Passando para a lateral

Pois bem, agora vamos, leeeeentamente, passando para a lateral direita do carro…

Acima temos uma semi-panorâmica…

Eu já não havia falado que essa podridão se alastrava? Percebam o detalhe da espessura da camada de massa que existia.

Essa parte inferior não tem jeito. Puro papel. Já consegui achar as laterais numa loja de auto-peças para soldar no lugar. Infelizmente não têm a qualidade do original, mas tudo bem. Ainda assim irá aguentar firme.

Tem pontos aqui com mais de 1cm de massa!

Mais massas sendo arrancadas e buracos sendo cavucados…

Os complementos do assoalho, do lado do passageiro.

O lado externo do passageiro…

O painel (que painel?) totalmente “pelado”.

Bem, pelo menos o teto está bom!

😀

Chegando na traseira

O “divertido” nessa “brincadeira” é que podemos nos dar ao luxo de ir escolhendo qual parte vai merecer nossa atenção em determinado momento. Tá certo que o carro INTEIRO vai precisar dessa atenção, mas, como diria Jack…

Não parece, mas a traseira desse carro ainda vai dar MUITO mais trabalho do que aparenta…

A podridão se alastra por toda a volta.

Mesmo (e principalmente) nos cantos dos vidros tá tudo detonado!

Mas como também temos que ter boas notícias, eis o “peito” do carro, já com uma bela duma chapa de aço galvanizado no lugar da podreira anterior. Detalhe: antes da pintura será necessário remover todo esse galvanizado (senão a tinta não “pega”) – e aí só com uma bela e potente lixadeira…

Emendando a frente

Parece um “caveirão”, né?…

Mas hoje, com a lata já devidamente limpa, começamos a dar os primeiros pontos da solda. Só que não basta soldar. É pingar e medir, lixar e medir, soldar mais um pedaço e medir de novo.

Isso porque, como diz meu pai, a solda “puxa” a lata; ou seja, após um calor imenso, quando do resfriamento, se dá a contração do metal – de modo que algo que esteja perfeitamente gabaritado ainda pode, ao final, ficar totalmente torto. Vejam só:

Mas – garanto – todos os cuidados foram tomados. E (até agora) parece que tudo está beeeeem alinhadinho…

Passos descontinuados

Apesar de não conseguir ser constante no papel de ajudante de meu pai, sempre que vou lá tento me esforçar ao máximo. Na prática ele vem fazendo a maior parte do trabalho sozinho – e eu, lógico, aprendendo MUITO.

Só para se ter uma ideia do nível do caboclo:

Essa é aquela lateral que lhes mostrei outro dia. Já recuperada, com as chapas moldadas e substituídas por outras decentes. Parcialmente limpa, ainda falta acabar de raspar e lixar para que se possa dar o fundo. Porém, mais “descobertas” ainda foram feitas…

Esse é o assoalho, do lado do passageiro. Não teve muita coisa que se aproveitasse, de modo que até mesmo as caixas de ar que passam por fora terão que ser reconstruídas.

Aqui, também do lado do passageiro, temos uma vista externa da situação em que se encontra o canto do pára-brisa.

E aqui temos a parte de trás, próximo ao porta-malas.

Mas algumas coisas não previstas foram curiosas. Se bem que não tem como se prever muita coisa numa reforma desse calibre. É como abrir a Caixa de Pandora. Numa medição externa meu pai ficou encucado, pois alguma coisa no capô não estava batendo. Tinha uma diferença que ele não conseguia identificar. Com muito custo, foi fuçou e encontrou. O lado direito do carro estava 0,5cm (exatamente: meio centímetro) menor que o lado direito. E só em cima. Adivinhem qual foi a solução?

Isso mesmo. Cortamos a lateral, próximo do farol, para que pudéssemos efetuar uma solda com reforço suficiente e “igualar” os dois lados do carro. Mas seria preciso garantir a posição correta do rasgo quando da solda.

Nesse momento entrou em ação esse “extensor”, gentilmente emprestado pelo vizinho funileiro de meu pai, que serve exatamente para situações como essa. É uma barra que possui uma espécie de alavanca com catraca bem no meio e, na medida em que você vai “bombeando” a alavanca, a barra vai se estendendo e empurrando a lataria até o ponto desejado.

Uma vez garantida a posição, precisei deixar a lata na situação em que vocês podem ver aí em cima. Limpa, raspada e lixada, pronta para receber a solda necessária…

O primeiro passo

Bão, tem pouco mais de uma semana que o carro “deu entrada” no centro cirúrgico do Seu Bento… Meu pai, do alto dos seus setenta (sim, eu disse setenta) anos, possui uma disposição invejável…

Como trabalho o dia inteiro na cidade ao lado, só tenho a parte da noite e os finais de semana para tentar ajudar na reforma da barca. Não se iludam: ele é o verdadeiro profissional e autor das façanhas que estão por vir. Eu sou mero ajudante. Algo como um pedreiro e seu servente.

Minhas tarefas incluem a desmontagem, limpeza, raspar, lixar e dar fundo tanto nas partes já recuperadas (soldadas) como nas meramente enferrujadas (ou seja, o carro inteiro).

Aliás, ferrugem é que nem metástase: vai se infiltrando e possuindo tudo que encontra. Quando você começa a pensar que não há mais possibilidade de encontrar alguma podreira, lá está ela!

E haja faquinha!

Sim, a raspagem (e cutucagem de pontos podres) se dá na base da faquinha…

Mesmo assim a maior parte do serviço vem sendo feita por meu pai, pois ele começa de manhã – lá no ritmo dele – e vai até a noitinha, quando eu chego. Aí, nessa “troca de turno”, ele me passa minhas missões, diz o que devo fazer primeiro, que parte devo trabalhar na lataria.

Pois é. A caminhada de mil léguas começa no primeiro passo. E, com certeza, esse passo foi dado. Vamos ilustrar um pouco a coisa…

Já deu pra notarem o quão desmontado (e arrebentado) está o carro. As portas foram retiradas e as colunas reconstruídas. A lateral de onde fica internamente o extintor está totalmente acabada.

Essa é a lateral da qual lhes falei. Antes mesmo de proceder a limpeza (ou será “higienização”?) já dá pra notar os rasgos existentes em decorrência da decomposição pela ferrugem.

Aqui já temos a coluna da porta direita. Foram tirados moldes em papel cartão, passados a lápis para as chapas, as quais foram recortadas em uma serra de fita. Solda a oxigênio pra tudo quanto é lado, sem deixar de observar a correta posição das dobradiças.

Essa é mesma coluna, com um detalhamento maior da caixa de ar. Coloquei essa foto aqui para que possam ter uma idéia do grau de comprometimento da lata (que lata?) do veículo…

Entrando em coma

Então.

Hoje, oficialmente, o Opalão deu entrada na UTI.

Até então ele ainda estava andando – ainda que capenga – pra cima e pra baixo.

Eu vinha fazendo uma ou outra coisinha mínima nele, aguardando tempo (e dinheiro) suficiente para dar uma mexida mais a fundo. Como devem se lembrar, cheguei a fazer uns orçamentos de quanto sairia a funilaria do bichão e meio que me desanimei por completo.

Mas, nesse sabadão, tendo ido na casa de meu pai já nem lembro mais por qual motivo, eis que ele se vira para mim e dispara essa:

– Filho, para fazer um serviço bem feito nesse carro você vai precisar do trabalho de um profissional. Põe esse carro lá na garagem e vamos começar a mexer nele.

ERA TUDO QUE EU PRECISAVA OUVIR!!!

Sou fã inveterado de meu pai, Professor Pardal de plantão, conhecedor das sutilezas do mundo da mecânica, minucioso ao extremo e extremamente difícil de convencer.

Como ELE PRÓPRIO sugeriu fazer isso, pra mim está ótimo! Não tem funileiro melhor no mundo! Só para se ter uma ideia: quando ele se aposentou resolver comprar uma coisinha – só pra se divertir de vez em quando – um torno!

A oficina dele, ainda que modesta, é pra lá de completa: solda elétrica, solda a oxigênio, serra de fita, ferramental a perder de vista…

É…

Acho que agora vai!

Tiro n’água

Então.

Depois de todo “desvolantado” e “revolantado”, em tese tudo deveria funcionar corretamente, certo?

ERRADO.

Esgotei meus pseudo-conhecimentos técnicos. Joguei a toalha. Levei o carro lá na autoelétrica do Paulinho para ele dar uma olhada. Deixemos (por enquanto) quem conhece da coisa mexer com a coisa…

:'(