Não tem como suavizar a notícia.
Faleceu nesta madrugada de 19/12/2007, de infarto fulminante, o engenheiro Davi Monteiro Lino.
Vice-Prefeito do Município de Jacareí, interior de São Paulo, Secretário de Infraestrutura Municipal, um dos principais articuladores políticos da Administração e o mais provável candidato à sucessão nas eleições municipais de 2008.
De caráter fortíssimo, decidido, determinado, temido e respeitado tanto pelos amigos quanto por seus oponentes, era uma pessoa que se destacava em qualquer ambiente.
De uma racionalidade ímpar, tinha baixíssima tolerância para trabalhos mal feitos ou, sob seu ponto de vista, ineficazes, momentos nos quais, com voz trovejante, colocava em alto e bom tom o teor de seu desagrado.
Confesso que, justamente por essas características, e taurino como sou, tive também meus entreveros com ele. Dos brabos. Apesar disso, sua linha de trabalho, às vezes quase ditatorial, sempre se contrapôs àquela sua outra personalidade – mais condizente com este que vos escreve – a de botequeiro.
Sempre apreciador de uma boa discussão, com uma notável memória para os fatos históricos e políticos tanto do município quanto do país, seria possível ficar horas a fio ouvindo-o discorrer sobre os inúmeros causos que conhecia, de que participou ou mesmo protagonizou.
De um recente curso que fizemos juntos, minha maior surpresa foi descobrir que na “classificação técnica” que lhe foi atribuída ele foi qualificado como “introvertido”. Um caboclo daquele tamanho, daquela envergadura, daquela postura, introvertido? Difícil de acreditar…
Enfim, ainda que sob risco de parecer rude, convém dizer que não é sua morte que vai torná-lo santo. Tinha seus defeitos, é lógico. Mas também tinha suas virtudes – que não eram poucas. Sejamos justos com quem sempre procurou ser justo.
Ainda estou meio que aparvalhado com tudo isso. Para se ter uma ideia de sua presença na administração do Município, fica difícil prever os rumos que as coisas irão tomar doravante. Apesar de tudo, de nossos embates, de nossas reuniões, de nossas poucas discussões à mesa do bar, confesso que ele vai fazer falta. À Administração. Aos amigos. Aos copoanheiros. Ao próprio Município.
Requiem aeternam dona eis, Domine.
(P.S.: agora é o Bicarato, aproveitando o espaço do *Legal*: corroboro todas as palavras acima, e gostaria apenas de complementar que a cidade, e os amigos, perdem uma personalidade que deixa, sim, um vazio enorme. Cada pessoa que se vai deixa esse vazio, mas no caso do Davi, queria ressaltar a inteligência ímpar, o que não é pouco nas circunstâncias em que vivemos. Com todos os defeitos, e a aparente arrogância que caracteriza quem não suporta ver as coisas mal feitas, como o Adauto já disse acima, mas que na verdade é apenas uma autocobrança, o *Gordinho* deixa, agora, esta cidade um pouco mais burra, pra falar o português claro. Que se anote: quando ele queria ser chato, sabia sê-lo como poucos. Mas ser cobrado por um cara desses sempre foi um desafio.)