Os fantásticos mundos de Robert E. Howard – X

O criador de bárbaros

Por Glenn Lord, agente literário do espóliio de Robert E. Howard.

Aquele que viria a ser o criador de Conan, Robert Ervin Howard, nasceu no dia 22 de janeiro de 1906 em Peaster, Texas, um pequeno vilarejo cerca de setenta quilômetros a sudoeste de Fort Worth. O pai, um médico do interior, fez a família se mudar por todo o Texas durante anos até finalmente se estabelecer em Cross Plains, uma cidadezinha no Texas Central, em 1919.

Quando ainda estava no colégio, o jovem Robert começou a redigir contos para tentar vender às revistas da época. Uma lista cronológica de seus trabalhos numa carta a um amigo, escrita por volta de 1929, indica que a primeira história oferecida foi “Bill Smalley and The Power of the Human Eye”, rejeitada por duas editoras em 1921. Howard conseguiu sua primeira venda em 1924, quando a revista Weird Tales aceitou “Spear and Fang”, um conto sobre cro-magnons e neandertais comprado por 18 dólares, pagos quando a história foi publicada.

Robert arrumou vários tipos de emprego depois de se formar no colegial, pois seus escritos rendiam muito pouco. Trabalhou num escritório de advocacia como secretário particular, carregou mira topográfica para um geólogo, escreveu notícias dos campos de petróleo para diversos jornais, trabalhou como estenógrafo público e finalmente numa drogaria. No outono de 1926, desanimado com sua falta de sucesso como escritor, matriculou-se num curso de contabilidade na Howard Payne College, em Brownwood.

Logo, porém, Howard estava escrevendo peças humorísticas para The Yellow Jacket, o jornal da faculdade, e novamente apresentando histórias a diversos compradores em potencial, conseguindo vender algumas para a Weird Tales. Na lista de histórias rejeitadas durante esse período, podemos apenas conjecturar quais os temas por trás dos títulos, já que os manuscritos aparentemente não sobreviveram: “The Valley of the Golden Web” (O Vale da Teia Dourada), “Sanctuary of the Sun” (Santuário do Sol), “The Crimson Line” (A Linha Escarlate), “Vulture’s Roost” (O Ninho do Abutre), “Windigo! Windigo!”.

Salomão Kane, o severo espadachim justiceiro e puritano, foi o primeiro de uma série de personagens a serem publicados (1928). O ano seguinte viu o advento de Kull, o selvagem atlante que toma o trono da fabulosa Valúsia na Era Pré-Cataclísmica – isto é, antes da Atlântida afundar. Muitas das histórias de Kull, porém, não encontraram mercado até serem coletadas em forma de livro em 1967.

Em 1930, Howard tinha se tornado uma presença regular em Weird Tales e já havia chegado à revista Fight Stories com suas histórias humorísticas sobre o marinheiro Steve Costigan. Mais para o fim daquele ano, ele escreveria uma série de contos históricos de aventura para a Oriental Stories, uma revista que teve pouca duração, editada pela mesma companhia que fazia a Weird Tales.

A Grande Depressão, como não podia deixar de ser, teve seu efeito deletério na indústria editorial. Durante algum tempo, Weird Tales reduziu sua frequência de mensal para bimestral e, mesmo depois de voltar à sua programação mensal, a revista não conseguia mais pagar seus colaboradores. Oriental Stories foi suspensa em abril de 1932 e só voltaria às bancas em 1936.

Forçado a procurar novos mercados, Howard experimentou histórias de detetives, com poucos resultados, e mais tarde admitiria que não se dava bem com esse gênero. Por outro lado, depois de alguns fracassos iniciais, encontrou sucesso no faroeste e teve histórias desse gênero publicadas na revista Action Stories, de 1934 até depois de sua morte, em 1936.

A edição de novembro de 1932 da Weird Tales apresentou outro personagem conhecido, Bran Mak Morn, o chefe picto cujas batalhas com as legiões romanas na Britânia se tornaram muito populares.

A edição do mês seguinte, contudo, revelou um herói que logo iria sobrepujar todos os outros e seria de longe o seu personagem mais famoso: Conan, o Cimério. A primeira história de Conan, “The Phoenix on the Sword”, era na verdade uma nova versão de uma história rejeitada de Kull, chamada “By This Axe I Rule!”.

O mundo e a carreira de Conan são bem conhecidos pelos leitores: ele progrediu de aventureiro, ladrão, pirata e mercenário até chegar ao trono da Aquilônia na Era Hiboriana, um período mítico cerca de 12.000 anos atrás, entre o desaparecimento da Atlântida e o início da história registrada.

De 1932 a 1936, a Weird Tales apresentou dezessete contos de Conan. Em 1936, Howard atravessava uma excelente fase, vendendo histórias de diferentes gêneros para a Weird Tales e Action Stories, para alguns títulos da editora Street & Smith e para a revista Spicy Adventures Stories (aqui, contos mais picantes, escritos sob pseudônimo).

Todavia, as cartas de Howard a seus correspondentes indicavam sua crescente preocupação com o estado de saúde de sua mãe. Em 1935, a sra. Howard havia sofrido uma cirurgia no King’s Daughters Hospital, em Temple, Texas, e nunca mais recuperou a saúde. Dali em diante, iria exigir visitas periódicas e cuidados intensivos de enfermagem.

Na manhã do dia 11 de junho de 1936, a enfermeira responsável respondeu negativamente quando Robert perguntou se sua mãe algum dia sairia do coma em que se encontrava. Ao ouvir a resposta, ele caminhou até seu carro, estacionado no fundo de sua casa nos subúrbios de Cross Plains, entrou e disparou uma bala na cabeça.

Howard morreu oito horas depois. A sra. Howard expirou cerca de trinta horas mais tarde. Os dois foram sepultados num funeral duplo no Greenleaf Memorial Cemetery, em Brownwood.


Glenn Lord

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  (Publicado originalmente em algum dos sites gratuitos que armazenavam o e-zine CTRL-C)

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