E ainda mais um bocadinho sobre o TSE

Complementando o que já foi dito por aqui, novas opiniões lá do Migalhas:

O juiz alega que a entrevista exorbitou do interesse jornalístico e a liberdade de informação foi exercida de modo inadequado. (…) Cabe distinguir propaganda de jornalismo. O que o magistrado parece não levar em conta é o fato de que um pré-candidato, entrevistado, não precisa submeter-se ao paralelismo entre vida pessoal e pensamento político. Não dá para castrar a semântica. O jornalismo desenvolve uma liturgia de perguntas e respostas. O juiz talvez tenha desprezado o fato de que a propaganda usa retórica persuasiva e estética diferenciada da forma jornalística, enquanto o jornalismo leva em conta a impessoalidade, o questionamento e a total liberdade do entrevistado para dizer o que pensa. Não se pode confundir defesa de pontos de vista com matérias pagas de propaganda. (…) Os juízes jovens merecem todo o respeito; no entanto, parecem tocados mais pelo ímpeto do que pela sabedoria. Os corpos da Justiça e do MP precisam abrir os olhos para a dinâmica social e os avanços nas disciplinas humanas. A agitação de promotores é salutar para o expurgo das mazelas que mancham governantes e instituições. Mas precisam eles de vacina contra a autopromoção. – Gaudêncio Torquato

O último aqualouco

Li ontem essa matéria que saiu na Revista Piauí de janeiro de 2007 (de modo que dá pra notar como tá difícil colocar minha leitura em dia)…

É a história de Oswaldo Fiore e seus “aqualoucos”. Leitura saborosíssima sobre sua vida, reflexo de uma outra época, quando as coisas eram mais simples e os tons de preto e branco eram mais nítidos. A reportagem completa você pode encontrar aqui.

Mas o que me levou a escrever foi outra coisa. Já é um tema recorrente aqui o questionamento “se é a vida que imita a arte ou se é a arte que imita a vida”. Isso porque, ao chegar no final da leitura (eu já disse que é saborosíssima?), o último parágrafo me fez lembrar diretamente o terceiro filme dos Piratas do Caribe, o qual tem uma cena idêntica a essa descrita na reportagem. Segue abaixo sua transcrição e quem assistiu o filme me diga se não foi exatamente isso…

Oswaldo Lopes Fiore continua treinando em piscina com trampolim. Também continua ganhando medalhas – a última, de ouro, foi num campeonato masters de saltos ornamentais. Seu maior tesouro, porém, são as lembranças. “Saltei até de uma fragata de guerra no rio Amazonas”, começa. Parece conversa de pescador, reconhece. Mas mostra as fotos. Queriam que fizesse um salto. Mas, do barranco do rio? Não tinha graça. Tinha de ser no mastro. Subiu. Mas se pulasse de lá, se esborracharia no tombadilho. A solução: colocar uns trinta marinheiros correndo juntos, de um lado para outro do navio, uma, duas, dez vezes. “O navio foi se inclinando, o mastro também, baixando de um lado para outro, como um pêndulo ao contrário, e deu para pular na água! Pulei! Eu era jovem e louco.”