– E aí?
– E aí…
– Quanto tempo, hein?
– Acho que sim…
– Êêêê… Já vi que a coisa tá pegando…
– Cumassim?
– Primeiro. Você só aparece por aqui quando tem algum enrosco – você sabe muito bem que nem precisava, mas acho que talvez assim você se sinta, sei lá, mais confortável dessa maneira. Segundo. Essas respostinhas evasivas, do tipo “não quero falar, mas se você perguntar, eu falo”. Larga mão de bobagem! Terceiro. OLHA PRA MIM QUANDO EU FALAR COM VOCÊ!!!
– Oi, tá. Pronto, pronto. Desculpa aí…
– Tá. Agora desembucha.
– Sei lá. Às vezes acho que só quero mesmo é uma companhia… Daí eu venho aqui prosear um bocadinho. Mas, da mesma maneira, às vezes, tenho certeza absoluta de que quero ficar absolutamente sozinho. Entende essa pseudo-confusão?
– É mais comum do que você imagina… A metade das pessoas com quem falo não quer falar comigo, e a outra metade acha que me ouve, mas na verdade não ouve absolutamente nada. Às vezes é frustrante…
– Ei, quem é que tá com problemas aqui?
– Ei! Péraê! Por um acaso tá me achando com cara de psicólogo? Bem, pelo menos você admitiu que tá com algum tipo de problema…
– É. Na prática acho que tô sim.
– E?…
– Tá. Então. Eu vou levando aqui minha vidinha, sabe? Pago minhas contas, meus carnezinhos, gosto de meu trabalho, tenho bons amigos, amo meus filhos, curto minhas paixões, sempre me entrego de coração aberto, não sacaneio ninguém, tento ser um cara legal, enfim, nada demais, certo?
– Certo…
– Então será que tem como explicar o porquê de, ainda assim, eu estar com essa sensação de “vazio”? Você está sempre na área quando eu preciso de ajuda – tá, e quando não preciso também – então queria saber se tem alguma dica, algum toque, algo pra eu me apegar, entende?
– Você sabe muito bem qual será minha resposta, não sabe?…
– Acho que sei… Que eu mesmo tenho todas as respostas que preciso, né? Só preciso descobrir qual é a pergunta certa…
– Pois é. Assim como qualquer outra pessoa, você tem um potencial enorme. Tanto para o bem quanto para o mal. Tanto para o sucesso quanto para o desastre. Só depende de você. Fique centrado, busque seu equilíbrio, descarte os pensamentos inúteis que ficam ocupando o lugar dos úteis. Reveja seus posicionamentos. Reinvente-se! Mas ficar aí lamuriando é que não vai te ajudar mesmo!
– É. Eu sei. Sempre soube, né? Mas acho que às vezes a gente tem que ouvir isso de outra pessoa. E, sinceramente? É muito mais fácil se essa outra pessoa for Você…
– Heh… Você até parece aquele personagem, o House. Só procura o Wilson quando tá ferrado…
– Você assiste House?
– Adoro! Noutra situação eu até não seria capaz de acreditar nele.
– Faz sentido… Bom, valeu pelo proseio. Vou indo. Um monte de coisas pra fazer, Você sabe, né? O de sempre.
– Eu sei, eu sei. Fica bem. Quando e se quiser pode voltar aqui. Mas você sabe que tem muitos outros lugares onde a gente pode se encontrar. Acho que você sabe que não sou muito chegado nisso aqui não. Muita ostentação…
– É, agora que falou, realmente isso não tem muito sua cara, não…
– Pois é… Mas esse povo é teimoso. É como costumo dizer: “corte uma madeira e lá estarei; levante uma pedra e lá me encontrarás; não estou em altares de madeira ou em estátuas de ouro – você é o meu verdadeiro templo”… Mas parece que não adianta!
– É… Então ficamos assim. Valeu!
– Vai em paz, criança… Se precisar, já sabe, né?
– Sei sim. Sempre comigo, né?
– É.
É isso aí, as respostas estão sempre com a gente mesmo! O difícil é a pergunta…
De qq modo, o poder de decisão é sempre nosso, temos livre arbítrio. Mas no final, o que realmente vai importar é se fizemos aquilo que nos deixa feliz. Portanto, SEJA FELIZ, dentro das suas decisões!
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