Lenta recuperação…
Boisé.
Estava eu aqui, ontem, nesse calor causticante que tem feito nas madrugadas citatinas, pontualmente às 05h57min da matina, abrindo este arquivo para editar minhas primeiras palavras pós-puerpério, pensando em assuntos amenos, calmos, relaxantes, numa mensagem de paz, luz, amor e prosperidade, quando, de vislumbre, encarei o belo ursinho de Hokkaido.
Esse ursinho é um entalhe de madeira que fica na frente de uma lembrança da cidade japonesa de Hokkaido, lembrança esta pendurada na parede e que tem por finalidade colocar todas as correspondências que chegam em nossa casa.
E vi um envelope da Telefônica.
“Muito cedo para a fatura” – pensei comigo mesmo. Abri o envelope e realmente tinha uma fatura. De janeiro. De um telefone que já não é mais meu. HÁ QUASE DOIS ANOS!!!
Respirei fundo, sentindo as ondas de choque subindo pelos meus tímpanos e decidi que não. Aquilo não iria estragar um dia que estava querendo começar bem. Bastava, mais tarde, ligar para o número de reclamações – 0800-qualquer coisa – e pronto, o mal-entendido seria desfeito e o Sol voltaria a brilhar e os pássaros a cantar.
Foi então que Jamanta olhou a porra do ursinho de novo.
“Notificação da Justiça do Trabalho?” – uma pequena veia no olho direito começou a pulsar e latejar. “Mas que raio…”
Não me lembrava de ter passado o endereço de casa para receber nenhuma notificação em nenhuma ação trabalhista.
Abri o lacre.
…
A BRAQUICÉFALA DA EX-EMPREGADA DAQUI DE CASA RESOLVEU ME PROCESSAR! CONSEGUIU CONVENCER ALGUM ADVOGADO QUE ESTAVA CHEIA DE DIREITOS E AINDA POR CIMA CONSEGUIU FAZER UMA CONTA “MATEMÁGICA” DE ALGUNS MILHARES DE REAIS!!!
Calma.
Respira.
Oxigena.
Respira pela barriga.
SNIIIIIIIIFFFFFF.
PUUUUUUFFFFFFFFF.
SNIIIIIIIIFFFFFF.
PUUUUUUFFFFFFFFF.
Preciso de um tempo para raciocinar.
(…)
Pronto. Raciocinei.
Li e reli a peça inicial e fiquei mais tranquilo. É lógico que o advogado que a inominada resolveu contratar simplesmente comprou a estória que ela lhe contou, qualquer que seja (pelo menos assim espero – para o bem DELE). Como muito bem me lembrou minha ilustríssima colega de trabalho, braço direito (e perna esquerda) no serviço, pau-pra-toda-obra e amiga de todas horas, eu sempre defendi a tese que em casa de ferreiro, o espeto NÃO tem que ser de pau. A danada estava muito bem registrada.
Mais tarde, no café da manhã, conversando com minha amada, idolatrada, salve, salve, Dona Patroa, procurei me certificar se todos os holerites e registros estavam bem guardados. Estavam. Beleza. A audiência será só daqui um mês e meio. Então, de farra, vou fazer uma senhora d’uma peça, com calma e sem pressa. Como diria Asterix, vou encher de tanto juridiquês, que qualquer um que a leia vai se enjuridicar tanto que nenhum jurídico vai querer mais juridicar por um bom tempo…
Bom, e assim, matando um dragão por dia (dá-lhe, Harry!), voltamos a nossa frequência habitual de diariamente, de vez em quando, ao menos uma vez por semana – senão no mês – traçar essas precárias linhas pr’aqueles que têm a paciência de dar uma passadinha por aqui e nos prestigiar com a leitura.
Agradeço aos e-mails que recebi nesse meio tempo, pois foram tantos os pedidos, tão sinceros tão bonitos… EPA! Isso é Chico Buarque! Não é isso não!
Bem, enfim, fiquei contente com o apoio. Valeu pessoal.
Então, só pra não passar em branco, esta é pra você, Paulo: “NÃO, NÃO CABÔ!…”
😉
Ah! Em tempo: o nosso grande Funcionário Padrão do Mês de Janeiro (vide aqui) parece estar querendo manter o ritmo pelo resto do ano.
Oremos…