Gráficos e software livre


Então.

Estava eu cá com minhas planilhas, como de praxe, vendo saldos bancários (pequena pausa para desgosto profundo) e tentando elaborar algum plano de ação para os próximos meses de acordo com as projeções das contas e dívidas futuras.

Sim, eu sou doido e detalhista o suficiente para (tentar) pautar essa parte de minha vida numa planilha. E com gráficos!

Acontece que hoje uso o LibreOffice, sucessor do OpenOffice, que por sua vez sucedeu o StarOffice, que por sua vez não sei de onde veio. O diferencial com relação ao pacote M$-Office: trata-se de software livre, com versões completas e plenamente funcionais tanto para o ambiente Windows quanto para Linux.

Tá, e qual o problema, então? Acontece que com os arquivos no formato ODF (Open Document Format) os gráficos não atualizam em tempo real, fazendo com que, muitas vezes, eu tenha que salvar o arquivo e reabrir para ver essa atualização. Não haveria enrosco nenhum caso eu salvasse no formato XLS (formato proprietário da Microsoft), certo? Errado. Ainda  que o LibreOffice consiga abrir normalmente arquivos no formato proprietário, no caso específico dos gráficos ele simplesmente perde a formatação. Melhor dizendo: tá tudo lá, mas ele converte todas as faixas de dados para uma única cor – o que, em termos de graficologia aplicada, torna a imagem total e completamente inútil.

Fuçando a Internet (também como de praxe) fui parar nas páginas do Sistema Rau-Tu da Unicamp. Esclarecimento para os desavisados: esse nome esquisito (Rau-Tu) é uma brincadeira com relação às tradicionais páginas em inglês (How to) que usualmente contém dicas em geral para algum tipo de software. Especificamente neste e neste tópicos.

Resumo da ópera:

Não há compatibilidade entre Os gráficos ODF e o MS-Office. Ao salvar num formato ou noutro não ocorre a “conversão” deles (ainda que estejam lá), mas sim uma mera “incorporação” ao documento. Ou seja, o HEREGE não se converte de jeito nenhum, só permanece incorporado, infiltrando-se nas fileiras do documento… Isso se dá porque o formato dos gráficos do M$-Office é fechado (ah, vá???), de modo que não tem como outros programas realizarem uma importação e, muito menos, criarem um formato cujas regras estão escondidas numa caixa-preta. Por isso é que sempre há perda de alguma formatação. E, até o momento, ainda sem solução.

Tá, e o que fazer?

Simplesmente descobrir os atalhos de teclado. Ou seja, RTFM (“Read The Fucking Manual”).

Assim, sem necessidade de salvar, fechar e reabrir o documento, basta teclar a mágica tecla F9. E pronto! Aliás, caso não esteja “funcionando”, basta acessar o menu de Ferramentas e ativar essa tecla para função de Recalcular.

Simples assim.

O melhor de amanhã

Não preciso ficar repetindo (ao menos pra quem me conhece) sobre o quanto gosto de quadrinhos. Quer seja por causa do traço, do desenho, da arte, da estória, da história, do drama, do humor – não importa! Gosto e ponto final.

E, dentre esses vários motivos, uma das coisas que usualmente me impressiona são conceitos, ideais e idéias muitas vezes colocadas pelos autores personagens…

Tais como essa:

Sim… Uma das características do Barry Allen (o Flash da Era de Prata dos Quadrinhos) é que, sobretudo, ele sempre foi um otimista, ostentando um costumeiro bom humor insuportável…

Música do Dia

Diazinho chuvoso e eu no volante vindo para o trabalho.

Como de praxe, com o som ligado.

No pendrive, rodando aleatoriamente, uma música que teria tudo a ver com o mênstruo dia que se descortinava lá fora. Six cold feet, com Hugh Laurie (sim, aquele cara do House). Também, como de praxe, a mente começou a divagar sobre o que escrever por aqui sob a batuta dessa música…

Mas então percebi que não precisava ser assim. O dia lá fora não tinha necessariamente que refletir meu estado de espírito. Ou o contrário. Meio MIB II isso… Avancei para a próxima música. Desta vez Um blues, com Bruna Caram. Mesma situação. Vamos pra próxima.

Ah, agora sim! Uma música alegre, pra quebrar essa rotina! Essa em especial nunca consegui ouvir sem pensar no tom quase circense que ela traz. Assim, independentemente da letra (até porque praticamente TODAS as letras desse conjunto seguem a mesma regra romântico-cataclísmica), com vocês Los Hermanos e sua contagiante Descoberta!

(Sim, basta clicar no botãozinho “Play” aí embaixo…)

O maior sedutor

O homem que passa protetor solar nas costas da companheira faz sucesso entre as mulheres.

O homem delira com as possibilidades de um protetor solar. Sonha ser abordado por uma desconhecida na praia. Ela deitava, sozinha e indefesa, com mínimas peças, implorando com voz rouca de telessexo:

– Por favor, não alcanço minhas costas, me ajuda?

Mas o mesmo garanhão não é capaz de atender ao pedido recém-feito pela própria mulher. Não sustenta nenhuma fantasia com quem já dorme. Faz a contragosto, com desleixo e obrigação. Realmente envergonhado da tarefa diante dos amigos. Esfrega ao invés de passar. Como se o creme branco e cheiroso fosse um rosado e pegajoso caladryl.

– Calma, amor, senão me queimo.

– Queimado está meu filme.

Não serão os movimentos imaginados e circulares de esponja, mas gestos econômicos e rudes de lixa. Deseja se livrar da incômoda tarefa o quanto antes.

Macho acredita que seduz somente fora do casamento. Quando se fixa demoradamente numa jovem, quando pisca o olho a uma estranha, quando dá em cima de uma beldade, quando examina a bunda de uma gostosa. Confia que flertar e soltar indiretas são suficientes para garantir seu domínio territorial. Sua tese é parecer disponível, ainda que comprometido.

O conceito masculino é esquisito, feito de verdades parciais. Há sutilezas inacreditáveis em seu raciocínio. Não enxerga problema em pular a cerca desde que não visite a casa. Alega que não tem segundas intenções, mas troca sorrisos abobados com terceiras.

Suas desculpas mudam de acordo com o contexto.

Grande parte dos varões erra na arte da conquista. A falha é reforçar a caricatura, confundir ficha corrida com reputação, cair na cilada de provérbios populares como “fama de rico e comedor não se desmente”.

Carrego, portanto a certeza de que o maior sedutor não é o malandro, não é o esperto, mas o monogâmico. O fiel. O que tem olhos apenas para a sua patroa.

Ele não pescará decotes mais profundos na vizinhança. Deslizará protetor em sua mulher, com calma oriental, comovido, o olfato sinceramente interessado. Acompanhará as mãos com o corpo. No fim, se aproximará dos ouvidos para sussurar uma barbaridade. O arrepio feminino produzirá um maremoto de cangas nas proximidades.

Não precisa de mais nada para chamar atenção; toda a praia estará suspirando por ele. Abrirão uma comunidade no Orkut para homenageá-lo.

Nada mais ostensivo e perigoso do que um homem amando sua esposa.

Ninfetas, trintonas, lobas e septuagenárias vão se derreter por aquele barbado gentil e romântico. Vão concluir que ela é uma felizarda. Vão arrastar as pálpebras e tirar binóculos da bolsa para acompanhar detalhes de perto.

Diferente da piada, a fofoca nunca vem inteira, ocorre em capítulos:

– Meu Deus, ele puxa a cadeira.

– Repara como ele a acompanha nas caminhadas?

– Não desgruda um minuto da mão dela!

– Foi buscar água de coco. Não duvido que sirva café na cama…

A conclusão é que ele alcançou a glória, certo?

Não, ainda é uma decisão precipitada. O público feminino não se apaixona pelo homem, mas pela mulher do sujeito. Pretende estar em seu lugar. Ocupar sua posição. Desfrutar de igual admiração. O início do amor é sempre lésbico, depois é que pode ficar heterossexual.

Não custa avisar. Cuide de sua mulher antes que ela se interesse pela vida de outra esposa.

Carpinejar

Do livro “Mulher perdigueira”.