Superman – IV

As Origens do Super-Homem – Terceira Parte

A introdução da kryptonita nas histórias do Super-Homem aumentou a importância do principal inimigo do herói: Lex Luthor, o mais louco de todos os cientistas. Luthor rapidamente soube não só da existência deste veneno letal para o Super-Homem, mas também descobriu como sintentizá-lo (em uma história baseada tanto no programa de rádio quanto no segundo seriado cinematográfico, ele consegue enganar o Homem de Aço e fazê-lo reunir todos os elementos necessários para produzir kryptonita artificial).

A atenção sobre Krypton foi transferida para outros elementos ligados ao passado do Super-Homem: kryptonianos vivos! Em uma edição de agosto de 1950, nosso herói confronta-se com três criminosos, lançados em órbita por Jor-El, o que lhes permitiu escapar à destruição do planeta. Jor-El, ao que parece, tinha mais de um foguete guardado em seu laboratório. Ele também estava mais envolvido nos trâmites judiciários kryptonianos do que se poderia esperar de um cientista, ainda que excepcional. À medida que a lenda progredia, podíamos ter a imagem de um Albert Einstein sendo convidado a participar da Suprema Corte.

Por fim, revelou-se que Jor-El era o inventor/descobridor de um aparelho que, com o passar dos anos, seria uma ameaça quase tão grande quanto a kryptonita: o projetor da Zona Fantasma. Esta dimensão espectral era vista pela população de Krypton como um castigo mais benevolente do que o tradicional exílio em órbita. Numa cena significativa, Jor-El era visto prometendo ao criminoso condenado que ele criaria algo mais piedoso do que cem anos em animação suspensa. O leitor pode julgar se a Zona Fantasma era mesmo um bem maior. Projetados nesta dimensão crepuscular, os criminosos tornavam-se espíritos desencarnados, capazes de ver e ouvir tudo que se transpirava em seu mundo natal, mas incapazes de tocar ou fazer contato com qualquer pessoa fora desse limbo.

Tendo descoberto a existência da Zona Fantasma, o Homem de Aço ficou sabendo que muitos dos criminosos internados nela estavam no fim de suas sentenças, e se sentiu naturalmente compelido a libertá-los. No entanto, a maioria não havia aprendido nada com o castigo e, possuindo os poderes do Super-Homem, esses criminosos kryptonianos iniciaram várias investidas maléficas. Inevitavelmente, acabaram voltando para a Zona Fantasma, rosnando de ódio e jurando vingança.

A essa altura, Siegel e Shuster já haviam partido. Eles deixaram de trabalhar com o personagem em 1947, e o controle de criação passou a vários editores, escritores e desenhistas. A primeira destas pessoas a causar impacto considerável na lenda do Super-Homem foi Mort Weisinger, que assumiu o controle das tarefas editoriais depois da Segunda Guerra Mundial. Sob a influência de Weisinger, o nosso herói começou a assumir a forma mais conhecida pelo público de hoje.

Weisinger, segundo consta, tinha o hábito de conversar com as crianças de seu bairro, perguntando o que gostariam de ver acontecer com o personagem cujas aventuras eram, afinal, ainda endereçadas quase que inteiramente a elas. Foi neste período que a proliferação de superpoderes teve início. Seja por sugestão das crianças ou por causa da astuta intuição do que elas gostariam de ver, as histórias desta época se encheram de uma infinidade de personagens com poderes idênticos aos do Homem de Aço. O primeiro a chegar, retroativamente, foi Krypto, o Supercão.

Pelo visto, Jor-El tinha um modelo daquele foguete que lançou seu filho rumo à Terra. E, sendo um pai zeloso e amoroso, ele não desejava arriscar a vida de Kal-El numa nave ainda não testada, e por isso havia lançado antes o cachorro da família rumo ao espaço no protótipo.

Krypto aparece em algumas histórias ao acaso, tanto em Pequenópolis quanto em Metrópolis e até mesmo no espaço sideral, seu território favorito. Sua longevidade sugere que o tempo de vida provável do Super-Homem é extremamente longo, uma vez que nada no texto jamais tinha indicado que os cães kryptonianos tivessem um tempo de vida maior do que seus equivalentes terrestres.

O surgimento de Krypto se fez seguir da aparição de um personagem muito mais significativo nas lendas do Super-Homem, a prima do herói, Kara, conhecida em todo o mundo como Supermoça. Tendo aparecido pela primeira vez em maio de 1959, a Supermoça rapidamente desenvolveu uma origem quase tão complexa quanto a do Super-Homem. Agora, uma cidade inteira tinha sobrevivido à destruição de Krypton, com uma bolha de ar de alguma forma atada ao fragmento lançado ao espaço. Revisões posteriores acrescentaram uma “abóboda climática” que realmente continha o ar.

Entre os residentes de Argo City estavam Zor-El e sua esposa, Alura. Zor-El, como logo ficou claro, era o irmão caçula de Jor-El (ô mundinho pequeno, esse Krypton!). Alguns anos depois da destruição de Krypton, os habitantes de Argo descobriram que o fragmento do planeta no qual estavam viajando através do espaço estava se transformando em anti-kryptonita, através de uma reação estranhamente retardada. Foram feitas tentativas de cobrir o solo com chumbo, para bloquear a radiação mortífera, mas, como Krypton, o povo de Argo percebeu que estava condenado.

Imitando seu ilustre irmão, Zor-El colocou sua filha, uma adolescente, num foguete e a enviou rumo à Terra. Depois de ser encontrada por Super-Homem, ela adotou a identidade de Linda Lee. Supermoça operou em segredo por anos, até seu primo julgar que o treinamento estava completo, e revelou sua existência a um mundo surpreso e empolgado em fevereiro de 1962.



John Byrne

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  (Publicado originalmente em algum dos sites gratuitos que armazenavam o e-zine CTRL-C)

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