V – Home Sweet Home!
(Recapitulando: nossos heróis haviam acabado de voltar ao ponto de encontro outrora combinado, entretanto, consternados, acabam por descobrir que a caravana partiu e, agora, estariam sozinhos naquele labirinto…)
– E agora?
– Elas só podem ter ido até os carros!
– Juuuura? E onde estão os carros messs?…
– No estacionamento?…
– Eu só me lembro que entramos por uma das laterais.
– O jeito é procurar.
Estávamos voltando para as escadas rolantes, mas resolvemos subir de elevador. Já estava ali mesmo, parado, dando sopa, sem fazer nada… Sem saber em qual andar ficava o piso de estacionamentos onde estavam os carros, resolvemos simplesmente subir. Aperta botão. Fecha porta. Sobe lentamente. Pára no andar seguinte. (Que tédio!) Abre porta. E um sujeito do lado de fora, parado, de costas, olhando para os lados, como quem procura algo. Pareceu que uma faísca percorreu o interior do elevador.
– É o Paulo!
– PAULÔÔÔ!!!!
E veio o terceiro mosqueteiro para o elevador. Ficamos MUITO felizes ao vê-lo; aliviados e esperançosos de que agora sim conseguiríamos chegar até os carros. Mas ele só tinha uma certeza: que estávamos estacionados em “G2G”. Em qual andar ficava isso mesmo? Nem idéia. Decidimos que deveria ser o segundo andar, e lá fomos nós.
Descemos do elevador sem ter a mínima idéia de onde ficava a entrada para o estacionamento naquele andar. E então fomos os três, Moe, Larry e Curly, andando, a meio passo, olhando para todos os lados, e conjecturando em voz alta:
– Será que fica lá no fundo?
– Será que tem que virar?
– Será que tem que descer?
– Será que tem que subir?
– Será que alguém lembra?
– Será que alguém saberia informar?
– SERÁ QUE ALGUÉM TEM UMA BÚSSOLA???
(Nota: visando respeitar os direitos autorais nesta minissérie, cumpre esclarecer que a última frase foi um grit…, isto é, um questionamento efetuado pelo Evandro).
Com algum custo, conseguimos encontrar a saída. Ou a entrada. Ou… bem, chegamos lá. Estávamos em “G4”.
Tudo bem. Calma. Bastaria descer dois “Gs”. Tinha um elevador ali do lado, o que afastava a hipótese de nos perdermos novamente. Aperta botão. Espera. Espera. Espera. Espera. Quer saber de uma coisa? Vamos de escada, mesmo! Fomos descendo (ainda bem que era uma escada com legenda), e ao chegarmos em “G2” ainda restou um quê de ansiedade, pois não sabíamos se sairíamos exatamente próximos aos carros.
Saímos! Olhamos à esquerda… e gritamos de emoção e felicidade! Lá estavam elas! Bem atrás dos carros! O porta-malas aberto! Com as crianças! Fazendo… FAROFA?????
Pois é.
Farofa.
Havia guaraná, bolachas, sauduichinhos, pedacinhos de frango e de linguiça empanados, e muitos oniguiris. Pra quem não sabe, oniguiri é uma iguaria japonesa, que nada mais é que arroz na forma de bolinhos. Muito prático para eventos do gênero.
Bem, o que não tem remédio, remediado está. Vamos comer. Num lampejo de humor (e crueldade), o Paulo virou para Dona Patroa e perguntou:
– E aí? Que tal aproveitar que amanhã é domingo? Vamos pra Cidade da Criança?
Ela riu sonoramente. Até agora não sei se foi por diversão ou por nervosismo…
Nesse meio tempo passou um segurança do shopping, com um olhar incrédulo. Acho que ele nunca viu ninguém fazendo um piquenique de porta-mala num estacionamento de shopping. Bom, a bem da verdade, nem eu. Tentei oferecer-lhe algo, mas ele rapidamente olhou em frente, procurando nos ignorar. Melhor assim.
Nesse meio tempo, Dona Patroa resolveu ir até o banheiro. Como ela estava demorando muito, começamos a confabular se ela teria se perdido novamente.
– Que isso, gente! Com certeza ela deve ter levado um oniguiri, foi tirando umas migalhas e deixando pelo caminho para saber como voltar!
– Ah, é? E se tiver passado aquela dona da limpeza com um vassourão de dois metros varrendo tudo?
– Xiii. Aí complica…
Mas – ainda bem – não foi o caso. Logo em seguida ela voltou e todos nos aprontamos para sair. O carro do Paulo na frente, é lógico, pois não conhecíamos o caminho de volta (e só porque não havíamos pensado nas migalhas de oniguiri antes).
É lógico que essa aventura não acabaria assim, de maneira tão simples. O cartão do estacionamento. O maldito cartão do estacionamento. Enquanto estávamos piqueniqueando VENCEU O PRAZO DE VALIDADE DA PORRA DO CARTÃO! E volta o marmitão aqui, dois andares acima, pra pagar mais um real…
Enfim, aproximadamente doze horas depois de nossa saída, chegamos em casa.
Na verdade parecia que dias já haviam se passado!
Falando sério. Apesar de todas as minhas reclamações e de minha tradicional rabugice, as crianças se divertiram – e eu também! Ainda haveremos de marcar um novo passeio – desta vez para a Cidade da Criança. Desde que eu tenha alguns MESES pra descansar deste último…
E assim, concluímos esta minissérie de cinco capítulos de padrão não-tão-global-assim. Agradeço aos que me aturaram, tenham ou não comentado nossas desventuras!
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Em tempo: vocês puderam perceber que no fatídico sábado ficamos praticamente o dia inteiro sem fumar. No domingo houve um churrasco na chácara de minha tia (a mãe da Pimenta e da Pipoca) para comemorar o aniversário da filha de uma outra prima. Resolvi chamar o Evandro para participar.
Só que o pessoal que estava lá era quase todo evangélico.
Não rolou NEM UMA cerveja.
Merda.