– Onde estamos? Ah, sim, lembro-me, na caverna. Ora, já está amanhecendo. – Sorriu, e estendeu-lhe a mão. Morgana deixou que a puxasse para si e a beijasse, envolvendo-a com seus braços fortes.
– A noite passada você era a Deusa, mas acordo e vejo que é uma mulher.
Ela riu suavemente:
– E você não é o Deus, mas um homem?
– Acho que já chega de ser Deus, e, além disso, parece-me um tanto presunçoso isso, para um homem de carne e osso – disse, apertando-a contra o corpo. – Estou satisfeito por não ser mais do que um homem.
– Talvez haja um momento para ser Deusa e Deus, e um momento para ser apenas carne e osso – murmurou.
– Eu tive medo de você, a noite passada – confessou ele. – Pensei que fosse a Deusa, tão majestosa estava… e você é tão pequena! – De repente ele pestanejou: – Ora, você fala a minha língua, eu nem havia percebido isso… Então, não é desta tribo?
– Sou uma sacerdotisa da Ilha Sagrada.
– E a sacerdotisa é uma mulher. – Suas mãos continuaram explorando delicadamente os seios de Morgana, que se eriçaram com súbita vida e ânsia, ao seu toque. – Você acha que a Deusa ficará zangada comigo se eu preferir a mulher?
Ela riu, e respondeu:
– A Deusa conhece o comportamento dos homens.
– E sua sacerdotisa?
De repente, ela sentiu-se tímida:
– Não… Eu não havia conhecido homem, antes. E não fui eu, e sim a Deusa…
– Como o Deus e a Deusa conheceram o prazer – propôs ele na obscuridade, puxando-a ainda mais para si -, não deveriam o homem e a mulher experimentá-lo também? – As mãos tornavam-se mais ousadas, e ela puxou-o para cima de seu corpo.
– Acho que sim – respondeu.
Desta vez, em plena consciência, pôde saborear bem o prazer, a doçura e a dureza, as fortes mãos jovens e a surpreendente delicadeza atrás de sua atitude ousada. Ela riu com satisfação pelo prazer inesperado, abrindo-se totalmente para ele, sentindo também o prazer que lhe proporcionava. Nunca havia sido tão feliz em sua vida. Cansados, ficaram deitados, enlaçados, acariciando-se numa fadiga agradável.
(…)
– Não creio que voltarei a encontrá-la – disse ele -, pois você é uma sacerdotisa, dedicada à Deusa. Mas quero dizer-lhe que… – e inclinou-se para beijá-la entre os seios. – Você foi a primeira. Não importa quantas mulheres eu venha a ter, durante toda a minha vida, sempre me lembrarei de você, e a amarei e a abençoarei. Prometo-lhe isso.
Havia lágrimas em seu rosto. Morgana apanhou a roupa, e secou-as ternamente, embalando a cabeça do rapaz em seu peito.
(…)
– Artur – corrigiu ele.
Apertou-o nos braços, e depois de alguns instantes ele soluçou, ainda agarrado a ela.
– Era por isso que eu tinha a impressão de que a conhecia antes mesmo da criação do mundo – chorou ele. – Sempre a amei, e agora…
Trechinho do primeiro tomo de As Brumas de Avalon, de autoria de Marion Zimmer Bradley. Li essa obra pela primeira vez há quase uns trinta anos e até hoje – ainda que numa rápida releitura – continua me emocionando…
Esse livro é muito bom! Li a menos tempo, uns 5 anos… me deu vontade de reler!
Li a menos tempo, uns 5 anos… me deu vontade de reler.
É daqueles livros que você está lendo, atrasado para os compromissos e ainda fica “só mais este parágrafo”, “só até o final desta parte”, “só mais este capítulo” e… já viu, né?…