“Seo” Sionar

E então eu fui resolver um problema para um cliente lá no setor de dívida ativa da Prefeitura de São José.

Sentado num dos inúmeros guichês do primeiro subsolo, enquanto eu aguardava a boa vontade de um estagiário em tentar resolver meu problema, pude ouvir a conversa de um senhorzinho com a estagiária do guichê ao lado.

– Tá, então, minha filha. Mas me diz só mais uma coisinha: pra eu vender minha casa parece que eu preciso do habita. Tem como você ver se eu já tenho o habita?

– Hein? Ah! “Habite-se”, né? Só um minutinho…

Virando-se para o colega do lado perguntou:

– Você sabe onde ele pode ver esse negócio do habite-se?

– É lá no sexto andar.

E o velhinho, com seus óculos de lentes fundo de garrafa, apertando uma sacola contra o peito, acompanhava a conversa com interesse e curiosidade, virando um pouco a cabeça para escutar melhor.

– Então, meu senhor. É lá no sexto andar.

– Cuméquié, minha filha?

– Sexto andar. Para ver o habite-se o senhor tem que falar lá no sexto andar.

– Discurpa, com quem?

– SEXTO ANDAR! TEM QUE SER NO SEXTO ANDAR!

– Ah, tá. (Mas não tinha cara de que tava coisíssima nenhuma). Escuita, será que é muito difícil falar com ele? Será que tem que marcar hora?

– Como assim, meu senhor?

– Com esse tal de ”Seo” Sionar. Aliás, onde é que ele fica?…

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