Quinta (manhã geladinha…)
A gente fica um tempo sem escrever e, quando tenta retomar o ritmo, se vê afogado de idéias e temas que gostaria de abordar…
Como diria Jack… bem, vocês sabem o resto.
Eu tenho uma acordo tácito com um amigo onde ele me repassa todos os suplementos de informática do jornal que assina (O Estadão). Às vezes acabam se acumulando os suplementos de algumas semanas e, quando dá, ele me traz – um dia o Nelsinho ainda vai querer uma porcentagem na assinatura… E, leitor contumaz que sou, não descarto absolutamente nada antes de ler absolutamente tudo. O porquê dessa conversa? Em função de um único termo que li num desses suplementos – o de 4 de abril, se não me engano – “Linuxbrás”.
No texto em questão, o Marcelo Taz fala acerca do fato de o governo brasileiro estar cada vez mais adotando o software livre, fazendo parte da vanguarda mundial nessa área. Porém ele externa sua preocupação de que aconteça uma espécie de “fechamento” da idéia, estatizando – e engessando – o que, a princípio, deveria ser MUITO bom. Teríamos, então, uma espécie de Linuxbrás…
Achei o artigo de uma lucidez enorme.
Na minha profissão tenho íntimo contato com órgãos públicos diversos, bem como a própria dona patroa, que atua em âmbito estadual. Em ambos os casos eu vejo uma regressão do que deveria estar crescendo de maneira benéfica. As rosas foram plantadas, sua cor e seu perfume estavam começando a se destacar, mas, como o Tropeço da família Adams, corta-se o que é belo e deixa-se a parte com espinhos.
Explico.
A característica principal do software livre é que ele é customizável, ou seja, você o altera de acordo com suas necessidades (ou do seu departamento, órgão, divisão, seja lá o que for). Isso te livra do monopólio do software proprietário (leia-se Microsoft), onde, se alguma coisa não funciona, há que se COMPRAR o complemento necessário para que atenda o desejado.
Ou seja, trabalhar com software livre parece um Paraíso, não? Mas existe, também nesse caso, uma serpente que é representada pela própria incompetência de se gerir a implantação de novos sistemas abertos. Ocorre que os usuários, tão acostumados que estão com o software proprietário, não entendem – ou aceitam – o conceito de customização. Enquanto não houver gente competente o suficiente para adaptar o software aberto para os anseios dos usuários, é certo que este estará fadado ao fracasso.
Há que se ter um pessoal de apoio que conheça o suficiente não só para implantação como também para o gerenciamento e constante adaptação dos programas, fazendo com que evoluam naturalmente até ter a “cara” do usuário. Sem esse pessoal, normalmente não se consegue fazer com que os programas funcionem a contento, gerando desconforto e reclamações constantes.
Mas já existe uma empresa, em tese Cobra na área, que está trabalhando para tentar customizar isso da melhor forma possível para o setor público. Porém mesmo os técnicos dessa empresa parecem que ainda estão engatinhando no aprendizado. Ao perdurar esse laboratório de testes, sem uma extrema profissionalização das atividades, creio que estaremos fadados, sim, a suportar uma espécie de “Linuxbrás”…