Estava cá eu pensando que já está mais ou menos na época de dar uma passada no dentista pra ver se está tudo dentro dos conformes…
A dureza da coisa é que, invariavelmente, quando me sento na cadeira já naquela posição quase deitada, via de regra o caboclo vem, coloca a lâmpada bem nos meus olhos (como se fosse uma preparação para um interrogatório), enfia um sugador na minha garganta, coloca chumaços de algodão nas gengivas, prendendo carinhosamente com durex toda aquela parafernália.
Então, já munido de seus usuais equipamentos de tortura, um milésimo de segundo antes de começar a vasculhar minha intimidade bucal, dá uma paradinha, sorri, e pergunta:
– E a família? Como vai?
Raios. Será que não dá pra perceber a impossibilidade da coisa? Então, com os olhos lacrimejando, com um sugador que não suga, e quase me asfixiando com tanta água borbulhando na garganta, o máximo que consigo fazer é grunhir um “Han, han…”
Meu amigo Evandro sugeriu que eu levasse um bloco de anotações e uma caneta para poder “conversar” – mas, particularmente, estive pensando em outras alternativas. Talvez treinar a linguagem dos sinais, ou então um notebook com um datashow, não sei ainda.
Vouverei o que farei…