Hoje, 4 de janeiro de 2011, completamos dez anos de ausência da figura ímpar do Dr. Altino Bondesan…
Eu o conheci – superficialmente, infelizmente – mas o suficiente para ser cativado por sua sempre bem humorada personalidade.
Invariavelmente, em meus primeiros anos de advocacia, nas visitas quase que diárias ao fórum (o famoso “umbigo no balcão”), passava pela sala da OAB e, para saber se o Dr. Altino estava na área, bastava dar uma olhadinha na prateleira superior que ficava bem em frente à porta. Um chapéu repousando ali, esperando seu dono, era sinal de sua presença nos cartórios para acompanhamento de seus processos.
Aliás, presenciar isso já era em si uma experiência interessante, pois aquele senhorzinho alto e magro, um gentleman à toda prova, conversava com as cartorárias (sim, também os cartorários) e consultava os andamentos dos processos através de uma bela duma lupa (!), pois sua visão já não permitia ler os despachos apenas com os óculos…
Sempre disponível, não titubeava em franquear um proseio com quem quer que fosse, mesmo um ilustre desconhecido em começo de carreira como eu.
E, à parte da pessoa, o escritor. Tenho alguns de seus livros (mas não todos…) e é fantástica sua capacidade de nos transportar para dentro do mundo e época em que viveu – sempre, é lógico, com seu inseparável bom humor!
Enfim, como disse, já se vão dez anos de sua ausência. Lamento somente não tê-lo conhecido melhor – pessoalmente falando. Para os que não o conheceram, eis uma pequena biografia (tirada daqui), mas que não faz jus à estatura de sua personalidade…
Escritor, jornalista e advogado, Altino Bondesan nasceu em 15 de maio de 1916 em São Simão (São Paulo), mas foi radicado em São José dos Campos em 1935. Contador pelo Instituto Comercial de São Simão. Especialista em Língua e Literatura Italiana, pela “Scuola Ítalo-brasiliane Gabriele D´Annuzio”, de Campinas. Advogado pela Faculdade de Direito do Vale do Paraíba. Completou o Curso de Aperfeiçoamento no Saint John´s College, de Annapolis, Maryland, EUA. Como jornalista, foi correspondente do jornal O Estado de São Paulo em São José dos Campos durante 25 anos, além de escrever em colunas diárias para diversos jornais do Vale do Paraíba. Foi diretor do jornal São José dos Campos e fundador do jornal A Semana, sendo também colaborador dos jornais Tribuna de Santos, Diário de São Paulo e O Trabalho, participando ativamente da vida política e social da região. Em 1976 recebeu a “Pena de Ouro” por seus 40 anos de jornalismo em São José dos Campos. Recebeu o maior número de prêmios entre os colaboradores do Estado. Fundador do Sindicato dos Empregados do Comércio de São José dos Campos. Fundador do Movimento Social Democrático, em 1963. Monitor de sindicalismo na Federação dos Círculos Operários do Estado de S. Paulo, no Instituto Nacional do Trabalho. Músico e poeta, autor de centenas de poemas, entre eles “Rua Vilaça”, incluído na suíte “Evocação Paulista”, de Luís Emerich, traduzido para o castelhano e apresentado em vários palcos latino-americanos. É nome sempre citado quando se discutem assuntos relativos à história de São José dos Campos, tendo sido o primeiro a divulgar a origem da cidade. Deu a São José, em artigo publicado no Estado, o título de Capital do Vale do Paraíba, em 1953, quando a renda local se tornou a maior da região. Faleceu em 4 de janeiro de 2001.