Conto de reencontro

Não importa o como ou o porquê.

O que importa é que estavam ali.

Como há muito não mais estavam.

Um certo nervosismo implícito. Um quê de dúvida. Um olhar no olhar. Profundo. Com mil questões e mil respostas. Sem palavras. Compreensão. Amor. Desejo. Paixão.

E suas bocas se encontram, tímidas, num primeiro momento. Vasculhando, procurando, se (re)conhecendo.

Mas esse era o sinal. Foi dada a largada. Agora os movimentos já não são tão calculados – tornam-se automáticos na justa medida em que precisam ser. É esta a bênção e a maldição da familiaridade. Em apenas segundos, pele na pele. Explorando. Buscando as curvas conhecidas, as experimentadas regiões prazerosas. Suave onde deve ser suave. Intenso onde deve ser intenso. Apenas um roçar aqui; uma firme pegada ali. Os lábios buscam mais que a boca. A boca experimenta os sabores de todo um corpo…

Mas a boca não descuida da boca.

Os olhos não descuidam dos olhos.

As mãos, de ambos, ávidas, exploram, tocam, puxam, sentem, empurram, procuram… e acham.

E um novo nível é atingido. Um prazer mais profundo. Mais denso. Seguro. Cada pequena partícula a ser explorada também dotada da familiaridade daqueles que sabem o que buscam. As mãos de ambos, experientes, há muito sabem o ponto certo de cada ponto. A justa medida e intensidade de cada toque. A ansiedade se instala. A vontade transcende. O desejo grita por ser atendido.

E então se completam.

Olhos nos olhos. Não se perdem. Não se buscam. Apenas dialogam na linguagem universal.

As mãos deixam de ser necessárias…

Seu peso, o arquear, o resfolegar, o envolver. Uma luta? Uma dança. Viram-se de novo e de novo e de novo. Frenético frenesi. Ritmado. Conjugado. Conhecem-se o suficiente para estabelecer a perfeita cadência. Prazer absoluto. Intenso. Máximo.

Explosão!!!

Mútua. Conjunta. Completa.

E os olhos ainda nos olhos.

E tão rápido quanto o início, também se dá o fim.

Cansaço misturado com felicidade misturado com silêncio. Mudo silêncio. Não há necessidade de palavras. De comunicação. Nem mesmo pelo olhar. Estar ali é tudo quanto basta.

E agora o aconchego.

O abraço aninhado.

A exaustão conjunta.

A felicidade final de um reencontro que superou as palavras, as discussões, as acusações, os dedos em riste, a mágoa, a tristeza, tudo, transcedendo até mesmo a própria relação.

E então…

Não mais que de repente…

Do mais profundo e obscuro canto do incosciente de meu subconsciente…

Eu acordo…

 

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