que efetivamente começaram os anos sessenta. Há aproximados quase exatos cinquenta anos. Com o início do sucesso de quatro jovens ingleses, com pouco mais de vinte anos à época. A música era Love me do. E assim, com apenas três palavras, dois acordes básicos e uma gaita de bolso, teve início toda uma revolução de mentes e de corações…
( Recortei-adaptei-mudei-e-colei lá da Carta Capital nº 718 )