Interlúdio

Só pra constar: o Seo Zé teve que dar um tempo em tudo para realizar uma cirurgia de catarata. Nos dois olhos. Mas já falei com o filho dele – que, devagar, continua dando um trato na lata – e está tudo bem.

A má notícia é que isso atrasou um pouco o cronograma.

A boa é que ele volta enxergando MUITO MELHOR o que tem que fazer! 😀

Sou ou não sou um interesseiro de mão cheia?…

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O tom da cor

E eis que está se aproximando o momento de indicar qual será a cor do Titanic…

Já me convenci que será laranja.

Isso porque as cores dos carros de hoje dia são muito chatas! Preto, branco, cinza e prata – em sua esmagadora maioria!

Aliás, muito provavelmente, devo também fazer as faixas do SS nele. “Ah, mas aí é fake!”, gritarão os puritanos. Sim. E daí? Não tenho um compromisso comigo mesmo de restaurar o carro, mas sim de reformar o carro. E, nessa reforma não vejo problema nenhum de ésse-ésse-zálo!

Se bem que isso será num outro momento, pois, primeiramente, será inteiro laranja. Após a instalação da mecânica, vidros, etc, reavaliarei a questão das faixas. Pois essa fase sempre acaba gerando a necessidade de um retoquezinho aqui e ali. E, já que mais tarde terei que trazê-lo de volta ao funileiro mesmo, então posso tranquilamente deixar isso para depois.

E como chegar no tom correto?

Bem, desde que comecei a “brincar” com esse meu Revell de escalar um por um, também comecei a colecionar fotos dos mais variados tipos de Opala, vindas de sites, e-mails, propagandas e muitas que eu mesmo tirei. Como a variação do tom de laranja é grande – ora caindo para o amarelado, ora para o avermelhado – simplesmente escolhi todas desse tom, mandei revelar (coisa mais arcaica nesses dias digitais de hoje!), coloquei num álbum e vou entregá-lo para o mecânico, indicando qual eu quero.

Ah, um detalhe importante: quando você leva fotos para revelação invariavelmente a máquina tem uma espécie de “autocorreção” que “aproxima” a qualidade de todas as fotos. Se a maioria for escura, ele escurece as claras; mas já se a maioria for clara, ele clareia as escuras. Mais ou menos isso. Coisa de louco. Então foi imprescindível deixar bem claro que eu queria as fotos com a qualidade original, ou seja, sem “correção” de espécie alguma.

E, enfim, qual será a cor do brinquedo?

Simples.

Uma destas:







😀

Enterre aqui seu veículo

Você gosta de seu veículo?

Quer seja carro, moto ou seja lá o que for?

O quanto você estaria disposto a fazer para “garantir” que ficasse com ele “para sempre”?

Bem, nesta nossa terrinha de contos, versos e controversos, num arroubo de sensacionalismo, eis que o “Conde” Chiquinho Scarpa decidiu fazer o que somente alguém afortunado endinheirado como ele poderia: levaria seu amado carro para o além-túmulo!

O ponto de partida foi em 15 de setembro último, em sua página do Facebook, quando começou a ruminar a ideia: “Estava vendo um documentário sobre os faraós do Egito, muito interessante. Eles enterravam toda a sua fortuna para ter uma vida confortável ‘do outro lado’ !!”

Até aí tudo bem. Mas, já no dia seguinte, o sujeito vem com essa: “Decidi fazer como os faraós: essa semana vou enterrar meu carro favorito, o Bentley, aqui no jardim de casa!! Enterrar meu tesouro no meu palácio rssss!!!”

Cumassim Bial???? Bebeu? Cheirou? Doidice? Certamente. Nós, meros mortais, se decidíssemos fazer algo assim seríamos taxados de loucos. Mas já os janotas quando muito são “excêntricos”… Ainda mais quando se trata de um veículo que custa a bagatela de aproximadamente um milhão de reais!

Para mostrar que não estava de brincadeira no dia 17, com o Bentley ao fundo e uma cova à frente, publicou: “Para quem está duvidando, ontem mesmo já comecei a fazer o buraco no jardim para enterrar meu Bentley! Até o fim da semana eu enterro ele!”

Nem é preciso falar da onda de curtições e comentários – por vezes divertidíssimos – que se seguiu. O primeiro post tinha alcançado pouco mais de 600. Já o segundo quintuplicou esse número, chegando a quase 3.000. Mas este, com foto e tudo, foi catapultado à ordem de mais de 10.000 comentários! Em sua grande maioria criticando fortemente essa esquisitice, que ele vendesse o carro e doasse o dinheiro para os pobres, que isso não se faz, que um carro como aquele não deveria ser desperdiçado assim, e por aí afora. Foi nesse mesmo dia que ele esteve presente no programa “Agora é Tarde”, do xarope Danilo Gentili, para contar detalhadamente sua “excentricidade”.

No dia 18, com foto e tudo, declarou: “Como não deu para terminar o buraco no braço, chamei uma escavadeira!!!” Tá. Como se um ser como esse fosse ele mesmo realizar qualquer tipo de trabalho braçal…

Chegou o dia 19. Despedida. Com carinho e dor, fotos – em especial do brasão da marca. Lamentou: “A última polidinha para o meu Bentley ficar tinindo quando for para o ‘outro lado’ sniff… É amanhã às 11hs!”

Bem, como não podia deixar de ser, com pompa e circunstância, chamou toda a imprensa que já acompanhava curiosa o desfecho dessa novela. Num buraco gigantesco, coroas de flores para todos os lados, retroescavadeira a postos, rampa especial e o escambau. Fotos, filmagens, etc. Com um ar compungido, portando um lenço branco, ao sinal de Scarpa eis que tem início a “cerimônia”…

Só que no último instante eis que, aos berros, ele mandou parar tudo! Ainda que a maior parte dos presentes já estivesse aguardando esse “anti-clímax”…

E então ele contou com detalhes sua verdadeira intenção.

Declarou:

“Eu fui julgado por querer enterrar uma Bentley, mas a verdade é que a grande maioria das pessoas enterra coisas muito mais valiosas que meu carro. Elas enterram corações, rins, fígados, pulmões, olhos. Isso sim que é um absurdo. Com tanta gente esperando por um transplante, você ser enterrado com seus órgãos saudáveis que poderiam salvar a vida de várias pessoas, é o maior desperdício do mundo. O meu Bentley não vale nada perto disso. Nenhuma riqueza, por maior que seja, é mais valiosa que um único órgão, porque nada é mais valioso do que uma vida.”

Ou seja, tudo isso tinha sido uma (pusta) estratégia para divulgar a semana de doação de órgãos!

Sinceramente?

Muito bom!

Somente assim, mexendo com os brios e os bolsos das pessoas é que se torna possível aquilatar a verdadeira importância das coisas…

Um dia ensolarado!

Clique na imagem para ampliar!

Já tá dando gosto de ver!

Como já foi possível perceber, agora acima de seu suporte, devidamente encavaletado, a lata principal também está recebendo toda a atenção necessária…

Tivemos uma conversa muito agradável, eu e o Seo Zé, falamos um pouco de tudo e, nesse meio tempo, surgiu um curioso na oficina. “Putz, que Opalão, hein? Sou doido pra ter um desse! Quem sabe no dia em que eu me aposentar…” E assim esse ilustre desconhecido, acompanhado de sua filhinha de uns quatro, talvez cinco, aninhos, ficou por ali uns quinze minutinhos proseando. Saiu logo em seguida (a patroa estava esperando numa loja ali perto) e desejou-me sorte na reforma.

“É sempre assim.” – retomou o Seo Zé – “Aparecem pelo menos uns três ou quatro por dia aqui pra xeretar. Como é tudo aberto, não tem como passar na rua e não ver o Opala. Até proposta pra reformar outro já me fizeram! Mas não pego não! Ah, não! Esse aqui só peguei porque já estava todinho desmontado. Mas pegar um pra desmontar inteirinho? Ah, não vale a pena não!”

Ri um bocado e expliquei-lhe que muito provavelmente os opaleiros de plantão, vendo um funileiro a quem foi confiado um Opala para uma reforma desse nível, somente podem concluir que o caboclo é bão. Muito bão. Pois opaleiro que é opaleiro não deixa seu tesouro nas mãos de qualquer um não! Desta feita foi ele quem riu a valer…

Bem, mostrou-me todo o detalhamento – e trabalho – que estava tendo com a traseira, procurando deixar o mais fiel possível à curva da própria lata, a dor de cabeça que foi o capô e mesmo os paralamas que também precisaram de uma reforma depois da reforma. Falou, conversou, mostrou, pigarreou e soltou: “Então, acho que vou ter que lhe cobrar um pouco mais caro, pois apareceu muita coisinha e isso leva tempo. Desse jeito eu acabo enjeitando outros serviços mais rápidos – o que eu nem poderia fazer!”.

“Quanto?” – limitei-me a perguntar.

“Ah, eu ia até cobrar mais, só que acho que uns mil reais tá de bom tamanho.” Pra não ficar nenhuma dúvida (e isso sempre é imprescindível), repeti-lhe todo nosso acordo original e arrematei perguntando-lhe se, mantido todo o combinado, ele estaria me cobrando mais mil reais de mão de obra.

“Isso mesmo.”

Justo. Não regateei, não reclamei, não resmunguei. Eu já esperava algo assim e, por já esperar, já estava preparado – tanto “emocionalmente” quanto financeiramente. E não é que, ao que me parece, ele também ficou muito feliz com minha reação? Isso porque ele foi rodeando, rodeando, rodeando, proseando, até que, meio sem jeito, chegou no assunto. E eu concordei. Na prática acho que serviu pra dar mais gás ainda para o zelo e capricho que ele já vem demonstrando no próprio trabalho.

Segundo ele mais um mês e já devemos partir para a pintura propriamente dita. E eu cá com meus botões, pensando qual efetivamente a cor e, talvez, o tom da cor, que devo pintá-lo….

Clique na imagem para ampliar!O coração até bate mais forte de vê-lo assim, saindo das trevas!

Clique na imagem para ampliar!Lindo, liso, plano e perfeito!

Clique na imagem para ampliar!O capô nem parece o mesmo. Mal sobrou muito da tinta original…

Clique na imagem para ampliar!O paralama já iniciado.

Clique na imagem para ampliar!E, por dentro, quase nada a fazer.

Mais uma visita…

Quase um mês depois…

Bem, ele sem pressa (mas sem parar de trabalhar) e eu sem dinheiro (mas sem parar de juntar). E vamos nos entendendo!

Os avanços são poucos, mas nítidos. Os pontinhos que ficaram (ou surgiram) depois de tanto tempo parado estão sendo cuidadosamente remendados. O excesso de massa que ficou em alguns pontos, também. Mesmo algumas partes do trabalho que eu e meu pai fizemos também deverão ser refeitas, pois em alguns locais havia ficado um resquício de tinta por baixo da massa – o que não deveria ocorrer.

Quando cheguei por lá ele estava justamente dando um trato no capô. Suando em bicas, aliás. “Muito machucado, muito mesmo” – foi o que ele me disse. Acredito. O carro como um todo já estava bastante judiado quando eu o peguei, lá em 2007. Caramba! Já faz tanto tempo assim? Pois é.

Enfim. A vida em movimento. Pelo nosso conversê de hoje acho que ele ainda vai dar mais uma chorada no preço. Justo. Debaixo de toda a sujeira realmente não dava pra ver tudo que tinha a ser feito. Isso fora novas soldas aqui e ali. Aguardemos, pois…

Clique na imagem para ampliar!Desamassando as portas e retocando a lateral.

Clique na imagem para ampliar!Remoldando a traseira.

Clique na imagem para ampliar!Noutro ângulo…

Clique na imagem para ampliar!Este sim estava dando trabalho!

Clique na imagem para ampliar!Muito trabalho!

Clique na imagem para ampliar!E os paralamas também já começando a receber atenção.