Continuando nossa “saga”, então chegamos ao final do ano de 1991 e eu fui saído do Banco Nacional (facão que rodava solto a torto e a direito na época). Incapaz de manter um carro que consumia o tanto quanto um jipe consumia, fui obrigado a me desfazer do meu amigo – mas com muito dó no coração…
Foi daí, após ter passado pela mecânica da Volkswagen e da Ford, que tive a minha primeira experiência com a linha Chevrolet. Comprei um Chevette Hatch.
Em comparação a outros, um carro por demais confortável. Sua leveza e capacidade de estorcer impressionava. A característica dessa linha hatch era a “falta de bunda” do carro…
Ainda assim não me lembro muito bem dele. Foi um período meio complicado na vida: depois de quatro anos sair de um banco com status de quase gerente e ter que voltar para o mercado de trabalho com uma qualificação que não lhe ajudava em absolutamente nada – até porque bancos não contratavam ex-bancários. Tive que “reiniciar” minha carreira, indo trabalhar num escritório de contabilidade, ganhando salário mínimo e dando os primeiros passos para me entrosar naquele mundo mágico que começava a despontar no Brasil: o da informática. Estávamos então na era do MS-DOS 3.30, Wordstar, dBase III Plus e Lotus 1-2-3.
Ainda assim, não sei como, consegui manter ainda por algum tempo uma CB 400 ano 1984 que adquiri na época. Tempos conturbados, memória conturbada. Dessa moto praticamente só lembro da constante preocupação para que não arriasse a bateria, pois ela simplesmente não tinha pedal de partida. Isso era característico daquela linha.
Pouco tempo depois (já nem me lembro exatamente quando), mais ou menos à época em que devia estar lá pelo meio do curso de Direito na faculdade, voltei a ter um carro. Se é que poderíamos chamar aquilo de carro. Era um Fiat 147 de 1978. Até então acho que foi o carro mais detonado que já tive. Sua lataria estava meio podre, levou semanas (meses?) até eu conseguir regular o ponto exato do motor, as fechaduras da porta não funcionavam direito (tinha que abrir a tampa do porta-malas para destravar as portas) e, sobretudo, não podia completar o tanque. Acima de determinada altura ele estava furado e vazava gasolina…
Depois de uma boa temporada com essa maravilha, sempre pingue-pongueando entre o mundo dos carros e das motos, voltei a andar em duas rodas. Dessa vez com uma DT 180 ano 1988. Acho que o veículo mais novo que eu já havia tido até então (o vira-latas com a bolinha encardida era o Toby).
Estamos na segunda metade da década de noventa. Aproximava-se o fim da faculdade bem como de meu primeiro casamento. Não, um não foi em decorrência do outro. O carro da vez foi o primeiro graúdo que já tive, um Del Rey ano 1983. Abaixo, numa foto não tão boa, que não faz jus ao perfil de seus fotografados, o único registro que tenho desse veículo. Lembro-me que o sistema elétrico dele era um caos, pois a lógica da Ford fugia da lógica comum de fiação e que eu estava acostumado. Cada vez que havia algum mau contato na lanterna eu dançava miudinho para consertar…
E então me separei.
Faltavam poucos meses (semanas?) para me formar e demos um basta num relacionamento de praticamente dez anos. Como eu não tinha vontade nenhuma de brigar pelas metades de uma separação (meia casa, meios móveis, meio carro), resolvi deixar tudo para trás. Levei apenas minhas roupas, muitas fotos, um computador e minha coleção de gibis. Voltei a ter no ônibus a principal forma de locomoção e, somente mais tarde, quando de meu segundo casamento, é que retornei ao mundo dos carros e motos.
Este foi o fim de um dos ciclos de minha vida. E também deste post. Semana que vem continuamos.